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Joy Division

  • Criador do tópico Criador do tópico Breno C.
  • Data de Criação Data de Criação

Breno C.

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Informações Last.FM
Ian nasceu no dia 15 de julho de 1956, no Memorial Hospital, Old Trafford, em Manchester. Quando criança fez escola primária em Macclesfield. Ian teve um importante espelho em seu pai, Kevin, que era detetive de polícia e escritor amador, nas horas vagas, tendo produzido algumas peças de teatro, que jamais foram encenadas.

Ian era uma criança atenta, esperta e que adorava histórias de gladiadores. Adorava ler e ouvir música ao lado de seu melhor amigo, Tony Nuttall. Gostavam de andar com garotos mais velhos e preferiam ouvir Rolling Stones e The Who a Beatles.

Ainda menino, resolveu formar um grupo de rock para se divertir ao lado de Tony, Peter Johnson e Brian McFaddian. Nessa época optou por tocar baixo, enquanto Tony era o baterista. Brian assumiu a guitarra e Peter, dedilhava o piano usando um lápis.
Continuou seu estudos em Macclesfield, conseguindo ingressar no King’s School. Apesar de simpático, Ian não se misturava muito com os colegas e morria de vergonha de seu rosto redondo de criança, onde se destacavam suas bochechas. Era também muito alto para sua idade, e foi também na escola que começou a fumar compulsivamente.

Ian odiava as normas rígidas de horário da escola e começava a mostrar sinais de rebeldia, embora soubesse dissimular o sentimento. Suas tardes eram passadas em seu quarto, ouvindo discos de MC5, Velvet Underground, Roxy Music e David Bowie, seu grande ídolo. Sonhava em ser um “rebelde sem causa” como James Dean e chegou ao cúmulo de comprar uma jaqueta vermelha igual a que o ator usou em Juventude Transviada.

Sua paixão pela música era igual ao amor pelo cigarro e bebidas e como tinha pouco dinheiro, constantemente saía com um casaco bem largo e andava pelo mercado aberto de Macclesfield, onde roubava discos de uma barraquinha da feira. Curiosamente, muito desses discos eram revendidos ou trocados por outros na semana seguinte, sem que o dono desconfiasse. Também conseguia roubar bebida e ao sair da loja, mantinha uma simpática conversa com a dona do estabelecimento, que encantada com o garoto, lhe dava sempre um chocolate.

Às vezes saía para beber pelas ruas com Tony e para paquerar as meninas. Sua altura e seu papo mais sério, faziam aparentar mais do que os 14, 15 anos que realmente tinha.

Obviamente que o vício não ficou resumido apenas às bebidas e cigarros e Ian começou a experimentar drogas, cheirando cola e fumando maconha. Apesar de tanto tempo para vadiagem, Ian era um excelente aluno, chegando até a ganhar prêmios na escola. No entanto, nunca falava em seguir uma carreira ou ir para a universidade. Seu sonho já era ser um astro da música, embora alguns amigos o gozassem já que nunca ensaiava ou escrevia canções.
Um dos ídolos de Ian era Jim Morrison. Mais do que a música dos Doors, o que mais fascinava o jovem era o fato de que o vocalista tinha morrido apenas com 27 anos. Ian tinha especial atração por artistas que morriam antes de completar 30 anos. Alguns o ridicularizavam, mas há quem diga que essa foi uma das primeiras “pistas” de que Ian iria morrer cedo.

Aos 16 anos, Ian estava completamente viciado em qualquer tipo de droga disponível. Quando a escola instituiu que os alunos deveriam prestar um serviço social aos idosos da cidade, Ian ainda assim, não deixava de se drogar. O tal serviço consistia em visitar os idosos em casa ou em asilos. Nesses dias, ele e Tony encharcavam seus lenços com líquidos de limpeza e cheiravam sem que os velhinhos percebessem. Com isso, passavam a tarde toda rindo e eram considerados “meninos adoráveis” pelos mais velhos.

Mas o abuso começou a causar problemas maiores até que um dia seu pai foi chamá-lo e o encontrou desmaiado. Correu com Ian para o hospital onde teve que se submeter a uma lavagem estomacal. Ian havia tomado uma overdose de comprimidos e só não foi punido pelos pais porque disse que havia ingerido de brincadeira.

2 – Ian conhece Deborah

Aos 17 anos, Ian era um garoto extravagante, usando maquiagem, olhos pintados, unhas idem e cabelo comprido. Sua solidão passou a ser dividida com Tony e Deborah, a namorada de seu amigo. Os dois iam ao quarto do dublê de músico, onde ficavam ouvindo música no pequeno, mas extremamente organizado quarto de Ian. Os dois amigos mantinham uma atitude respeitosa com Deborah e nunca usavam qualquer tipo de narcótico na presença dela. Apesar de Deborah não ter achado Ian particularmente bonito, gostava da maneira apaixonada pela qual falava de música e achava que ele tinha um gosto mais apurado do que qualquer pessoa que já conhecera.

Deborah lembra um episódio que mudaria completamente a vida de Ian, e consequentemente, a sua: os três haviam ido até o Park Green, em Macclesfield assistir uma banda local tocar. O grupo usava luz estroboscópica na apresentação e de repente, Deborah e Tony notaram que Ian havia sumido. Ao olharem para o chão, viram Ian deitado no chão encolhido e se contorcendo: estava tendo um ataque epilético. Ian foi levado rapidamente para um lugar onde pudesse se recuperar.

Deborah acabou trocando de lado e se tornou a namorada de Ian. Tony, que já não gostava de alguns amigos de Ian, acabou rompendo uma amizade que durava desde a infância.

Com uma pessoa para cuidar de suas coisas e uma namorada em tempo integral, Ian começou a se mostrar extremamente genioso, possessivo e mandão. Deborah não tinha liberdade para se vestir como quisesse ou mesmo conversar com qualquer outro rapaz.
Em 1973, a família Curtis mudou-se para Macclesfield, mas meses depois voltaram para Manchester, já que Ian não queria mais continuar estudando em King’s School.
Depois que desistiu de estudar, começou a procurar um emprego e o primeiro que achou foi em uma loja de discos chamada Rare Records. Ian sonhava com uma vida diferente e não queria mais morar com seus pais. Junto com Deborah, começaram a economizar dinheiro para se casarem, o que acabou acontecendo no dia 23 de agosto de 1975.

3 – Nasce o Warsaw

Em 1976, Ian começou a pensar seriamente em uma carreira musical, mas não encontrava com quem tocasse e estava desanimado. Tentando desesperadamente achar alguém colocou um anúncio em um semanário musical atrás de pessoas interessadas e assinou como Rusty. Uma única pessoa respondeu o anúncio: Iain Gray. Os dois resolveram rodar Manchester atrás de outros integrantes para formar um grupo. No dia 20 de julho, um grande acontecimento o marcou: um show de uma banda novata e que daria o que falar, os Sex Pistols. A banda iria tocar no Lester Free Trade Hall e era a segunda apresentação do grupo na cidade. Ian havia perdido a primeira, mas não desperdiçou a chance novamente. Os Pistols haviam sido trazidos pela figura mais importante da nova cena rock de Manchesters, Howard Devoto, integrante dos Buzzcocks. Foi nesse show que pela primeira vez Ian estabeleceu contato com Bernard Dicken, Peter Hook e Terry Mason.

Alguns meses depois, a excursão “Anarchy Tour” formada pelos Pistols, The Clash e The Heartbreakers de Johnny Thunders, aporta novamente em Manchester para outro show, no dia 9 de dezembro. Lá estavam novamente Bernard, Peter e Terry. Os três tinham uma banda chamada Stiff Kittens (Gatinhos Rijos). A origem desse nome é acompanhada por duas versões: alguns dizem que Pete Shelley dos Buzzcocks é que batizou o grupo dessa forma, mas Bernard jura que o nome foi sugerido quando uma garota chamada Lou, e que morava com Devoto e Richard Boon (empresário dos Buzzcocks), dizendo que no andar de cima havia um monte de “gatinhos durinhos” já que a gata havia abortado. O nome foi rapidamente descartado por soar apenas como mais um grupo punk qualquer.

Tanto Peter como Bernard e Terry eram amigos desde a infância. Eles tinham se animado com a nova possibilidade que o movimento punk abria para grupos sem experiência, mas cheios de vontade, de se arriscarem. Os três colocaram um anúncio no jornal da Virgin Records procurando um vocalista. Ian respondeu e dessa maneira nascia o Warsaw. Iain havia sido descartado.

O nome foi tirado da canção “Warszawa” de David Bowie, lançada no disco Low em janeiro de 1977.

A primeira providência foi definir a função de cada um. Terry já tinha seu kit de bateria, e ficou no posto. Bernard sabia alguns acordes primários de guitarra e ficou sendo o guitarrista. Peter assumiu o baixo e deixaram com Ian a função de cantar e escrever as letras. Consta que a primeira canção do grupo logo surgiu, e se chamava “Gutz”.

4 - Abrindo para os Buzzcocks

Mesmo sem qualquer experiência de palco e com poucas canções, o grupo teve um convite para abrirem um show dos Buzzcocks. Richard Boon acabou optando pelo Warsaw, argumentando que existiam poucas bandas locais e que queria ajudar no desenvolvimento da cena de Manchester. O show estava marcado para o dia 29 de maio no Electric Circus. O grupo ficou maluco quando soube que no cartaz do show haviam colocado o nome Stiff Kittens, já que Boon desconhecia que haviam mudado de nome. Além do nome, o grupo havia mudado um integrante, já que nessa noite o baterista acabou sendo Tony Tabac, que mal havia ensaiado com o grupo. O show foi acompanhado por um corresponde do semanário NME, Paul Morley que os descreveu como uma banda que ainda tinha muito a mostrar e que contavam com um integrante de bigode (Peter Hook). Concluiu o artigo dizendo que esperava mais deles nos próximos meses.




O grupo, mesmo sem dominar seus instrumentos adequadamente, realizou esparsas apresentações nos meses de junho e julho, com Mason, Tabac e Steve Brotherdale na bateria.

E Steve entrou justamente nos dias em que gravaram a primeira demo com quatro músicas: “Inside the Line”, “Gutz”, “At a Later Date” e “The Kill”. A gravação aconteceu no dia 18 de julho no Penine Sound Studios.

No meio das gravações, Brotherdale havia sido convidado pelo grupo Panik para gravar um single. Steve saiu do grupo e em uma festa, dias depois, tocou o single para Ian e pediu que ele entrasse para a banda.
Ian não conseguiu encaixar sua voz e, ao mesmo tempo, sentiu que não estava sendo correto com os demais integrantes do Warsaw. Acabou deixando a festa e ficou na banda. Dias depois, Brotherdale ligou e avisou que não tocaria mais com eles. Desesperados, deram a sorte de encontrar um antigo aluno da King’s School e que havia sido expulso de lá na mesma semana em que Ian teve sua overdose por comprimido. Seu nome era Stephen Morris. Curiosamente, Stephen foi obrigado a deixar a escola devido ao abuso de xarope contra tosse.

5 – Financiando o primeiro disco

Em outubro, acontece uma apresentação que iria mudar a vida do grupo: no dia 2 de outubro, participaram de um festival no Electric Circus com grupos novos. As apresentações aconteceriam nos dia 2 e 3. O grupo queria tocar desesperadamente na primeira noite, mas acabaram perdendo a vez para um grupo formado apenas para o ocasião, os Negatives que contava com o mesmo jornalista do NME Paul Morley e por Richard Boon. O Warsaw foi escalado para a segunda noite e foram os últimos a pisar no palco, já na madrugada do dia 4. O grupo conseguiu uma pequena polêmica quando Bernard fez um comentário sobre o criminoso nazista Rudolf Hess, que havia sofrido um enfarto na prisão de Spandau, em Berlim e estava ganhando simpatia via imprensa. Bernard queria alertar para o renascimento do nazismo em algumas partes na Europa, mas o que conseguiu foi que o Warsaw acabasse sendo taxado como um grupo simpático ao antigo regime de Hitler.
Esse show teve todas as apresentações gravadas, e posteriormente virou um disco. Short Circuit - Live At the Electric Circus, lançado em 9 de junho de 1978 e contava com faixas do The Fall, John Cooper Clarke e uma do Warsaw. “At A Later Date” foi a escolhida e decepcionou o grupo, pois não era, nem de longe, a melhor canção que tinham.
Mas a banda continuou fazendo shows, mesmo sem terem uma segurança financeira. A solução para seus integrantes era manter um emprego das 9 às 5 da tarde como qualquer mortal e ensaiarem na parte da noite. Ian trabalhava como assistente social e era obrigado a freqüentar um curso para administrar seus ataques epiléticos, que aconteciam com certa regularidade, embora estivessem sob controle no período.
Com um repertório já montando, ainda que em bases rudimentares, resolveram entrar em um estúdio para gravarem um disco. Ian fez então um empréstimo pessoal em um banco, de 400 libras, com a desculpa de que necessitava comprar uma nova mobília para sua casa. Cada integrante também contribuiu e em dezembro estavam no Pennine Studios mais uma vez para gravarem um EP, com quatro faixas. O dono do estúdio T. J. Davidson se ofereceu para produzir e financiar a banda, mas a idéia foi rechaçada pelo grupo e especialmente por Peter Hook, que considerava Davidson um idiota. Quatro canções foram escritas: “Warsaw”, “No Love Lost”, “Leaders of Men” e Failures (of the Modern Man).

As gravações ficaram com uma péssima qualidade sonora, o que dificultou a comercialização do disco, que havia sido praticamente uma criação coletiva do grupo, com a capa sendo feita por Bernard e a impressão arranjada por Stephen.

O Warsaw acabaria exatamente na noite de Ano-Novo de 1977 após um show em Liverpool. E assim nascia o Joy Division…

6 – Prostitutas para os Nazistas

Em janeiro de 1978 a banda teve uma péssima notícia: um grupo londrino chamado Warsaw Pakt havia lançado um disco. Para não serem confundidos com eles, o grupo optou por um nome diferente: Joy Division. Se com Warsaw eram acusados de serem neo-nazistas, o novo nome jogou mais lenha na fogueira: ele havia sido extraído de um livro sado-masoquista chamado de The House of Dolls. As “divisões da alegria” nada mais eram do que um lugar, onde prostitutas e prisioneiras eram mantidas vivas para o prazer dos oficiais nazistas.
Com o novo nome, a banda debuta no dia 25 de janeiro no Pip’s de Manchester, em um dia que Ian Curtis foi expulso da casa por causar confusão quando tentava tirar cacos de vidro do palco após a apresentação dos The Stance. Ian foi enxotado e berrava para o porteiro que precisava entrar, já que era o cantor do grupo principal da noite. “Por mim você pode ser o Papa, mas aqui não entra”, respondeu o gorila da entrada. A confusão só foi resolvida 15 minutos antes de começar o show. Mas não foi apenas Ian que aprontou: Peter literalmente voou em cima de uma pessoa da platéia, causando uma tremenda confusão. O repertório dessa noite constou de “Leaders of Men”, “Warsaw”, Failures (of the Modern Man), “Reaction”, “Inside the Line”, “Ice Age”, “Days of the Lords” e “Novelty”.

Logo após o show, Ian entregou uma cópia de An Ideal for Living para Derek Brandwood, que trabalhava na RCA. Derek prometeu que iria conseguir um contrato para o grupo no selo e ele realmente levou o EP para a gravadora, que não mostrou interesse. O grupo sentia falta de um empresário, função que o antigo baterista Terry Mason tentava desempenhar, mas com pouco sucesso.

7 – Aparecem Rob Gretton e Tony Wilson

Fizeram outro show nos Rafters, em um concurso de bandas. Lá, teriam a noite que mudaria a sorte de vez do grupo. Logo na entrada, Ian esbarrou propositadamente em Tony Wilson, que tinha um programa na televisão Granada e grita: “seu filho da puta, você levou os Buzzocks, Sex Pistols e Magazine para seu programa. E quando nós iremos?” Tony garantiu que eles seriam os próximos, já que havia falado do grupo. Animados, partiram para sua apresentação, que mais uma vez foi caótica pois entraram no palco apenas as duas da manhã, já bêbados e irritados. Tocaram apenas três canções, mas chamaram a atenção de Rob Gretton que resolveu se tornar o empresário do grupo.

No entanto, bem antes de Rob resolver tomar conta do grupo, Ian tentava um contrato para o Joy Division. O vocalista começou a faltar ao trabalho para se encontrar diariamente com Derek e Richard Sealing. Sealing acabou trazendo John Anderson para ajudar o grupo a conseguir uma gravação. Tudo começou a melhorar quando apareceu Bernie Binnick da Swan Records, que procurava um novo grupo para lançar no mercado norte-americano. Coube a Ian arranjar um encontro entre Richard, John, Bernie e o Joy Division.

O grupo queria gravar novamente e ficou aliviado quando soube que não precisariam bancar as despesas. E quando Peter Hook levantou a questão de quem iria produzir ou quais canções seriam usadas, foi desprezado. Os empresários entraram com 500 libras cada um e definiram que iriam gravar nos estúdios Greenwood. John Anderson seria o produtor, mas logo sentiu que os problemas seriam grandes quando passaram dois dias tentando encontrar uma equalização para a voz de Ian.

O grupo tinha separado dez canções novas e aceitaram pegar um tema sugerido pelo produtor - “Keep on Keepin’ On” de N. F. Porter - que a banda reescreveu, aproveitando o riff e compondo “Interzone”. As canções que foram gravadas e que fariam parte do primeiro disco eram: “The Drawnback”, “Leaders of Men”, “Walked In Line”, “Failures”, “Novelty”, “No Love Lost”, “Transmission”, “Ice Age”, “Interzone”, “Warsaw” e “Shadowplay”.

Uma das broncas de Ian é que Anderson queria que ele cantasse em um ritmo mais solto, como se fosse James Brown! Um contrato entre o grupo e os empresários foi assinado via RCA, mas logo Bernard se sentiu incomodado com a baixa porcentagem de lucros que era destinado ao grupo e consultou Richard Boon, que aconselhou ao grupo pular fora da empreitada. As gravações aconteceram nos dias 3 e 4 de maio e no último dia, Anderson tentou colocar sintetizadores em algumas canções do grupo para tentar diluir o som excessivamente punk do Joy Division. Mas a falta de unidade entre os dois lados era visível e logo se separaram.
Foi Bernard quem introduziu Rob ao grupo. Certo dia, Gretton foi visitar o guitarrista em sua casa, já que continuava interessado em ser o empresário do grupo. Bernard explicou a situação que tinham assinado e estavam gravando um disco. Bernard o acabou convidando para ir a um ensaio no domingo e quando lá chegou, o guitarrista anunciou para o grupo que eles tinham um novo empresário.

Rob tinha atuado como empresário e co-produtor do primeiro single do Panik, banda de Steve Brotherdale. Rob era considerado uma pessoa que não prometia nada, mas que trabalhava duro quando precisava. Espertamente preferiu esperar um desfecho do contrato que haviam feito com a RCA. Enquanto a banda esperava, impaciente, que algo acontecesse em relação ao disco, Rob resolveu agir por conta própria e mandou confeccionar seis mil broches com seis variações do nome Joy Division. Metade era em fundo preto e a outra metade em fundo branco.

Ao mesmo tempo, resolveu conversar com Tony Wilson que estava montando um clube chamado Factory, para promover as bandas locais. Usando sua imagem de apresentador do programa So It Goes, Wilson deu uma oportunidade para que grupos como Durutti Column, Cabaret Voltaire, The Fall, Big In Japan e o Joy Division se apresentassem.
Em junho, o grupo resolveu lançar por conta própria, 5 mil cópias do EP An Ideal for Living em sete polegadas, através de um selo próprio, Enigma. Mas qual não foi a surpresa ao descobrirem que já existia uma gravadora com esse nome e precisaram mudar de nome, novamente!

Em agosto, o grupo recebeu um telefonema da RCA. O selo havia optado em lançar o disco que haviam gravado nas seguintes condições: não receberiam nada de adiantamento e só faria um segundo disco se a vendagem desse disco fosse boa. O grupo ficou irritado com a oferta, pois o repertório estava em evolução e consideraram uma grande falta de respeito. Rob assumiu então as negociações, exigindo 10 mil libras de adiantamento e 15% de royalties, contra os 4% oferecidos inicialmente. Anderson se irritou e mandou Gretton se foder. Finalmente um acordo foi feito e a banda desembolsou 850 libras para poderem ficar com a posse das fitas mestres e estavam livres para procurar uma nova casa.
Quando resolveram relançar o disco por um novo selo batizado de Anonymous Records, optaram por mudar a capa já que a primeira havia sido claramente desenhada inspirada na juventude hitlerista. Assim sendo, o EP ganhou nova embalagem e aproveitaram que as músicas haviam sido gravadas nos estúdios da RCA e prensaram o disco com uma qualidade superior. Foi essa cópia que distribuíram para a imprensa após um show na Factory, no dia 20 de outubro, quando abriram para o Cabaret Voltaire.

Curiosamente as 1200 cópias prensadas possuíam o nome das duas gravadoras do grupo (Enigma e Anonymous) em endereços diferentes (a primeira na casa de Rob e a segunda na de Morris), mas com o telefone de contato sendo apenas o de Rob. Os EPs acabaram sendo distribuídos pela Rabid Records, com uma interferência pessoal de Martin Hannett, que queria trabalhar com o grupo. E Martin viria a ser uma peça-chave no novo som do Joy Division…

8 – Martin “Zero” Hannett, o quinto membro do Joy

Se George Martin foi chamado diversas vezes de “quinto Beatle” o mesmo pode se dizer desse excêntrico sujeito que moldou o som do Joy Division. Sem Hannett, o Joy não teria sido metade do que foi.

Martin gostava muito das letras de Ian, mas achava que o som do grupo não estava à altura dos versos de Ian. Começou então a tirar os resquícios punks e lapidou a massa sonora. Percebendo que Bernard era apenas um guitarrista mediano e sem muita técnica, resolveu valorizar mais o som do baixo de Peter Hook, deixando-o mais grave e preenchendo os espaços que a guitarra deixava.


As primeiras gravações com o grupo aconteceram no dia 11 de outubro, quando o Joy Division participou de um compacto de sete polegadas, duplo chamado A Factory Sample, ao lado de Durutti Column, Cabaret Voltaire e John Dowie: “Digital” e “Glass” foram as faixas escolhidas.
O grupo adorou o resultado, embora tenha reclamado que Martin ignorou algumas idéias da banda e de que Rob não foi convidado para as mixagens. O disco marca a estréia de uma pessoa igualmente importante no conceito não apenas do Joy Division, mas de todos os artistas que gravariam pela Factory: o desenhista Peter Saville, que cuidaria da parte gráfica de todos os lançamentos do selo.

No dia 28 de novembro, o grupo iria se apresentar em Londres, no Hope & Anchor. Era a primeira apresentação do grupo na cidade.
O show foi marcado por vários problemas. O primeiro deles foi uma gripe que deixou Bernard com febre alta e que o deixou extremamente debilitado. Mas o guitarrista foi colocado em saco de dormir e despachado com o resto do grupo para a cidade. A apresentação foi um fiasco com pouquíssima gente presente e culminou com a primeira crise pública de epilepsia de Ian. O resultado foi um corre-corre danado já que ninguém sabia a intensidade dos ataques do vocalista. Ian voltou para casa, medicado. O cantor precisou pedir licença por alguns dias do trabalho, já que o Joy Division rendia muito pouco dinheiro para os integrantes.

O grupo só começou a ser conhecido nacionalmente quando Ian Curtis foi capa do semanário New Musical Express, na edição de 13 de janeiro de 1979. A foto mostrava um Ian com um olhar impenetrável e fumando um cigarro.
Nessa época, o cantor tinha diariamente um ataque epilético, no mínimo, que era provocada pelas drogas e pela estafa produzida pelo trabalho diário e com os ensaios e shows noturnos.

No dia 31 de janeiro o grupo gravou sua primeira participação na rádio BBC, tocando no programa Peel Sessionss, do radialista John Peel. Tocaram quatro músicas novas: “Exercise One”, “Insight”, “Transmission” e “She ‘s Lost Control”. O programa foi ao ar no dia 14 de fevereiro.

Em 1º de março, o grupo voltou para uma segunda apresentação no mesmo Hope & Anchor. Desta vez, a casa estava cheia graças ao programa de John Peel e o grupo fez uma apresentação bem melhor.
Três dias depois, se enfiaram em estúdio a convite de Martin Rushent, da Genetic Records. Rushent estava extasiado com o potencial do grupo e os convidou para entrarem nos estúdios Eden e gravaram uma demo com quatro músicas: “Glass”, “Transmission”, “Ice Age” e “Insight”. Ele queria ver como a banda trabalhava, mas por problemas financeiros, Martin não pode assinar com o grupo. Essas demos nunca foram lançadas e ficaram de posse de Martin.


9 – As gravações de Unknown Pleasures

Sem conseguir uma gravadora, Rob Gretton procurou Tony Wilson e perguntou se ele não queria lançar um disco do grupo. Rob argumentou que o grupo estava valendo um bom dinheiro após terem feito a demo com a Genetic e convenceu Wilson a assinar com a banda. Mas Tony garante que Rob ofereceu o Joy à Factory pelo simples fato de Gretton odiar as grandes gravadoras.

A primeira providência que Rob fez constar em contrato é que o grupo teria completa liberdade artística e nenhuma interferência da Factory em suas canções. Rob garantiu que o som do disco seria absolutamente diferente de tudo que existia.

No dia 4 de março o grupo tocou novamente em Londres, desta vez no Marquee, abrindo para o The Cure. O grupo se associava pela primeira vez com um grupo de jovens batizado de “Final Solution” (nome de uma canção do Pere Ubu) e que tinha como objetivo promover novos artistas. As duas bandas ainda fizeram outro show, dias depois.
O grupo se tranca no mês de abril nos estúdios Strawberry, em Stockport com Martin Hannett para a gravação do primeiro disco. E o que Martin fez com o som da banda foi algo de anormal. A primeira providência foi colocar a bateria como instrumento de ataque, seguido pelo baixo e pela voz de Ian Curtis, gutural e suas letras angustiadas. Martin mostrou ao grupo algumas inovações técnicas, como adicionar barulhos de vidros partindo e uso de samplers em algumas passagens.

Batizado de Unknown Pleasures, o disco, lançado em junho, não continha um Lado A ou Lado B. Ao invés disso, foram batizados de “Inside” e de “Outside”. A capa era uma outra obra de arte. Uma capa preta, sem nada escrito e com traços que simulavam um gráfico que representava o grito de uma estrela morrendo, segundo Bernard. Tony Wilson bancou pessoalmente as primeiras 10 mil cópias que foram rapidamente vendidas, enquanto a banda ganhava matéria em todas as revistas inglesas. É considerado um dos melhores discos de 1979.
No mesmo mês em que as gravações aconteciam em Stockport, o grupo cedeu duas canções para uma coletânea chamada Earcom 2: Contradiction, com as canções “Autosuggestion” e “From Safety to Nowhere…?”. O disco saiu pela editora Fast de Edimburgo .

Com a fama súbita, as entrevistas começaram a ser agendadas, mas o grupo se negava enfaticamente a cooperar, por considerá-las redundantes e uma grande perda de tempo. Agora que tinham conseguido chamar a atenção da mídia, não precisavam mais dela e isso causou uma relação tensa entre os músicos e os jornalistas.

Como Ian ainda não havia largado seu emprego regular e ainda tinha vários compromissos agendados com o Joy Division, os ataques epiléticos ficaram cada vez mais fortes e problemáticos. Isso afetava diretamente seu casamento com Deborah, que implorava que ficasse mais em casa com sua filha recém-nascida, Natalie, e ao grupo, que não sabia exatamente como lidar com o vocalista. Um outro problema que afetava a sua vida era a falta de dinheiro, já que gastava muito com roupas, bebidas, cigarro e discos.
Curtis acabou atendendo os pedidos da esposa e ficando alguns dias em casa, curtindo a vida doméstica. Mas não por muito tempo. Em agosto participaram de um outro festival organizado pela “Final Solution”, que aconteceria em Londres. O local do concerto era o Y.M.C.A. do Prince of Wales Conference Centre, e eles tocaram no dia 2 de agosto, junto com Essential Logic, Teadrop Explodes e Echo and the Bunnymen.

A apresentação foi um sucesso e várias revistas que cobriram o evento elogiaram o Joy Division que tinha o repertório mais consistente, já que os outros grupos ainda estavam nos primeiros meses de vida.

A rotina de shows permanecia inalterada com o Joy Division participando de vários espetáculos montados pelo “Final Solution”. Como já não era mais possível conciliar o grupo com uma vida em repartição pública, os membros optaram por uma dedicação exclusiva ao grupo. O dinheiro começou a escassear, já que os salários pagos pela Factory eram pequenos – Ian recebia 15 libras semanais e era o que mais ganhava, por ter maiores gastos domésticos. E não bastasse a epilepsia, casamento em crise e a falta de dinheiro, o cantor conseguiria um outro problema…

10 – Uma garota chamada Annik

O grupo estava em uma turnê conjunta com os Buzzcocks desde agosto, e quando houve uma folga nas datas, Rob Gretton tentou marcar uma apresentação em Berlim, o que acabou não acontecendo. Porém, conseguiu que o grupo se apresentasse em Bruxelas, na Bélgica, em um local chamado Plan K, que nada mais era do que uma refinaria de açúcar que tinha construído um centro de artes em seu interior. O grupo estava acompanhado do Cabaret Voltaire, mas a atração principal era o escritor norte-americano William Burroughs. Ian ficou excitadíssimo em poder conhecer pessoalmente um de seus ídolos, mas foi grosseiramente despachado por um Burroughs extremamente mal humorado. Apesar da decepção com o escritor, o show foi excelente e o grupo acabou sendo ovacionado.
E foi nesse concerto –embora alguns afirmem que o caso já havia começado algumas semanas antes– que Ian começou a circular com uma jovem belga chamado Annik Honoré. Annik começou a substituir Deborah na vida do cantor, que desconfiava que seu marido havia tido alguns casos com fãs, mas sem provas.

Nove dias após o espetáculo na Bélgica é lançado o single Transmission. A Factory havia segurado o lançamento esperando que Unknown Pleasures vendesse mais. A Factory inovou lançando primeiro um disco antes de um single, contrariando toda a lógica vigente. Aparentemente, a idéia havia sido de Martin Hannett. Mais uma vez Peter Saville produziu uma capa intricada e de difícil explicação. Mas o som contido nele era uma obra-prima, talvez a melhor canção do grupo, com um poderoso trabalho de produção e mixagem de Hannett.
No lado B aparecia “Novelty”, que a Factory jurava ser a primeira canção composta pelo Joy Division.

Aos poucos, o grupo foi roubando todos os shows dos Buzzcocks, com Ian Curtis sendo a atração principal, com sua postura frenética em palco, olhos abertos e movimentos de cabeças e braços que pareciam imitar seus vários ataques epiléticos.

Novamente foram convidados para tocarem no Peel Sessions, apresentando quatro novas canções: “Sound of Music”, “24 Hours”, “Colony” e “Love Will Tear Us Apart”. A gravação aconteceu no dia 26 de novembro e a transmissão se deu no dia 10 de dezembro.

11 – Dúvidas

Com o lançamento de Transmission, o grupo foi coroado com uma das melhores bandas do país e alguns convites para mudarem de gravadora foram especulados, já que não havia um contrato formal entre o grupo e a Factory. Assim, a Warner procurou Martin Hannett e Peter Saville. A Warner fez uma proposta tentadora para os dois: a matriz americana distribuiria os discos do grupo na América e alguns vídeos promocionais, pagando US$ 1 milhão ao grupo.

Hannett, no entanto frisou que Gretton não aceitaria esse contrato, pois não se encaixava no perfil pensado ao Joy Division. Hannett disse que se o selo quisesse ajudar em custear alguns produtos, aceitariam, mas a Warner não teria nenhum controle sobre a banda. Decepcionados, os diretores da gravadora deixaram a reunião e o selo só voltaria a procurar o grupo novamente em maio de 1980, quando voltaram a receber uma proposta com o mesmo valor numérico mais benefícios. Só que não puderam assinar pois Ian não estava mais com o grupo.
O grupo acabou o ano com dois concertos, um em Paris no Les-Bains Douches Club e outro em Manchester, em uma festa organizada por Tony Wilson. O grupo mostrava-se desanimado com o pouco dinheiro que ganhavam, apesar de terem conseguido fama. Já Ian, mostrava-se triste e reticente sobre seu futuro. O casamento com Deborah e a paixão por Annik o atormentavam.

O ano de 1980 começou com uma nova excursão européia, e de quebra, no concerto em Amsterdã, no dia 11 de janeiro, precisaram subir ao palco duas vezes, já que a banda de abertura não apareceu. Acabaram tocando 17 músicas nesse dia. Seguiram-se shows na Holanda, Bélgica e Alemanha onde tiveram problemas com o público. Nessa turnê Ian levou sua amante nas excursões, o que causou uma grande confusão com os demais integrantes, que foram proibidos de levar suas namoradas e esposa (Bernard era casado), como uma forma de impedir que Deborah se juntasse ao comboio.
Junto com as brigas com público e internas, as crises de Ian iam aumentando gradativamente. Em março de 1980, é lançado um vinil de sete polegadas chamado Licht und Blindheit, pela Sordide Sentimental, da França. Apenas 1578 cópias numeradas foram produzidas, com uma capa de três páginas, um texto escrito por Jean-Pierre Turmel e com uma foto do grupo tirada por Anton Corbijn. “Dead Souls” e “Atmosphere” eram as músicas escolhidas.

12 - O final

Mesmo com o fracasso das negociações com a Warner a Factory planejava uma excursão pela América. A intenção de Tony Wilson era simples: vender o Joy Division, acreditando que eles poderiam vender 3 ou 4 milhões de discos. A banda estava num ritmo insano de produção. O grupo havia produzido várias canções e preparavam um novo LP.

As primeiras gravações terminadas foram a de um novo single contendo as canções “Love Will Tear Us Apart” e “These Days”. Apesar de ser o grande clássico do grupo, foi também a canção que mais dor de cabeça deu para Martin Hannett e para o grupo

Hannnet gastou uma pequena fortuna mixando a canção nos estúdio Pennine. O produtor mandou Ian cantar inspirado em Frank Sinatra e arranjou uma tremenda confusão, quando ouviu as duas versões que tinham feito da canção: uma versão lenta, com a voz mais soturna, gravada no estúdio Strawberry. E também havia uma versão em ritmo mais acelerado. Martin sabia que ela seria a canção ideal para promoverem na América e só optaram pela versão mais lenta, mas refazendo todos os vocais nos dias finais de gravação de Closer, no estúdio Britannia Row.
O single seria lançado em dois formatos: sete e 12 polegadas. E mais uma vez o desenho gráfico ficou por conta de Peter Saville, que concebeu dois desenhos completamente distintos.

A capa de sete continha um desenho que parecia um bloco de metal como se fosse uma lápide. Como o single foi lançado apenas após a morte de Ian, foi considerado de gosto duvidoso. Tony Wilson explica que a foto havia sido tirada muitos meses antes do suicídio do cantor, sendo uma peça de oito polegadas por quatro, com o título impresso e a deixaram na chuva para que enferrujasse. A peça ainda sofreu uma lavagem com ácido.

A versão de sete polegadas chegou ao público antes, no dia 18 de abril, e virou uma febre nacional, sendo considerada a canção do ano, alcançando a 13ª posição na parada e vendendo quase 160 mil cópias.

E, mais uma vez, com Martin, o grupo entrou no Britannia Row para gravar o segundo disco, Closer. Era o período final e turbulento da vida de Ian, que não suportando mais a vida dupla que levava, confessou a Deborah que tinha uma amante. As letras do disco eram extremamente pessoais e falavam das dúvidas que o atormentavam. Há quem goste de especular que Ian já tinha pensado em suicídio e que havia avisado a todos por meio das letras. O desespero transformou-se em obra de arte e Martin conseguiu melhorar o que já era sublime, deixando a voz do cantor mais poderosa e as músicas mais sombrias.
O cantor acabou saindo de casa e Deborah entrou com uma ação de divórcio. Provisoriamente, Ian foi morar na casa de Tony Wilson e levou Annik consigo. Os ataques eram mais freqüentes e durante um show no Rainbow, Ian teve no palco um violento surto, caindo em cima do kit de bateria. O ataque foi provocado pelas luzes estroboscópicas colocadas no palco.

O último concerto do grupo se deu no dia 2 de maio na Universidade de Birmigham e acabou entrando no disco póstumo Still lançado em 1981. Era a hora de pensar na turnê pelos Estados Unidos, e o dia do embarque estava marcado para 19 de maio.

Mas antes da viagem, Closer seria lançado. Seria, se não tivessem acontecido alguns percalços. O primeiro problema era que a capa bolada por Peter Saville não havia sido entregue pela fábrica. E um outro problema, e mais grave, aconteceu quando 5 mil cópias já haviam sido feitas sem que Martin Hannett houvesse aprovado. O disco acabou tendo o lançamento retardado até julho.

Alheio a tudo isso, Ian se sentia confuso e não sabia o que fazer de sua vida. Dividido entre o amor de sua esposa e sua amante, tentou conversar com Deborah. Estava claro que Ian não queria um processo de divorcio, por causa de sua filha e para não sofrer mais.

Cansado, pediu para passar o final de semana na sua antiga casa e Deborah concordou. Natalie estava na casa de seus sogros, já que Deborah precisava trabalhar todo o final de semana. No sábado, dois dias antes de embarcar para os Estados Unidos, Ian voltou para o lar. Quase não conversava sobre a viagem. Deborah acabou dormindo de sexta para sábado na casa de seus pais, mas passou no seu endereço para ver se Ian estava bem e avisando que no domingo estaria de volta.

Sozinho em casa, Ian começou a procurar fotos de Natalie e escreveu uma carta para Deborah, dizendo que a amava e odiava Annick. Após ver um filme chamado Stroszek de Herzog e ouvir The Idiot de Iggy Pop, Ian se enforcou.

Na manhã do dia 18 de maio, no domingo, Deborah encontrou o corpo de seu marido, com as mãos descansando em cima da máquina de lavar. Deborah gritou, os vizinhos foram ver o que tinha acontecido e a polícia acabou sendo chamada. Posteriormente, o corpo de Ian acabou sendo identificado pelo seu sogro, já que sua esposa não tinha nenhuma condição emocional de fazê-lo.

O choque foi tão grande ou maior para o grupo, Martin Hannett e Tony Wilson. Ninguém queria imaginar que Ian tivesse cometido um ato cruel e tão “vingativo” com todos aqueles que o cercaram. Para piorar, a reunião com a Warner, que estava agendada assim que a banda pisasse em território americano foi cancelada e o grupo perdeu a chance de ganhar muito dinheiro.

Ian havia conseguido o que tanto sonhara: imortalizara-se, cometendo o suicídio quando estava prestes a se tornar um ídolo. Preferiu ser mito.
Abalados com a decisão, Closer é lançado em julho, precedido dias antes por um relançamento de “Love Will Tear Us Apart”, em 12 polegadas.

A capa do disco foi acusada novamente de mau gosto, mas Peter argumentou que havia se inspirado em uma fotografia de Bernard Pierre Wolfe.

Após a morte de Ian, o Joy Division acabou. Não havia mais o que continuar sem as letras e o carisma do vocalista.
Dois novos singles, são lançados: “Komakino” e “Atmosphere” e a solução encontrada pelos integrantes foi começar uma vida nova. Sim, você conhece a banda, é o New Order. Um último lançamento póstumo foi realizado em 1981, um álbum duplo que compilava canções inéditas e a apresentação em Birmigham, batizando de Still. O design do disco havia sido bolado por Peter Saville, após achar um álbum de um banda checa-eslovaca, em um sebo. Mas a arte original, com uma capa vermelha e letras douradas foi abandonada por ser considerada pomposa demais. Ainda assim, resolveram manter a palavra “Still”, que pode ser entendida como um sinônimo de “calma”, que daria um entendimento melhor à concepção do mesmo. O símbolo “f” provavelmente faz alusão à gravadora Factory.
Vários lançamentos posteriores, incluindo vídeos, coletâneas e bootlegs foram feitos, sendo particularmente interessante o que registra o show de Preston, no dia 28 de fevereiro, tido como o pior em termos técnicos, mas cheio de garra, com a banda tentando passar por cima das adversidades e com um Ian mais comunicativo com a platéia. Há também o registro do show em Les-Bains Douches Club e completado com gravações realizadas na Holanda, em janeiro de 1980.


Origem dos nomes
Stiff Kittens
Este nome foi sugerido para Ian Curtis por Richard Boon, produtor dos Buzzcocks, mas a banda odiou o nome e ele acabou sendo usado apenas no primeiro concerto da banda, no domingo 29 de Maio de 1977.

Warsaw
A banda foi inspirada pela música Warszsawa, do álbum Low de David Bowie, em inglês ela significa Warsaw. Porém uma banda londrina, Warsaw Pakt lançou seu primeiro álbum em Novembro de 1977, então eles decidiram mudar de nome para evitar alguma confusão.

Joy Division
Em Dezembro de 1977 eles decidiram seu nome definitivo. O nome veio do livro “House of Dolls, de Karol Cetinsky. Nesse livro Joy Division(Divisão da Alegria) é o nome dado para a área onde as mulheres judias são mantida prisioneiras e “oferecidas” sexualmente aos oficias nazistas.


Membros

Principais
Ian Curtis ? Vocal, Guitarra (meio de 1976 - Maio 1980)
Bernard Sumner ? Guitarra, teclado (meio de 1976 - Maio 1980)
Peter Hook ? Baixo (meio de 1976 - Maio 1980)
Stephen Morris ? Bateria (Agosto 1977 - Maio 1980)

Ex-membros
Terry Mason ? Bateria (meio de 1976 - Maio 1977)
Tony Tabac ? Bateria (Maio - Junho 1977)
Steve Brotherdale ? Bateria (Junho - Agosto 1977)

Influências musicais
Kraftwerk
David Bowie
Iggy Pop
Public Image Limited
Lou Reed
The Doors
Rolling Stones
The Stooges
The Who
Sex Pistols
Velvet Underground

Discografia

Singles
An Ideal For Living (7”) - 1978
An Ideal For Living (12”) - 1978
Transmission (7”) - 1979
Licht und Blindheit (7”) - 1980
Komakino (7”) - 1980
Love Will Tear Us Apart (7”) - 1980
She’s Lost Control / Atmosphere (12”) - 1980
Love Will Tear Us Apart (12”) - 1980
Transmission (12”) - 1980
The First Peel Session (12”/CD) - 1986
The Second Peel Session (12”/CD) - 1987
Atmosphere (7”/12”/CD) - 1988
Love Will Tear Us Apart (12”/CD) - 1995

Álbuns de estúdio
Unknown Pleasures - 1979
Closer - 1980

Álbuns ao vivo
Preston 28 February 1980 - 1999
Les Bains Douches 1979 - 2001
Fractured Box Set - 2001
Re-Fractured Box Set - 2003
Let The Movie Begin - 2005

Compilações
Still - 1981
Substance - 1988
Permanenent - 1995
Warsaw - 1995
Heart And Soul - 1997

Compilações extras
Short Circuit (10”/12”/CD) - 1978 - “At a Later Date”
A Factory Sample (7”) - 1979 - “Digital”; “Glass”
Earcom 2: Contradiction (12”) - 1979 - “Autosuggestion”; “From Safety to Where…?”

Outros
24 Hour Party People - Filme sobre a Factory Records, possui muitas cenas sobre Joy Division
Curtis, Deborah. Touching From a Distance: Ian Curtis and Joy Division - Lançado oficialmente em 1995, possui uma versão em português de Portugal chamada Carícias Distantes, porém não foi lançada nenhuma versão específica para o Brasil
“House of Dolls”, livro que inspirou o nome Joy Division
Control - Filme baseado baseado no livro de Deborah contando a vida de Ian do Joy Division. Realizado por Antjon Corbin, foi lançado em 2007, recolhendo amplos elogios da crítica internacional e um considerável volume de vendas nas bilheteiras. Em 2008, na sequência do filme, o actor Sam Riley, que interpreta Ian Curtis, foi nomeado para o Orange Raising Star Award dos prémios da Associação Cinematográfica Inglesa (BAFTA awards).

O mal é que falar de Joy é praticamente falar do Ian...

Alguém mais curte a banda?

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Acho que é uma das bandas que mais admiro. Sensacional.
Pra quem não conhece, seria legal ver Control.
 
N disse:
Acho que é uma das bandas que mais admiro. Sensacional.
Pra quem não conhece, seria legal ver Control.

Tradução: Adoroooooooooooooo! Amo de paixão. Quando toca Transmission fico dançando igual ao Ian.
 
Pensei que fosse impossivel dançar igual o Ian... aliás ainda acho.
A menos que a pessoa seja epilética XD

Eu tbm adoro a banda, Love Will Tear Us Apart e She´s Lost Control, para mim, são as melhores.

Ainda não vi Control =[
 
Eu sou louca por essa banda, tb concordo que o Ian era a alma da banda e nem gosto do New Order. Eu ganhei de aniversario o filme Control e conta a história do Ian, é ótimo, assistam e no fim ainda tem uma musica do JD cantada pelo The Killers. A música que mais amo deles, chego até a sentir arrepios quando escuto é Atmosphere! Mas tb tem a Isolation, Passover... E o Renato Russo parecia que tentava imitar o Ian dançando.
 
Rafaela Bibiano disse:
Eu sou louca por essa banda, tb concordo que o Ian era a alma da banda e nem gosto do New Order. Eu ganhei de aniversario o filme Control e conta a história do Ian, é ótimo, assistam e no fim ainda tem uma musica do JD cantada pelo The Killers. A música que mais amo deles, chego até a sentir arrepios quando escuto é Atmosphere! Mas tb tem a Isolation, Passover... E o Renato Russo parecia que tentava imitar o Ian dançando.

Eu adoro Joy E New Order.

Ainda não vi Control... :(

E o Renato disse que a dança dele é uma mistura do Ian com outro que agora não lembro no momento :dente:. Eu concordo, até porque acho que pra dançar que nem o Ian tem que ter algo de errado (não que o Renato não tivessse rsrs)
 
Rafaela disse:
Eu sou louca por essa banda, tb concordo que o Ian era a alma da banda e nem gosto do New Order.
...A música que mais amo deles, chego até a sentir arrepios quando escuto é Atmosphere!

mesmo aqui! atmosphere é a melhor. disorder tbm é lecal.
do pouco q eu conheço de new order, ñ gosto.
dá pra dizer q new order é musica eletrônica né? entao, eu fico pensando, ñ sei se dá pra dizer tbm q o Ian tinha certas raízes na musica eletronica, q acham?
 
mesmo aqui! atmosphere é a melhor. disorder tbm é lecal.
do pouco q eu conheço de new order, ñ gosto.
dá pra dizer q new order é musica eletrônica né? entao, eu fico pensando, ñ sei se dá pra dizer tbm q o Ian tinha certas raízes na musica eletronica, q acham?
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Não acho que que o Joy Division tinha raizes na musica eletrônica. Acho que com a morte dele mudaram de estilo pois não daria para continuar com as mesmas musicas sem a voz do Ian.
 
Tangerine disse:
Rafaela disse:
Eu sou louca por essa banda, tb concordo que o Ian era a alma da banda e nem gosto do New Order.
...A música que mais amo deles, chego até a sentir arrepios quando escuto é Atmosphere!

mesmo aqui! atmosphere é a melhor. disorder tbm é lecal.
do pouco q eu conheço de new order, ñ gosto.
dá pra dizer q new order é musica eletrônica né? entao, eu fico pensando, ñ sei se dá pra dizer tbm q o Ian tinha certas raízes na musica eletronica, q acham?

Rafaela disse:
mesmo aqui! atmosphere é a melhor. disorder tbm é lecal.
do pouco q eu conheço de new order, ñ gosto.
dá pra dizer q new order é musica eletrônica né? entao, eu fico pensando, ñ sei se dá pra dizer tbm q o Ian tinha certas raízes na musica eletronica, q acham?

Não acho que que o Joy Division tinha raizes na musica eletrônica. Acho que com a morte dele mudaram de estilo pois não daria para continuar com as mesmas musicas sem a voz do Ian.
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Na verdade o New Order é bem o que o nome já quer dizer. Depois da morte do Ian, os que sobraram da banda acharam melhor mudar o nome e a visão da banda. O New Order é mais alegre que o Joy justamente para tentar sair dessa área das músicas liristicas do Ian. Na minha opinião foi uma bela modificação. Mas o interessante é que foi justamente nessa época que a música eletronica estava crescendo, logo eles viram que era um estilo mais animado e justamente o que procuravam. Juntaram os elementos normais do rock, mas as batidas eletronicas e chegaram a um grande trabalho.

Anos depois a música eletronica já não era tão estimada assim e nem tão nova. Dois integrantes do NO se cansaram de novo daquele mesmo estilo de sempre e formaram o Monaco, que é quase um Joy misturado com o New Order, mas com batidas totalmente diferentes.

concluindo: três super bandas que poucos conhecem e que tem uma qualidade musical impar.

Quem é mais velho e tem entre 25 e 30 é mais comum gostar de New Order, pois vivel essa época de crescimento da música eletronica. Quem tem 20 ou menos deve lembrar de uma música em especial do Monaco que tocava em um filme (ou série não me lembro). E quem tem mais de 40 lembra melhor do Joy e por isso fica complicado de aceitar o New Order.

Mas no nosso caso, aqui é bem heterogeneo na questão da idade, acredito que seja mais gosto pessoal mesmo.
 
Breno C. disse:
Quem é mais velho e tem entre 25 e 30 é mais comum gostar de New Order, pois vivel essa época de crescimento da música eletronica. Quem tem 20 ou menos deve lembrar de uma música em especial do Monaco que tocava em um filme (ou série não me lembro). E quem tem mais de 40 lembra melhor do Joy e por isso fica complicado de aceitar o New Order.

Mas no nosso caso, aqui é bem heterogeneo na questão da idade, acredito que seja mais gosto pessoal mesmo.

É verdade. E eu não sou velha (quer dizer, tãããão velha), mas minhas bandas favoritas são The Cure (em primeiríssimo lugar), Joy Division, The Smiths, Depeche Mode, Legião e as duas mais novas: The Killers e Kings of Leon
 

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