Mesmo levando-se em conta que é muito comum as pessoas serem apaixonadas pela obra de Tolkien, me vejo impelido a escrever um pouco sobre isso. Organizar as ideias e colocá-las no papel tem me dado muito prazer recentemente. Isso acabou virando um hábito que, aos poucos, está se tornando um hobby.
E por que não falar sobre Tolkien e seu mundo maravilhoso? Não vejo motivos para não fazê-lo, para não me juntar à multidão de textos que exaltam sua obra. Minha história com ele começou em 2007. Lembro-me bem de ir com diversos colegas ao cinema para assistir ao filme que todos comentavam. Antes desse momento, Tolkien estava presente apenas em conversas breves, gerando apenas comentários rápidos. Não havia lido sequer um dos livros e muito menos me interessado pela história. Porém, lembro-me bem de, nas semanas anteriores ao lançamento, haver uma grande comoção em torno do filme.
A experiência foi marcante. Na época, o que foi lançado para assistirmos foi uma versão mais enxuta do filme (ainda levaria alguns anos para que as versões estendidas fossem lançadas). Porém, o pouco que nos foi mostrado foi impactante.
Não é à toa que se diz que a qualidade torna coisas imortais. Passados 23 anos, podemos ver na internet diversas menções ao filme, comunidades com centenas de pessoas discutindo a obra, e canais dos mais diversos no YouTube sobre essa especialidade, todos com o único objetivo de se conectar com indivíduos interessados pelo tema.
Mas o que torna a obra de Tolkien tão boa? Aqui quero falar sobre o que ela representa para mim e tentarei fugir um pouco do lugar comum. Obviamente, não será possível escapar de alguns clichês.
Em dois momentos distintos, tive uma conexão mais forte com Tolkien: uma quando era mais jovem e outra na vida adulta.
Quando jovem, sempre tive gostos mais associados à fantasia. Lembro-me muito bem de adorar histórias sobre dragões e sempre buscar filmes da sessão da tarde sobre esse gênero – o que, pensando agora, deveria ser muito tedioso, pois estamos falando da época da TV aberta e seus sinais de rádio. Filmes em fitas VHS ainda eram uma novidade e não eram todos que as tinham. Daí para chegar ao universo de Dungeons & Dragons e o mundo do RPG foi uma questão de pouco tempo. Mal sabia eu que muito desse universo havia sido criado pelo professor.
Com a adolescência, deixei um pouco de lado essa motivação. O que contribuiu para isso foi que nenhum dos meus amigos estava muito interessado nesse mundo imaginativo. Somente durante o período da faculdade, que coincidiu com o lançamento dos filmes, isso veio à tona novamente.
Então, como podem imaginar, foi um resgate de uma paixão antiga. E meio que num passe de mágica, agora eu tinha uma grande quantidade de amigos e conhecidos que mergulharam de cabeça na literatura. Lembro-me de todos nós comprando os livros e tecendo comentários sobre eles. "Fulano, em que parte você está?" "Sicrano, já terminei 'O Hobbit'." "Não consigo esperar pela segunda parte do filme." Todos esses eram comentários facilmente reconhecíveis na época.
Foram três anos muito bacanas. Foram três anos de lançamentos anuais em sequência que fizeram a festa de todos os interessados. Esses três anos ficaram marcados na memória de todos pela grande qualidade e pelo momento histórico.
Camisas foram compradas e piadas foram feitas para todos os gostos relativos aos personagens. Beberrões viraram Orcs, moças lindas eram chamadas de "élficas", sujeitos de menor estatura eram hobbits. Lembro-me muito bem de sair para acampar com o pessoal e das discussões em volta da fogueira sobre as aventuras de Frodo e companhia. Era um barato ter essas discussões no meio do mato, diga-se de passagem.
Depois desses três anos, todos nós tínhamos um carinho especial pelos filmes. Mas como toda maré tem sua alta, ela também tem sua baixa. Depois de algum tempo, as coisas voltaram ao normal.
Aqui faço questão de salientar que a estratégia de lançamentos de Peter Jackson foi muito acertada. Para causar mais excitação nas pessoas da época, eles decidiram lançar versões estendidas dos filmes apenas um ano após o lançamento de cada um deles. Que golpe de mestre.
Mas voltando à questão do esfriamento das coisas, minhas lembranças me confirmam que elas acabaram ocupando um pouco menos de espaço. As coisas são assim mesmo, têm seus altos e baixos. Acho que é uma das poucas regras que não consigo encontrar uma exceção.
De qualquer forma, ficaram os filmes e, naquela época, já havia a internet para ampliar o alcance dos filmes. Eles se tornaram companheiros anuais meus. Eu os via no mínimo uma vez ao ano e, em poucas ocasiões, não me lembro de ter deixado de assisti-los.
Como um amigo fiel, eles sempre estavam lá para fornecer uma boa companhia.
Infelizmente, na minha experiência pessoal com Tolkien, não tive o mesmo ímpeto com os livros. Tive a experiência com a trilogia nesse momento, mas não houve interesse em continuar a leitura pelos anos seguintes. Algo de que posso afirmar que me arrependo. Passados oito anos, fomos presenteados com a trilogia de "O Hobbit" e a chama voltou a acender. Lembro-me que "O Hobbit" não foi tão bem recebido quanto os primeiros filmes e, ainda hoje, muitas pessoas os criticam. Posso dizer que, apesar de algumas mudanças que não prezam pela canonicidade, o filme é simplesmente maravilhoso. Acompanhei com muita atenção e amor todas as aventuras de Bilbo e companhia nas telas, e essa segunda trilogia ocupa um lugar especial no meu coração.
Não é à toa que existe o ditado "A história se repete". Mais uma vez, me vi relendo os livros e adicionando "O Hobbit" à coleção de livros lidos. Porém, a diferença aqui é que já não havia mais aquele ambiente cheio de energia e festividade para a discussão dos livros, visto que a faculdade já havia terminado. Logo, essa experiência foi mais pessoal, marcando uma era de pesquisa intensa na internet sobre o assunto.
Os anos passaram e o que de fato ficou comigo foram os filmes. O que antes eram sessões apenas de "O Senhor dos Anéis" agora tinham, e têm, a companhia dos filmes de "O Hobbit".
Comecei a trabalhar mais firmemente e constitui família. Algumas coisas tiveram que ficar mais adormecidas para que outras tivessem maior atenção minha. E as eras passaram...
Para minha infelicidade, passei recentemente por um processo de separação que foi muito amigável e, por isso, sou muito grato. Porém, uma das consequências de morar sozinho e sem o contato constante dos filhos é que você acaba encontrando um tempo razoável disponível para usar. Após tentar diversos hobbies para ocupar a mente, resolvi tentar a literatura de Tolkien com mais afinco. Sou fumante e já parei de fumar diversas vezes, voltando ao vício toda vez que volto a tomar uma cerveja gelada. Citei isso porque não há nada mais parecido com o que aconteceu.
Mais uma vez, a paixão voltou à tona. Existem poucas coisas que fazem isso na minha vida. E dou todo o reconhecimento devido a esse fato. Nos últimos dois anos, li ou reli todos os principais livros do universo de Arda e comecei a fazer associações de tempos e lugares em anotações. Nesse momento, descobri quão rico é esse mundo. Não se trata somente dos filmes. Esse local mágico é lindo e repleto de histórias para explorar. Quem mergulha de cabeça nesse assunto não se arrependerá em nenhum momento. Agora, com um pouco mais de dinheiro no bolso, consigo me presentear com livros físicos e com um Kindle que comprei basicamente para continuar essa exploração. Pendurei o mapa da Terra Média na sala e comprei réplicas do "Um Anel". Consumo vídeos e mais vídeos no YouTube sobre o tema.
E digo sem nenhum pesar que valeu a pena cada hora dispendida com isso.
Meu processo de escrita
E por que não falar sobre Tolkien e seu mundo maravilhoso? Não vejo motivos para não fazê-lo, para não me juntar à multidão de textos que exaltam sua obra. Minha história com ele começou em 2007. Lembro-me bem de ir com diversos colegas ao cinema para assistir ao filme que todos comentavam. Antes desse momento, Tolkien estava presente apenas em conversas breves, gerando apenas comentários rápidos. Não havia lido sequer um dos livros e muito menos me interessado pela história. Porém, lembro-me bem de, nas semanas anteriores ao lançamento, haver uma grande comoção em torno do filme.
A experiência foi marcante. Na época, o que foi lançado para assistirmos foi uma versão mais enxuta do filme (ainda levaria alguns anos para que as versões estendidas fossem lançadas). Porém, o pouco que nos foi mostrado foi impactante.
Mapa pendurado na minha sala
Não é à toa que se diz que a qualidade torna coisas imortais. Passados 23 anos, podemos ver na internet diversas menções ao filme, comunidades com centenas de pessoas discutindo a obra, e canais dos mais diversos no YouTube sobre essa especialidade, todos com o único objetivo de se conectar com indivíduos interessados pelo tema.
Mas o que torna a obra de Tolkien tão boa? Aqui quero falar sobre o que ela representa para mim e tentarei fugir um pouco do lugar comum. Obviamente, não será possível escapar de alguns clichês.
Em dois momentos distintos, tive uma conexão mais forte com Tolkien: uma quando era mais jovem e outra na vida adulta.
Quando jovem, sempre tive gostos mais associados à fantasia. Lembro-me muito bem de adorar histórias sobre dragões e sempre buscar filmes da sessão da tarde sobre esse gênero – o que, pensando agora, deveria ser muito tedioso, pois estamos falando da época da TV aberta e seus sinais de rádio. Filmes em fitas VHS ainda eram uma novidade e não eram todos que as tinham. Daí para chegar ao universo de Dungeons & Dragons e o mundo do RPG foi uma questão de pouco tempo. Mal sabia eu que muito desse universo havia sido criado pelo professor.
Minha réplica do "One Ring"
Com a adolescência, deixei um pouco de lado essa motivação. O que contribuiu para isso foi que nenhum dos meus amigos estava muito interessado nesse mundo imaginativo. Somente durante o período da faculdade, que coincidiu com o lançamento dos filmes, isso veio à tona novamente.
Então, como podem imaginar, foi um resgate de uma paixão antiga. E meio que num passe de mágica, agora eu tinha uma grande quantidade de amigos e conhecidos que mergulharam de cabeça na literatura. Lembro-me de todos nós comprando os livros e tecendo comentários sobre eles. "Fulano, em que parte você está?" "Sicrano, já terminei 'O Hobbit'." "Não consigo esperar pela segunda parte do filme." Todos esses eram comentários facilmente reconhecíveis na época.
Foram três anos muito bacanas. Foram três anos de lançamentos anuais em sequência que fizeram a festa de todos os interessados. Esses três anos ficaram marcados na memória de todos pela grande qualidade e pelo momento histórico.
Camisas foram compradas e piadas foram feitas para todos os gostos relativos aos personagens. Beberrões viraram Orcs, moças lindas eram chamadas de "élficas", sujeitos de menor estatura eram hobbits. Lembro-me muito bem de sair para acampar com o pessoal e das discussões em volta da fogueira sobre as aventuras de Frodo e companhia. Era um barato ter essas discussões no meio do mato, diga-se de passagem.
Depois desses três anos, todos nós tínhamos um carinho especial pelos filmes. Mas como toda maré tem sua alta, ela também tem sua baixa. Depois de algum tempo, as coisas voltaram ao normal.
Uma parte dos meus livros! Apesar do que só uso o Kindle.
Aqui faço questão de salientar que a estratégia de lançamentos de Peter Jackson foi muito acertada. Para causar mais excitação nas pessoas da época, eles decidiram lançar versões estendidas dos filmes apenas um ano após o lançamento de cada um deles. Que golpe de mestre.
Mas voltando à questão do esfriamento das coisas, minhas lembranças me confirmam que elas acabaram ocupando um pouco menos de espaço. As coisas são assim mesmo, têm seus altos e baixos. Acho que é uma das poucas regras que não consigo encontrar uma exceção.
De qualquer forma, ficaram os filmes e, naquela época, já havia a internet para ampliar o alcance dos filmes. Eles se tornaram companheiros anuais meus. Eu os via no mínimo uma vez ao ano e, em poucas ocasiões, não me lembro de ter deixado de assisti-los.
Como um amigo fiel, eles sempre estavam lá para fornecer uma boa companhia.
Infelizmente, na minha experiência pessoal com Tolkien, não tive o mesmo ímpeto com os livros. Tive a experiência com a trilogia nesse momento, mas não houve interesse em continuar a leitura pelos anos seguintes. Algo de que posso afirmar que me arrependo. Passados oito anos, fomos presenteados com a trilogia de "O Hobbit" e a chama voltou a acender. Lembro-me que "O Hobbit" não foi tão bem recebido quanto os primeiros filmes e, ainda hoje, muitas pessoas os criticam. Posso dizer que, apesar de algumas mudanças que não prezam pela canonicidade, o filme é simplesmente maravilhoso. Acompanhei com muita atenção e amor todas as aventuras de Bilbo e companhia nas telas, e essa segunda trilogia ocupa um lugar especial no meu coração.
Não é à toa que existe o ditado "A história se repete". Mais uma vez, me vi relendo os livros e adicionando "O Hobbit" à coleção de livros lidos. Porém, a diferença aqui é que já não havia mais aquele ambiente cheio de energia e festividade para a discussão dos livros, visto que a faculdade já havia terminado. Logo, essa experiência foi mais pessoal, marcando uma era de pesquisa intensa na internet sobre o assunto.
Os anos passaram e o que de fato ficou comigo foram os filmes. O que antes eram sessões apenas de "O Senhor dos Anéis" agora tinham, e têm, a companhia dos filmes de "O Hobbit".
Comecei a trabalhar mais firmemente e constitui família. Algumas coisas tiveram que ficar mais adormecidas para que outras tivessem maior atenção minha. E as eras passaram...
Para minha infelicidade, passei recentemente por um processo de separação que foi muito amigável e, por isso, sou muito grato. Porém, uma das consequências de morar sozinho e sem o contato constante dos filhos é que você acaba encontrando um tempo razoável disponível para usar. Após tentar diversos hobbies para ocupar a mente, resolvi tentar a literatura de Tolkien com mais afinco. Sou fumante e já parei de fumar diversas vezes, voltando ao vício toda vez que volto a tomar uma cerveja gelada. Citei isso porque não há nada mais parecido com o que aconteceu.
Mais uma vez, a paixão voltou à tona. Existem poucas coisas que fazem isso na minha vida. E dou todo o reconhecimento devido a esse fato. Nos últimos dois anos, li ou reli todos os principais livros do universo de Arda e comecei a fazer associações de tempos e lugares em anotações. Nesse momento, descobri quão rico é esse mundo. Não se trata somente dos filmes. Esse local mágico é lindo e repleto de histórias para explorar. Quem mergulha de cabeça nesse assunto não se arrependerá em nenhum momento. Agora, com um pouco mais de dinheiro no bolso, consigo me presentear com livros físicos e com um Kindle que comprei basicamente para continuar essa exploração. Pendurei o mapa da Terra Média na sala e comprei réplicas do "Um Anel". Consumo vídeos e mais vídeos no YouTube sobre o tema.
E digo sem nenhum pesar que valeu a pena cada hora dispendida com isso.
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