Fúria da cidade
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Tá de boa no home office? Pois esteja pronto para mais monitoramento online
Imagem: Marcel Lisboa/UOL
Com a pandemia da covid-19, muitas empresas já falam em estender ou manter de vez o trabalho remoto. Para muitas empresas que entraram agora nessa modalidade, surgiu o desafio de entender se seus funcionários estão sendo produtivos dessa forma. Mas se depender da startup americana Einable, a maneira como usamos os eletrônicos para trabalhar nunca mais será como antes.
A empresa divulgou neste ano sua inteligência artificial que calcula a rapidez com que os funcionários em home office concluem diferentes tarefas. E vai além: também sugere maneiras de acelerá-las e até dá a cada empregado uma "pontuação de produtividade". Pelo menos é o que garante o executivo-chefe da Einable, Tommy Weir, que tem 20 anos de experiência como coaching de executivos.
Até então, o que havia de mais avançado nesse sentido eram programas como Hubstaff ou Time Doctor, que já apresentavam recursos surpreendentes, segundo reportagem do MIT Technology Review. Alguns deles são registrar as teclas digitadas pelos usuários, fotografar pela webcam a cada dez minutos para checar se os funcionários estão em seus computadores, rastrear os sites acessados e os movimentos do mouse.
Há ainda o Isaak, uma ferramenta da empresa britânica Status Today, que monitora as interações entre os funcionários para identificar quem colabora mais no trabalho. Ele seria ainda capaz de combinar esses dados de produção com informações pessoais para identificar os funcionários que são potenciais "agentes de mudança".
A tendência pelo home office não serve para todo mundo, mas muito provavelmente será mais aceita e adotada após a pandemia. O Google, anunciou que a maioria de seus funcionários trabalhará de casa até 2021, e o Facebook espera em cinco a dez anos ter metade dos seus em casa por tempo indeterminado. No Brasil, um levantamento da Escola de Negócios ISE concluiu que 80% dos gestores aprovaram esse método de produtividade.
Vigiar ou estimular?
A tecnologia de pontuação de produtividade da Einable funciona assim: o software monitora qualquer repasse de informações da empresa a seus funcionários e um algoritmo, chamado "Trigger-Task-Time", aprende o trabalho esperado individualmente, em diferentes funções. Traçado um padrão de comportamento, dá ao funcionário uma nota de desempenho de 0 e 100.
Os dados processados são compilados em um placar e combinados com arquivos mais antigos, sobre o padrão típico de comportamento do funcionário, para prever suas ações e recomendar "estratégias discretas" para os seus superiores.
Weir garantiu que seu sistema é completamente "agnóstico" em viés. Ou seja, que desconhece informações pessoais, idade, gênero e cor dos funcionários, e que faz comparações por suas pontuações, mesmo que não exerçam a mesma atividade.
Ficou assustado? Pois para Weir, o monitoramento da jornada de trabalho é uma tendência que veio para estimular funcionários e ajudar as empresas. "Imagine que você está gerenciando alguém e pode ficar parado assistindo-o o dia todo e dando recomendações sobre como fazer melhor seu trabalho. Foi o que construímos", disse à MIT Tecnology Review.
Das organizações interessadas nessa tecnologia, Weir apontou a Agência Alfandegaria de Dubai, a multinacional americana de comunicação corporativa Omnicom Media Group, a operadora aérea Delta Airlines e a CVS Health, uma das maiores redes de saúde dos Estados Unidos.
Isso é legal?
Segundo Alex Antonio Affonso, doutor em Ciências e pesquisador na Escola de Engenharia de São Carlos (EESC), da USP (Universidade de São Paulo), várias empresas já realizam internamento seus próprios "algoritmos" de desempenho.
"Além de medir quanto tempo cada colaborador leva para executar uma tarefa, os sistemas conseguem identificar os fatores que impactam a produtividade, como horários do dia, clima, e assim são tomadas atitudes para melhorar a competitividade", informa.
"A tecnologia nos permite hoje analisar em tempo real os sentimentos das pessoas e prever, por exemplo, quem estaria mais propenso a deixar o trabalho", afirma Cláudio Carvajal, coordenador dos cursos de Marketing Digital e Data Science da FIAP (Faculdade de Informática e Administração Paulista).
Tudo isso pode parecer intrusivo e injusto, mas ainda não é ilegal no Brasil. Para Alexandre Pessoa, advogado especializado em direito trabalhista, quando os equipamentos que o funcionário está usando em casa são da empresa, as políticas de uso profissional só precisam ser claras. Incluindo aí as informações sobre eventual monitoramento e coleta de dados pessoais.
Em equipamentos pessoais, a empresa então deve pedir permissão aos funcionários para instalar seus programas intrusivos. O monitoramento também deve ser limitado ao uso dos dados relacionados ao trabalho, e não é permitido que a empresa use as informações obtidas para outros fins além do que foi acertado com o funcionário, de acordo com o que está na LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados).
"Mesmo que haja a possibilidade de coleta até mesmo do que foi digitado, a empresa e seus colaboradores deverão saber como e por que usarão tais recursos. De outra forma poderão violar a privacidade de seus colaboradores e cometerem crimes", informa Adriano Mendes, advogado especializado em direito digital.
"Nos equipamentos particulares usados para o trabalho, não é recomendável manter logs de todos os sites acessados, da geolocalização e das senhas inseridas se não houver como separar os ambientes nos mesmos aparelhos", complementa.
Tá de boa no home office? Pois esteja pronto para mais monitoramento online
Com a pandemia da covid-19, muitas empresas já falam em estender ou manter de vez o trabalho remoto. Para muitas empresas que entraram agora nessa modalidade, surgiu o desafio de entender se seus funcionários estão sendo produtivos dessa forma. Mas se
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