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Música Clássica- quebrando mitos e noções erradas

Francisco_BR

Usuário
Creio que muitos aqui gostariam de ouvir e apreciar a Música Clássica. No entanto, vejo que, como em muitos lugares, há muitas noções equivocadas sendo divulgadas por aqui. Eu gostaria de poder compartilhar com muitos de vocês boas idéias e conhecimento a respeito da Música Clássica, mas isso é difícil, não por indisposição minha, mas por falta de tempo, e porque, acima de tudo, nao considero um fórum na internet o meio mais adequado de se fazer isso, seja pelas limitações técnicas (como vou compartilhar um CD?), seja pela frieza que eu vejo no meio virtual (melhor seria se nos reuníssemos, e, com decente comida e bebida, fízessemos uma audição de peças de vários períodos).

Gostaria dizer, antes de começar, que o meu conhecimento na área é bastante limitado, e, embora eu tenha noções técnicas, não sou um teórico da tonalidade, do temperamento, da harmonia e da acústica. Ao pressupor que eu tenha tal limitação, não significa que a informação que eu pretendo passar por aqui não seja de fontes confiáveis (sempre que questionado a respeito, procurarei citá-las), mas sim que a limitação do conhecimento nessa área é algo que qualquer um, por maior melômano que seja, possui. Afinal, estamos lidando com mais de mil anos de música ocidental, produzida em diferentes localidades, e sob diferentes referências, conceitos estéticos, e disponibilidade humana e teórica. Eu particularmente sou entusiasta de três períodos obscuros para a grande maioria do público- a Idade Média, o Renascimento, e o Barroco. Esses três, de preferência, tocados em instrumentos de época.

Não sei por onde começar, então eu gostaria, antes, de tentar delimitar o que seria a tal música erudita, e que períodos ela abrange.


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Uma Definição-

Definir a música erudita é algo complicado e discutível até hoje. As fronteiras entre o gênero popular e o erudito, por vezes, são nebulosas. As discussões epistemológicas são intermináveis, e eu seria muito pretensioso por querer inicar uma aqui (aliás, suspeitem de qualquer indivíduo que propõe tal tipo de coisa pela internet, que certamente não é um reduto sério ou acadêmico, ainda mais em comunidades abertas). A música popular é uma manifestação espontânea e bastante informal, mas de muito valor. Não necessariamente (raramente) segue um contorno filosófico e estético definido, uma escola estética. A música erudita trabalha em um nível mais sofisticado, procurando fazer um uso mais aprofundado da teorica musical, da filosofia, e da estética. Encerro por aqui porque essa não é a minha área. "Estudos Culturais" é uma seção bastante extensa das Ciências Sociais, e não pertence ao que quero fazer aqui.

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Os Períodos Históricos-

Aceitam-se, normalmente, os períodos históricos seguintes. Tal como na História, essas dadas são muito discutidas, e indefinidas. Não há ano em que acabou ou começou tal período- afinal, foi tudo consequência de um processo. Utilizar marcos, no entanto, é interessante para se ter uma noção do que houve de mais revolucionário em cada época.

Idade Média- 450-1400
Um período extenso e diversificado, de quase mil anos de abrangência. Foi o período de fixação das bases da música ocidental. Seu início é marcado pela queda do Império Romano.

Alguns Marcos da Idade Média-
-O Canto Gregoriano. Uma manifestação do poder cultural da Igreja, o Canto Gregoriano lançou as bases da teoria musical como conhecemos. De estrutura e notação padronizada, foi levado a Europa inteira, espalhando todo um sistema formal básico, através da notação, base, escalas, harmonia (os Modos são dessa época!!) etc.

-A invenção e estruturação da Polifonia.
Por volta do ano 1000, começou, tendo a localidade da atual França como centro principal e irradiador, a música polifônica. Antes, a música era homofônica (uma melodia e um acompanhamento no mesmo ritmo. "Solo e Base", em uma banda) ou monofônica (apenas uma melodia cantada por uma pessoa sozinha ou um grupo). A polifonia consistem em duas ou mais melodias concorrentes, isto é, duas ou mais melodias ocorrendo ao mesmo tempo.

-A definição da Notação Musical. O que seria de nós sem as partituras hoje? Imagina ainda se cada um escrevesse música como quisesse- como outra pessoa poderia ler?

Noções Erradas sobre a Música Medieval:

-A banda de metal {insira o nome aqui} usa flautinha, portanto tem som medieval.

Como bem sabemos na literatura, há uma diferença abissal entre o Medievalismo- uma percepção equivocada, distorcida e romântica da Idade Média, e de música medieval. Não engulam essa farsa! A música dos Bardos também é muito diferente do que certas bandas tentam vender. Muita gente, inclusive, vai achar chata. Tende a ser religiosa, ou de amor, muito como as cantigas de Amor e cantigas de Amigo que vimos nos livros da escola.

Lembrem-se: só é música Medieval aquela que foi produzida na Idade Média, com os conceitos disponíveis na Idade Média. E a maioria da música medieval tende a ser vocal.


-A Igreja queimava quem usava trítonos e outros intervalos, porque eram considerados coisa do demônio, visto que era relacionados a agitação do estado de espírito e não a contemplação passiva.

Errado. Lenda muito divulgada. Não se utilizavam trítonos e certos intervalos porque esses eram considerados desagradáveis na época. A razão disso é pura e simplesmente teórica- não se dispunha de teorica musical suficiente para aplicar tais conceitos de modo agradável a música.

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O Renascimento (1400-1620)

A Música Renascentista representou um grande salto de sofisticação em relação a Medieval, e uma quebra com o pensamento medieval em muitos sentidos.

A música Renascentista é humanista. Os primeiros compositores renascentistas trouxeram enormes inovações teóricas- descobriram como dominar certos intervalos, por exemplo, dando mais possibilidades a criação musical. Sofisticaram e muito a Polifonia, que contava com mais vozes e mais formas complicadas.

A quebra com o mundo medieval, por parte da Igreja e de todo o resto, trouxe algo inusitado- a ascensão da música instrumental. Antes, toda a música mais sofisticada, e tida com maior estima, era a música vocal- mas agora, a música instrumental passa a disputar lugar.
Isso se deve a um extenso processo, dentro do qual pudemos inumerar algumas ocorrências interessantes-

-Já no fim da Idade Média, a Igreja volta a permitir os instrumentos para acompanhamento dentro da igreja.
-A teoria permitiu uma música instrumental mais interessante.
-O Antropocentrismo. A música celebra a vida humana, e a vida humana pode celebrar através da música.

IAlguns instrumentos que surgiram no Renascimento:

-Cravo e Clavicórdio.
-Todos os instrumentos de som grave. Na Idade Média, os instrumentos eram definidos como "para interiores", e "para exteriores". A partir do Renascimento, em "Graves" e "Agudos".
-familia do Violino e da Viola da Gamba.
-O alaúde é originalmente medieval, mas no Renascimento se sofisticou muito, e deu origem a novos instrumentos de sua família.
-A Guitarra Renascentista.

Como é a Música do Renascimento, em linhas gerais-

-Polifônica. No mínimo homofônica.
-Danças e mais danças. Os incautos que ouvirem vão achar que é medieval, por causa da presença de madeiras de sopro, da síncope, e de outras coisas legais que filmes e bandas fizeram nos acreditar que eram medievais.
-A música religiosa vocal levada aos extremos da Polifonia, com peças com até 40 vozes (40 pessoas cantando 40 melodias diferentes).
-Repleta de temas da Antiguidade Clássica, e de temas antropocêntricos (Bebida, Banquetes, Guerras, Paixões, Sátiras). Ainda assim, moral e religiosa.

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O Barroco (1620-1750)

Esteticamente, o Barroco foi bastante distinto em toda a Europa. Erroneamente atribuído como algo católico, algo da Igreja (por livros didáticos imbecis), não foi um movimento centralizado, idealizado pela igreja, mas sim uma consequência do Renascimento.

O nascimento do sistema tonal é frequentemente utilizado como o marco para o nascimento do Barroco. Outro marco utilizado é a publicação da que é geralmente tida como a primeira Ópera- L'Orfeo (1607), de Claudio Monteverdi (1567 - 1643), figura também expoente no nascimento do sistema tonal. O fim é em geral encarado como a data da morte do maior gênio do barroco- Johann Sebastian Bach, que eu seus dias finais já convivia com a vanguarda estética que sucederia o barroco- o classicismo.

Para se ter uma idéia de como o Barroco nada teve a ver com a Igreja Católica, é só vermos que alguns de seus maiores expoentes- Johann Sebastian Bach e Henry Purcell- eram protestantes (Luterano e Anglicano, respectivamente). Os calvinistas também não escaparam da estética- Jan Pieterszoon Sweelinck (1562-1621), holandês, foi uma das figuras mais importantes dessa transição, e deixou a fundação da escola estética que culminaria com Bach.

O período Barroco é marcado por-

-Sistema Tonal
-Uso e abuso do Contraponto (polifonia tonal). O Contraponto é onipresente e levado ao extremo dos extremos, em forma e conteúdo.
-Detalhes e mais detalhes na música. Grande sofisticação, pouco repetida após o fim do período.
-Ornamentação em todo canto
-Contrastes: baixo X o resto. Contraponto. etc. (nota.: o Barroco francês apresenta-se como exceção em relação a isso)
-Virtuosismo
-Improvisação
-Óperas
-Orquestras (lembrem-se que essas não tinham nada a ver com as de hoje, tanto em tamanho quanto na qualidade dos instrumentos, que tinham sonoridade muito diferente ainda que muitos possuam o mesmo nome que hoje),
-Os Concertos, e a música para solistas.

Mitos e Lendas:

-Barroco é Barroco em qualquer lugar do mundo.
As correntes estéticas do Barroco eram bem diferentes entre si.

O Barroco francês- uma música para o prazer da nobreza mais requintada da Europa- apresenta temática clássica na maior parte do tempo, a mesma do Renascimento. A música é diferente por causa disso.

É notadamente diferente o Barroco Alemão do Norte (predominantemente luterano), do Barroco Alemão do Sul (católico), e do Barroco Italiano, ainda que esses três possuam muito em comum, e o Barroco Italiano influenciava bastante o Alemão do Norte e do Sul.

-Fulano de tal me contou que ouviu um concerto pra piano do Bach.
Bach nunca escreveu para piano- o instrumento só tornou-se popular no período seguinte, o classicismo, do Mozart. A música de Bach, no entanto, é tocável ao piano, ainda que isso implique em severas restrições técnicas da performance.

-Bach inventou a Escala Cromática, a Fuga, o Temperamento, Escalas, e uma técnica pra tocar.

Prestem atenção. Esse é um dos erros mais comumente repetidos- a do Bach inventor de tudo. Bach nunca inventou tudo isso, mas ainda assim, tem motivos de sobra para ser considerado o maior compositor de todos os tempos.

Bach não inventou a Fuga. Ele levou esse procedimento de composição- que é o que há de mais sofisticado e matéria de contraponto- a um extremo sem precedente.

Bach não inventou a Escala Temperada ou o Temperamento. Temperamento existe desde quando Pitágoras resolveu experimentar com cordas. Mas Bach inventou UM temperamento sim.

Vou explicar de uma maneira fácil para quem não entende de matemática ou teoria musical--

Digamos que Pitágoras inventou uma fórmula para dividir uma corda e tirar dela notas. Do Re Mi Fa Sol La Si (não vou entrar em semitons- é desnecessário para a explicação).

Essa fórmula tinha o seguinte problema- as notas iam desafinando ao longo das oitavas. Em outras palavras, o intervalo entre cada uma ia aumentando. Uma nota uma oitava acima já era desafinada em relação a uma nota uma oitava abaixo:

Do Re Mi Fa Sol La Si Do Re Mi Fa Sol La Si DO Re Mi Fa Sol

Isso dá problemas. Em primeiro lugar, limita o número de oitavas que um instrumento pode ter. E também limita o número de oitavas que você pode abranger em uma música. Prejudica também certos acordes, certas escalas, etc.

Inventaram então soluções matemáticas para igualar mais essas discrepâncias em relação a intervalos. No Renascimento, utilizavam uma que se chamava mesotônica, por exemplo.

No barroco, haviam várias- cada compositor e músico utilizava qual preferia. Cada uma tinha as suas limitações e vantagens. Cada uma tinha a sua personalidade e colorido, e privelegiava ou suprimia certas escalas, acordes, intervalos, tonalidades. Eram os sistemas Bem-Temperados. Bach inventou uma que ele próprio bolou para a sua obra intitulada O Cravo Bem-Temperado, feita para ser tocada em um cravo, de preferência afinado do jeito que ele propôs, para que certas nuances da música fossem ressaltadas.

Esse sistema é diferente do que utilizamos por padrão nos dias de hoje, o Equitônico, que tem todos os intervalos entre notas igualmente desafinados, com espaços regulares, e que, se por um lado nos permite utilizar qualquer tonalidade sem restrição, por exemplo, tem a desvantagem de ser mais uniforme.

(Se voce tem ouvido absoluto, lembre-se dessa-o cravo que você ouviu não estava desafinado, só estava afinado em temperamento diferente do seu ouvido)

Outra coisa- Bach de fato fazia uso intenso da matemática como ninguém. Mas essa é *APENAS* a pontinha do Iceberg de sua genialidade, que se extendia a todos os níveis de tudo o que ele escrevia.

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O Estilo Galante (1720-1770) e o Classicismo (1750-1810?20?)

(Eu não tenho o mesmo domínio nem o mesmo gosto que tenho pelo Classicismo se comparado com o quanto gosto do Renascimento e do Barroco. A informação a sequir potencialmente não será rica como a que dei anteriormente.

Digo a mesma coisa a respeito do Romantismo e das escolas posteriores, as quais eu gosto de algumas coisas, mas não tenho grande intimidade. Se precisarem de grandes detalhes, daí eu vou ter que consultar um dicionário musical, e mesmo ouvir mais. Conheço o básico só. Do romantismo eu ainda consigo me virar me matéria de piano.)

O barroco, como é bastante perceptível, é notado por sua música contrapontual (polifônica), bastante complexa e intrincada. O classicismo, por outro lado, caminhou para a música homofônica (melodia com acompanhamento, e não melodias simultâneas). Razões filosóficas diversas marcaram essa transição, tal como, também na literatura, o Arcadismo sucedeu o barroco.

O século 18 é considerado por muitos "O século das Luzes". Grandes descobertas a respeito da compreensão do mundo foram feitas- vide Isaac Newton. Grandes pensadores e filósofos- figuras como Voltaire e (mais importante) Jean-Jacques Rosseau irradiavam, em especial a partir da França, as idéias do chamado Iluminismo. Anseavam por uma maior compreensão da Natureza, e por ideais de racionalidade. A partir disso, a música do classicismo forjou os seus ideais estéticos- Ordem e Naturalidade.

O Classicismo não foi uma ruptura repentina com o Barroco, mas o cume de um processo que já existia no Barroco francês- o conceito do "bon gôut" ("bom-gosto"), que prezava pela moderação como ideal estético- e no Estilo Galante, teorizado efetivamente por volta de 1720 na Alemanha, mas existente também na Itália, em Portugal, e na Espanha.

O Estilo Galante procurava, através da simplificação da polifonia, uma comunicação mais direta e espontânea com o ouvinte. O classicismo levou isso mais adiante, substituindo de vez a polifonia pela homofonia (nota.: a polifonia continuou a ser usada, mas em escala *muito* menor. O Réquiem de Mozart é uma obra muito polifônica. A polifonia retornou com mais vigor no final do classicismo) na busca pela naturalidade.

Algumas Marcas do Classicismo:
-Música buscando ser "mais direta" e "mais natural".
-Quebra com o Barroco- grande negação com relação ao conhecimento musical previamente acumulado, só vista de novo com modernistas, no século XX.
-Uso da Homofonia em detrimento da Polifonia.
-Rigidez formal para composição. Tal como na literatura do Arcadismo os versos e poemas possuem esquema de rima e extensão definidas, a composição classicista procura também isso. É o ideal de Ordem, de Racionalidade.
-A gradual retirada do cravo em favor do Piano, instrumento obscuro até então. Vale lembrar que os pianos dessa época ainda eram muito diferentes dos de hoje em dia. Os "Fortepianos"- como são chamados hoje- são menores em tamanho, volume sonoro, número de teclas, e diferentes no timbre e modo de acionamento mecânico.
-Orquestras maiores em relação ao barroco, mas menores em relação ao romantismo.

Lendas sobre o classicismo:

-O filme "Amadeus".

O filme Amadeus, suponho eu, deve ser conhecido pela maioria das pessoas que estão lendo este tópico- afinal, é muito mencionado aqui pela Valinor.

É um filme muito divertido e muito bem-produzido. No entanto, para o desgosto de muitos, trata-se de uma enorme ficção semi-biográfica sobre Mozart. Possivelmente de modo desonesto, o filme passa como uma fiel biografia.

Em primeiro lugar, Salieri nunca foi aquele crápula, nem um compositor medíocre. Mozart nunca foi o "enfant terrible" do filme; e a extensão de suas habilidades como criança prodígio são discutidas até hoje.

Em outras palavras, Salieri não era tão bom quanto Mozart e Haydn- os dois grandes gênios dessa época- mas, por não estar junto a esses dois, não significa que a sua música não seja de ótima qualidade, e que não possua também grandes momentos. Salieri não matou Mozart- Mozart morreu sabe se lá do que. Salieri tampouco tentou fazer isso. Não era casto, nem louco, nem morreu louco em hospício. Salieri e Mozart, na verdade, tinham uma relação próxima- o filho mais novo de Mozart foi instruído musicalmente por ninguém mais ninguém menos do que Salieri. Havia uma natural relação de respeito mútuo e rivalidade honesta entre os dois, mas nada dessa briga de cão e gato que o filme mostra.

O prodígio de Mozart foi uma das imagens fabricadas mais danosas a música erudita. Mozart foi sim um prodígio. Existiram prodígios antes, mas o pai dele, Leopold Mozart- aliás, um grande e influente professor de música, dos melhores da época, e que dedicou-se a nutrir o potencial do filho- tornou isso extremamente vendável à côrte. Chegou, inclusive a *falsificar* composições, atribuindo a autoria ao filho. Mozart jamais precisaria de artifícios baratos como esses para ter um lugar ao lado de outros grandes gênios da música ocidental- a sua genialidade manifestou-se conforme foi amadurecendo, e não enquanto muito jovem. Por favor, desprezem o fato de Mozart, ou esse ou aquele intéprete ou compositor ter se revelado adiantado quando criança, e atenham-se a algo mais importante: a qualidade final dos trabalhos apresentados.

Mozart também não foi um grande inovador- Haydn sim foi quem quebrou paradigmas e criou formas. Mozart deve muito a esse outro grande gênio da música, com o qual teve uma relação de amizade e enorme mútuo aprendizado.
 
Última edição:
Esse aí entede! :yep:
Eu queria saber mais sobre compositores como Kapsberger e Attaingnant!
 
Última edição por um moderador:
*aplaude freneticamente*
estava me perguntando quando alguém iria tomar vergonha na cara para escrever algo assim (porque eu tenho uma preguiça desgarrada)
obrigada!
ainda tento explicar às pessoas que eu conheço que música clássica se prende somente ao período do classicismo, mas elas fazem pouco caso! y_y
 
muito bom.. parabéns, Francisco!
seria legal voce completar com o classicismo, editando o post inicial.

eu particularmente me interesso bastante por música barroca, talvez por escutar mais Bach do que qualquer outra coisa erudita.

aliás, como fica a classificação de música erudita pós-classicismo?

Do período Medievel e Renascentista eu praticamente nao conheço nada. O que me recomendam, pra começar?
 
(O sistema de citações não está funcionando aqui. Me desculpem.)

TGA-- Tal como eu falei acima, vou responder pra você um resumo da pouca profundidade que conheço a respeito do assunto.

Depois do classicismo, começa o Romantismo. Tal como na literatura, esse gênero foi marcado por liberdade formal, sentimentalismo, subjetividade, individualismo, nacionalismo, com isso tudo, visões gloriosas de eras passadas dos povos europeus.

O romantismo atravessou o século XIX inteirinho, e chegou a transbordar até a década de 40 do século XX, época em que ainda vivia o compositor russo Rachmaninoff.

O Romantismo uma época de enormes mudanças nos instrumentos, que foram modernizados, e tomaram as formas e timbres conhecidos atualmente. As orquestras tambem cresceram e chegaram ao formato atual. Na maioria das vezes, vemos orquestras do século XIX tocando música barroca e classicista- uma contradição em muitos aspectos, não acha?

No começo do século XX, começam a florescer novas escolas estéticas, como os impressionistas Ravel e Debussy, na França. Mas, tal como no modernismo literário, o "consenso estilístico" presente até o desapareceu, e deu origem a inúmeras novas escolas. Outro fato- a revolução russa- também trouxe novos ideais estéticos, que quebravam com os "ideais burgueses" anteriores, trazendo uma nova safra de compositores russos- como Prokofiev e Shostakovich- que pouco tinham a ver com o nome mais conhecido da música russa, o romântico Tchaikovsky.

Duas inovações gigantescas ocorreram no século XX- o atonalismo, e o serialismo.
A música Atonal não possui tonalidade definida. O serialismo sequer passa perto disso, negando quase tudo o conhecimento musical acumulado de uma maneira radical, criando uma maneira inteiramente nova de se fazer música (que é do agrado de pouquíssimos hehehehe).

Hoje em dia, continuam as escolas fragmentadas. Dizem os otimistas que o atual marasmo é um sinal de que algo muito grande pode estar por vir.

Ainda caminhando com minhas próprias pernas, posso entrar em maiores detalhes, se for requerido.

--Silenzio

Ja escrevo a respeito. Separei uns videos do youtube para mostrar tambem. Só não escrevo por ora porque escrever cansa hehehe.

--Lukaz Drakon

Não que eu tenha motivos para me orgulhar desse emaranhado vulgar, impetuosamente escrito sem revisão, mas é meu mesmo o texto =)
 
Francisco disse:
Ja escrevo a respeito. Separei uns videos do youtube para mostrar tambem. Só não escrevo por ora porque escrever cansa hehehe.

Não sei porque diabos nunca pensei em procurar por eles no Youtube :dente:
Realmente tem muita coisa lá 8-O
 

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