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[Netiflix] Dinheiro Sujo

Fúria da cidade

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Dinheiro sujo: As falcatruas de D. Trump e outros escândalos financeiros




Sabe aquela sensação – frequentemente fundamentada por lamentáveis fatos – de que no Brasil há quem faça qualquer coisa por uma boa grana e que os mais ricos tudo podem, que a justiça quase nunca é a mesma para quem tem um tostão e para quem tem um bilhão, para empresas com dois funcionários e empresas gigantescas que movimentam cifras astronômicas? Pois bem, “Na Rota do Dinheiro Sujo”, série documental da Netflix, evidencia como os poderosos realmente são, em muitos casos, inescrupulosos e privilegiados por um sistema que os protege independentemente dos crimes que cometam. Só que o foco não está no Brasil, mas majoritariamente em empresas e empresários que atuam globalmente, principalmente na América do Norte e na Europa – ou seja, a mazela está longe de ser uma exclusividade verde-amarela ou de países do terceiro mundo.

Cada um dos seis episódios da série foca numa história diferente envolvendo dilemas éticos e falcatruas do sistema financeiro. No primeiro, quem está no centro das atenções é a Volkswagen, que há alguns anos anunciara veículos movidos a diesel que poluiriam muito menos do que seus concorrentes, um passo fundamental para que voltemos a ter um ar mais saudável em boa parte do mundo.

Acontece que o quase milagre propagandeado era, na verdade, uma fraude que, quando descoberta, transformou-se numa grande crise para a empresa. No entanto, mesmo após a Volks acatar sanções e pagar multas, a série aponta fortes indícios de que manipulações do tipo seguem sendo algo comum no setor automobilístico e que principalmente os países da União Europeia teriam pouco interesse em combater tais práticas sob o risco de ver fábricas e montadoras migrando para nações vizinhas.
https://paginacinco.blogosfera.uol....-assis-e-um-dos-100-mais-influentes-do-mundo/
A toada continua com a história de Scott Tucker, que fez fortuna criando uma empresa de empréstimo consignado que explorava benefícios fiscais concedidos a indígenas e apostava em contratos confusos para arrancar dinheiro sistematicamente de clientes humildes, e com escândalos envolvendo a indústria farmacêutica e seus aumentos criminosos no custo de remédios fundamentais para sobrevivência de certos pacientes (ficou famoso o caso de Martin Shkreli, que onerou em 5000% o preço de uma droga usada por pessoas com sistema imunológico frágil, como portadores de HIV, mas há diversas situações parecidas com essa).



Nesses casos já mencionados, vá lá, houve alguma repressão mais forte contra os culpados, ainda que os sistemas dos quais faziam ou fazem parte permaneçam oportunamente intocados. E na série há também uma peculiar briga sobre quem tem direito de comercializar o xarope de bordô fabricado no Canadá. Neste episódio, que expõe um conflito entre pequenos produtores independentes e a associação que detém os direitos sobre a venda de todo o xarope produzido no país, é extremamente oportuna a discussão entre interesses coletivos e direitos individuais.

Agora, os dois episódios mais interessantes, que corroboram didaticamente o que falei no primeiro parágrafo, são o quarto e o sexto. Este mostra como Donald Trump construiu sua imagem com uma história que tem pouco lastro com a realidade. Diferente do que brada, começou a vida já com um caminhão de dinheiro – presente do papai, que ainda lhe socorreu em alguns apertos. Arquitetou castelos de cartas – ou prédios luxuosos – que desmoronaram com leves sopros. Só que quando chegou a hora dos bancos baterem à sua porta para que pagasse tudo o que devia, notaram que o laranjão – com suas conexões com gente da pior estirpe, criminosos podres de rico de diversas partes do mundo – já era uma figura grande demais dentro do sistema econômico não só dos Estados Unidos, então era melhor que deixassem que toda a falcatrua seguisse adiante – e culminasse com Trump na presidência do país.

O outro destaque também vai para uma blindagem por conta do tamanho do vilão, mas desta vez com governos protegendo uma empresa. Há alguns anos ficou comprovado que o braço mexicano do banco HSBC movimentava quase um bilhão de dólares vindos de grupos de narcotraficantes. Os banqueiros sabiam da origem ilícita do dinheiro, mas não se importavam, contrariando as regras internacionais do setor – uma das responsabilidades de qualquer banco é saber se a grana na qual coloca as mãos é suja ou não. Depois de comprovada a relação entre HSBC e os criminosos, qual a sanção vinda dos Estados Unidos, que encabeçou as investigações? Uma multa que sequer fez cócegas no gigante do setor financeiro. A reflexão que fica é a seguinte: por que nos Estados Unidos alguém que é preso com alguns gramas de droga corre o risco de apodrecer na cadeia pelo resto da vida enquanto um banco que ajuda a movimentar milhões de grupos de traficantes, agindo praticamente como sócio dos criminosos, safa-se com uma simples multa, o equivalente a uma fiança barata?



Livros


Como se sabe, hoje os narcotraficantes aterrorizam diversas regiões do México, que vive uma realidade que em muitos aspectos se aproxima daquela pela qual passou a Colômbia de Pablo Escobar e outros bandidos nas décadas de 1980 e 1990. Sobre parte dessa realidade, um livro precioso é “Reze Pelas Mulheres Roubadas”, de Jennifer Clement (Rocco), romance inspirado em diversas histórias reais a respeito da crônica violência contra as mulheres nas áreas dominadas pelo tráfico. Outra ficção bastante oportuna sobre o tema é “Festa no Covil”, de Juan Pablo Villalobos, narrada da perspectiva de um mimado filho de um barão das drogas.

Há mais títulos que dialogam com casos levantados em “Na Rota do Dinheiro Sujo”, claro. Sobre Trump e suas fraudes, causou barulho no começo deste ano o lançamento de “Fogo e Fúria”, de Michael Wolff, que saiu por aqui pela Objetiva e mostra a faceta política do atual presidente dos Estados Unidos. Outro livro que pode ser interessante sobre a carreira do laranjão é “Revelando Trump”, de Michael Kranish e Marc Fisher (Alaúde). Já sobre o caso da Volkswagen, uma opção é “Faster, Higher, Farther – The Volkswagen Scandal”, de Jack Ewing, inédito no Brasil mas disponível em inglês e espanhol em algumas livrarias.
Finalmente, agora somente na linha do “não estamos sozinhos com as mazelas do mundo”, recomendo novamente a leitura de “Asco”, novela do hondurenho Horacio Castellanos Moya (Rocco). Falei mais sobre ela aqui.

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** Posts duplicados combinados **
Chegou a vez de Trump!
 

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