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Notícias O crescimento sem fim das franquias nos filmes de Hollywood

Fúria da cidade

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Nos anais da história das bilheterias de Hollywood, 2014 vai ficar registrado como um fracasso. Houve sucessos como "Guardiões da Galáxia", da Disney, em que os heróis intergalácticos que combatem o mal incluem um guaxinim falante e uma árvore monossilábica. E também um punhado de filmes originais, como "Uma aventura Lego" - que no papel parecia tão pouco interessante quanto andar descalço sobre bloquinhos de Lego, mas acabou sendo um sucesso crítico e comercial.

Em termos financeiros, porém, este ano foi simplesmente decepcionante. A receita das bilheterias americanas ao longo do ano, até 8 de dezembro, diminuiu em US$9,6 bilhões, uma queda de quase 5% em relação a 2013, segundo a Box Office Mojo. No período crucial do verão americano, quando os grandes estúdios soltam seus produtos previstos para ser os mais rentáveis, a contração foi de 16% em relação ao ano passado, e apenas um filme -"Transformers -a era da extinção", da Paramount Pictures-superou a marca de US$1 bilhão nas bilheterias globais. A título de comparação, houve dois sucessos de mais de US$1 bilhão no ano passado ("Frozen" e "Homem de Ferro 3") e quatro em 2012 ("Os Vingadores", "007 - Operação Skyfall", "Batman - O Cavaleiro das Trevas ressurge" e "O Hobbit - Uma jornada inesperada").


Murray Close/Associated Press
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Jennifer Lawrence no mais recente "Jogos Vorazes"

Os nervos podem ficar à flor da pele facilmente em Hollywood, mas ninguém está se apavorando, por enquanto. Em vez disso, todos estão com os olhos voltados para 2015, que será diferente -muito diferente, segundo os entendidos de Hollywood-por uma razão muito simples: sequências. Em 2015, algumas das maiores franquias do cinema vão retornar, e os estúdios estão apostando que o público vai comparecer em peso para vê-las.

Vejamos o que está programado: a Universal Pictures vai lançar o sétimo episódio de sua série aparentemente interminável "Velozes e Furiosos". Arnold Schwarzenegger vai retornar como cyborg viajante no tempo em "O Exterminador do Futuro - Gênesis". James Bond estará de volta, pela 24ª vez, em "Spectre". Liam Neeson vai tentar mais uma vez abrir caminho com os punhos no meio de uma multidão de vilões, em "Busca Implacável 3". E a tremendamente bem-sucedida série "Jogos Vorazes" chegará ao clímax com "A Esperança - parte 2". Também estão previstas sequências de "Jurassic Park", "Os Vingadores", "Ted", "Magic Mike" e "Segurança de Shopping". Além disso, o sétimo capítulo de "Star Wars" chegará aos cinemas, parte do plano da Walt Disney para reativar a franquia épica sob o olhar atento do diretor JJ Abrams. Assim, as expectativas são grandes para as bilheterias em 2015. "Pode ser uma das melhores da história", aventa Paul Dergarabedian, analista sênior de mídia na Rentrak, que mede o desempenho de bilheterias.

Se parece que hoje em dia há mais filmes de franquia por aí, é porque há de fato: sete dos filmes de 2014 de maior arrecadação mundial foram sequências. Compare-se isso com 20 anos atrás, quando apenas um dos dez filmes de maior bilheteria do ano foi uma sequência -"Perigo Real e Imediato", com Harrison Ford.
Os estúdios de Hollywood adoram franquias de filmes, porque já contam com interesse prévio do público. "Quando uma franquia funciona, pode virar uma verdadeira licença para imprimir dinheiro", diz Amir Malin, diretor gerente da Qualia Capital, firma de "private equity" que investe no setor da mídia. Mas sua popularidade cobrou um preço: hoje em dia os estúdios estão menos dispostos a produzir um filme baseado numa ideia original, diz Lynda Obst, autora do livro "Sleepless in Hollywood", sobre a mania das sequências no cinema.

Com Christopher Nolan e Emma Thomas, Obst produziu "Interestelar", um dos poucos sucessos originais de 2014. Ela diz que as mudanças tecnológicas e a ascensão do mercado internacional são as responsáveis pela proliferação de filmes de franquia, de orçamento grande, capazes de gerar tanta receita que podem sustentar um ano inteiro de produção de um estúdio. "Antigamente os lucros dos estúdios eram gerados pelos DVDs, que financiavam os filmes originais", ela explica. Mas as vendas de DVDs caíram vertiginosamente -"dizimadas por nova tecnologia", segundo Obst–, e hoje os lucros dos estúdios vêm, cada vez mais, do exterior, de mercados crescentes como a China, onde dez novas salas de cinema são abertas por dia. "Não dá para fazer filmes para o público internacional como se faria para os EUA. Não é possível pagar por anúncios de televisão em todas as cidades do mundo, então você passa a depender do interesse prévio pelo filme." Como os estúdios geram esse interesse prévio? Eles criam sequências -muitas.
"Quanto mais o público internacional conhece um título, mais ele quer vê-lo outra vez", diz Obst.


Paramount Pictures/Associated Press
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Robô em cena do filme "Transformers: A Era da Extinção"

O maior filme deste ano foi "Transformers: a era da extinção", de Michael Bay, o quarto filme baseado na linha de brinquedos Transformers, da Hasbro. O filme foi produzido e distribuído pela Paramount Pictures -que também lançou "Interestelar"-e tornou-se o primeiro a arrecadar mais de US$300 milhões na China, onde sua bilheteria foi maior que nos Estados Unidos. Na verdade, 75% da arrecadação do filme veio de fora dos EUA, dentro de uma tendência de virada em direção aos mercados internacionais que está obrigando Hollywood a pensar em como fazer seus filmes ser mais relevantes para plateias não americanas. Grande parte do "Transformers" mais recente foi rodada na China, por exemplo, e o filme teve astros chineses contracenando com Mark Wahlberg e o elenco de carros robóticos falantes.

A Paramount geralmente lança entre 15 e 17 filmes por ano. "Dentro desse total, procuramos fazer pelo menos três a cinco filmes de franquias", diz seu presidente, Brad Grey. "Queremos poder vender esses filmes em todo o mundo. Os filmes de franquia são caros de produzir e divulgar; seus orçamentos podem variar de US$150 milhões a mais de US$200 milhões. "Quando você aposta tão alto, tem talentos fortes e efeitos técnicos caros... esses filmes custam caro."

Ajuda quando o estúdio pertence a um conglomerado de mídia de bolsos grandes: a Paramount, por exemplo, pertence à Viacom, enquanto a Universal Studios faz parte do império a cabo Comcast. E, embora a propriedade intelectual seja um custo alto, os maiores estúdios possuem enormes acervos de direitos que podem ser explorados inúmeras vezes. A Time Warner é há muitos anos dona da DC Comics, que seu estúdio Warner Brothers usou para sua vantagem quando reativou a série "Batman". Sob a direção de seu executivo-chefe Bob Iger, a Walt Disney priorizou a aquisição de propriedade intelectual valiosa e nos últimos anos comprou a Marvel Studios (US$4,2 bilhões), que produziu uma série de sucessos, e a Lucasfilm (US$4 bilhões), colocando Homem de Ferro, Capitão América e Han Solo sob o mesmo teto que Mickey e Sininho.

Cinco anos atrás a Viacom pagou US$60 milhões a duas companhias de mídia pouco conhecidas, o grupo Mirage e a 4Kids Entertainment, pelos direitos sobre a série de quadrinhos "Tartarugas Ninja", que já foi adaptada para uma série de filmes nos anos 1990. A Viacom enxergou a oportunidade de reiniciar a franquia. "Compramos os direitos e criamos uma nova versão de um filme 'Tartarugas Ninja' dentro de nosso ramo de franquias na Paramount, achando que, se funcionar bem, poderá ser repetido", conta Grey. Tendo custado estimados US$125 milhões, segundo a Internet Movie Database, o filme já arrecadou quase quatro vezes esse valor em todo o mundo desde que foi lançado, no verão americano deste ano. Como não poderia deixar de ser, uma sequência já está sendo produzida.

As franquias podem ser a nova máquina de fazer dinheiro de Hollywood, mas os estúdios não abandonaram os filmes originais por completo. Grey observa que é essencial encontrar o equilíbrio correto entre os dois tipos de filme. "Não estou pensando em franquias quando lançarmos 'Selma' (história sobre a era da luta pelos direitos civis que será lançada este mês e já é vista como possível candidata a Oscars) ou muitos outros de nossos filmes realmente aclamados", ele diz. Ao mesmo tempo, porém, deixa claro por que os estúdios se interessam tanto em desenvolver franquias de sucesso: "Quando dá certo, você pode contar com uma receita muito importante por anos ou até décadas futuras."

Embora a tendência atual a produzir e manter franquias seja relativamente nova em Hollywood, o cinema tem longo histórico na produção de sequências. Nos anos 1930, "seriados" filmados como "Buck Rogers" e "Flash Gordon" atraíam o público aos cinemas semana após semana. Os filmes de horror produzidos pela Universal Studios na mesma década também geraram várias sequências; foi o caso de "A noiva de Frankenstein" e "Dracula's Daughter". Nas décadas seguintes, os maiores estúdios produziram incontáveis filmes de gênero -comédias, westerns, musicais, filmes de gângster-com astros como James Cagney, Fred Astaire, John Wayne e os irmãos Marx, em que o ator principal frequentemente representava variações sobre o mesmo personagem.

O paradigma mudou na década de 1970, quando "O poderoso chefão II" tornou-se a primeira sequência a receber o Oscar de melhor filme. Mas, longe de anunciar a chegada de uma era de excelência crítica, os estúdios enxergaram nisso uma oportunidade de arrancar o máximo possível de seus sucessos; nos 20 anos seguintes, pariram um catálogo de filmes de qualidade inferior, sequências de filmes de sucesso. Por exemplo, o êxito retumbante do premiado com o Oscar "Tubarão" (1975), de Steven Spielberg, levou à criação de quatro sequências, cada uma delas pior que a anterior (Spielberg se negou a participar de qualquer uma delas), culminando no lamentável "Tubarão 4" (1987), visto por muitos como um dos piores filmes já criados. "Nunca o vi, mas pelo que me contam é terrível", disse seu protagonista, Michael Caine, uma vez. "Mas vi a casa que o filme construiu, e é maravilhosa."

Nos anos 1980 e início dos 1990 foi definida uma tendência clara à criação de sequências, especialmente de filmes de ação. Se o primeiro filme fosse um sucesso, um segundo podia ser criado usando essencialmente a mesma trama, mas em uma ambientação diferente. Bruce Willis combateu uma gangue de criminosos num arranha-céus de Los Angeles em "Duro de Matar", de 1988; na sequência, três anos depois, a ação se deslocou para um aeroporto. O oficial da Marinha aposentado representado por Steven Seagal em "A Força em Alerta", de 1992, enfrentou um grupo de terroristas num navio; na sequência, o mesmo personagem decide levar sua sobrinha numa viagem aprazível de trem, mas topa com outro grupo de terroristas.

As sequências prometem personagens familiares e sequências de ação maiores; sobretudo, prometem bons retornos nas bilheterias. Mas foi apenas em 1997 que os estúdios compreenderam realmente como podem ser lucrativos os filmes de franquias. A conscientização chegou sob a forma improvável de "Austin Powers", comédia de espionagem cheia de subentendidos estrelada por Mike Myers e que arrecadou US$54 milhões em vendas totais na bilheteria americana. Então o filme e seu personagem central amalucado começaram a decolar num formato diferente: "'Austin Powers' virou um filme cult em vídeo", explicou Dergarabedian, da Rentrak. "Então, quando o segundo filme saiu, seu fim de semana de estreia rendeu mais que a bilheteria total do primeiro."

Fonte: Folha de São Paulo

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Definitivamente é o grande momento das franquias.
 
O maior filme deste ano foi "Transformers: a era da extinção", de Michael Bay, o quarto filme baseado na linha de brinquedos Transformers, da Hasbro. O filme foi produzido e distribuído pela Paramount Pictures -que também lançou "Interestelar"-e tornou-se o primeiro a arrecadar mais de US$300 milhões na China, onde sua bilheteria foi maior que nos Estados Unidos. Na verdade, 75% da arrecadação do filme veio de fora dos EUA, dentro de uma tendência de virada em direção aos mercados internacionais que está obrigando Hollywood a pensar em como fazer seus filmes ser mais relevantes para plateias não americanas. Grande parte do "Transformers" mais recente foi rodada na China, por exemplo, e o filme teve astros chineses contracenando com Mark Wahlberg e o elenco de carros robóticos falantes.
Você descobre que o ano de 2014 foi um fracasso quando o melhor filme do ano é Transformers.
Tirou o Shia e a Megan melhorou, mas ainda, na minha opinião é péssimo
 
O caso de Transformers do trecho que a Amelia Strange deu o quote é apenas a confirmação de uma tendência real: de que o mercado asiático é muito forte e é grande bola da vez do momento pra se investir e apostar sem medo.

Isso já pode ser visto pelo esporte que já tinha se adiantado e abraçado essa causa com grandes times de futebol europeus fazendo cada vez mais pré-temporada e amistosos e o mesmo ocorrendo com a de F1 com vários GP´s sediados lá.

Daqui um tempo não ficarei surpreso em ver um número mais expressivo de produções sendo rodadas lá do outro lado do mundo. Mesmo que os EUA se recupere da crise de bilheteria que estão tendo, o maior público do mundo está na Ásia.
 
Faltou explicitar uma outra grande guinada dos anos 70 que foi a expansão da noção de que franquias cinematográficas podiam estender seus braços para outros mercados.
Vemos Transformers na sua quarta versão ainda fazendo muita grana, mas mesmo que não estivesse fazendo a motivação permaneceria pois a grana viria de venda de licenças para bonecos, brinquedos, videogames, etc.
As franquias, remakes, continuações, repetições, etc, sempre existiram em Hollywood mas eles mantinham seu foco voltado basicamente para o cinema. Não haveria invenção de personagens imbecis como os Ewoks só pra poder depois vender ursinhos de pelúcia para a criançada, se ficasse claro que esses bichos não funcionariam no filme.

E esse tipo de pensamento também está atrelado a uma outra grande mudança dos anos 50 e 60 que foi a crise em hollywood com a queda do clássico "studio system". Momento em que muitos dos estúdios fecharam (United Artists, RKO), foram comprados (Universal, Paramount, MGM), fundidos (Columbia, Warner), e as cabeças passaram a ser prioritariamente de CEOs multimídia em vez dos famosos moguls da era de ouro hollywoodiana.
Baseado nisso as franquias apesar de serem velhas conhecidas de hollywood, hoje possuem essas diferenças em que a atenção muitas vezes não está voltada ao filme, mas em todo o redor dele (livros, brinquedos, posters, etc). Na velha hollywood, quando os estúdios ainda controlavam inclusive os cinemas físicos, a preocupação fora dos filmes era apenas a de glamourizar suas estrelas para aumentar o interesse do público em ir ao cinema vê-las.


Um ano em que sai uma obra prima que pra mim já está em anais de cinema como Boyhood, me recuso a chamar de ano fraco só porque transformers é líder de bilheteria.




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Edit: Pra quem curte e acompanha o mercado de games, dá pra fazer um paralelo quase idêntico (só que mais claro pois não se esparramou por tantos anos quanto foi o mercado cinematográfico).
A comparação do período Nintendo/Atari/Sega com o agora Sony/MS/Nintendo mostra esse drift de foco.
Na primeira fase o foco era basicamente os games, eram 3 empresas exclusivamente de games. As grandes bobagens surgiam justamente quando a atenção não era fazer um game bom, mas a de fazer um game pra acompanhar a fama de filmes de alienígenas perdidos na Terra. Grande parte dos principais avanços do mercado se deram nesse período.
Já a segunda fase viu a chegada de 2 empresas que são muito mais multimidia e que shiftaram um mercado que se interessava em avançar em fatores in-game como jogabilidade, interatividade, imersão, para fatores extra-games como fixação por poderio de hardware (explicitado nas comparações de gráficos), por criação de estações multimidia em que o console se torna um toca-CDs/internetExplorer/aparelho de som/barbeador/etc.
Morre atari, morre Sega, e a Nintendo sufoca. E o mercado de games se volta cada vez menos ao desenvolvimento da sua especialidade pra se juntar aos mesmos padrões de outras mídias.
 
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