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Paganus
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por Cláudio Santos
Para uma ideologia que data ao início do século XX atravessar um século e chegar em uma era totalmente globalizada, onde o conhecimento é formado pela insistência da mídia em determinado assunto, é impossível retirar dele seus conhecimentos sem as diversas distorções que recebe na virada dos anos. Ainda mais se a ideologia tratada for uma ideologia anti-liberal em um mundo totalmente dominado pelo liberalismo. Aí vale de tudo.
Pra termos uma noção do fascismo temos que primeiramente entender o que ele é. Fascismo é nada mais do que uma teoria política, assim como o liberalismo e o marxismo, sendo assim, teorias políticas estão dispostas a mudanças e adaptações a partir de contexto histórico, ou seja, a ideologia fascista que o Brasil viveu no governo varguista, não foi exatamente a mesma que a Espanha durante o governo falangista, ou ainda, o governo mussolinista na Itália. Isso se deve aos fatores externos, que criam mudanças de rotas e adaptações coletivas aos princípios e às estruturas básicas ideológicas de todas as teorias políticas.
Tenhamos o marxismo como exemplo: Cuba não é um país internacionalista como prega o marxismo ortodoxo. Isso se deve a diversos fatores que vão desde o poder de uma pequena ilha caribenha ao bloqueio criado pelos yankees. Cuba nem por isso deixa de ser marxista. O mesmo ocorre com o liberalismo: após a crise de 1929, os Estados Unidos adaptaram seu liberalismo com uma pequena maximização da intervenção estatal para reerguer a economia. Sendo assim, vamos à "novidade" do dia: o fascismo, como sabemos, é anti-burguesia, anti-liberalismo - econômico e social - e anti-materialismo. Essa última característica serve tanto para afastar o fascismo do capitalismo quanto para afasta-lo do marxismo, sabendo assim que o materialismo dialético vai contra a teoria econômica corporativista fascista. O que não significa que o fascismo seja anti-marxismo.
A ideia de anti-comunismo dentro do fascismo só existe em lugares onde o comunismo realmente é uma ameaça. Ele estourou na Alemanha nacional-socialista e na Itália fascista pelo crescente medo de uma invasão soviética, ou até mesmo de uma revolução comunista interna. Pela pressão, ambos países perseguiram e extinguiram partidos comunistas, assim como fez o fascismo no Brasil, durante o governo de Getúlio Vargas. O interessante de se analisar o governo varguista é que, após o fim das tensões que rondavam o regime, Getúlio abandonou a postura anti-comunista e formou uma aliança com seu velho conhecido Luís Carlos Prestes.
Não importam nesse momento todas as características próximas de marxismo e fascismo, basta o princípio de que o liberalismo deve ser combatido em conjunto, o medo de intervenção interna ou externa pelo comunismo, que estava estourando no início do século XX provocou intenso medo nas ideologias fascistas de todo o mundo. Sendo assim, além do já dito 'boom' anti-comunista, vimos acompanhado a ele todo o centralismo constitucional, nacionalismo centralizador e chauvinismo exatamente para impedir o alastramento do comunismo, que se movimentava fortemente neste período por ser um movimento internacionalista, sendo assim, vemos governos comunistas financiando grupos e anexando novos países para o alastramento de um comunismo mundial.
No caso da amizade entre o comunismo e o fascismo, as evidencias são muitas. Fidel Castro recrutou membros da SS - principalmenre Fallschirmjäger e Pioniere - para treinar militares cubanos durante a crise dos mísseis. Tem-se sinal de cerca de quatro mil metralhadoras belgas enviadas à Cuba por intermédio dos Nacional-Socialistas.
Otto-Ernst Remer, ex-oficial da Wehrmacht que evitou o assassinato de Adolf Hitler no atentado de 1944, foi ideólogo nacional-socialista pós-guerra, trabalhando fortemente na tentativa de recriação de um novo reich nacional-socialista e no revisionismo histórico, para a negação do holocausto. Remer participou da criação, e foi líder do Partido Socialista do Reich, considerado um dos únicos herdeiros do nacional-socialismo político. Após o banimento do partido - que foi inclusive, financiado pela União Soviética - Remer fugiu para o Egito, onde foi conselheiro de Gamal Abdel Nasser.
Fascismo foi formulado em um intermédio entre direita e esquerda, sendo influenciado de ambos lados. As duas maiores influências porém, foram o monarquista Charles Maurras e o sindicalista revolucionário Georges Sorel - este que teria sido também um forte influenciador ao comunista italiano Antonio Gramsci. Outra influencia relevante é o anarquista Mikhail Bakunin e seus conceitos revolucionários, que influenciaram o fascismo antes de sua chegada ao poder e foram adaptados à ideia de estado para serem utilizados após a marcha sobre Roma. Nem é necessário citar o comunista Nicola Bombacci, um dos maiores ideólogos do Fascismo durante a década de 40.
Fidel Castro apoiava Juan Perón - estadista este que implantou o fascismo na Argentina - e apoiou os Montoneros no movimento revolucionário contra a ditadura militar argentina. O próprio Ellwanger Castan, conhecido revisionista histórico, era amigo e admirador de Fidel Castro, Raúl Castro e do povo cubano. O grupo fascista italiano Casapound tem como um de seus maiores influenciadores o próprio Che Guevara.
Pierre Drieu la Rochelle foi um dos proeminentes idealizadores do fascismo no final da Segunda Guerra que afirmaram que a União Soviética era preferível aos Estados Unidos. Sem contar Horst Mahler, membro da Rote Arme Fraktion que cometeu atentados revolucionários na Alemanha, durante a década de 70 antes de se tornar um Nacional-Socialista.
Vale citar também uma frase do grande Jean Thiriart: "Primeiro, devemos dispensar a abordagem simplista, preto-e-branca que vê o comunismo e o nacional-socialismo como pólos opostos um ao outro. Eles eram muito mais competidores que inimigos. É por isso que o totalmente inesperado tratado germano-soviético no verão de 1939, pela primeira vez, coloca as peças nos lugares certos no tabuleiro de xadrez."
O fascismo foi então, um inimigo do comunismo, na medida que isso era necessário, no pós-guerra, em um momento onde comunismo e fascismo respiram por tubos, deve-se deixar velhas barreiras de lado e rever os conceitos, percebendo que o inimigo agora é outro. O liberalismo é hoje muito mais perigoso do que qualquer forma que o marxismo já tenha tomado. E não, o fascismo não se torna marxista por isso, o fato de não ser anti-comunistas, não nos torna comunistas. Um marxismo não-internacionalista não leva problema algum a nós, a medida em que o combate ao liberalismo virá, cedo ou tarde.
Fonte
Para uma ideologia que data ao início do século XX atravessar um século e chegar em uma era totalmente globalizada, onde o conhecimento é formado pela insistência da mídia em determinado assunto, é impossível retirar dele seus conhecimentos sem as diversas distorções que recebe na virada dos anos. Ainda mais se a ideologia tratada for uma ideologia anti-liberal em um mundo totalmente dominado pelo liberalismo. Aí vale de tudo.
Pra termos uma noção do fascismo temos que primeiramente entender o que ele é. Fascismo é nada mais do que uma teoria política, assim como o liberalismo e o marxismo, sendo assim, teorias políticas estão dispostas a mudanças e adaptações a partir de contexto histórico, ou seja, a ideologia fascista que o Brasil viveu no governo varguista, não foi exatamente a mesma que a Espanha durante o governo falangista, ou ainda, o governo mussolinista na Itália. Isso se deve aos fatores externos, que criam mudanças de rotas e adaptações coletivas aos princípios e às estruturas básicas ideológicas de todas as teorias políticas.
Tenhamos o marxismo como exemplo: Cuba não é um país internacionalista como prega o marxismo ortodoxo. Isso se deve a diversos fatores que vão desde o poder de uma pequena ilha caribenha ao bloqueio criado pelos yankees. Cuba nem por isso deixa de ser marxista. O mesmo ocorre com o liberalismo: após a crise de 1929, os Estados Unidos adaptaram seu liberalismo com uma pequena maximização da intervenção estatal para reerguer a economia. Sendo assim, vamos à "novidade" do dia: o fascismo, como sabemos, é anti-burguesia, anti-liberalismo - econômico e social - e anti-materialismo. Essa última característica serve tanto para afastar o fascismo do capitalismo quanto para afasta-lo do marxismo, sabendo assim que o materialismo dialético vai contra a teoria econômica corporativista fascista. O que não significa que o fascismo seja anti-marxismo.
A ideia de anti-comunismo dentro do fascismo só existe em lugares onde o comunismo realmente é uma ameaça. Ele estourou na Alemanha nacional-socialista e na Itália fascista pelo crescente medo de uma invasão soviética, ou até mesmo de uma revolução comunista interna. Pela pressão, ambos países perseguiram e extinguiram partidos comunistas, assim como fez o fascismo no Brasil, durante o governo de Getúlio Vargas. O interessante de se analisar o governo varguista é que, após o fim das tensões que rondavam o regime, Getúlio abandonou a postura anti-comunista e formou uma aliança com seu velho conhecido Luís Carlos Prestes.
Não importam nesse momento todas as características próximas de marxismo e fascismo, basta o princípio de que o liberalismo deve ser combatido em conjunto, o medo de intervenção interna ou externa pelo comunismo, que estava estourando no início do século XX provocou intenso medo nas ideologias fascistas de todo o mundo. Sendo assim, além do já dito 'boom' anti-comunista, vimos acompanhado a ele todo o centralismo constitucional, nacionalismo centralizador e chauvinismo exatamente para impedir o alastramento do comunismo, que se movimentava fortemente neste período por ser um movimento internacionalista, sendo assim, vemos governos comunistas financiando grupos e anexando novos países para o alastramento de um comunismo mundial.
No caso da amizade entre o comunismo e o fascismo, as evidencias são muitas. Fidel Castro recrutou membros da SS - principalmenre Fallschirmjäger e Pioniere - para treinar militares cubanos durante a crise dos mísseis. Tem-se sinal de cerca de quatro mil metralhadoras belgas enviadas à Cuba por intermédio dos Nacional-Socialistas.
Otto-Ernst Remer, ex-oficial da Wehrmacht que evitou o assassinato de Adolf Hitler no atentado de 1944, foi ideólogo nacional-socialista pós-guerra, trabalhando fortemente na tentativa de recriação de um novo reich nacional-socialista e no revisionismo histórico, para a negação do holocausto. Remer participou da criação, e foi líder do Partido Socialista do Reich, considerado um dos únicos herdeiros do nacional-socialismo político. Após o banimento do partido - que foi inclusive, financiado pela União Soviética - Remer fugiu para o Egito, onde foi conselheiro de Gamal Abdel Nasser.
Fascismo foi formulado em um intermédio entre direita e esquerda, sendo influenciado de ambos lados. As duas maiores influências porém, foram o monarquista Charles Maurras e o sindicalista revolucionário Georges Sorel - este que teria sido também um forte influenciador ao comunista italiano Antonio Gramsci. Outra influencia relevante é o anarquista Mikhail Bakunin e seus conceitos revolucionários, que influenciaram o fascismo antes de sua chegada ao poder e foram adaptados à ideia de estado para serem utilizados após a marcha sobre Roma. Nem é necessário citar o comunista Nicola Bombacci, um dos maiores ideólogos do Fascismo durante a década de 40.
Fidel Castro apoiava Juan Perón - estadista este que implantou o fascismo na Argentina - e apoiou os Montoneros no movimento revolucionário contra a ditadura militar argentina. O próprio Ellwanger Castan, conhecido revisionista histórico, era amigo e admirador de Fidel Castro, Raúl Castro e do povo cubano. O grupo fascista italiano Casapound tem como um de seus maiores influenciadores o próprio Che Guevara.
Pierre Drieu la Rochelle foi um dos proeminentes idealizadores do fascismo no final da Segunda Guerra que afirmaram que a União Soviética era preferível aos Estados Unidos. Sem contar Horst Mahler, membro da Rote Arme Fraktion que cometeu atentados revolucionários na Alemanha, durante a década de 70 antes de se tornar um Nacional-Socialista.
Vale citar também uma frase do grande Jean Thiriart: "Primeiro, devemos dispensar a abordagem simplista, preto-e-branca que vê o comunismo e o nacional-socialismo como pólos opostos um ao outro. Eles eram muito mais competidores que inimigos. É por isso que o totalmente inesperado tratado germano-soviético no verão de 1939, pela primeira vez, coloca as peças nos lugares certos no tabuleiro de xadrez."
O fascismo foi então, um inimigo do comunismo, na medida que isso era necessário, no pós-guerra, em um momento onde comunismo e fascismo respiram por tubos, deve-se deixar velhas barreiras de lado e rever os conceitos, percebendo que o inimigo agora é outro. O liberalismo é hoje muito mais perigoso do que qualquer forma que o marxismo já tenha tomado. E não, o fascismo não se torna marxista por isso, o fato de não ser anti-comunistas, não nos torna comunistas. Um marxismo não-internacionalista não leva problema algum a nós, a medida em que o combate ao liberalismo virá, cedo ou tarde.
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