Sobre os gastos de cartão corporativo, algumas questões.
Uma auditoria do TCU havia dito que entre janeiro de 2019 e março de 2021 (ou seja, em dois anos), Bolsonaro havia gasto 21 milhões de reais no cartão corporativo. Disponível
aqui.
Se essa auditoria está certa, é muito pouco provável que o valor gasto por Bolsonaro tenha sido apenas 27,6 milhões, conforme noticiado.
A própria matéria do Estadão ressaltava o seguinte:
"Ainda é cedo para dizer se os gastos de Bolsonaro com o cartão corporativo são maiores ou menores que os feitos pelos antecessores. Os dados agora divulgados apontam para R$ 27,6 milhões em despesas nos quatro anos, mas os valores totais podem ser maiores, uma vez que um relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) apontou R$ 21 milhões com o cartão da presidência apenas nos dois primeiros anos de mandato de Bolsonaro."
Discutindo isso, alguém apontou, com razão, que, mesmo considerando os 21 milhões da auditoria do TCU, que teriam sido gastos nos primeiros dois anos de governo Bolsonaro, considerando as devidas correções dos valores, é muito provável que os gastos desses presidentes estejam todos na mesma ordem de grandeza.
Mas queria entender os motivos dessa diferença entre a auditoria do TCU e o número divulgado.
O texto do Estadão diz, por exemplo, que nesses números que foram divulgados em relação ao cartão do Bozo, aparentemente não foram incluídos os gastos em viagens internacionais. Citam o caso das despesas em Londres, a propósito da morte da Rainha, que não aparecem na relação. Estará aí a chave dessa diferença? Não sei.
Bolsonaro não foi um presidente muito "internacional", né? A crer nos dados da Wikipedia, ele teria realizado 24 viagens presidenciais.¹ Há uma matéria do Congresso em Foco, de setembro do ano passado, em que se contava 23 viagens:
aqui. Então, acho que o dado é seguro. A última viagem deve ter sido a fuga.
Se o que o Estadão sugere é verdade, os gastos com essas 24 viagens não estariam computados? Não sei.
A CNN aponta que os gastos de Bolsonaro se concentraram em alimentação, ao passo que os gastos de Lula e Dilma teriam se concentrado mais em hospedagens em viagens oficiais ao exterior. Matéria
aqui.
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¹Comparando com Bolsonaro, Lula foi um presidente que realizou muito mais viagens ao exterior. Em seus dois mandatos, foram 139 viagens internacionais para 80 países diferentes. Se minhas contas estão corretas, Dilma realizou 70 viagens internacionais. Temer fez 22.