Fúria da cidade
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A prefeitura de São Paulo e a multinacional francesa GL Events apresentaram hoje (8), no Salão Nobre do Anhembi, o projeto do Distrito Anhembi, tratado como maior e mais completo centro de eventos da América Latina. Concedido por 30 anos em concorrência internacional realizada no fim de 2020, o complexo na zona norte de São Paulo vai ganhar uma arena poliesportiva, na concentração do sambódromo, colocada na marginal, com capacidade para 20 mil pessoas.
As obras devem começar no daqui a um ano, com previsão de inauguração no segundo trimestre de 2024. Também serão erguidos hotel, prédios residenciais, de escritórios, e até um hospital. A promessa é que o complexo movimente R$ 5 bilhões ao ano.
A possibilidade de a GL Events decidir construir uma arena já havia sido revelada pelo Olhar Olímpico em dezembro do ano passado. A prefeitura jamais tratou publicamente sobre essa proposta, mas ela era uma prerrogativa prevista na minuta do contrato, onde aparece que "fica facultada à concessionária a exploração (...) de arena multiuso para atividades esportivas e de lazer".
A ideia de construir uma arena no Anhembi surgiu ainda na gestão Fernando Haddad (PT), quando a empresa Time For Fun apresentou projeto. A prefeitura tocou todo o rito legal para uma concessão do tipo, mas a gestão Haddad chegou ao fim antes do lançamento do edital. Quando João Doria (PSDB) assumiu a prefeitura, o projeto foi engavetado e substituído pela proposta de venda do Anhembi, mas o leilão não teve interessados.
Depois, quando Doria se tornou governador, propôs que a arena fosse erguida no Ibirapuera, em substituição ao velho ginásio, que é tido como defasado. Paralelamente, a prefeitura iniciou em setembro o processo de concessão do Anhembi, prevendo a possibilidade de construção de uma arena. Mas prefeitura e Estado não conversaram sobre um plano para a cidade, sobre onde seria melhor para São Paulo ter uma arena.
A corrida acabou decidida pela GL Events, que, no Rio, já administra a "Arena da Barra", nome popular da Jeunesse Arena, construída para o Pan de 2007 e que foi sede da ginástica na Olimpíada. Essa é a única arena multiuso do país, sendo que a de São Paulo será a segunda.
Na prática, o anúncio da construção de uma arena no Anhembi mata os planos de Doria para o Ibirapuera. O conceito de uma arena multiuso é que ela seja modulável a ponto de receber um jogo de basquete de manhã e um show de rock à noite, por exemplo. Assim, não haveria necessidade de uma cidade ter duas delas. Mesmo cidades como Londres, Paris e Berlim têm apenas uma.
Existe um entendimento de que a concorrência interna acaba prejudicando as concorrentes. Isso ficou claro no Rio, que tem a Jeunesse Arena disputando espaço com as Arenas Cariocas, que são da prefeitura e do governo federal. Como em um jogo de "rouba montes", um ginásio tira o evento do outro, ninguém lucra, e todo mundo perde. E, em São Paulo, ainda existe a promessa de modernização do ginásio do Pacaembu e da construção de espaços menores naquele complexo esportivo, também privatizado.
Além disso, ao anunciar a intenção de conceder o Ibirapuera, substituindo o ginásio por uma arena, Doria citou a necessidade de São Paulo conseguir atrair grandes congressos e convenções. Em tese, essa demanda fica atendida pelo Distrito Anhembi, que também terá um centro do convenções moderno, para 15 mil pessoas.
Poucas cidades no mundo têm duas arenas do modelo dessa que será construída no Anhembi, para mais de 15 mil pessoas. As exceções são cidades norte-americanas com dois ou mais times profissionais, principalmente da NBA, que às vezes precisam jogar ao mesmo tempo. Não é o caso de São Paulo, que não tem nenhuma equipe que sequer cobre ingresso para seus jogos.
De acordo com a GL, a expectativa é que o Distrito Anhembi movimente R$ 5 bilhões ao ano a partir de 2024, quando as primeiras obras serão entregues. O investimento será de R$ 1 bilhão. Estudos de mercado citados na apresentação mostram que seria possível gerar R$ 500 milhões de negócios anuais nos espaços de eventos. A concessionária vai requalificar, modernizar e ampliar os espaços para eventos já existentes
As obras devem começar no daqui a um ano, com previsão de inauguração no segundo trimestre de 2024. Também serão erguidos hotel, prédios residenciais, de escritórios, e até um hospital. A promessa é que o complexo movimente R$ 5 bilhões ao ano.
A possibilidade de a GL Events decidir construir uma arena já havia sido revelada pelo Olhar Olímpico em dezembro do ano passado. A prefeitura jamais tratou publicamente sobre essa proposta, mas ela era uma prerrogativa prevista na minuta do contrato, onde aparece que "fica facultada à concessionária a exploração (...) de arena multiuso para atividades esportivas e de lazer".
A ideia de construir uma arena no Anhembi surgiu ainda na gestão Fernando Haddad (PT), quando a empresa Time For Fun apresentou projeto. A prefeitura tocou todo o rito legal para uma concessão do tipo, mas a gestão Haddad chegou ao fim antes do lançamento do edital. Quando João Doria (PSDB) assumiu a prefeitura, o projeto foi engavetado e substituído pela proposta de venda do Anhembi, mas o leilão não teve interessados.
Depois, quando Doria se tornou governador, propôs que a arena fosse erguida no Ibirapuera, em substituição ao velho ginásio, que é tido como defasado. Paralelamente, a prefeitura iniciou em setembro o processo de concessão do Anhembi, prevendo a possibilidade de construção de uma arena. Mas prefeitura e Estado não conversaram sobre um plano para a cidade, sobre onde seria melhor para São Paulo ter uma arena.
A corrida acabou decidida pela GL Events, que, no Rio, já administra a "Arena da Barra", nome popular da Jeunesse Arena, construída para o Pan de 2007 e que foi sede da ginástica na Olimpíada. Essa é a única arena multiuso do país, sendo que a de São Paulo será a segunda.
Na prática, o anúncio da construção de uma arena no Anhembi mata os planos de Doria para o Ibirapuera. O conceito de uma arena multiuso é que ela seja modulável a ponto de receber um jogo de basquete de manhã e um show de rock à noite, por exemplo. Assim, não haveria necessidade de uma cidade ter duas delas. Mesmo cidades como Londres, Paris e Berlim têm apenas uma.
Existe um entendimento de que a concorrência interna acaba prejudicando as concorrentes. Isso ficou claro no Rio, que tem a Jeunesse Arena disputando espaço com as Arenas Cariocas, que são da prefeitura e do governo federal. Como em um jogo de "rouba montes", um ginásio tira o evento do outro, ninguém lucra, e todo mundo perde. E, em São Paulo, ainda existe a promessa de modernização do ginásio do Pacaembu e da construção de espaços menores naquele complexo esportivo, também privatizado.
Além disso, ao anunciar a intenção de conceder o Ibirapuera, substituindo o ginásio por uma arena, Doria citou a necessidade de São Paulo conseguir atrair grandes congressos e convenções. Em tese, essa demanda fica atendida pelo Distrito Anhembi, que também terá um centro do convenções moderno, para 15 mil pessoas.
Poucas cidades no mundo têm duas arenas do modelo dessa que será construída no Anhembi, para mais de 15 mil pessoas. As exceções são cidades norte-americanas com dois ou mais times profissionais, principalmente da NBA, que às vezes precisam jogar ao mesmo tempo. Não é o caso de São Paulo, que não tem nenhuma equipe que sequer cobre ingresso para seus jogos.
De acordo com a GL, a expectativa é que o Distrito Anhembi movimente R$ 5 bilhões ao ano a partir de 2024, quando as primeiras obras serão entregues. O investimento será de R$ 1 bilhão. Estudos de mercado citados na apresentação mostram que seria possível gerar R$ 500 milhões de negócios anuais nos espaços de eventos. A concessionária vai requalificar, modernizar e ampliar os espaços para eventos já existentes
Olhar Olímpico - São Paulo terá arena esportiva para 20 mil pessoas no Anhembi
A prefeitura de São Paulo e a multinacional francesa GL Events apresentaram hoje (8), no Salão Nobre do Anhembi, o projeto do Distrito Anhembi, tratado como maior e mais completo centro de eventos da América Latina. Concedido por 30 anos em concorrênci
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