Fúria da cidade
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Ainda há muito que não sabemos sobre o centro da Terra
Pesquisa conduzida por uma equipe de cientistas da Universidade Nacional da Austrália mostra evidências concretas de que o centro da Terra é sólido, algo que até agora era apenas uma suspeita.
Divulgado na revista Science neste mês, o estudo afirma ainda que o sólido é mais macio do que se pensava.
"Isso significa que ele pode se deformar mais facilmente, e tem várias implicações no entendimento sobre sua composição mineral e sobre o interior profundo da Terra", disse à BBC News Mundo, serviço em espanhol da BBC, o engenheiro físico Hrvoje Tkalcic, um dos autores da pesquisa.
Entre as implicações mencionadas por Tkalcic estão a compreensão de fenômenos como a rotação do núcleo central em relação ao manto da Terra, a mudança na duração dos dias e o campo geomagnético que influencia diretamente a vida na superfície do planeta.
"O núcleo central da Terra é uma cápsula do tempo, a partir da qual podemos entender o passado, o presente e o futuro do planeta", disse Tkalcic.
Os cientistas analisam as ondas sísmicas para aprender sobre o centro da Terra
Como foi o estudo
Tkalcic descreve o núcleo central da Terra como "um planeta dentro de um planeta".
"Uma esfera quente com uma massa de cem quintilhões (1 seguido de 30 zeros) de toneladas de ferro e níquel que está a 5 mil km debaixo de nossos pés, à espera de ser descoberta."
Por ora, chegar a essa profundidade é impossível, então a forma de aprender sobre o núcleo interno é através de ondas sísmicas.
Os pesquisadores analisam as chamadas "ondas J", um tipo de onda que só pode viajar através de objetos sólidos.
Até agora, a rigidez do núcleo central não estava comprovada porque não havia uma observação direta das ondas que o atravessavam.
"Com este estudo, conseguimos", explica Tkalcic. "Detectamos a presença de ondas J, medimos sua velocidade no núcleo central e, com base nisso, tivemos uma medida de sua rigidez."
De acordo com a revista Science, onde o estudo foi publicado, esta descoberta "conclui uma busca de 80 anos pela prova da solidez do núcleo central".
As ondas J do interior da Terra são tão pequenas e fracas que sempre foram difíceis de encontrar - acabaram se tornando uma espécies de "Santo Graal" para os sismólogos.
Em sua pesquisa, em vez de buscar a chegada direta das ondas, Tkalcic e seu colega Thanh-Son Pham se esforçaram para encontrar as semelhanças entre vários sismogramas feitos em diferentes partes do mundo.
A crosta da Terra flutua sobre o magma
Isso permitiu que construíssem uma espécie de "impressão digital" das ondas sísmicas da Terra, a partir da qual puderam detectar as ondas J e medir sua velocidade com uma certeza que não tinham antes.
Essa descoberta é promissora, mas faz com que surjam novas perguntas.
"Ainda nos resta saber qual o motivo para que o núcleo central seja menos rígido do que esperávamos", diz Tkalcic.
"Estamos em uma etapa de descobrimento sobre sua composição química, que outros elementos além de ferro e de níquel a compõem, de que tamanho são os grãos, o quão rápido se solidificam, quão velhos são", afirma.
Segundo o cientista, a compreensão do espaço sideral se baseia na compreensão de nosso próprio planeta. "Quando a humanidade for embarcar em uma viagem em busca de novos mundos, ela será possível graças a esse conhecimento."
https://noticias.uol.com.br/ciencia...stra-que-centro-da-terra-e-solido-e-macio.htm
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Enquanto vivemos numa sólida "casquinha crocante", acho importante avançar no estudo do centro da terra até hoje ainda envolto de dúvidas e mistérios.