Fúria da cidade
ㅤㅤ ㅤㅤ ㅤㅤ
A cara do Espião depois que viu o preço dos chapéus de Team Fortress 2 despencar
Controle de qualidade é um conceito que deveria existir em qualquer produto que você compra, desde algo simples como um garfo até uma obra complexa como um jogo de videogame. O problema é que, quanto mais grandioso é o game, mais difícil é garantir estabilidade dele, e o tempo necessário para os ajustes acaba sendo inimigo da necessidade de alimentar a comunidade.
O resultado a gente já sabe: updates defeituosos que criam problemas no jogo, muita dor de cabeça, gamers insatisfeitos e programadores fazendo hora extra pra lançar patch de correção. Confira sete casos em que a situação saiu de controle muito além do esperado.
1) Erro em Team Fortress 2 provoca caos no comércio de itens na Steam
Na luta pelos chapéus, é matar ou morrer
Essa aqui aconteceu apenas alguns dias atrás. Ao lançar a atualização de verão de Team Fortress 2, a Valve inadvertidamente colocou em ação um glitch que causou o caos em seu marketplace.
O que aconteceu foi o seguinte: Team Fortress 2, assim como muitos outros jogos, permite que os jogadores vendam itens cosméticos (chapéus diferentões) por meio da Steam Marketplace com fundos da Steam Wallet. O valor dos itens varia dependendo da sua raridade, obviamente. Só que, com o update, itens raros (do tipo Incomum) subiram para 100% de drop rate (antes era 1%), o que fez os preços dos artefatos despencarem. É a velha lei da oferta e demanda!
Um post descrevendo o exploit foi postado no Reddit e a comunidade, obviamente, foi à loucura com o erro, até porque a Valve demorou cerca de 12 horas para tomar uma providência (ai, Gabi, só quem viveu a madrugada do dia 26 de julho sabe). Olha só como ficou a cotação do item A Gaiola, que tem raridade Incomum:
O gerente ficou louco!
Quando enfim entrou em ação, a desenvolvedora impediu provisoriamente o acesso aos itens fora do jogo, além de impedir a abertura de novas caixas de loot. A situação foi normalizada depois e, neste exato momento, a comunidade está agitada nas redes sociais com a expectativa sobre o que vai acontecer com os itens – eles serão confiscados? Serão configurados como invendáveis? Só a Valve sabe.
2) Lag absurdo em PUBG
O americano perdido entre os europeus: "corre, acho que vi um McDonald's!"
Para todas as inovações que apresentou, PlayerUnknown's Battlegrounds era um jogo até bem deficiente: desde seu lançamento, o game era cheio de bugs, crashes e problemas de performance (mesmo assim, divertidíssimo). Apesar das reclamações gerais, a Bluehole demorou a corrigir boa parte dessas questões.
Em abril deste ano, um update foi lançado para as versões de Xbox One e PS4 e piorou as coisas em vez de melhorar. Entre os novos problemas estavam crashes (que, a essa altura, não eram mais tão frequentes), quedas em frame rates e o reconhecimento errado da localização dos jogadores, o que colocava gente dos EUA para jogar contra pessoas da Europa. Isso, em consequência, levava a um lag excessivo durante as partidas, o que acabava com a diversão do game. Pior ainda foi que o update resetou todas as configurações pessoais de controle dos jogadores para a versão padrão e fez muita gente achar que o jogo estava simplesmente dando defeito.
Após uma chuva de críticas nas redes sociais, a Bluehole lançou patches para corrigir os problemas. Mas demorou bastante – o último só chegou 18 dias depois.
3) Pokémon Go! interrompe a caçada de quem usa iPhone
A conexão demorou tanto que até o ovo quis saber o que tava rolando
O sucesso de Pokémon Go! pegou muita gente de surpresa, incluindo o povo que comprou ações da Nintendo sem saber que não era ela que estava desenvolvendo o game. Mas talvez quem tenha ficado mais surpreso seja a Niantic, startup que criou o game e estava claramente despreparada para a demanda de assistência ao consumidor que viu surgir.
O primeiríssimo update do jogo, lançado em julho de 2016, causou um problema para quem jogava em iOS. Por erros de configuração, o sistema do game não conseguia se conectar aos servidores da Niantic se você tentasse logar com uma conta do Pokémon Trainer Club (em vez de com uma do Google), impedindo que você jogasse. Foi uma bola fora gigantesca, até porque a conexão da versão Android estava ok, o que criava uma situação de "meus amigos podem, eu não".
Além de xingar muito na internet, a comunidade também deu um jeito de circundar o problema com um método legítimo de fazer o downgrade para a versão anterior. A Niantic foi esperta e corrigiu o problema no dia seguinte com o update 1.0.2.
4) Update de Days Gone precisou ser cancelado
Se ficar o update pega, se correr o update come
Days Gone é um jogo que prometia um festival louco de matança de zumbis, mas entregou um festival de bugs, mecânicas complicadas demais, frame rates oscilantes, áudios sem sincronia e uma sensação geral de "é só isso mesmo?". O game não se ajudou muito quando lançou o update 1.06, que caiu como uma bomba para os usuários de PS4. Muitos deles reportaram que o jogo simplesmente crashava completamente após a atualização.
A SIE Bend Games admitiu o problema rapidamente num post do Reddit e retirou a atualização da loja (quem ainda não havia baixado podia simplesmente continuar jogando a versão 1.05). O update 1.07, que corrige o problema, saiu dois dias depois.
Apesar do transtorno, muitos usuários elogiaram a iniciativa da desenvolvedora de admitir o problema publicamente no Reddit e se comunicar com os usuários por lá para identificar a causa.
5) Red Dead 2 e a tela azul da morte
"Se você acha que eu tô numa pior, espera até ver seu videogame"
Quando Red Dead Redemption 2 foi lançado, no final de 2018, a parte online ainda estava em beta e incompleta. Foi só em maio de 2019 que o update chegou e trouxe várias novidades ao modo online, como a possibilidade de jogar pôquer – ainda assim, alguns jogadores reclamaram que foi tarde demais.
O problema maior eram os crashes constantes. Muitos jogadores reportaram no Reddit que, após atualizarem, o game quase sempre dava tela azul quando eles jogavam online. Vários relataram que eram incapazes de ultrapassar 10 minutos de gameplay sem serem forçados a reiniciar. Os erros pareciam estar ligados a problemas de servidor, e não ao update em si. Nos dias seguintes, a Rockstar foi melhorando o serviço e estabilizando o jogo novamente.
Diferentemente de outras desenvolvedoras desta lista, a Rockstar ficou bem quieta a respeito das críticas dos jogadores e não deu satisfações à comunidade.
6) Ubisoft ameaça punir jogadores de The Division por explorarem glitch
Esta é a parede do glitch para quem está sem tempo, irmão
Em abril de 2016, o jogo The Division recebeu um update que adicionava um novo modo multiplayer, o Falcon Lost, que é basicamente uma raid em grupo contra ondas de inimigos. Completando a missão, você recebe loot raro. O objetivo da Ubisoft é que você só pudesse obter esse loot uma vez por semana.
Não foi isso que aconteceu. Jogadores logo descobriram que, devido a um glitch, era possível usar algumas habilidades dos personagens (Survivor Link e Mobile Cover) para completar a missão em 20 minutos e obter o loot raro sempre. Basicamente, fazendo uso das habilidades do jeito certo, você conseguia atravessar uma parede e impedir o aparecimento de alguns inimigos. Além disso, você conseguia enganar o jogo e fazê-lo achar que você ainda não tinha coletado o loot. Resultado: lucro instantâneo.
Essa informação dividiu a comunidade. Os que aderiram ao exploit acabaram ficando muito mais fortes do que os demais, diferença que acabou pesando forte no matchmaking do modo PvP. Eventualmente, muita gente que queria jogar dentro das regras acabou cedendo e fazendo uso do exploit só para não ficar para trás.
Repare que esse exploit era totalmente dentro das regras do próprio jogo, sem envolver hacks ou mods de qualquer tipo. Isso não impediu, porém, que o gerente de comunidade Natchai Stappers postasse no fórum oficial do título dizendo que o abuso do glitch feria o código de conduta do jogo e que quem fosse pego fazendo isso poderia sofrer desde uma suspensão temporária até um ban permanente.
Acabou que não houve punição nenhuma e o problema foi solucionado com um hotfix alguns dias depois. Sabe o que é pior? Na mesmíssima semana, outro glitch foi descoberto, o qual permitia causar um bônus gigantesco de dano se você utilizasse uma habilidade. Não foram dias fáceis para a Ubisoft.
7) Update de Anthem corrige algo que os jogadores achavam ser um presente do jogo
"O time nessa situação e os caras diminuindo o drop rate…"
O lançamento de Anthem em 2019 foi bem tortuoso. Tudo começou quando relatos começaram a pipocar no Reddit e no fórum oficial do jogo dizendo que ele causava hard crashes (quando não apenas o game trava, mas o console também, precisando ser reinicializado) no PS4 e no PS4 Pro. Pior ainda, alguns relatos diziam que essas travadas brickaram seus consoles ("brickar" é quando o console nem sequer liga mais, tornando-se comparável a um tijolo). Mais tarde descobriu-se que a falha não causava brick realmente e que os consoles afetados podiam ser reativados, bastava ligá-los no modo de segurança.
Em paralelo a isso, outra coisa aconteceu. Nos dias anteriores ao lançamento do update 1.03, o drop rate de itens das classes Masterwork e Legendary (as melhores do jogo) aumentou bastante. Esse crescimento nas porcentagens já havia sido visto antes em breves janelas, consideradas como acidentais pela comunidade. Mas, dessa vez, parecia que os números tinham aumentado e iam ficar assim. Masterworks e Legendaries pra todo mundo!
Só que não. Quando o update 1.03 chegou, ele consertou boas partes das falhas que levavam aos crashes reportados desde o lançamento. Mas também reverteu as porcentagens dos itens Masterwork e Legendary para seus índices normais (e baixíssimos).
Então eis aí algo que só a BioWare conseguiu fazer: transformar uma atualização que deveria ser positiva em um momento depressivo para a comunidade.
https://controlfreak.blogosfera.uol...que-viraram-o-caos-depois-de-uma-atualizacao/