Sou uma Batata! Venho de outras terras,
Do cosmopolitismo das solanáceas...
Tubérculo de recônditas reentrâncias,
Raiz de caos telúrico, procedo
Da escuridão do cósmico amido,
Da clorofila de todas as clorofilas!
A glicose das coisas me equilibra.
Em minha ignota fécula, ampla, vibra
A alma dos movimentos tuberosos...
E é de mim que decorrem, simultâneos
O glicogênio das forças subterrâneas
E a saciez dos seres ilusórios!
Pairando abaixo dos mundanos campos,
Não conheço o acidente da Oporia
— Esta universitária genocida
Que arranca, sem dispêndio algum de ancinho,
O meu parente dos cantinhos
E da beleza anatômica da rama!
Na existência vegetal, possuo uma arma
— O esverdeamento da casca —
E trago, sem americanas tesouras,
Como um dorso dos Andes passivos,
A solidariedade subjetiva
De todas as espécies tuberosas.
Com um pouco de seiva quotidiana
Mostro meu nojo à Colheita Humana.
A amilase me serve de Evangelho...
Amo o adubo, as águas ruins das cambueiras
E a mandioca inferior que ferve nas caldeiras
É com certeza meu irmão mais velho!
- Níver
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Maio 18
- Localização
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Monte Tai
- Sexo
- Masculino