Tag: Dagor Aglareb

  • Fingolfin

    Fingolfin foi um dos maiores heróis que a Terra Média já conheceu, o
    mais valente e ousado dos elfos, bem como um dos personagens mais
    trágicos da sua história. Filho de Finwë, Alto-Rei dos Noldor, e de
    Indis dos Vanyar, segunda mulher deste, fez parte dos exilados que
    abandonaram Valinor e partiram para Beleriand, e lá foi responsável por
    alguns dos feitos mais famosos e audazes dos Noldor, quer no auge do
    seu poder quer na sua decadência.
     
     

    Fingolfin era o segundo filho de Finwë; o primeiro era Fëanor, seu
    meio-irmão, filho de Míriel e o mais poderoso dos elfos de antigamente.
    A sua relação com o irmão sempre foi conflituosa, principalmente por
    parte de Fëanor, que não sentia grande estima por Indis e pelos seus
    irmãos, diferentes dele tanto em aparência como em disposição. Tinha
    ainda duas irmãs, Findis e Irimë, e um irmão, Finarfin. Apesar de ser
    menos poderoso que Fëanor, diz-se que Fingolfin era o mais forte dos
    seus irmãos.

    Levado pelo desejo de vingança do seu irmão, Fingolfin comprometeu-se a
    o seguir onde quer que este fosse, e a abandonar Aman para perseguir
    Morgoth e construir novos e grandiosos reinos na Terra Média. Com
    Fingolfin partiu partiu toda a sua Casa, incluindo os seus filhos,
    Fingon e Turgon, e a sua única filha, Aredhel Ar-Feiniel.

    A história de Fingolfin no exílio tem tanto de arrebatador como de
    trágico e devastador. Após o Fratricídio de Alqualondë, em que
    participou, para sua grande vergonha e ressentimento, foi abandonado
    por Fëanor, que levou todos os barcos dos Teleri e, chegando à Terra
    Média, ordenou que fossem queimados e destruídos. Fingolfin, apesar da
    cólera e da amargura, não se deixou abater, e desejou mais do que nunca
    alcançar a Terra Média; levando os restantes dos Noldor consigo,
    atravessou o gélido Helcaraxë, no Norte. No entanto esta foi uma
    travessia penosa, e nela pereceram muitos Noldor.

    “E ele e a sua hoste longa e tormentosamente vaguearam, mas a sua
    coragem e a sua resistência aumentaram com as dificuldades, pois eram
    um povo forte, os imortais filhos mais velhos de Eru Ilúvatar, mas
    recém-chegados do reino abençoado e ainda isentos da fadiga da Terra. O
    fogo dos seus corações era jovem e, conduzidos por Fingolfin e seus
    filhos e por Finrod e Galadriel, ousaram penetrar no crudelíssimo
    Norte; e, não encontrando outro caminho, suportaram finalmente o terror
    do Helcaraxë e os crúeis montes de gelo. (…) Aí se perdeu Elenwë,
    mulher de Turgon, e muitos outro igualmente pereceram; e foi com uma
    hoste diminuída que Fingolfin pisou finalmente as terras exteriores.”

    E foi ao primeiro nascer da Lua que Fingolfin e os Noldor sobre o seu
    comando pela primeira vez puseram os pés na Terra Média. Nessa altura a
    Batalha sob as Estrelas, a segunda Grande Guerra de Beleriand, já havia
    sido combatida, e Fëanor jazia moribundo em Ard-galen. Fingolfin
    avançou com a sua hoste para Sul, em direção a Mithrim, onde os filhos
    de Fëanor tinham o seu exército acampado, junto ao lago. Mas, vendo que
    as criaturas de Morgoth fugiam perante o primeiro nascer do Sol, partiu
    com o seu grande exército, passou as Ered Wethrim, atravessou as
    setenta léguas de Ard-galen e prostrou-se diante dos próprios portões
    de Angband. Ali constatou que o poder de Morgoth e da sua fortaleza era
    demasiado grande para ser derrotado por qualquer força de elfos que
    existisse na Terra Média, pelo menos num ataque direto. Decidiu que a
    melhor estratégia seria tentar conter as suas forças, através de um
    cerco, enfrentando os exércitos saíssem das profundezas das minas na
    vasta planície.

    Fingolfin foi então eleito Alto-Rei dos Noldor. Maedhros, filho mais
    velho de Fëanor, e que havia sido salvo de Angband por Fingon,
    prescindiu da sua reivindicação como soberano dos Noldor, considerando
    Fingolfin o mais velho e mais sábio, e também para ajudar a sarar o
    grande ódio que havia entre as duas casas. Estabeleceu-se então um
    cerco a Angband, com vigias a ocidente, leste e sul.

    Fingolfin ocupou Hithlum e Mithrim e lá fez o seu reino. O seu filho
    Fingon ficou com as terras vizinhas de Dor-Lómin, e Turgon por seu lado
    mudou-se para Nevrast, juntamente com a sua filha, Ar-Feiniel.

    Passados 20 anos desde o nascimento do Sol, Fingolfin deu uma grande
    festa, celebrada na nascente próxima das Lagoas de Ivrin, onde nascia o
    rio Narog, e as terras eram particularmente belas. A alegria dessa
    festa foi lembrada muitas vezes em dias futuros, quando a mágoa era
    maior, e chamou-se Mereth Aderthad, a Festa da Reunião. Compareceram
    elfos de todos os cantos de Beleriand, incluindo Maedhros e Maglor,
    elfos cinzentos das florestas, gente dos portos, com Círdan, o seu
    senhor, e elfos verdes de Ossiriand; de Doriath apenas compareceram
    Mablung e Daeron, com saudações do seu rei. Muitas alianças e
    juramentos de amizade se fizeram nessa altura. De fato, durante os anos
    que se seguiram viveram-se períodos de paz, enquanto Morgoth e o seu
    poder era contidos em Angband.

    Passadas décadas, Morgoth havia ganho confiança, convencido de que os
    Senhores dos Noldor haviam descurado a sua vigia e pouco pensavam na
    guerra. Lançou então os seus exércitos sobre Beleriand, e orcs
    irromperam da planície de Ard-galen, espalhando grande mal, enquanto
    desciam quer a ocidente, pelo desfiladeiro do Sirion, quer a oriente,
    pelas terras de Maedhros e Maglor. No entanto Fingolfin conseguiu
    repelir os exércitos do Senhor Escuro com sucesso, atacando-os enquanto
    passavam por Dorthonion, e conseguindo extermina-los até ao último.
    Esta batalha chamou-se Dagor Aglareb, a Batalha Gloriosa, e foi a
    terceira das Grandes Guerras de Beleriand.

    Mas a Dagor Aglareb não era nada comparada aos verdadeiros intentos de
    Morgoth. Durante mais duzentos anos continuou a testar as forças de
    Fingolfin; cem anos depois da grande batalha tentou invadir Hithlum e,
    noutra altura lançou Glaurung, o Dourado, sobre os povos élficos do
    norte; mas Fingon, príncipe de Hithlum, conseguiu levar a melhor em
    ambas as ocasiões.

    Fingolfin chegou a ponderar um assalto a Angband, pois estava
    consciente que corriam perigo enquanto o cerco estivesse incompleto e
    Morgoth tivesse liberdade para congeminar nas suas minas, elaborando
    planos cujo mal não se poderia adivinhar enquanto não fossem revelados.
    Mas a terra vivia em paz e os reinos dos Noldor prosperavam, pelo que
    poucos dera ouvidos ao Alto Rei e os seus desígnios de um ataque em
    larga escala, desta vez, ficaram por terra.

    E foi então que o grande mal que Morgoth tinha preparado em segredo foi
    revelado; e foi ainda pior e mais negro do que Fingolfin ou quaisquer
    outros haviam receado. O golpe com que Morgoth pretendia deitar por
    terra as defesas dos Noldor e envenenar as terras em que viviam foi
    disferido com um poder tal que ninguém lhe conseguiu resistir. Das
    Thangorodrim saltaram enormes rios de chama, que se alastraram por toda
    a planície, destruindo Ard-galen, sendo apenas contidos pelas Ered
    Wethrim e pelos montes de Dorthonion – não sem que todas as florestas
    nessa zona fossem completamente arrasadas. E com esse fogo seguiu
    Glaurung, já no máximo do seu poder e força, juntamente com Balrogs, à
    frente de multidões de orcs. Muitos dos maiores inimigos de Morgoth
    foram destruídos, e nunca mais houve paz em Beleriand.

    O cerco foi completamente rompido e os Noldor dispersos. Os exércitos
    de Fingolfin foram contidos pelos de Morgoth, sendo obrigados a recuar
    para Hithlum, e nada puderam fazer, ficando separados dos seus aliados
    a leste. Chegaram então notícias a Hithlum de que Dorthonion tinha sido
    conquistada, e tanto os filhos de Finarfin como os de Fëanor tinham
    sido obrigados a deixar as suas terras. A Fingolfin pareceu então que
    os Noldor tinham sido irremediavelmente derrotados e a ruína de todas
    as suas casas era iminente. Levado pelo desespero, num ato de valentia
    e loucura, montou o seu cavalo Rochallor e cavalgou até às portas de
    Angband, desafiando o próprio Morgoth para um combate.

    “Passou por Dor-nu-Fauglith como um vento entre a poeira, e todos
    quantos viram a sua aproximação fugiram cheios de espanto, pensando que
    o próprio Oromë chegara, pois possuía-o uma grande loucura de raiva, de
    tal modo que os seus olhos brilhavam como os dos Valar. Assim, chegou
    sozinho às portas de Angband, tocou a sua trompa, bateu de noto às
    portas de bronze e desafiou Morgoth para combate singular. E Morgoth
    veio.”

    Não foi de bom grado que Morgoth saiu da sua fortaleza, pois conhecia
    bem o medo. Mas não pôde ignorar o desafio de Fingolfin, cuja voz
    ecoava pelos túneis. Por muito tempo se bateu o elfo, com uma coragem
    nunca antes vista. Mas contra o mais poderoso ser de Arda mesmo o mais
    audaz e forte dos elfos só tinha um destino possível.

    “Então Morgoth levantou alto o Grond, o martelo do mundo subterrâneo, e
    deixou-o cair como um trovão. Mas Fingolfin saltou para o lado e o
    Grond abriu um grande buraco na terra, donde irromperam fumo e fogo.
    Muitas vezes Morgoth tentou acertar-lhe, e de todas elas Fingolfin se
    desviou, como um relâmpago a fugir debaixo de uma nuvem escura, e feriu
    Morgoth com sete feridas, e sete vezes Morgoth soltou um grito de
    angústia (…).

    Mas, por fim, o rei cansou-se e Morgoth bateu-lhe com o escudo. Três
    vezes o obrigou a ajoelhar-se e três vezes ele se levantou de novo e
    ergueu o escudo e o elmo atingido. Mas a terra estava toda lacerada e
    esburacada à sua volta, e ele tropeçou e caiu para trás, diante dos pés
    de Morgoth; e este apoiou-lhe o pé esquerdo no pescoço, e o seu peso
    foi como um monte caído. No entanto, com o seu último e desesperado
    golpe, Fingolfin cortou-lhe o pé com a Ringil, e o sangue esguichou
    negro e fumegante e encheu as covas abertas pelo Grond.”

    Antes de Morgoth se desfisesse do corpo do rei morto, Thorondor, rei
    das águias, desceu e, ferindo o Vala no rosto, levou o corpo para um
    monte no norte, perto do vale de Gondolin. Ali Turgon construíu um
    túmulo para o seu pai, do qual jamais algum orc se ousou aproximar.
    Fingon, desgostoso, assumiu a chefia dos Noldor.

    Assim morreu o mais altivo e valente dos reis élficos de antigamente, e
    a sua queda é recordada com grande desgosto entre todos os Elfos.

    Cronologia

    Era das Árvores

    4690 – Fingolfin nasce.
    4990 – Fëanor ameaça Fingolfin com armas e é banido de Tirion, se exilando em Formenos.
    4995 – Morgoth rouba as Silmarils e foge. Juramento de Fëanor e exílio
    dos Noldor, incluindo Fingolfin e os seus filhos. Primeiro fratricídio
    entre Elfos.
    4996 – Profecia de Mandos
    4997 – Traição de Fëanor. Fingolfin e os restantes dos Noldor iniciam a travessia do Helcaraxë.

    Primeira Era do Sol

    1 – Fingolfin e o seu povo chegam a Beleriand. Fingolfin se estabelece em Mithrim.
    75 – Dagor Aglareb e cerco a Angband.
    455 – Batalha da Chama Súbita. Cerco a Angband quebrado. Morte de Fingolfin às mãos de Morgoth.

    Nome

    É possível que Fingolfin seja a contração de Finwë Ñolofinwë, que significa "Finwë, sábio Finwë".

    Outros nomes:
    Fingolfin o Forte
    Alto Rei dos Noldor

    Árvore Genealógica: 

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