Bem, amigos da Valinor, estamos de volta para a sensacional última parte da nossa resenha de “O Retorno do Rei”. Preparem-se para MEGA-SPOILERS!!!
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Todo mundo aí ainda, hein? Pois vamos lá.
É noite no Templo da Colina e Théoden se despede de Éowyn. Pede que ela cuide de Edoras: “Por muito tempo você a defenderá, se a batalha andar mal”. A jovem tem uma tristeza de morte recobrindo seu rosto por causa de Aragorn, mas diz: “O que mais gostaria que eu fizesse, senhor?”. Théoden se aproxima dela, carinhoso: “Gostaria que sorrisse novamente, e não chorasse por aqueles para quem a hora chegou. E nada mais de desespero”, diz ele, tocando a testa contra a dela.
Os cavaleiros montam. Merry pede para seguir Théoden, em vão. “Cavalguem agora, cavalguem! Cavalguem para Gondor!”, grita o rei. Um cavaleiro veloz agarra o hobbit e o coloca sobre seu corcel. “Minha senhora!”, diz Merry – claro, é Éowyn. Não há o suspense em relação à identidade de “Dernhelm”, mas, convenhamos, ia ficar difícil de fazer isso no cinema de forma crível. As roteiristas mandaram bem desta vez!
Voltamos para Gondor. As forças de Mordor, imensas, já cobrem o Rammas Echor, e à frente delas vai um cavaleiro solitário, ferido de flecha, arrastado por seu cavalo – é Faramir! Os gondorianos abrem rápido o portão e o pobre capitão de Gondor entra, sendo levado para o Pátio da Fonte. Denethor entra completamente em parafuso e começa a se lamuriar. Ordena que os homens abandonem seus postos (!!!). E aí vem mais uma falta de sutileza absurda da adaptação: Gandalf, emputecido (ok, com razão) dá TRÊS CAJADADAS NA CABEÇA DO REGENTE DE GONDOR e ainda faz uma cara do tipo “Humpf! Que viado esse sujeito!”. Denethor se estatela no chão. O mago chama os soldados e organiza a resistência da cidade. Gandalf, pra todos os efeitos, agora é o general de Minas Tirith (nada de Imrahil. Snif!).
O exército de Mordor está perto do indescritível, tamanho é o horror que carrega. Imensas torres de guerra de madeira aproximam-se dos portões, orcs de todos os tipos urram e balançam suas armas (liderados por Gothmog-Slot, claro!) e trolls, muitos trolls horrendos e bem-armados empurram catapultas. Slot diz: “Não vamos deixá-los sofrendo lá dentro pensando nos prisioneiros. Homens, libertem-nos!”.
E aí, meus caros, taí o que vocês queriam, como diria Galvão Bueno: cabeças dos Dúnedain mortos em Osgiliath, ainda com os belos capacetes de Gondor, voam para dentro das muralhas, instaurando o horror. E logo são seguidas por pedras imensas, que começam a esmigalhar as muralhas de Minas Tirith como se fossem de gesso. Muitos morrem. Gandalf logo reorganiza a resistência e Minas Tirith esmaga parte do exército e das torres com suas catapultas.
Voltamos para Mordor. Os orcs da torre remexem nos pertences de Frodo e brigam entre si, enquanto Sam se aproxima. No fim, só sobraram quatro nêgos ali dentro, e o pequeno hobbit consegue se aproximar. Ele mata os quatro – “Este é pelo sr. Frodo! Este é pelo Condado! E este é pelo MEU VELHO FEITOR!” – e conta a Frodo que conseguiu salvar o Anel. A dupla veste-se como orcs e inicia o longo caminho para a Montanha da Perdição.
No Pelennor, ntram em ação os Nazgûl, que, com seus gritos horrendos, põem os guerreiros de Gondor em pânico e derrubam muitos deles das muralhas, quebrando até as catapultas. Ao longe, monstros que lembram búfalos africanos deformados arrastam atrás de si Grond, o Aríete de Sauron, na forma de um lobo como descrito no livro. Os portões começam a ser martelados. Projéteis em chamas queimam parte da cidade. O portão cede e muitos orcs entram.
Nisso, Pippin, que já havia ajudado na defesa e matado um orc, corre para avisar Gandalf: Denethor quer queimar Faramir e a si mesmo! “Nada de longo sono de morte embalsamada para Faramir e Denethor!”, diz o enlouquecido Regente – as falas vêm direto do livro. Gandalf e Pippin conseguem entrar em Rath Dínen. “Parem essa loucura!”, grita o mago, enquanto Denethor e Faramir já estão encharcados de óleo e o fogo já começou a lamber a pira. Pippin não se faz de rogado: salta sobre a pira e arrasta Faramir consigo para fora. E aí vem outra cagada do filme: Denethor tenta enfrentar Gandalf, Scadufax empina e dá um coice com as patas dianteiras e lança Denethor sobre o fogo. Este sai correndo, em chamas, e se joga das muralhas – é quase como se Gandalf tivesse matado o Regente, meu Eru!
Os gondorianos tiveram que recuar até o segundo nível da cidade. Pippin e Gandalf, lado a lado, falam sobre a morte, e o mago usa palavras belíssimas para dizer ao hobbit que esta não é o fim de tudo – usando a mesma descrição de Valinor que aparece na chegada de Frodo no fim de “O Senhor dos Anéis” – um distante país verde sob um rápido nascer do sol. É lindo.
Mas, no meio desse desespero todo, um chifre soa! ROHAN CHEGOU! Lá no alto, perto da entrada do Pelennor, o sol nasce enquanto a hoste dos Rohirrim, imensa, se prepara para a batalha. Éowyn encoraja Merry. Théoden dispõe suas tropas. Discursa, como no livro, e o meu coração quer se despedaçar de alegria: “Lança será sacudida, escudo estilhaçado! Um dia de espada, um dia vermelho, antes de o sol raiar! Cavalguem agora, cavalguem para a ruína e para o fim do mundo!” Ele passa em revista os soldados, batendo sua espada contra as lanças deles: “Morte! Morte! MORTE!”, ele grita três vezes, e Merry e Éowyn entram no coro. Esses sujeitos estão diante da morte certa e não a temem – mas a abraçam. Outro chifre é soado, seguido por milhares de outros…
… e o ataque de Rohan naquela hora foi como relâmpago na planície e trovão nas montanhas, e as hostes de Mordor gritaram, e o terror as tomou, e elas gritaram, e fugiram, e os cascos da ira cavalgaram sobre elas. Parece que os Cavaleiros vão chegar até o portão e acabar com o cerco, mas um grito selvagem faz com que eles virem suas cabeças. Mûmakil! Os selvagens homens de Harad chegaram com seus monstros imensos, e Théoden hesita. Mas isso não dura muito: os Rohirrim refazem sua linha de combate e ATACAM OS OLIFANTES num rompante sem igual de coragem suicida. Muitos morrem, pisoteados ou flechados pelos Haradrim, mas Éomer ordena que todos flechem as cabeças e os olhos dos monstros e a situação se reverte. Na confusão, Éowyn acaba perdendo Merry de vista.
Nesse momento chega o Rei Bruxo, e só Théoden ousa resistir a ele – em vão. Um golpe da Besta Cruel é suficiente para jogar Snawmana sobre o rei. O Nazgûl diz para o monstro: “Delicie-se com a carne dele!”, mas eis que Éowyn grita: “Eu o mato se tocar nele!”. “Seu tolo! Nenhum homem vivo pode me matar”, diz o Rei Bruxo. Éowyn não se faz de rogada: três golpes de espada arrancam a cabeça da montaria alada do Espectro, que cai ao chão. Ele ergue sua maça, quebra o escudo da guerreira, mas Merry o atinge. Éowyn grita: “Eu não sou homem nenhum!” e enfia sua espada elmo adentro do monstro. Um grande mal parte da Terra-média.
Éowyn se aproxima do tio ferido. “Reconheço seu rosto! Éowyn!”, ele diz, sorrindo. Ela quer curá-lo, mas ele replica: “Vou agora para junto dos meus pais, em cuja poderosa companhia não me sentirei agora tão envergonhado”, e fecha os olhos para sempre. Palmas para os adaptadores que confiaram na força e emoção do texto tolkieniano.
De repente, vemos o rio Anduin atrás da cidade, e barcos com velas negras (os Corsários, que já tinham sido mencionados por Gandalf) aportam no Harlond. “Piratas nojentos, sempre atrasados”, diz Slot. Mas quem salta do navio é Aragorn, filho de Arathorn, usuário da Espada Reforjada, o herdeiro de Elendil! Atrás dele vêm os Mortos trazendo terror aos orcs e seus aliados, não deixando ninguém no caminho. Legolas e Gimli matam inimigos aterrorizados à vontade e continuam a velha competição “quem mata mais”.
De repente, um Mûmak se aproxima e Aragorn grita: “Legolas, acabe com ele!”. E aí vem a forçada de barra mais divertida de toda a Trilogia: Legolas vai escalando o bicho como quem sobe uma escada, mata um por um TODOS os Haradrim que estão em cima dele, dirige-se à cabeça e acerta três flechas no côco do bicho, que despenca. Lépido, Legolas salta ao chão. Gimli olha com aquela cara e comenta: “Esse aí continua contando como um só!”. Hilário!
Gandalf caminha pelo campo de batalha e Pippin encontra Merry. Aragorn libera os Mortos de seu fardo e todos partem para um conselho de guerra na Torre Branca. A decisão é unânime: atacar Mordor para distrair Sauron e permitir que Frodo cumpra sua missão.
Diante do Portão Negro, Aragorn, Legolas com Gimli na garupa, Gandalf com Pippin na garupa e Éomer com Merry na garupa desafiam Sauron. “Apareça! Que o senhor da Terra Negra apareça! Justiça há de ser feita com ele!”, grita Aragorn. A única resposta é a abertura dos portões para revelar uma multidão incontável de inimigos.
Aragorn recua e organiza seu exército num círcula, como num livro, e discursa: “Vejo em seus olhos o mesmo medo que tiraria a coragem de mim. Um dia pode vir no qual a força dos homens falhe, no qual abandonemos nossos amigos e esqueçamos todos os laços do companheirismo, mas não é este o dia! Uma hora de lobos e escudos quebrados, na qual a Era dos Homens se despedace, mas não é este o dia! Por tudo o que vocês prezam nesta boa Terra, eu os conclamo a resistir, HOMENS DO OESTE!!!”. E eu choro, choro, choro e acredito no que aquele bando de poucos e corajosos acreditam naquele momento.
“Por Frodo!”, grita Aragorn – e ataca. Eles sofrem com o excesso de inimigos, reforçados pelos Nazgûl. Mas eis que chega Gwaihir, o senhor dos ventos! “As Águias! As Águias estão chegando”, grita Pippin. Tudo agora é suspense.
Frodo e Sam vêem que Mordor está se esvaziando e conseguem seguir caminho. Começam a escalada. Perto das Sammath Naur, Gollum os ataca de novo mas Sam consegue impedi-lo. Frodo entra nas Fendas da Perdição, Sam pouco atrás. “O que está esperando?”, diz o pobre escudeiro, enquanto Frodo hesita. Ele finalmente diz “O Anel é meu!” e desaparece! Gollum então salta sobre Sam e começa desesperadora luta com seu inimigo invisível. Morde seu dedo e o arranca. Enquanto olha maravilhado para o Anel, Frodo o ataca de novo, os dois se desequilibram e Gollum cai na lava ainda olhando maravilhado para o Anel, enquanto Frodo se segura na borda de pedra. Sam o puxa de volta.
Barad-dûr e o Olho caem em ruínas. O Portão Negro se despedaça. Todos gritam “Frodo”, enquanto este e Sam escapam até um lugar cercado de lava, esperando o próprio fim. “Estou feliz que você esteja comigo – aqui, no fim de todas as coisas, Sam”. As luzes se apagam na tela…
…mas não é o fim. Ouvimos alguns momentos depois o grito das águias que levam os hobbits e os salvam. Frodo acorda, em Minas Tirith, diante de um amoroso Gandalf. Toda a Sociedade reaparece e se abraça.
E vemos a coroação do rei Elessar, que canta a frase que Elendil disse ao chegar à Terra-média nas asas do vento: [i]Et Eärello Endorenna utúlien! Sinome maruvan ar Hildinyar tenn’ambar-metta![/i] Arwen é trazida por Elrond até ele e os dois se beijam. Todos se curvam diante do rei, que chega até os hobbits. Aragorn fica atônito: “Meus amigos! Vocês não se curvam a ninguém!”. E TODO O PÁTIO DA FONTE, lotado de generais, nobres e guerreiros élficos e humanos, se curva diante dos quatro viajantes do Condado. É lindo.
Um voice-over de Frodo conta rapidamente a volta deles para o Condado. No Dragão Verde, eles brindam juntos e Sam reencontra Rosinha, e se casa com ela. Frodo não consegue retomar sua velha vida, mas apenas escreve o livro. E num dia de outono, Gandalf chega ao Bolsão carregando numa charrete o bom e velho Bilbo. Todos os hobbits o acompanham até os Portos Cinzentos, onde Galadriel, Elrond, Círdan e Celeborn o esperam.
Eles sobem no barco e só então Sam e os outros percebem que Frodo está indo também. Eles se abraçam e choram, e Frodo dá um beijo na testa de Sam, passando-lhe também o livro: “As últimas páginas são para você”. Eles partem para o Oeste e Sam volta para casa, ouvindo ainda a voz de Frodo: “Você não pode continuar sempre dividido em dois Sam. Tem tanto ainda para aproveitar, e fazer – e ser”. Sam abre o portão, Rosinha, Elanor e sua outra filhinha esperando por ele. Ele suspira: “Bem, estou de volta”. E a porta se fecha atrás de nós. E eu, ao invés de chorar, sorrio.
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O que dizer depois desse carrossel de emoções? Só posso ser grato, apesar das muitas falhas do filme, que existem, pelo espírito ter se mantido tão fiel, ao menos nesse capítulo final. E por ter vivido para ver uma das maiores histórias de todos os tempos ganhar vida. A força emocional de quem acredita no que está sendo dito e contado – essa é a dádiva de “O Senhor dos Anéis”, e dos filmes que o livro fez nascer.
Nai Anar caluva tielyanna,
Reinaldo/Imrahil.