Lá e de Volta Outra Vez – As Férias de um Hobbit – Parte 2

Foto do autor
Escrito por Fábio Bettega

Autores: Smaug, Bagrong, Imadofus, Proview, Fëanor ¥ e Mith

Apresentação

A segunda parte do projeto Lá e de Volta Outra Vez – As Férias de um Hobbit está finalmente concluída. Com análises profundas e interessantes, o usuário poderá divertir-se e adquirir mais conhecimento.

Esta parte conta com um histórico sobre o livro O Hobbit; das datas e dos acontecimentos de qual estaremos falando; do encontro de Gandalf com Thorin e os momentos que precedem a história do livro; uma análise de Valfenda e seu senhor, Elrond; uma visão mais profunda acerca dos orcs, sua importância, origem e significado e, por fim, todos poderão apreciar a galeria de imagens.

Na seção de Notas exploramos uma questão importante da nomenclatura correta da cordilheira na qual a Comitiva dos anões está enfrentando na aventura, com a consultoria de Ronald Kyrmse.

Para quem não leu ainda a primeira parte do projeto, basta clicar no link e começar a acompanhar esses textos.

 

 

Das Datas e dos Acontecimentos

Gandalf salvara os treze anões e Bilbo da enrascada de serem fritos, assados ou esfolados pelos três monstruosos Trolls, com sua lábia. Era final de Maio, e agora encaminhavam-se para Valfenda. As Hithaeglir (Montanhas da Névoa[1]) começavam a aparecer no horizonte e o caminho que se estendia à frente da Comitiva até o lar de Elrond foi descrito da seguinte forma: "(…)parecia não haver árvores, vales ou colina (…) apenas uma vasta ladeira que subia lentamente".

Chegaram lá na noite do dia 4 de Junho, após passarem pelo Vau do Bruinen (Ruidoságua). Os elfos estavam na espera, e os receberam com canções do tipo "Ei! tra-la-la-láli" e ali ficaram hospedados por impressionantes vinte e sete dias, como contou Karen.

Entretanto, apesar de todo esse tempo, como narra Tolkien "há pouco a dizer sobre a estada deles lá", pois "é estranho, mas (…) os dias agradáveis são narrados depressa, e não há muito que ouvir sobre eles, enquanto as coisas (…) horríveis podem dar uma boa história e levar um bom tempo para contar." É, de fato os dias em Valfenda passam rapidamente, e os mortais têm dificuldade em contar o tempo nestas terras abençoadas.

Era véspera do solstício de verão, quando Elrond leu as runas do Mapa de Thror, que estavam escritas na forma de letras-da-lua. Essas são letras rúnicas que podem ser lidas apenas no mesmo dia e estação em que foram escritas, com o brilho da Lua atrás delas. Portanto, as letras rúnicas foram escritas pelos anões com penas de prata neste mesmo dia, uma data de lua crescente.

No dia seguinte, o 1º Lite [2], a Comitiva deixou o abrigo élfico para seguir a jornada. Calcula-se que levaram 25 dias até chegarem ao pórtico de entrada da caverna dos Orcs. Karen fez esse cálculo baseado na citação de que Bilbo havia comido morangos e avistado amoreiras apenas em flor; isso significava que, provavelmente, naquela latitude davam-se frutos de morangos, em meados de julho, em pleno verão.

"Longos dias após terem partido do vale (…) ainda continuavam a subir" diz o livro. Foi só nas milhas finais que o tempo começou a fechar-se e então a tempestade seguida de trovões começou a cair. Pedras rolavam das montanhas e caíam perto dos anões e Bilbo, e eles podiam escutar os tais gigantes de pedra[3], "…do outro lado do vale, lançando pedras uns sobre os outros (…) onde elas se despedaçavam por entre as árvores…com um ruído ensurdecedor".

Thorin mandou que Fili e Kili fossem na frente procurar algum abrigo, alguma caverna, onde pudessem se abrigar. Não demorou muito e os dois anões mais jovens da Comitiva voltaram com notícias. Tinham encontrado uma caverna suficiente para abrigar todos. Mas não sabiam que aquela era a entrada para os túneis e corredores que os Orcs usavam e haviam tomado na região.

Ao chegarem, descarregaram as mochilas dos pôneis e foram, mais tarde, dormir. Bilbo começou a sonhar algo terrível, que uma fenda abria-se atrás dele, acordou e viu que parte do sonho era verdadeiro. Começavam a surgir Orcs, muitos, mas antes que pudessem alcançar Gandalf, um clarão de um raio se fez, e muitos caíram mortos. Os anões e o hobbit rolaram para dentro da fenda e Gandalf ficara de fora.

Foram agarrados pelos horríveis orcs e conduzidos pelos escuros corredores. "Os corredores se cruzavam e se emaranhavam em todas as direções", diz O Hobbit e Karen completa: "A distância até a caverna do Grão-Orc foi estimada em cinco milhas". E estes últimos fatos ocorreram na Segunda-feira, 16 de Julho, durante a noite.

Os orcs foram chicoteando-os ao som de terríveis canções, até que os anões foram jogados na Cidade dos Orcs. A caverna, estimada pela cartógrafa em 300 pés de comprimento e 100 pés de altura, tinha numa plataforma elevada, ao fundo na visão dos anões, o Grão-Orc, uma espécie de líder deles. Este conduziu um breve interrogatório com Thorin, perguntando o que estavam fazendo por ali.

O salão tinha tochas de fogo espalhadas pelas paredes, mas ocorreu que num instante todas as luzes se apagaram e faíscas brancas começaram a dilacerar muitos Orcs. Era arte de Gandalf! Conseguiu rapidamente livrar seus amigos das amarras e os guiou por um longo corredor.

Mas as luzes não demoraram à voltar e os Orcs restantes correram atrás deles. Desta vez, o corredor que dava para a Porta traseira, media cerca de 30 milhas, o que daria 2 dias para percorrer, segundo Karen. Num certo trecho das primeiras milhas, Gandalf e Thorin tiveram de lutar com os orcs enfurecidos que tentavam os agarrar. Mas no final do corredor, quando este fazia uma curva, Bilbo, que agarrava-se em um dos anões, tombou e rolou por um outro corredor, que dava acesso à Caverna do Gollum. Os anões e Gandalf escaparam, mas não deram pela falta de Bilbo.

Só depois da fuga sentiram a falta do hobbit. Mas sobre esses acontecimentos ulteriores, das adivinhas que Bilbo travou com a criatura Gollum, da luta com os Wargs, e da caminhada inicial pela Floresta das Trevas, só poderão ser narrados no Capítulo 3 desta aventura. Em agosto!

Mapas elaborados pela Karen desta aventura podem ser vistos nestes links:

Cidade dos Orcs
De Bolsão à Erebor

Histórico de O Hobbit

O manuscrito é finalizado

A história de como
o manuscrito de O Hobbit foi finalizado e foi parar nas mãos de Rayner Unwin (o garoto de 10 anos) começa com uma ligação curiosa entre 2 mulheres com a editora do pai de Rayner, a George Allan & Unwin. A primeira chama-se Elaine Griffiths, ex-aluna de Tolkien; e a segunda é Susan Dagnall, velha amiga de colégio de Elaine e também assistente editorial da editora londrina.

É o ano de 1936. Elaine trabalha na revisão de Beowulf. Susan, uma antiga amiga dos tempos de colegial, chega em Oxford para conversar sobre os velhos tempos. Na conversa, Elaine lhe conta que seu ex-professor, Ronald Tolkien, lhe emprestara uma excelente história infantil que havia escrito. Ela incentiva Susan à visitá-lo em sua casa e ver se o Professor deixaria-a levar o manuscrito para ler.

Susan segue o conselho e vai visitar Tolkien naquele mesmo dia. Para sua surpresa, Tolkien fica realmente muito satisfeito por emprestar-lhe o manuscrito. Assim, Susan faz a promessa de que devolveria o quanto antes. Excitada pela curiosidade, ela lê a história na sua viagem de volta para Londres, de trem. Em poucos dias depois, o Professor recebe uma carta com o manuscrito devolvido. Nela, Susan diz que Tolkien tem um enorme potencial, mas que precisaria terminar a narração, antes que ela pudesse entregar o texto aos seus superiores na editora.

Tolkien ficara entusiasmado com a idéia de que a história de Bilbo poderia virar livro. O seu primeiro livro não-acadêmico! Pôs-se a trabalhar no mesmo instante, com a ajuda de seu filho Michael, com ainda 15 anos. Foi o período perfeito para começar a datilografar. O Professor já havia terminado de corrigir os trabalhos para o Diploma Escolar. Era início de agosto e das Longas Férias.

O trabalho consumiu as Férias até o último minuto, literalmente. Iria começar o ano acadêmico, e exatamente naquele dia, 3 de outubro de 1936, o manuscrito foi finalizado. Na frente, Tolkien escreveu: "O Hobbit ou Lá e de Volta Outra Vez". A assistente da George Allan & Unwin, Susan, recebeu o texto datilografado e tratou de entregar à Stanley Unwin, o presidente da editora. A aventura editorial para a publicação de O Hobbit iria começar!

O livro é aprovado

Stanley gostou de imediato. Mas acreditava que as crianças eram os melhores juízes, pois o livro havia sido construído para os filhos de Tolkien, como contam as histórias. Assim, passou ao seu filho, Rayner, que leu e adorou a aventura do hobbit.

"Meu pai era editor, ele costumava me pagar, como complemento à minha mesada, um xelim que, naquela época era uma boa quantia pelo meu relatório", disse. "Não é uma obra-prima da crítica, mas, naquele tempo, uma segunda opinião era desnecessária. Se eu dissesse que podiam publicar, publicavam", complementa Rayner. E explica: "Felizmente, para mim, e para todo mundo, escrevi um relatório aprovando e recebi meu xelim que provavelmente foi o melhor xelim que a empresa já gastou, e o livro foi publicado.

O relatório de Rayner foi breve, e pode ser conferido nesta imagem: relatório de Rayner Unwin. A tradução segue abaixo:

  • Bilbo Bolseiro era um hobbit que vivia em sua toca de hobbit e nunca saía à cata de aventuras. Finalmente, o mago Gandalf e seus anões o convencem a sair. Ele se divertiu muito lutando contra goblins e wargs. Mas finalmente, eles chegam à Montanha Solitária. Smaug, o dragão que a guarda, é morto. E, depois de uma terrível batalha contra os goblins, Bilbo volta para casa rico. Com a ajuda de mapas, esse livro não precisa de nenhuma ilustração. É bom, e deve agradar crianças com idade entre 5 e 9 anos.

A partir daí, o livro estava pronto para ser impresso. Mas uns detalhes ainda precisavam se acertar. Saiba, no Capítulo 3 deste projeto, como o livro foi publicado e como ele foi recebido pela crítica e pelo público.

A Busca de Erebor

Se fossemos contar da história de Erebor, da sua fundação aos tempos de Thorin II, da linhagem dos anões, ou da influência dos dragões e orcs na história destes, levaríamos muito tempo através de longos parágrafos, uma vez que os contos de Tolkien se encaixam entre si, formando um enorme Caldeirão de Histórias [4], quase que perfeitamente, e acabam por nos apresentar uma cadeia de fatos impressionante. Por isso optou-se pelo seguinte:

Agora que os Anões e Bilbo estão na estrada sob o comando de Gandalf, vamos entender através desta seleção adaptada do texto A Busca de Erebor, do Contos Inacabados, o porquê dos anões irem à Montanha Solitária para recuperarem o tesouro roubado pelo dragão Smaug; além dos motivos que fizeram Gandalf persuadir Thorin à levar Bilbo na viagem. Neste livro é Frodo quem faz a narração, sob a contação do mago.

As primeiras ligações mais diretas com essa aventura datam de 2850 da Terceira Era, quando Gandalf penetra em Dol Guldur, a então fortaleza de Sauron, 40 anos antes do nascimento de Bilbo ou 91 anos antes da expedição dos anões. O mago encontrou Thráin II, pai de Thorin II, jogado nos poços, bastante debilitado, apenas podendo ter uma breve fala com ele.

O anão lhe entregou um mapa e uma chave. O Mapa de Thror e a chave da porta secreta de Erebor. Disse-lhe "Para meu filho" e faleceu. No momento Gandalf não sabia que era aquele anão o pai de Thorin Escudo de Carvalho. Sentiu por Thráin ter suportado pelo menos cinco anos nas torturas de Dol Guldur.

E assim Gandalf guardou os objetos e partiu da Fortaleza de Sauron, localizada na parte sudoeste da Floresta das Trevas. O tempo passou e os dois itens quase caíram no esquecimento do mago. Mas ocorreu que ele resolveu retornar ao Condado, para buscar tranqüilidade e descanso, após ter ficado os últimos 20 anos tentando solucionar situações nada agradáveis.

É o ano de 2941. Pensamentos de como "salvar" as terras do norte ainda correm pela mente de Gandalf, pois ele tenta mostrar ao Conselho Branco que os riscos agora são: do poder crescente de Sauron, o Necromante, em Dol Guldur; e do dragão Smaug, que pode ser usado pelo novo Senhor do Escuro como arma poderosa de destruição, abalando os reinos de Valfenda e Lórien. Sendo que o primeiro pensamento pesa mais em sua consciência.

Nesse caminho que percorre rumo ao Condado, Gandalf encontra Thorin. Há duas versões para o local do encontro: a dos Apêndices de O Retorno do Rei sugerem ter se dado na estalagem de Bri e a versão dos Contos Inacabados diz que foi numa estrada próxima de Bri. Porém o fato é que o encontro se deu em 15 de Março.

E nesse dia Thorin contou sua história ao mago. "A maré começou a virar" lembrou Gandalf. O anão, que vivia em exílio agora nas Montanhas Azuis (Ered Luin), despertou no mago bastante interesse. As intenções de Thorin II coincidiam
com as vontades de Gandalf de ter povos restabelecidos no norte, pois esta passagem ficara exposta e desprotegida.

E assim os dois foram para os salões das Ered Luin, onde Thorin pôde contar melhor toda história, e onde também Gandalf conseguiu convencer Thorin a levarem Bilbo consigo. O que se desenvolveu nessa conversa foi que Thorin mostrava claramente que não queria perder mais tempo, e queria partir logo em busca do tesouro há muito perdido: mesmo que isso resultasse em batalhas, mortes e perdas – tanto que Thorin tinha afiado seu machado e mostrava-se pronto para uma batalha.

Gandalf, porém, ponderou e aconselhou-o a não espalhar que a aventura seria feita, que fosse acompanhado de parentes e amigos fiéis, e levasse junto uma surpresa para o dragão Smaug. É aí que entra o pacato Bilbo. Da última vez que o mago o viu, este demonstrava muito interesse por histórias, querendo vive-las. Mas Bilbo tornara-se adulto, fora se reservando e tornando as suas aventuras apenas um sonho particular.

Gandalf não tinha visto essa mudança, pois ele e Thorin partiram de Bri direto às Ered Luin para conversarem. A descrição que o mago fez de Bilbo à Thorin era do Bilbo jovem. Mas independente das mudanças, Bilbo seria uma surpresa, uma novidade, para o velho dragão. Ao mesmo tempo em que os hobbits são tão pequenos quanto os anões, e tão silenciosos em seus passos quanto os elfos, Bilbo era o sujeito ideal para enganar Smaug, pois o dragão nunca sentira o cheiro de hobbit.

Bilbo possuía a essência do hobbit ideal para a aventura: tinha sangue de Bolseiro e um toque Tûk. E assim Thorin foi persuadido por Gandalf. Seguiram eles e os treze anões para Bolsão, na celebrada festa.

Como falou-se, Thorin acabou desconfiando dos relatos de Gandalf de que Bilbo estaria pronto para a aventura, ao vê-lo espantado correndo pelos corredores. Mas Gandalf havia pensado e planejado muito bem, tinha uma carta na manga. O mago sabia que no seu íntimo, o Sr. Bolseiro acabaria optando em partir, portanto ocorreu o seguinte:

Os anões chegaram preparados, já com os materiais de viagem, prontos para levarem Bilbo – seguindo os conselhos de Gandalf – assim, no fim do dia da festa, dormiram na toca. Na manhã do dia seguinte saíram cedo deixando um bilhete. Esse bilhete, escrito por Thorin, de certa forma forçava o lado Bolseiro de Bilbo responder pela aventura. Ele não poderia perder essa oportunidade! E assim a história seguiu como a conhecemos.

O Abrigo Élfico

Valfenda e Elrond

Valfenda é um dos últimos redutos élficos na Terra Média. Localizado em um vale, por onde corre o rio Bruinen, esse é um local de paz e beleza, onde muitos conhecimentos e histórias dos elfos eram preservados. Ali vive Elrond Peredhil, o senhor de Imladris (outro nome de Valfenda que também é conhecida pelo nome de "Karningul" em Westron). Elrond é um senhor nobre, de belas feições, forte como um guerreiro, sábio como um mago, venerável como um rei dos anões, generoso como o verão. Ele é filho de Eärendil e Elwing, sendo portanto um meio-elfo, a quem foi dada então a opção de escolha, entre levar uma vida élfica ou mortal, sendo que ele escolheu a primeira.

Elrond fundou Valfenda no ano de 1697 da segunda era, após Sauron ter devastado Eregion, com o intuito de criar uma fortaleza que pudesse resistir às forças de Sauron.. Foi em Valfenda que, no final da segunda era, reuniram-se os exércitos da Última Aliança, comandados por Elendil e Gil-Galad, de onde partiram para Mordor, numa luta que culminaria com a derrota de Sauron. Isildur, filho de Elendil, tomou o Um Anel de Sauron, mas foi morto mais tarde. Porém sua linhagem foi preservada em Valfenda, onde sua esposa e seu filho permaneceram salvos, além dos tesouros da Casa de Isildur: o cetro de Annuminas, a Elendilmir, o Anel de Barahir e os fragmentos de Narsil. Por volta de 1300 o senhor dos Nazgûl estabeleceu em Eriador o domínio de Angmar, que batalhou contra os homens e contra as forças de Valfenda, sendo derrotado.

Graças à ação do anel de Elrond, Vilya, Valfenda tinha características especiais, tais como um retardo na passagem do tempo e uma sensação de bem-estar e vigor renovado sentida por seus habitantes. Os efeitos do Anel ainda podia ser maiores, envolvendo também a cura, como no caso da cura de Frodo ou nas palavras do próprio Bilbo: "Um pouco de sono traz uma grande cura na casa de Elrond, e cura o mais que puder.." (O Hobbit, A Última Etapa).

E é no ano de 2941 que Gandalf, Bilbo e os anões chegam a Valfenda. Não puderam permanecer muito no reino élfico, para continuar em sua jornada a Erebor, mas puderam desfrutar de momentos de paz e tranqüilidade que já não existiam em outro lugar da Terra Média. E, apesar de pouco tempo, a visita foi suficiente para despertar em Bilbo um grande amor por Valfenda, aonde viria morar muitos anos mais tarde.

Da união de Elrond e sua esposa Celebrian foram gerados três descendentes: os irmãos Elladan e Elrohir e a bela Arwen. Além disso, habitava ainda em Valfenda o poderoso senhor élfico Glorfindel.

Valfenda em Imagens

Valfenda, é um tema muito retratado por artistas tolkienianos. O próprio Tolkien chegou a fazer alguns desenhos retratando o refúgio élfico de Elrond. "Chegando em Valfenda" é um deles. O rascunho "Valfenda olhando para o leste" é outro, e assim como "Valfenda" retrata o vale mais íngreme do que o primeiro desenho.

John Howe, provavelmente o mais conhecido artista tolkieniano do mundo, mostra em sua imagem "Valfenda"
mostra uma cachoeira em primeiro plano e Gandalf e um hobbit descendo em direção a Valfenda mais atrás, com essa última ao fundo. Como é característico em suas pinturas, a casa de Elrond é retratada como um castelo medieval.

Ted Nasmith, especializado em pintar paisagens da obra de Tolkien, também chegou a fazer uma pintura de Valfenda, mostrando a beleza do vale com as montanhas ao fundo e a casa de Elrond pequena em meio à beleza da Terra-média.

Alan Lee, o artista com um dos maiores acervos de desenhos baseados na obra de Tolkien mostra nessa imagem a Última Casa Amiga a oeste das Montanhas da Névoa no meio de um vale cheio de árvores com folhas douradas.

Joan Wyatt retrata o vale de Valfenda muito bem, com montanhas ao redor e um belo sol nascente ao fundo. Entretanto, o que chama mais atenção na figura é o modo como o artista retratou a casa de Elrond, que mais parece um prédio moderno ou medieval do que um refúgio élfico.

Paul Monteagle costuma fazer desenhos de certo modo ameaçadores. No seu desenho de Valfenda, ele mostra o vale mais estreito do que o normal, com poucas árvores e com um detalhe que chama a atenção: duas estátuas parecendo gárgulas no portão em primeiro plano.

Billy Mosig é autor de muitos desenhos belos sobre a obra de Tolkien, incluindo Imladris, que mostra o vale com muitas cachoeiras e florestas ao redor da Casa, que é retratada mais ou menos como foi nos filmes, com muito espaço aberto.

David Wyatt fez esse desenho de Valfenda que mostra a Casa de Elrond como três prédios circulares de madeira aparentemente "espremidos" entre o rio Bruinen e a parede do vale.

Rodney Matthews fez essa estranha pintura de Valfenda. Tanto o vale quanto o rio estão muito bem representados, mas a Casa em si lembra a arquitetura oriental, mas em nada se parece com a arquitetura élfica.

Agora um fato curioso. A própria Mãe Natureza parece ter criado um vale na Suíça que em muito lembra o lar de Elrond.

Dos Orcs

Orcs são seres totalmente maléficos, incapazes de fazer o bem, que destroem tudo o que podem, matam sem piedade alguma, entre outros males não menos desprezíveis. Eles não fazem coisas bonitas, mas fazem coisas engenhosas, são capazes de construir túneis com grande habilidade, sendo superado apenas pelos anões; gostam de instrumentos de tortura, rodas, motores e explosões. Como é então que criaturas tão temíveis residem na Terra-média? Qual é a origem dos Orcs?

Essa pergunta decerto é muito difícil de responder, nem Tolkien poderia dizer sem dúvidas qual é a origem desses seres maléficos. Uma das teorias, apresentada em O Silmarilion, diz que os Orcs são elfos corrompidos ao longo de muitos anos, mas essa teoria é controversa, já que Melkor poderia corromper o hröar (corpo) mas não o Fëa (alma) dos primogênitos. O próprio escritor acabou por descartá-la numa das cartas que escreveu. Outra teoria é que eles tenham sido criados durante o terceiro tema, na dissonância de Morgoth. O certo é que ninguém pode responder isso com certeza.

O que importa mesmo nesse quesito não é como eles apareceram, e sim o quê significavam para Tolkien: eles representam tudo o que há de ruim na guerra moderna, ou Guerra das máquinas, como o professor a chamava. Ronald Tolkien via orcs nas indústrias, que espalham poluição, produzem máquinas mortais e exploram seus funcionários em galpões escuros: como os "prisioneiros e escravos que têm de trabalhar até morrer por falta de luz" dos orcs.

Além disso, os soldados que matam tudo o que vêm pela frente, destroem sem necessidade, marcham horas a fio e guerreiam sem propósito algum, ao estilo dos que eram vistos quando seu filho Christopher Tolkien lutava na Segunda Grande Guerra, ou quando ele mesmo lutava na Primeira, o escritor costumava vê-los como pessoas que gostavam da brutalidade da guerra, assim como os Orcs.

Na Carta 96 do livro "The Letters of J.R.R. Tolkien", datada de 30/01/1945, o escritor fala, referindo-se à Segunda Guerra Mundial:

Bem, a primeira Guerra das Máquinas parece estar se aproximando de seu capítulo final e inconclusivo – deixando, infelizmente, todos mais pobres, muitos desolados ou mutilados, e milhões de mortos, e apenas uma coisa triunfante: as Máquinas. À medida que os servos das Máquinas se tornarem uma classe privilegiada, elas ficarão enormemente mais poderosas."

É muito interessante pensar assim, pois poucas vezes vemos as reais influências que levaram Tolkien a colocar essas criaturas de origem incerta na Terra-média. Ele claramente cria os Orcs numa alusão às tão odiadas Máquinas.

Outro ponto interessante a ser destacado, é o fato de a tradução brasileira ter "atropelado" certa espécie de Orcs. Os goblins aparecem várias vezes na obra original, sendo diferenciados na mesma de Orcs normais. Mesmo assim, a tradução brasileira simplesmente ignorou isto e traduziu ‘goblin’ para ‘Orc’. Mais detalhes sobre isso, você encontra aqui mesmo na Valinor, no texto "Eu Acredito em Duendes!!".

Uma das figuras que se destaca nesse grupo é o Grão-Orc, o chefe dos Orcs que atacaram Bilbo e os anões na Montanha da Névoa. Ele é maior, mais forte e muito mais inteligente que os outros orcs (o que não é lá grande coisa), por isso comanda todo o grupo de seres do mal.

Uma das melhores discussões sobre o tema aconteceu no tópico orcs- oq eles saum ?, lá o usuário poderá conferir opiniões das mais diversas e uma discussão riquíssima em argumentos.

Bem, se os orcs são elfos corrompidos, dissonâncias musicais, máquinas, goblins ou outra coisa qualquer, isso só podemos supor. O que podemos afirmar sem dúvidas é que esses s
eres do mal criaram muitos problemas aos heróis da obra Tolkieniana.

Galeria de Imagens

Valfenda (Rascunho) – "Aqui está, finalmente."

"Viram um vale lá embaixo. Conseguiam ouvir a voz da água, correndo num leito pedregoso; a fragrância das árvores se espalhava no ar e havia uma luz na encosta do vale, do outro lado do rio." (Capítulo III)

Valfenda – "Posso sentir o cheiro da lenha queimando na cozinha."

"O ânimo de todos melhorava à medida que desciam. As árvores eram agora faias e carvalhos, e havia uma sensação confortável no crepúsculo. O último tom de verde quase desaparecera da grama quando finalmente chegaram a uma clareira não muito acima das margens do rio." (Capítulo III)

Gandalf e Glamdring – "Estas lâminas parecem boas."

Disse Elrond: “Esta, Gandalf, era Glamdring, Martelo do Inimigo, que o rei de Gondolin usava outrora.�? (Capítulo III)

A Trilha da Montanha – "… mais que uma trovoada, uma verdadeira guerra de trovões."

"Os relâmpagos se estilhaçam nos picos, as rochas tremem e grandes estrondos partem o ar e vão ecoando e invadindo cada caverna e cada gruta, e a escuridão se enche de um ruído esmagador e de clarões inesperados." (Capítulo IV)

Recebendo chicotadas – “Os Orcs eram muito rudes, e beliscavam sem dó.�?

"Surgiu diante deles o vislumbre de uma luz vermelha. Os Orcs começaram a cantar, ou grasnar, e marcavam o ritmo batendo na pedra os pés chatos e sacudindo os prisioneiros.
…faziam-nos correr a mais não poder na frente deles, e mais de um anão já choramingava e berrava feito louco quando caíram todos dentro de uma grande caverna.
…estava iluminada por uma grande fogueira no centro e por tochas ao longo das paredes, e estava cheia de orcs." (Cap. IV)

O Grão-Orc – "Quem são essas pessoas miseráveis?"

"O Grão-Orc soltou um uivo de raiva verdadeiramente hediondo quando viu a espada, e todos os seus soldados rangeram os dentes, bateram os escudos e os pés. Reconheceram a espada imediatamente. Ela matara centenas de Orcs em sua época, quando os belos elfos de Gondolin os caçavam nas colinas ou travavam batalhas diante de seus muros." (Capítulo IV)

Pandemônio – “… espalhava faíscas brancas e lancinantes por entre os orcs.�?

"As faíscas abriram buracos nos orcs, e a fumaça que caía do teto deixava o ar espesso, tornando a visão difícil até para eles. Logo estavam caindo uns sobre os outros, rolando aos montes no chão, mordendo, chutando e lutando como se estivessem todos enlouquecidos." (Capítulo IV)

Créditos das Imagens

John Howe
J.R.R. Tolkien
Terry A. Ernest

Notas
Além dos motivos que fazem o grupo explorar os pontos de relevância no texto, há também nesta seção uma história por trás dos fatos.

1. Montanhas da Névoa ou Montanhas Sombrias?

Um caso semelhante já ocorreu na elaboração do capítulo final de A Guerra do Anel, quando o nome da cordilheira ao norte de Mordor foi trocado pelo nome da cordilheira ao norte da Floresta das Trevas, e um dos membros reparou no erro.

Aqui a história é a seguinte: nas edições de O Hobbit, da Martins Fontes, traduzida por Lenita Maria Rímoli Esteves, a cordilheira que aparece no Mapa das Terras Ermas vem com o nome de Montanhas Sombrias, enquanto que o mesmo acidente geográfico, no mapa da página 80, por exemplo, do Atlas da Terra-média, traduzido pelo membro da Tolkien Society, Ronald Kyrmse, vem com o título de Montanhas da Névoa.

O nome correto da badalada cordilheira é Montanhas da Névoa, que em sindarin é Hithaeglir (esse nome élfico está contido nos mapas de Karen). E, analisando mais um pouco, até o nome em Sindarin está errado no mapa da Terra-média das edições de O Senhor dos Anéis, pois está impresso como Hithaiglin.

É da Névoa, "pois o erguimento orográfico, possivelmente até a altura de mais de 12.000 pés, teria produzido as condições de nebulosidade, que não somente deram nome à cordilheira, mas também (…) especialmente, produziram a tremenda batalha de trovões que fez Thorin e Companhia buscarem abrigo", explica Karen Fonstad.

O grupo consultou o tradutor do Atlas da Terra-média, Ronald Kyrmse, e ele disse o seguinte:

Em O Senhor dos Anéis e em O Hobbit, o nome Hithaeglir ( = Misty Mountains / Mountains of Mist), a oeste de Eriador, foi traduzido por Montanhas Sombrias, e Ephel Dúath ( = Shadowy Mountains), a leste de Mordor, foi traduzido por Montanhas da Sombra. Em O Silmarillion e em Contos Inacabados, optou-se pela nomenclatura mais coerente:

  • Misty Mountains –> Montanhas da Névoa

    Mountains of Mist –> Montanhas da Névoa

    Shadowy Mountains –> Montanhas de Sombra

    Mountains of Shadow –> Montanhas da Sombra

2. Calendário do Condado – A Contagem das Datas

1º Lite é uma data que no Calendário do Condado não se encaixa dentro dos 12 meses listados, mas está entre o término e início dos meses Pré-Lite (6) e Pós-Lite (7). Karen, no Atlas, diz que Tolkien poderia ainda não ter criado o Calendário, mas de qualquer forma as datas pouco variam em relação ao nosso calendário Cristão. Todos meses tinham 30 dias. Acrescentando-se mais 5 datas especiais: 1º e 2º Lite; 1º e 2º Iule e o Dia do Meio do Ano.

3. Gigantes de Pedra?

Aí está um ponto que Tolkien admitiu ter vivido: "A jornada do hobbit (Bilbo) de Valfenda para o outro lado das Montanhas da Névoa, incluindo a descida abaixo das pedras deslizantes nos bosques de pinheiros, está baseado em minhas aventuras de 1911" – As Cartas de J.R.R Tolkien, carta 306. Tolkien estava com quase 20 anos na época, e escreveu essa carta para seu filho Michael.

A única informa
ção que se tem em todo Legendário sobre os "gigantes de pedra" é somente nestas passagens. Mas se não há informações detalhadas sobre quem poderiam ser estes, há pelo menos um fato bastante curioso:

  • Um dia subimos em uma longa marcha com guias a geleira de Aletsch – foi quando eu cheguei perto de morrer. Tínhamos guias, mas ou os efeitos do verão quente estavam além da experiência deles, ou eles não tomavam bastante cuidado, ou nós estávamos começando tarde. De qualquer modo, ao meio-dia fomos enfileirados ao longo de uma trilha estreita com uma rampa de neve à direita subindo o horizonte, e na esquerda um mergulho abaixo em uma ravina. O verão daquele ano derretera muita neve, e pedras e pedregulhos estavam mais expostos do que (eu suponho) estivessem normalmente cobertos. O calor do dia continuou o derretimento e nós fomos alarmados ao ver muitas dessas grandes rochas começarem a rolar a rampa ao ganhar velocidade: qualquer coisa do tamanho de laranjas a grandes bolas de futebol, e algumas muito maiores. Elas estavam silvando por nosso caminho e mergulhando no desfiladeiro, ‘golpeando forte’ senhoras e senhores. Elas começaram lentamente, e então normalmente mantiveram uma linha direta de descida, mas o caminho era áspero e também se tinha que ficar de olho nos próprios pés. (As Cartas de J.R.R Tolkien, carta 306).

Ver versão na íntegra, no site Dúvendor: carta 306.

4. Caldeirão de Histórias

Este termo foi criado por Tolkien, e não é difícil entender: basta imaginar um Caldeirão enorme, onde Tolkien lançasse todos seus contos, e depois de uma boa mexida, nos espantamos pela incrível ligação de um com o outro. É como um bolo bem feito, com a harmonia dos ingredientes. Há ecos dos vestígios de Gondolin na história de O Hobbit, mesmo eras depois da destruição deste reino, figurando as espadas Glamdring e Orcrist. E isto era o que Tolkien fazia e fez durante toda sua vida, sempre procurou ligar os fatos.

Vocabulário

Orográfico: Orografia, estudo ou tratado a respeito do relevo terrestre.
Consultas
Livros
O Hobbit (J.R.R. Tolkien), Martins Fontes
O Atlas da Terra-média (Karen Wynn Fonstad), Martins Fontes
O Senhor dos Anéis – O Retorno do Rei (J.R.R. Tolkien), Martins Fontes
Contos Inacabados (J.R.R. Tolkien), Martins Fontes
Tolkien – Uma Biografia (Michael White), Imago Editora
Explicando Tolkien (Ronald Kyrmse), Martins Fontes

DVD’s
O Senhor dos Anéis – A Sociedade do Anel (extras)
J.R.R. Tolkien – Master of the Rings

Sites
Valinor
Dúvendor

 

Acompanhar
Avisar sobre
guest

0 Comentários
Mais Recente
Mais Antigo Mais Votado
Inline Feedbacks
Ver todos os comentários
0
Gostaríamos de saber o que pensa, por favor comentex