A maior parte do que conhecemos a respeito da cultura e costumes dos Anões deriva dos escritos de Tolkien sobre o Povo de Durin, os Anões Barbas-longas de Khazad-dûm, Erebor e as Colinas de Ferro. O Povo de Durin foi possivelmente o mais sociável de todos os povos anões, interagindo com Elfos, Homens e hobbits, em menor ou maior grau. Os Anões de Ered Luin (os Barbas-de-Fogo e Vigas-largas) também estavam intimamente associados com Elfos e provavelmente interagiram com Homens na Segunda e Terceira Eras, da mesma forma que os hobbits do Condado na Terceira Era, mas parece que, numericamente, eles se tornaram relativamente poucos após a Primeira Era.
A extensão da natureza reservada dos Anões é percebida por meio de sua língua, que ensinavam a poucos, masTolkien não diz que eles a ensinaram a alguém (embora Gandalf faça uma declaração nesse sentido diante do Portão Oeste de Moria em “Uma Jornada no Escuro”, o autor está geralmente em desacordo com seus personagens sobre “fatos”, em relação aos quais ele é o árbitro-mor). Alguns Elfos, de fato, estudaram a língua dos Anões, e aprenderam tanto quanto puderam ou o que os Anões estiveram dispostos a ensinar (se é que havia tais limites). O estudioso de maiores recursos sobre o qual Tolkien escreveu foi Pengolod, um Elfo meio Noldo, meio Sinda de Gondolin, que se juntou aos Lambengolmor, Mestres das Línguas, que era uma escola de mestres de tradições fundada por Fëanor em Aman e que aparentemente juntou-se à rebelião dos Noldor, embora Fëanor tivesse cessado de trabalhar com línguas há muito tempo.
Sabemos pouco da história do Lambengolmor. Eles estudaram sindarin e provavelmente um pouco dos dialetos nandorin e avarin em Beleriand, mas muito do conhecimento deles se perdeu quando os reinos noldorin começaram a cair. Aqueles dos Lambengolmor que sobreviveram à destruição no norte estabeleceram-se por fim em Avernien, e mais tarde mudaram-se para a Ilha de Balar com Círdan e Gil-galad, ou então permaneceram seguidores dos filhos de Fëanor. Na Segunda Era, Pengolod estabeleceu-se em Eregion, e foi provavelmente lá que ele (e possivelmente outros) estudaram o khuzdul, a língua dos anões. Pengolod foi o único mestre de tradições dos Lambengolmor a sobreviver à catastrófica Guerra dos Elfos e Sauron, e quando as batalhas terminaram, ele tomou um navio em Mithlond e deixou a Terra-média para sempre, último de seu grupo a agraciar a Terra-média.
Dentre os segredos que os Anões não estavam dispostos a contar estavam seus verdadeiros nomes interiores, dados em khuzdul e usados apenas entre eles próprios. Todos os Anões de O Hobbit e O Senhor dos Anéis usam nomes “humanos”, de acordo com seus costumes. Pelo menos esse era o costume entre os Anões Barbas-longas da Segunda Era em diante, se não antes. Outros Anões, no entanto, usavam nomes em khuzdul. Os Anões de Nogrod e Belegost atendiam por nomes dados em khuzdul: Azaghal, senhor de Belegost, Telchar de Nogrod e Gamil Zirak, o Velho, o mestre que ensinou Telchar.
Os Anões de Ered Luin podem ter desenvolvido a civilização mais sofisticada dentre sua raça durante a Primeira Era, devido à amizade deles com os Elfos de Beleriand, cuja civilização era a mais elevada e mais avançada cultura da Terra-média. Grande riqueza fluía através de Ered Luin, e esses Anões não olhavam apenas para o oeste. Eles negociavam com vários dos Homens que se estabeleceram em Eriador, e também com os Nandor e Avari que ali moravam. É talvez um fato curioso, no entanto, que os Edain (pelo menos os maracheanos, a Terceira Casa dos Edain) tenham retido algumas tradições de discórdia ou luta com Anões que migraram do oeste. Tolkien não diz o que aconteceu, mas quando Túrin e seus foras-da-lei capturaram Mim, o anão-pequeno, um dos homens de Túrin (ele próprio um dos homens de Marach) disse de si mesmo: “Androg não gosta de Anões. O povo dele trouxe poucas boas histórias dessa raça saída do Leste”.
Bom, as histórias do povo de Androg podem ou não refletir o relacionamento entre seu povo e os Anões. Tais eventos repousam em várias gerações antes dele (esta conversa ocorreu por volta do ano 484 da Primeira Era, e o povo dele adentrou Beleriand em 314; eles haviam começado a se estabelecer em Dor-lómin mais de 100 anos antes que Angrod vivesse). Não sabemos com quais Anões o povo de Angrod teve problemas, mas eles eram provavelmente Barbas-longas, Barbas-de-fogo, ou Vigas-largas. Nenhum outro povo dos Anões parece ter vivido nas proximidades da linha migratória dos Edain, que passou em linha reta através das Terras Ermas (Rhovanion) e os Vales do Anduin, onde os Barbas-longas tinham o controle, e além do Ered Luin.
Depois que os Edain alcançaram Beleriand, as relações entre Anões e Homens melhoraram fora de Beleriand, mesmo que tenham permanecido frias no oeste. O Povo de Bór, únicos Orientais a permanecerem fiéis aos Eldar na Quinta Grande Batalha, a Nirnaeth Arnoediad, era um povo sedentário (agrícola), apenas uma das várias tribos ou clãs a migrar para Eriador no fim do Século V. Estes povos se estabeleceram nas terras setentrionais em torno das Colinas de Vesperturvo, e eram amigáveis aos Anões. De fato, o Povo de Bór dirigiu-se para o norte, contornando Ered Luin, até entrar em terras dos Eldar, e eles passaram a morar nas terras ao norte das colinas onde o povo de Maedhros residia.
Na época em que Thangorodrim caiu, a maioria (mas não todos) dos seguidores de Morgoth que haviam sido destruídos pelas forças do extremo oeste fugiram quando Morgoth foi derrotado e espalharam-se por toda a Terra-média. Alguns dos orcs aparentemente tomaram o Monte Gundabad e infestaram as montanhas do norte das Terras Ermas. Os Anões Barbas-longas passaram a defender duramente a si próprios do ataque. Eles já haviam começado a trocar serviços por comida com os Edain das Terras Ermas, mas naquele momento eles estabeleceram uma aliança com os homens, a fim de tentar expulsar os orcs das montanhas. Esta aliança única está documentada apenas em The Peoples of Middle-earth, no ensaio “Dos Anões e Homens”, que foi escrito algum tempo depois de junho de 1969 (de acordo com Christopher Tolkien).
Tolkien diz que os Barbas-longas, “embora fossem os mais orgulhosos dos sete povos, eram também os mais sábios e os mais previdentes”. Ele prossegue dizendo que “os Homens tinham grande admiração e estavam muito desejosos de aprender com eles; e os Barbas-longas estavam muito interessados em usar os Homens para seus próprios propósitos”. Esses propósitos eram dois: prover alimentação para os Anões e ajudá-los nas guerras contra os orcs. A conhecida reserva dos Anões havia sido então abandonada, graças à necessidade e o desejo de comércio com outros povos tanto em Beleriand quanto em Rhovanion. Mas parece que a reserva seria recuperada no fim.
Os Anões Barbas-longas foram os primeiros a usar nomes “exteriores”, emprestados das línguas dos Homens próximos. Tolkien escreve que os Anões estavam dispostos a ensinar sua língua aos homens, mas os Homens a consideraram difícil de aprender, e ainda assim nem todos os Anões estavam dispostos a informar seus nomes verdadeiros aos não-Anões. Dessa forma, para facilitar a aliança, os Barbas-longas aprenderam a língua dos Homens das Terras Ermas (assim como os Anões de Ered Luin aprenderam sindarin) e adotaram seus nomes “exteriores” nesta língua. Foi durante o início da Segunda Era que os Anões começaram a acumular uma lista de nomes que a tradição por fim uniu apenas à raça deles. “Durin” é a tradução que Tolkien oferece para o nome “de homem” que significava “rei”, e era mais um título do que um nome, que por fim tornou-se um nome de fato. “Narvi” seria outro exemplo da criação de nomes baseada na linguagem do norte (essencialmente um dialeto do adunaico, a língua falada pelos maracheanos).
Com o auxílio dos Homens, os Barbas-longas foram capazes de restabelecer o controle sobre aquelas regiões que eles consideravam suas por direito. Essa aliança ajudou a pavimentar o caminho para a aliança final entre os Barbas-longas e os Elfos de Eregion, mas parece que há outro pré-requisito: a migração dos Anões de Belegost para Khazad-dûm. Esses Anões não haviam participado da guerra entre Nogrod e Doriath e, portanto, não possuíam inimizade direta com os Elfos (embora Tolkien diga que a lembrança da guerra “envenenou o relacionamento entre Elfos e Anões durante eras”, ainda que quase não forneça evidências de tais relações envenenadas).
Quando o mithril foi descoberto pelos Barbas-longas, os Noldor de Lindon ficaram interessados em seus recursos, e vários deles instalaram-se nas terras a oeste de Khazad-dûm, criando o reino de Eregion. A cidade principal era Ost-in-Edhil, e eles iniciaram uma amizade e aliança muito próxima com os Barbas-longas, que durou mil anos. No fim dessa época, os Barbas-longas foram atraídos para a Guerra dos Elfos e Sauron. Eles buscaram ajudar os Eldar de Eregion, que estavam em dificuldade, e vários Elfos (inclusive Pengolod) escaparam através de Khazad-dûm até o reino oriental de Lothlórien, mas o exército de Durin IV foi empurrado de volta para as montanhas por Sauron, e o Portão Oeste foi fechado para evitar uma possível invasão. As coisas também não foram bem no leste. Sauron enviou exércitos de orcs de Mordor e instigou as tribos orientais de Homens a invadir as Terras Ermas.
Os povos dos Edain foram aniquilados e empurrados de volta para as montanhas ou para bem dentro das florestas (e foi provavelmente neste momento que os Homens da Grande Floresta Verde apareceram pela primeira vez). Os próprios Barbas-longas perderam o controle de Gundabad novamente, as Montanhas Cinzentas estavam infestadas de orcs e a comunicação com as Colinas de Ferro foi cortada por algum tempo. Quando Sauron foi finalmente derrotado, Khazad-dûm parecia uma ilha no meio de um mar vazio, cujo único vizinho amigável era, aparentemente, Lothlórien. Elrond havia estabelecido o refúgio de Imladris ao norte de Eriador, mas embora ele fosse amigável aos Anões na Terceira Era, não há indicação que ele tenha interagido muito com eles na Segunda Era.
Os Barbas-longas não abandonaram sua velha amizade com os Elfos, mas conforme Tolkien diz, ela diminuiu. No fim da Segunda Era, Durin V estava disposto e pronto a se juntar ao Exército da última Aliança de Elfos e Homens, então seu povo marchou contra Gondor. Mas depois parece que eles não participaram muito dos grandes assuntos da Terra-média. Por quase dois mil anos, Khazad-dûm continuou a desfrutar de grande prosperidade. As Montanhas Nevoentas e Cinzentas ficaram indubitavelmente livres de orcs, trolls e dragões por muitos séculos, e a comunicação entre Khazad-dûm e outras comunidades anãs foi assegurada.
Mas quando Sauron começou a se manifestar novamente, passados mil anos da Terceira Era, ele parece ter buscado a política de afastar seus velhos inimigos uns dos outros. Sempre que uma oportunidade se apresentava, ele destruía uma nação, ou levava vantagens sobre a queda de um inimigo. Os Anões Barbas-longas iniciaram um período de declínio quando eles acidentalmente despertaram um Balrog, aparentemente o último dos grandes demônios de fogo e sombra de Morgoth. O Balrog destruiu a civilização em Khazad-dûm, matando dois de seus reis e vários de seu povo. Os sobreviventes fugiram para o norte e leste, mas nunca recuperaram suas forças por completo. Logo depois, Amroth, rei de Lórien, liderou uma migração de Elfos para o sul, e o despertar de um grande (embora não-identificado) mal nas montanhas, assim como a partida de vários Anões, inspirou os Elfos de Lórien a proibir a entrada de qualquer Anão em suas terras.
Tolkien não diz exatamente como os Anões se dispersaram. Os reis dos Barbas-longas mudaram-se para a Montanha Solitária, a noroeste. Mas alguns dos Anões que viviam nas Montanhas Nevoentas ou nas Montanhas Cinzentas brigaram com Fram, um senhor dos Éothéod, a respeito do tesouro de Scatha, o Verme. Por fim, os Anões mataram Fram depois que ele recusou-se a entregar o tesouro. Os Anões de Belegost podem ter retornado para seus parentes em Ered Luin. Mas por fim os Barbas-longas colonizaram as Montanhas Cinzentas em grande número, onde chamaram a atenção de dragões e foram conduzidos para o sul, em Erebor novamente. Dessa vez um dos dragões, Smaug, o Dourado, seguiu-os e conquistou Erebor em 2770. Pelos 171 anos seguintes os Barbas-longas não tiveram residência permanente, exceto por uma colônia que sobreviveu nas Colinas de Ferro e algumas colônias não nomeadas nas montanhas do norte.
Ao fim da Terceira Era, as fortunas de três das sete famílias haviam caído. O povo de Nogrod havia sido maciçamente destruído na guerra com Doriath no final da Terceira Era. A maior parte do povo de Belegost deixou as Ered Luin no início da Segunda Era porque sua cidade havia sido destruída. Os Anões que permaneceram nas Ered Luin parecem ter sido poucos, mas mantiveram o controle sobre uma região de terra entre os Elfos e Homens no norte de Eriador. Estes Anões provavelmente viveram com seus vizinhos num relacionamento similar ao das grandes alianças de Khazad-dûm, mas eles eram poucos numericamente e não eram seriamente ameaçados pelos orcs ou dragões, portanto eles não têm nenhuma participação nas grandes guerras da Segunda Era. Tolkien dá a entender que eles não marcharam com a Última Aliança, pois diz ele que poucos Anões lutaram em ambos os lados naquela guerra.
A difusão do costume de adotar nomes exteriores nas línguas dos homens, dos Barbas-longas para as outras raças, provavelmente ocorreu na Terceira Era, talvez logo depois da queda de Khazad-dûm. Naquele tempo, os Barbas-longas teriam começado a vagar pelas terras, e alguns certamente estabeleceram-se entre outros Anões. Se houve de fato o retorno dos descendentes dos Anões de Belegost para as Ered Luin, eles teriam levado o costume com eles, se é que este já não os precedesse.
Tolkien fala pouco sobre as quatro casas orientais. Ele sugere que elas (ou pelo menos as duas mais orientais) podem ter tornado-se “más” de alguma forma, mas elas não apoiaram Sauron no final da Segunda Era. O relacionamento entre Sauron e os Anões é peculiar. Tendo falhado ao tentar seduzir os Elfos com os Anéis do Poder, Sauron tomou o maior número de Anéis Élficos que conseguiu durante sua guerra com os Elfos, e levou-os de volta para Mordor. Ali ele os perverteu de alguma maneira, com a intenção de usá-los para controlar os grandes senhores de outros povos. Sauron conseguiu dar sete Anéis para os Anões, presumivelmente um para cada um dos senhores das sete casas (embora isso não seja uma certeza). Se for esse o caso, então a observação de Tolkien de que, segundo a tradição, cada um dos antigos tesouros dos Anões foi criado a partir de um anel, dá a entender que os senhores de Belegost jamais deixaram Ered Luin. Parece improvável que tivessem seu tesouro em Khazad-dûm.
A situação dos Sete Anéis parece dizer algo a respeito da história dos Anões. Sauron, por fim, decidiu tomar de volta os Anéis (em algum momento no fim da Terceira Era) e teve que ir ao encalço deles. No processo, ele apenas adquiriu três dos Anéis; dragões consumiram os outros quatro, de acordo com Gandalf. Dos três que Sauron tomou de volta, sabemos que um pertencia aos reis dos Barbas-longas. Esse Anel ele tomou de Thráin em 2845, “o último dos Sete”. Portanto, a quem pertencia os outros dois Anéis, e quando Sauron conseguiu-os?
Parece que Sauron não visitou Eriador na Terceira Era. Ele enviou o Senhor dos Nazgûl para o norte, por volta do ano 1300, para fundar o reino de Angmar, e esse reino do mal buscou a destruição de Arnor, o reino do norte dos Dúnedain. Angmar estava situada a nordeste em Eriador, longe das Ered Luin, mas efetivamente no controle de Gundabad. Pode ser que Gundabad, libertada na Segunda Era, tenha sido tomada por Angmar, ou talvez abandonada pelos Anões. Ou pode ser que Gundabad tenha resistido, o que parece improvável.
Não obstante, Angmar existiu por quase 700 anos e, no entanto, jamais foi capaz de atacar as Ered Luin. Também não há menção de dragões afligindo os Anões das Ered Luin ao longo da Terceira Era. Portanto, parece improvável que Sauron tivesse recuperado os dois Anéis dos Anões de Ered Luin, enquanto o reino de Arnor existia. E embora Arnor tenha caído em 1974, o próprio reino de Angmar foi destruído por Gondor, Lindon e Valfenda no ano seguinte. O Senhor dos Nazgûl, então, fugiu para o sul e só ouviu-se falar dele novamente no ano de 2002, quando os Nazgûl tomaram a cidade de Minas Ithil, em Gondor. O próprio Sauron fugiu para o leste em 2063, quando Gandalf entrou em Dol Guldur para tentar descobrir quem o Necromante realmente era, e Sauron não retornou para o oeste até 2460.
É provável, portanto, que Sauron não tenha feito nenhuma tentativa de recuperar os Anéis dos Anões ocidentais antes de 2460. Num período de cem anos, Sauron começou a colonizar as Montanhas Nevoentas com orcs, e dragões começaram a reaparecer no norte, atacando os Anões. Os Anões Barbas-longas fugiram para Erebor ou para as Colinas de Ferro. Pode ser que os dragões também começaram a afligir as quatro casas orientais, e que nos dois séculos seguintes todos os grandes reinos orientais dos Anões sofreram uma sina similar aos de Erebor. Isso explicaria as obscuras referências em O Hobbit e O Senhor dos Anéis sobre os infortúnios dos Anões, especialmente quando se tratava de dragões.
Se Sauron estava alarmado pela perda dos quarto Anéis no leste, pode ter agarrado a oportunidade de tomar os Anéis ocidentais no 28º século. Orcs começaram a invadir Eriador por volta de 2740 e, pelos idos de 2758, Sauron estava pronto a lançar um ataque maciço contra Gondor, Rohan e, aparentemente, até mesmo Eriador. Este foi o ano em que o Inverno Longo começou, e os orcs foram capazes de avançar a oeste até o Condado. É concebível que os Anões de Ered Luin tenham sofrido muito, tanto quanto outros povos naquele tempo, e que seus reis tenham sido atraídos para fora e capturados por orcs. Embora puramente especulativo, o período de tempo que Sauron teve para as atividades de busca pelos Anéis está limitado a um século. Tolkien não diz quando Sauron tomou de volta os Anéis dos Nazgûl, mas ele provavelmente só recebeu esses Anéis depois que seu poder estava mais seguro, o que teria ocorrido logo depois do fim da Paz Vigilante.
Com seus objetivos conquistados, ou seus recursos exauridos, Sauron parece ter desconsiderado Eriador depois do Inverno Longo. Não houve mais incursões maciças de seres malignos no noroeste, e por volta de 2845, ele havia recuperado tantos Anéis de Poder quanto possível. Os infortúnios dos Anões estavam, dessa forma, chegando ao fim, e suas fortunas (pelo menos as dos Barbas-longas) voltaram a aumentar.
Eu devo salientar que Sauron pode ter tido outra oportunidade de tomar dois dos Anéis dos Anões: a Guerra dos Anões e Orcs, de 2793 a 2799. Todas as sete casas concentraram seus exércitos para a guerra de vingança contra os Orcs das Montanhas Nevoentas. Embora Tolkien não diga que outro senhor além de Thráin (herdeiro de Durin, rei dos Barbas-longas) tenha participado diretamente da guerra, não é impossível que pelo menos dois tenham liderado tropas para ajudar Thráin, e eles poderiam ter sido capturados ou mortos, e seus corpos levados. Nesse caso, Sauron poderia ter recuperado os Anéis dessa maneira.
Apesar de seu declínio nas terras ocidentais, os Anões continuaram a viajar através de Eriador e sem dúvida através das Terras Ermas, realizando sua jornada entre Ered Luin e Erebor, ou Ered Luin e as Colinas de Ferro, e talvez viajando até as terras orientais dos Anões. Os objetivos de tais jornadas são raramente declarados. Quando Thorin e Thráin se estabeleceram nas Ered Luin depois da Guerra dos Anões e Orcs, vários dos Barbas-longas ficaram sabendo de seu novo lar e foram se juntar a eles, portanto deve ter havido um constante porém pequeno fluxo de trânsito a oeste.
Em “A Busca de Erebor” (no Contos Inacabados), Christopher Tolkien colocou fragmentos de textos que seu pai havia escrito numa tentativa de explicar (principalmente por meio de Gandalf) como a expedição de Thorin e Companhia para Erebor foi organizada em 2941. Durante uma discussão, Gandalf repreende Glóin por fazer pouco do povo do Condado, só porque os Anões jamais venderam armas para eles. Alguém pode concluir, a partir dessa observação, que os Anões estavam de fato vendendo armas a alguém, mas Tolkien não indica para quem. Talvez os Elfos precisassem de armas, mas eles deveriam ser capazes de fazer as suas próprias. Parece mais provável que os Anões tenham fornecido armas aos Dúnedain de Eriador. Os Guardiões parecem ser um incomum grupo bem equipado de soldados para ser totalmente sustentado por um “povo errante”. Se os Dúnedain precisassem recorrer a alguém para o suprimento de itens artesanais, os Anões pareceriam uma escolha lógica.
Porém, à medida que os centros populacionais de Eriador foram decaindo ao longo do final da Terceira Era, ficou cada vez mais difícil para os Anões terem uma vida lucrativa. Os Dúnedain continuavam a diminuir. Enquanto Thráin e seu pequeno grupo viveram na Terra Parda, eles provavelmente negociaram com o povo de Tharbad, porém esta foi abandonada em 2912, depois que o Inverno Mortal resultou em enchentes severas. A relutância dos povos em reconstruir sua cidade implica que havia simplesmente poucas razões econômicas para fazê-lo. Bri também passou por um período de declínio, possivelmente na mesma época, embora pareça que isso dependeu mais do trânsito na estrada leste-oeste do que do trânsito vindo do sul.
Assim, houve diminuição dos mercados para o artesanato dos Anões, no último século da Terceira Era: o Condado, a Terra dos Buques, Bri, e alguns poucos e espalhados Dúnedain. Possivelmente alguns Elfos também negociaram com eles. A restauração do Reino sob a Montanha em Erebor, em 2941, significou que os Barbas-longas provavelmente partiram logo depois para se juntarem Dáin II no leste. Isto teria reduzido a competição para os negócios, mas o subseqüente retorno de Sauron para Mordor em 2951 e a eventual migração para oeste de vários Anões deve ter prejudicado consideravelmente a economia dos mesmos. Quem eram esses Anões, viajando a partir das tumultuadas terras orientais? Não parece tratarem-se de Barbas-longas, que tinham um reino forte em Erebor e provavelmente mantinham as Colinas de Ferro sob controle. Parece mais provável que fossem das casas orientais, cujas terras podem ter sido devastadas ou ameaçadas por grandes guerras na preparação para os ataques de Sauron no oeste. Dessa forma, no final da Terceira Era, pode ter havido um fluxo de Anões orientais para ajudar a rejuvenescer as Ered Luin.
A vitória sobre Sauron, poucos anos depois, levou à restauração do Reino de Arnor e à expansão do Condado. Os Anões de Ered Luin devem ter sido finalmente beneficiados pelo fluxo de colonos vindos do sul, por meio da extensão da autoridade de Rohan sobre a Terra Parda e do crescimento do Condado. Pode ser que, quando Durin VII finalmente restabeleceu Khazad-dûm no início da Quarta Era, os Anões de Ered Luin também experimentaram uma forma de renascimento, seu último desabrochar antes da final e triste diminuição e desaparecimento de sua raça.
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