Harondor – O papel estratégico de Gondor do Sul

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Escrito por Fábio Bettega

Este artigo examina a região de Harondor e o seu papel no reino de
Gondor. No fim da Terceira Era, Gondor do Sul se tornou “uma terra
deserta e disputada”, disputada entre os Regentes de Gondor e os
Corsários do Umbar. Como outras partes do reino que se renderam ou
foram invadidas, seu estado inóspito, na época da Guerra do Anel não
mostra a história completa da região. Entretanto, o assunto recorrente
é a sua influência na história de poderes externos, principalmente
Umbar, Harad e Gondor, e o valor estratégico desta região na disputa
entre eles.

 


Geografia

Harondor marca o limite entre duas regiões distintas da Terra Média, as
Terras Ocidentais e Harad. Geograficamente era uma área ampla, medindo
aproximadamente 230 milhas de norte a sul e 400 milhas de leste a oeste
na parte mais distante, deste modo se aproximava ao tamanho de
Calenardhon. Era banhada pela Baía de Belfalas a oeste, Ephel Duath a
nordeste e ao norte e sul por dois grandes rios, o Poros e o Harnen. A
partir do que conhecemos das terras vizinhas de Ithilien, Mordor e
Harad, podemos especular que a terra era fértil, ao menos ao longo de
sua costa e cursos d’água. É difícil adivinhas as terras que eram
desertas, montanhosas ou florestas. A rota da Estrada de Harad sugere
um tipo de terreno com dificuldades físicas no centro (talvez os
contrafortes das Ephel Dúath), uma vez que a estrada faz uma ampla
curva a sudoeste após a travessia do Poros antes de ir para o sul e por
fim voltando a sudeste para a travessia do Harnen. Em um mapa da região
de aproximadamente 3017 TA, o cartógrafo descreveu como “Uma terra
deserta e disputada” ~ mas acredito que ele se referia às condições da
autoridade Gondoriana, e não à sua geografia.

População

Fora os pescadores residentes em Ethir Anduin, na costa noroeste da
costa, devemos especular sobre os habitantes Humanos da região.
Etnicamente, imagino que Harondor possuía a mistura Gondoriana normal
de Dúnedain e nativos; contudo, enquanto os nativos do reino eram em
sua maioria Terrapardenses, em Harondor eles teriam sido
predominantemente de Harad, com o Anduin funcionando como uma barreira
natural para a ocupação maciça desta região pelos nortistas.
Conseqüentemente eles adicionaram um traço sulista à mistura cultural
de Gondor (que era composta por Dunedain, Terrapardenses e Homens do
Norte). A lealdade deles pode ter variado de acordo com o poder de
Gondor de controlar e proteger a região, e ainda que a população
tivesse sofrido com a ocupação e guerras fossem travadas nela,
provavelmente alguns elementos da
população se sentiam mais parecidos com os invasores de Harad. Nos
ainda podemos colocar a questão, culturalmente Harondor era Gondor do
Sul ou Harad do Norte?

Em termos do assentamento dos Dunedain, enquanto os Dunedain do Sul
historicamente mantinham postos militares e de comunicação ao norte e
oeste de suas fronteiras, nas amplas terras de Calendnardhon e
Enedwaith, eles não ocuparam maciçamente nenhuma destas duas regiões e
em Harondor deve ter sido parecido.


História Antiga

Apenas o mais simples esboço pode ser suposto sobre a história destas
terras, antes da Terceira Era. Era inevitável uma área de migração ou
troca entre Haradwaith e as terras próximas de Ered Nimrais (até onde o
Rio Anduin poderia ser atravessado). Na Segunda Era os reinos e as
sociedades desta área presenciaram a intrusão de forças externas,
enquanto caia sob a influência da Sombra de Mordor e, mais tarde, sob o
poder e Númenor.

Nós podemos especular que enquanto os Numenoreanos estabeleciam
fortalezas em Pelagir e, mais tarde, em Umbar ao sul, os nativos da
região eram influenciados pelos Numenoreanos (por exemplo, pela troca e
aprendizado da Língua Geral por uso em acordos externos). De qualquer
forma, em algum tempo este contato se tornou agressivo e a população
regional teve que admitir a influência de Númenor:


“No início os númenorianos tinham vindo para a Terra Média como
professores e amigos dos homens inferiores afligidos por Sauron; agora
seus portos haviam-se transformado em fortalezas, mantendo amplas
regiões costeiras sob seu comando.”
(SdA Ap. A (i) p. 1098)

A proximidade de duas bases numenoreanas em Pelagir, um porto dos
Fiéis, e Umbar, uma fortaleza dos Homens do Rei, teria permitido aos
numenoreanos a exercer hegemonia sobre as costas vizinhas. Umbar, como
o mais poderoso e agressivo dos dois refúgios, teria sido mais grandioso neste papel e deve ter preservado tamanho controle que sobreviveu à Queda de Númenor.


Os Reis dos Mares de Gondor 800-1150 Terceira Era

O primeiro Reino de Gondor foi centralizado no Rio Anduin e incluía o
porto de Pelagir. Harondor ficava fora das fronteiras do reino até
pouco depois de 850 T.A., entretanto ocupações podem ter sido
estabelecidas antes desta época, ao longo de seu rio ao norte e nas
margens de sua costa. Nós podemos determinar o período no qual a região
foi incorporada no reino a partir de um comentário do Rei Tarannon:


“Com Tarannon, o décimo segundo rei, começou a linhagem dos
Reis-navegantes, que construíram esquadras e estenderam o poder de
Gondor ao longo da costa a oeste e ao sul da Foz do Anduin.”
(SdA Ap. A
(iv) p. 1107)

Harondor foi incorporado ao reino mais recentemente, no final do
reinado do Rei Hyarmendacil (1015 – 1149 T.A.), sob quem a amplitude do
território de Gondor alcançou seu ápice. Durante seu reinado as
fronteiras do sul do reino se estenderam.


“… ao sul chegou até o rio Harnen, e dali prolongou-se pela costa até
a península e o porto de Umbar.”
(SdA Ap. A (iv) p. 1108)

O papel military desta região é demonstrado pela grande vitória de
Hyarmendacil de 1050 sobre os reis de Harad. As crônicas reportam que
Hyarmendacil trouxe suas forças


“desceu do norte por mar e por terra e, atravessando o rio Harnen, seus
exércitos derrotaram completamente os homens de Harad.”
(SdA Ap. A (iv)
p. 1108)

A partir deste trecho pode-se deduzir que Gondor do Sul era usada como
palco pelo exército de Gondor em sua campanha e que seus portos e
estradas eram usados para facilitar o transporte do exército para o
local.

Em 933 T.A. Gondor capturou os Portos de Umbar e cuidou para que
continuasse sob seu domínio, apesar dos grandes esforços dos Haradrim
para recupera-lo. O controle de Umbar aguçou a necessidade de controlar
Harondor, já que oferecia porto e assistência marítima para a marinha e
permitia operações terrestres rápidas contra qualquer força que
ameaçasse os Portos. Por outro lado, a possessão de Umbar controlou
Harondor com mais facilidade, protegendo o seu litoral de invasões
aéreas ou marítimas.

Sobre a expansão territorial de Gondor, por que parar no rio Harnen,
quando há muito mais território para conquistar? Ele oferecia uma área
mais facilmente defensável do que o território ao sul do rio Harnen,
por causa de sua costa, das montanhas e das margens. O mérito de Gondor
do Sul era que representava um descanso entre as terras hostis do sul e
o coração do reino. Era usada para ajudar a comunicação de Umber com os
faróis, os portos e os postos de observação (semelhantes aos empregados
nos limites à noroeste de Gondor) e como um cinturão de terra a ser
negado às forças hostis. Era melhor disputar a invasão de limites
distantes do que ter que organizar uma defesa em Ithilien do Sul contra
um inimigo cruzando o Poros. Isto deve ter sido considerado o ideal
pelos seus reis e conselheiros. Mas Gondor nem sempre foi capaz de
controlar esta região e, naqueles tempos, de fato se tornou um palco
dos ataques no reino.


Harondor e a Coroa

Uma pergunta interessante é sobre a posição política da região. Quem
ditava as regras para Gondor? Era um feudo governado por uma ou mais
famílias locais que ofereciam lealdade e serviço à Coroa? Será que seu
valor militar significava que caiu sob a autoridade de um dos capitães
militares do reino (e.g. Capitão dos Fleets)? Ou, sendo uma região
fronteiriça com funções militares, ela foi confiada a um guardião
fronteiriço? Feudos tendiam a ter uma grande população, leal a Gondor,
com assuntos militares administrados por senhores locais (e.g.
Lebennin, Morthond, ou Lossarnach); nas fronteiras do reino havia
pântanos, com pessoas estranhas e hostis dentro ou fora de suas
fronteiras, ocupada sutilmente, com envolvimento real direto em defesa
por meio de sentinela (veja os papéis dos sentinelas em Angrenost e
Aglarond, e na Quarta Era de Ithilien [Carta 244]). Harondor pode ter
crescido em estatura política para um feudo e então, se tornado uma
posse menos segura, regredido a um pântano. Considerando o tamanho do
território, ele provavelmente teve inúmeros senhores e oficiais reais
governando diferentes áreas, portos, e fortaleza, entretanto talvez com
um dever direto a Coroa.


Defesas militares

A Estrada de Harad era uma importante rota de negócios. Ela também era
usada para acelerar os convidados armados de Gondor. Os fortes eram
mantidos em um local onde os soldados reais pudessem guardar contra
ataques repentinos, e escoltar as caravanas de troca que iam e vinham?
A existência de tais fortes seria consistente com a prática militar
Gondoriana (ccomo as defesas que guardavam o Desfiladeiro de Rohan, ou
a travessia setentrional do Anduin ou as passagens de Mordor).
Provavelmente os mesmos fortes presenciaram uma história diferente de
ocupação, captura, destruição, reconstrução ou abandono, enquanto
Gondor batalhava contra seus inimigos pelo domínio.

 
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A geografia regional de Gondor do Sul
 
 

Hostilidades do Sul 1448-3017 T.A.

A região prosperava das trocas da costa e através da terra indo até e
depois do sul por meio do Umbar e da Estrada de Harad. Contudo, quando
a relação entre Gondor e Harad se tornou obscura devido a agentes da
Sombra, então o ódio e a busca por domínio enfraqueceram a importância
da troca e contato entre eles.

A Contenda das Famílias (1432-48 Terceira Era) estava prestes a sofrer
uma grande conseqüência pela região. Gondor do Sul era mais alinhada
com o sul, facções apoiando maritimamente Castamir.
Depois de Eldacar recuperar seu trono, os rebeldes, como é sabido,
aproveitaram os refúgios de Umbar e se tornaram inimigos perpétuos dos
governantes de Gondor. Eles provaram um perigo mortal para o comércio e
costas de Gondor. O perigo era especialmente notado em Harondor por
causa de sua proximidade com Umbar. É possível que nas conseqüências
imediatas da guerra civil, os corsários apreciaram o suporte local na
costa de Harondor. Entretanto, a natureza cruel do conflito entre os
Corsários de Umbar e a Coroa se mostraram devastadoras especialmente
para Harondor, com cidades saqueadas, vilas incendiadas, e navios
mercantis capturados. As pessoas da região dependiam de períodos em que
os Corsários ficavam controlados ou a marinha Gondoriana forte o
suficiente para proteger as costas. A partir daí (1448 T.E.) os
registros relatam que:

“…e a região de Gondor do Sul tornou-se objeto de disputa entre os Cosários e os Reis.” (LOTR APP. A (iv), p. 1110)

A partir daí podemos compreender que Harondor passou por uma situação
de insegurança no reino de Gondor, enquanto o controle de seu
território e seu litoral mudava, forçosamente, entre Umbar e Gondor.

Os principais exemplos da mudança do equilíbrio de poder na região
estão contidos nos registros remanescentes. As forças de Harad
moveram-se através do Poros na invasão de 1944, sugerindo que a Coroa
permitiu que eles entrassem em Gondor do Sul já que só poderiam
oferecer resistência nas terras mais próximas e estreitas de Ithilien
do Sul. Assim, no mais tardar em 1944, a região se tornou seriamente
exposta a ameaças, por terra e mar. Nos séculos seguintes, Gondor
continuou contestando o controle da região. Mais tarde, na regência de
Turin II, nós lemos a respeito da ocupação do Gondor do Sul pelos
Haradrim. Embora a vitória posterior de Gondor em 2885 possa ter
acarretado um alívio, não foi confirmado se os Haradrim foram
totalmente expulsos de Harondor.

A esta altura é útil examinar o destino da região vizinha de Ithilien,
onde as forças de Gondor lutaram contra o poder renovado de Mordor
desde 2000 Terceira Era. Gondor não tinha condições de evitar a
infiltração das forças de Mordor naquelas terras e isto fez com que
gradualmente as pessoas de Gondor fossem embora daquela província. Por
fim, a terra foi dominada por Mordor e a presença de Gondor foi
limitada aos postos e patrulhas militares. Harondor teve o mesmo
destino. Sem dúvida, os esforços para controlar o território foram
intensificados pelo declínio de Ithilien em um pântano infestado de
orcs. Por ocasião da Guerra do Anel, Gondor ainda controlava as praias
do noroeste de Harondor e provavelmente mantinha navios, patrulhas e
postos para avisar os movimentos inimigos, porém não poderia obstruir a
passagem das forças inimigas por Harondor no caminho para servir Mordor.


Nota final

Na Quarta Era, depois da Guerra do Anel e da derrota de Mordor, a
reconstrução do reino de Gondor iria sem dúvida envolver esforços para
proteger suas costas e terras dos Corsários e dos Haradrim. Em tempo, o
estandarte do Rei iria mais uma vez voar sobre a passagem do Harnen e a
região de Gondor do Sul iria resumir seu passado como uma terra militar
e cultural entre Gondor e Haradwaith.

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