Dinheiro e Miséria

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Escrito por Fábio Bettega

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Hal G. P. Colebatch, famoso advogado australiano, escreveu em sua coluna no The American Spectator sobre a confusão envolvendo os herdeiros de Tolkien e a New Line, com relação aos direitos sobre os filmes de O Senhor dos Anéis.
 
 

 
Muitos anos atrás parte das tarefas de meu pai em Londres era obter empréstimos para a Austrália Ocidental no mercado financeiro Internacional, e emprestar dinheiro que estivesse sobrando ao Governo da Austrália Ocidental. Isto o levou a encontrar muitos dos maiores financistas e endinheirados na Europa, e ele registrou em seu diário algo que o confundia: Por que eles pareciam mais miseráveis quanto mais dinheiro tinham? Ele concluiu, talvez se permitindo um toque de paradoxo retórico, que ele descobriu que a melhor maneira de ser feliz é não ter dinheiro e o gastá-lo livremente. (Ele possui, é verdade, um pequeno jornal, mas o deu a meus meio-irmãos décadas antes de eu ter nascido).

Sim, dinheiro… eu nunca fui, ou fui apenas durante um período bem curto por volta de 1969, um fã dos Beatles. Particularmente, eu nunca fui um fã de John Lennon, cantando canções contra o dinheiro e o capitalismo e pedindo às pessoas para "imaginar o mundo sem posses" com um apartamento especial em Nova Iorque única e simplesmente para manter as peles dele e de sua mulher. Sendo hipocrisia ou auto-engano, é de virar o estômago. De qualquer forma, olhando para o que eles eram e para o que são agora, como os tempos mudaram!

Eu não sei o que se passa com Ringo Starr atualmente, embora ele tenha feito um trabalho bom o suficiente narrando na televisão o personagem "Thomas the Tank Engine". Embora descrito no passado como o mesmo habilidoso ou criativo dos Beatles, ele parece ser o único tanto vivo quanto feliz. Paul McCartney, preso em um divórcio amargo com milhões de dólares em disputa, parece um homem velho e triste, envelhecido prematuramente, apesar de que mesmo dando a Sra. McCartney tudo que ela razoavelmente espera, partindo e construindo uma vida, ele ainda seria rico. John Lennon, de uma certa forma, foi morto pela riqueza e celebridade.

Mas ainda mais triste, a meu ver, do que esta evidência do fato de que, como São Paulo disse, "Amor ao dinheiro é a raiz de todos os males" (não, por favor atente, que "dinheiro é a raiz de todos os males") são as notícias de que os herdeiros de J. R. R. Tolkien estão processando o estúdio responsável pelas filmagens de O Senhor dos Anéis em U$ 150 milhões, afirmando que eles não receberam direitos autorais pelos filmes. Parece, pelas notícias na imprensa, que a disputa pode impedir a filmagem de O Hobbit.

De fato eu dou muito grato ao filho de Tolkien, Christopher Tolkien, por diligente e devotadamente editar e publicar as várias obras incompletas de seu pai, e os vários rascunhos e fragmentos sobre o mundo da Terra-média que de outra forma não seriam vistos. Além disso, como regra eu sou bastante relutante em dizer para outras pessoas como elas devem organizar suas vidas, mas eu realmente acho que ele e sua irmã, que encabeçam o Tolkien Trust o qual é dito ter entrado com a ação, poderiam deixar isso passar, seja lá quais foram os certos e errados na lei (sobre o que eu não expresso opinião). A venda dos livros trouxe a eles uma fortuna enorme, mais do que eles ou suas famílias poderiam viver para gastar, e os filmes de O Senhor dos Anéis, mesmo que eles não tenham recebido os direitos sobre eles, catapultado as vendas desses livros , e um filme sobre O Hobbit com certeza faria o mesmo. Se esta disputa de fato impedir O Hobbit de ser filmado, estarão cortando os próprios narizes. E Christopher Tolkien tem 83 anos de idade. Quantos milhões mais ele acha que precisa?

Deixe O Hobbit seguir em frente, Christopher, eu sugiro. Fique com os direitos adicionais – que provavelmente serão muito milhões de qualquer forma – que serão trazidos pelas vendas extras de livros impulsionadas pelo filme. Deixe a grande obra de seu pai alcançar mais alguns milhões de pessoas na tela grande. Ele, afinal, não escreveu e publicou os livros para fazer uma vasta fortuna, mas sim para despertar as pessoas para as maravilhas e excepcionalidades do mundo de faerie.

E lembre-se do principal assunto do Hobbit: pessoas que acabam entrando em conflito pelo tesouro de um dragão, o qual foi extremamente avarento. Antes que o ataque dos goblins os unisse, os lados bons foram levados às raias de uma guerra entre si porque, embora nenhum estivesse exatamente errado e houvesse tesouro suficiente para ser dividido entre todos, cada um – particularmente o Senhor dos Anões Thorin Escudo-de-Carvalho – insistia no que considerava seu direito legal estrito. Quando a Bilbo Bolseiro, o herói, é dado uma parte no final, a experiência o leva a pegar apenas uma parte modesta do que lhe é oferecido, dizendo que ele não sabia como gerenciar um tesouro tão grande "sem guerra e assassinato por toda parte". E lembre-se também, talvez, das palavras do arrependido Thorin Escudo-de-Carvalho em seu leito de morte, após a batalha pelo tesouro: "se déssemos mais importância à comida, à diversão e canções do que a juntar tesouros, seria um mundo mais feliz".

Hal G. P. Colebatch, advogado e autor, ensinou Direito e Relações Internacionais na Notre Dame University e na Edith Cowan University, na Austrália Ocidental e trabalhou como parte do gabinete de dois Ministros da Austrália.

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