Classificação: Livre
Gênero: Drama, Romance
Disclaimer: Eu não possuo nada relacionado a Tolkien…
Palavras: 511
Texto Original: If I Could Change
No curso da sua longa vida, ele havia vivenciado o suficiente para conseguir controlar seus medos, e transformá-los em uma arma poderosa para ser usada contra a sombra.
Ele havia visto os horrores que Ungoliant e Melkor infligiram sobre a Terra Sagrada… ele havia atravessado o Helcaraxë e lutado inúmeras batalhas. O cerco a Angband já durava por mais de 300 anos, mas em seu íntimo ele sabia que esta batalha estava chegando ao fim… assim como o seu tempo na Terra-média.
Ele não tinha medo de morrer. Ele vivera por tempo suficiente nas sombras de Angband para estar pronto para isso. O que ele temia era dizer adeus para as coisas que ele jamais veria de novo… para aquela a quem ele jamais veria de novo.
Aegnor a encontrou no primeiro lugar que procurou… a antiga biblioteca.
“Andreth”, ele sussurrou, sentindo o seu coração partir por saber que esta era a última vez que seus olhos a veriam. Ela, que entre os horrores da guerra o fez ver beleza, e que com as suas palavras gentis e sabedoria além de sua tenra idade, o fez entregar o seu coração nas suas mãos cuidadosas. E ele sabia que ela retribuía o seu amor, e que, se ele pedisse, ela se entregaria a ele pelo resto de sua vida mortal, e oh, como ele desejava passar esses anos preciosos ao seu lado. Mas, não… ele não podia. Ele não podia oferecer a ela um coração que estava fadado a parar de bater brevemente.
E lá ele ficou, enraizado no mesmo lugar, observando Andreth, não querendo abrir mão… não agora. Mas como se percebendo a sua presença, Andreth olhou para cima e, ao vê-lo, um dos sorrisos mais brilhantes que ele jamais vira iluminou o seu rosto, enquanto a jovem donzela se encaminhou para encontrá-lo.
“Meu senhor”, ela disse, com uma graciosa reverência.
Aegnor olhou dentro dos seus olhos e sentiu-se tomado pelo amor e carinho que viu naqueles lagos azuis, e naquele momento ele soube.
Ele soube que estava fadado a amá-la e sofrer a sua ausência por toda eternidade, e que não havia nada que ele pudesse fazer para mudar isso, pois o destino dos Edain não é o mesmo dos Eldar.
“Meu senhor?” ela perguntou, um pouco insegura agora, pois o elfo ainda estava por mover-se ou proferir qualquer palavra. Ele tentou dizer algo, mas as palavras recusavam-se a sair. Tudo o que ele queria era abraçá-la forte e nunca mais soltar, pois talvez assim os Valar não a levariam embora para além dos círculos do mundo quando chegasse a hora.
“Aegnor?” ela perguntou, preocupação já evidente na sua voz, tocando-lhe suavemente a mão.
O toque cálido o pegou desprevenido e ele não pode conter a lágrima descuidada que caiu por seu rosto.
Fechando aquelas pequenas mãos dentro das suas maiores e calejadas mãos de guerreiro, ele as beijou suavemente, e reunindo toda a força que possuía dentro de si, Aegnor falou as palavras que temia mais que o próprio Senhor do Escuro.
“Eu vim aqui dizer adeus”.