Não muito longe dali, Aragorn recuperava-se de uma queda que sofrera durante uma batalha com um warg. Ele achara um cavalo e estava montado agora. Havia visto as tropas de Saruman marchando. Deveriam haver mais de dez mil orcs, meio-orcs e bárbaros da Terra Parda. Aragorn cavalgava rápido, pois deveria chegar ao Abismo de Helm antes dos inimigos. Lá longe, porém ele viu um grupo se aproximar a cavalo. Tentou fugir, mas o grupo o interceptou. Aragorn cavalgou o mais rápido que pode, mas o grupo avançava rápido e quando eles estavam bem próximos, o mortal ouviu uma voz suave e cristalina.
– Ai na vedui Dúnadan! Mae govannen!
– Frodo e Sam resolveram ir para Mordor, mas orcs de Saruman nos atacaram. – continuou Aragorn. – Boromir morreu e Merry e Pippin foram levados pelos orcs. Eu, Legolas e Gimli os seguimos até Fangorn. Lá encontramos Gandalf, que ressuscitou e nos ajudou. Fomos até Edoras e avisamos Théoden.
– Então Elladan estava certo. Ele previu que você faria isso. – disse Vendeniel.
Aragorn sorriu. – Mas Théoden estava possuído por Saruman, que o controlava. Gandalf o ajudou e o aconselhou a fugir para o Abismo de Helm. Mas no meio do caminho fomos atacados por wargs, e eu caí no precipício. Sorte minha haver um riacho ali, se não eu teria morrido. Achei o cavalo e vi o exército de Saruman.
Vendeniel ficou séria. – Quantos?
– Cerca de dez mil orcs, meio-orcs e bárbaros. Na velocidade em que vão, alcançarão o Abismo ao anoitecer. Precisamos ser rápidos! Noro lim, noro lim – disse Aragorn, apressando o cavalo.
O elfo estava numa sala, procurando um colete de malha. Ele não reparou que Vendeniel entrou, pois estava de costas para a porta e a elfa não fazia barulho ao andar.
Vendeniel falou num sussurro. – Pelo visto, está em dúvida.
Legolas então a abraçou novamente. – Que lástima eu não ter lhe reconhecido lá fora. Em meio a tantas pessoas, e a dama mais bela do mundo escondendo-se com uma capa e capuz.
– Acho que minha aura causaria muito transtorno. Mas agora devemos nos preparar! Segundo Aragorn, uma tropa de dez mil à comando de Saruman marcha para cá!
Legolas ficou sombriamente sério. – Dez mil! Somos apenas trezentos… quatrocentos no máximo!
Vendeniel o acalmou beijando-o. – Acalme-se! Vamos, eu desejo falar com Théoden.
Legolas a levou até onde Théoden estava. Aragorn já estava lá, e pelo visto, acabara de dizer ao rei o que vira. O Senhor dos Cavaleiros estava extremamente angustiado. Vendeniel tirou seu capuz e foi até ele. Chegando em frente à cadeira onde Théoden estava, ela reverenciou-o e ele olhou espantado.
– Rei Théoden – disse Aragorn, – aqui há uma aliada valorosa. Esta é Vendeniel de Hennut, Além Mar. Veio para a Terra Média para ajudar os povos livres na luta contra Sauron, e evidentemente, contra Saruman.
– Estou pronta para batalhar, majestade. – disse Vendeniel.
Théoden olhou para a moça. – Não, eu não posso deixar uma mulher lutar. Você irá para as cavernas, então. Proteja os que estão lá, esta será sua tarefa.
Vendeniel suspirou. – O senhor não me compreendeu. Eu não pedi permissão para lutar. Eu vim avisar que vou lutar.
– Controle sua audácia, Hiril Athangaear! – disse Théoden.
Vendeniel estava com raiva. Virou-se e saiu. Aragorn tentou converter a situação. – Vendeniel é uma guerreira experiente. Traz consigo seis outros bons guerreiros élficos. Não é uma ajuda que se pode recusar, majestade. Gandalf lhe diria isso, se estivesse aqui.
Théoden olhou para Aragorn. – Então eu confiarei em você, Aragorn. Diga à moça que ela pode lutar, então.
Legolas escondia, mas também se sentia mais aliviado em Vendeniel ficar fora da luta. Ele temia por ela, mesmo sabendo que era uma boa guerreira. Aragorn então veio de dentro da sala. – Théoden não sabia quem você era, Vendeniel. Eu falei com ele e lhe expliquei a situação, e ele falou que não irá impedir-lhe de lutar.
Depois disso, todos foram se preparar para a batalha. Vendeniel disse aos outros que fora falar com Théoden, e isso não era uma mentira por inteira. Foram até a sala onde estava o arsenal. Mas os elfos que vieram com Vendeniel já possuíam seus trajes de batalha: cada um dos vanyar possuía uma armadura dourada e uma capa azul. Vendeniel arrumou um arco que ganhara em Lórien e prendeu sua espada na bainha.
– Salve Théoden, Rei de Rohan! – dizia Haldir. – Que nesses dias escuros possamos mais uma vez criar uma aliança entre elfos e homens para o bem da Terra Média!
Os elfos respondiam. – Gurth an Glamhoth! (Morte à horda do alarido!)
Os orcs chegaram perto e começavam a bater as armaduras e fazer um barulho insuportável. Os grunhidos e palavras em sua língua nojenta enchiam o ar.
Os elfos, inclusive os de Vendeniel, atiraram. Os tiros eram perfeitos. Os orcs vieram com suas lanças e miraram. Os elfos atiravam para detê-los. Mas quanto mais eram mortos, mais vinham. Em desespero, Vendeniel gritou e sua aura explodiu em luz, e seu grito encorajou os elfos:
– A Elbereth Gilthoniel o menel palan-diriel, le nallon sí di-nguruthos! A tiro nin, Fanuilos!
Mais flechas élficas acertavam os orcs. Então, eles vieram com escadas. Os elfos guardaram seus arcos e sacaram as espadas. A espada de Vendeniel brilhava, e ela parecia maior e imponente, terrível e cruel.
– Am Marad! Am Marad! Haldir, am Marad! (Para a Torre de Menagem! Para a Torre de Menagem! Haldir, para a Torre de Menagem!)
– É culpa minha. É tudo culpa minha. – murmurava Vendeniel.
Findar sorriu. – Não. Eu lhe segui por que quis, você não me obrigou. Você sempre me foi muito cara. – ele respirava com dificuldade e de repente fechou os olhos.
– Findar! – dizia Vendeniel, aflita. – Findar, acorde. Por favor. – quando ela percebeu que a respiração do seu primo parara e que o pulso também, ela se deu conta. – Estë! Estë! – Em seu desespero, começava a chamar o nome da Vala da Cura.
Nada mais adiantava fazer. Aragorn tentava cuidar dos feridos. Agora a vitória parecia muito distante. Vendeniel levantou-se e enxugou as lágrimas. – Agora, se temos que morrer, que seja com honra.
Eles conseguiram os cavalos. Ao centro vinha Théoden, ladeado por Aragorn e Vendeniel, e depois vinham também Legolas, Elladan, Elrohir e a comitiva de Hennut. Gimli correra para o alto da torre e soprava a corneta do forte, que ecoava e respondia nos abismos. Os orcs estavam arrombando a porta. Eles entraram e o cavalo de Vendeniel empinou.
– A Elbereth Gilthoniel! A tiro nin, Fanuilos! – disse ela e então eles avançaram, derrubando os orcs. Desesperados, talvez pela aura de Vendeniel e pelo brilho de Hennut Nárë. Os cavaleiros desceram e saíram, indo pela ponte do Forte. Mas ao sair, haviam muitos orcs, milhares, dezenas de milhares. Ouviu Théoden dizer ao seu lado:
e;pria língua, e todos repetiram a saudação. Mas Vendeniel apenas ergueu sua taça, mas não disse nada.
Dessa vez, estava numa ponta, ao lado de Théoden. À sua frente estava Gandalf, ladeado por Aragorn, e ao seu lado, Legolas. Quando ela pousou sua mão sobre a perna, sentiu que Legolas pôs a mão dele por cima da dela, e que a acariciava. Sorte de Vendeniel que Haryon estava entretido numa conversa com os filhos de Elrond e não percebeu. Mas alguém viu o discreto gesto. Aragorn percebeu, mas sorriu, indicando que não daria uma palavra sobre aquilo. Depois da refeição, Gandalf e Théoden resolviam o que fariam.
Théoden então disse. – Eu irei com você.
– Se então quer ir, vá. – disse Gandalf. – mas não podemos demorar muito.
Então partiram para Isengard Théoden, Éomer, Gandalf, Aragorn, Gimli, Elladan, Elrohir, Vendeniel, sua comitiva e mais dez cavaleiros. Partiram logo após comerem e cavalgaram a toda velocidade. No final do primeiro dia chegaram ao rio Isen, e podiam ver uma fumaça no Nan Curunír, o Vale do Mago.
– Estou pensando no que Saruman está preparando para nos receber. – disse Aragorn, olhando a fumaça. – isso definitivamente não é normal.