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Indo para Valinor

– Você conhece Valinor?

– Vali quem?

– Valinor. E não é quem, é o quê.

– E o que é?

 

 

 
– Sei lá. Por que acha que perguntei? Esses caras tão nos levando pra um lugar isolado, sem ninguém por perto pra ferrar com a gente.

– Só existimos nós agora. Qualquer lugar que nos levarem será isolado, sem ninguém por perto.

– Isso é o que eles querem que você pense. É tudo uma armação, você vai ver.

– Manera, meu. Um emissário dos Valar nos disse para ir pro oeste, então é pra lá que estão nos levando.

– E você sabe o que é um Valar? Aquilo foi tudo invenção só pra nos pegar desprevenidos, mas não pegarão a mim: Dumbelf.

– Belo nome, hein?

– Algo contra?!

– Nada, nada! Agora vamos, eles já estão continuando.

E depois de muito tempo caminhando, se esforçando, fizeram outra parada de sua dura jornada para o oeste, em direção à Valinor. Lá, os elfos pararam para descansar mais uma vez, onde os outros dois podiam continuar seu “papo cabeça”.

– Nós paramos. Por quê?

– Pra gente descansar, quem sabe? Te acalma, Dumbelf.

– Não, cara. Eles só tão esperando a gente virar as costas pra nos levar.

– Eles quem?

– Ora, quem mais: os azevinhos.

– Quem?!

– Nunca leu Tolkien? É azevinho isso, azevinho aquilo. Foi tudo planejado e arquitetado desde o início. Te descuida que tu desaparece. Se eu fosse você, dormiria com um dos olhos abertos daqui pra frente.

– Tu não acha que ta sendo um pouco paranóico demais?

– Isso não é paranóia, é precaução. É sempre bom saber quem são seus inimigos.

– Nós não temos inimigos.

– Claro que não.

E Dumbelf terminou sua frase sarcasticamente, deixando seu amigo confuso. A verdade era que Dumbelf estava tão paranóico que duvidava da própria mãe:

– Sua velha asquerosa, nojenta! Também quer me pegar, né?! Mas eu sou esperto demais pra você ou suas companhias da hora do chá!

Porém, seu amigo ainda conseguia mantê-lo razoavelmente são. O problema é, por quanto tempo?

Algum tempo depois, eles voltaram a andar e o fizeram por muito mais tempo, até que, ao longe, podiam ver campos abertos, um palácio enorme e belas criaturas que os esperavam. Ao verem aquilo, seu líder falou:

– Vejam, é Valinor!

Então, o amigo de Dumbelf falou:

– Viu, não tem nada com que se preocupar.

– É tudo armação, tu vai ver só.

Então, próximo a ele, um elfo falou:

– Dumbelf, com quem estás falando.

E Dumbelf se virou e viu que não havia ninguém ao seu lado. Nunca houvera. Sua paranóia era tanta que, para manter a sanidade, criara um amigo imaginário. Talvez fosse hora de esquecer e continuar sua vida. Talvez…

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