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Frodo e o poder do Anel

Frodo e o Um AnelDurante os treze meses que Frodo Baggins foi portador em período integral do Um Anel, pudemos ver transformações profundas no caráter do hobbit. Mas, essa terrível prova, acabou por deixar Frodo em um estado de espírito relativamente taciturno, mesmo muito tempo depois da destruição do Anel. Ao longo de nossas vidas, também passamos por fortes momentos de transformação e que, por vezes, podem resultar-nos em uma melhora ou piora de nosso ânimo. Afinal, o que foi que Frodo sofreu na Guerra do Anel?
 
 
É claramente perceptível que o surgimento do Anel da vida do hobbit só lhe trouxe problemas e preocupações desde o primeiro minuto. No entanto, após a ida de Bilbo para Rivendell, o Um já começava a ocupar a consciência de Frodo a cada minuto – muitas vezes ele parava seus afazeres diários para checar se o Anel estava muito bem escondido em seu baú.

Trazendo esta história para nós mesmos, irei associar muitos dos elementos desta vivência de Frodo com a teoria Psicanalítica, em uma visão Freudiana. O baú em que tantas vezes o hobbit foi ao encontro, corresponde ao nosso inconsciente – lugar escuro, pouco visitado e que carrega tantos mistérios. Já o Um Anel representa o Super-ego. Este nada mais é do que a autoridade externa que introjetamos e que passa a ser nosso direcionador em tudo o que fazemos ou pensamos em fazer – a partir dele passamos a nos punir e nos sacrificar em nome daquilo que ele considera correto para nós.

Podemos verificar que ao passar da história, o poder do Anel vai crescendo e se fortificando, passando a dominar cada segundo da vida de Frodo: assim também o é conosco – a partir da infância, passamos a interiorizar essa autoridade do super-ego de forma cada vez maior e quando chegamos à fase adulta, somos completamente controlados por ele e perdemos a noção do que nos proporciona prazer.

Se há um personagem em SDA que perde a noção de si e passa a se dedicar inteiramente em favor de uma coletiva, este é Frodo. O hobbit abdica de toda a libido (instinto de prazer) em prol de vencer as maiores dificuldades a fim de destruir o Anel.

O que acho importante de analisar os derradeiros momentos de Frodo é o quanto nos assemelhamos com ele. Na civilização do século XXI, o mal-estar que nos toma conta é grande demais e é quase como se tivéssemos um Sauron a correr em nosso encalço todo o tempo! Já não nos damos ao direito de fazer o que nos dá prazer ou alegria porque temos que trabalhar, pensar em algo para ganhar dinheiro, ver o outro ser humano como um ser que só quer competir conosco etc. É quase como se dia após dia nos tornássemos nâzgul e abandonássemos toda a essência humana que possuímos dentro de nós.

Thomas Hobbes já dizia que “o homem é lobo do homem”. Mas talvez estejamos indo longe demais e nos tornamos nossos próprios inimigos ao permitir que nosso super-ego se converta em um dragão de nós mesmos que somente visa a auto-destruição e flagelamento da condição de indivíduo. Não somos mais meras pessoas como no século XV: abandonamos a condição servil em favor da liberdade de cada um e a nossa construção de indivíduos. Então, não podemos ser nós mesmos os culpados pela nossa desgraça.

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