Viagem de um Anão – Capí­tulo 6 – Aves Negras e Risos Maléficos

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Escrito por tywin lannister

Depois de comer até estar cheio, Rarum começou a beber vinho tinto, óptimo, vinho da colheita do ano 876 desse viagens-de-um-anao.jpgmilénio, das vinhas pedidas das distantes montanhas Rodeorn. Entendendo os seus limites, o anão pôs o vinho de lado.
 
 
Foi pedida a sobremesa, três apetitosos bolos, um pão-de-ló, um de ananás e um de laranja, juntamente com tarte de maçã. Rarum já não comeu muito, pois encontrava-se cheio, mas não dispensou uma fatiazinha de tarte de maçã. Depois prosseguiu conversa, perguntando ao rei:

-Bem o nosso cavalo e a nossa carroça, onde se encontram realeza?

-Oh, não se preocupe, estão em segurança. Neste momento o seu cavalo está a ser escovado e alimentado, e as rodas da sua carroça substituídas. Quando desejam partir?

-Bem, nós estávamos a pensar partir hoje, eu ainda tenho uns assuntos a tratar e Rarum deseja chegar rapidamente á sua cidade natal, nas montanhas Longrock! – respondeu Morit.

-Então o vosso desejo será satisfeito. Mas deixo-vos um concelho que vos poderá vir a ser útil: tenham cuidado na floresta, principalmente á noite. Os orcos estão longe, mas os gnomos travessos estão sempre á espreita! Ainda á uma semana atrás um pequeno grupo de gnomos ficou acampado perto da casa do portão… toda a cidade ficou em polvorosa, e o guarda do protão não pregou olho. Apesar de sermos muito mais que suficientes para os derrotar, se um deles se safasse poderia avisar os outros da nossa localização! Agora temos recebido notícias das fadas da floresta que eles estão longe e, ao que parece, estão a formar uma aliança com Itridin.

-Mas os gnomos não tinham sido banidos da floresta? E para mais, porque vocês não os abatem? – perguntou Rarum, curioso.

-Porque eles têm esconderijos que nem nós conhecemos! Mas se forem com cautela e silenciosos pode ser que lhes escapem. Para além disso, Morit possui grandes poderes e a sua ajuda pode ser preciosa! – respondeu o rei, soltando um pequeno sorriso confortante.

– Claro, claro, – disse Morit – mas também é preciso cautela, essas aberrações são difíceis de enganar!

 

Rarum tinha um frio na barriga. Histórias sobre gnomos já lhe tinham chegado aos ouvidos, histórias arrepiantes e inquietantes mas nunca pensara que se tivessem estendido o seu território até á Grande Floresta Central. Os gnomos habitavam o grande norte, nas Montanhas Geladas do Norte, no Desfiladeiro Superior Nórdico e nas Montanhas Finais. Nessa zona habitavam os elfos do norte, que tinham várias cidades na montanha e nos desertos gelados. As cidades das montanhas eram frequentemente cercadas, sem que os gnomos tivessem qualquer êxito. Mas pelos vistos tinham conseguido colocar pequenas colónias na grande floresta, a milhares de quilómetros dos seus reinos montanhosos. Agora tinham-se aliado a Itridin e iriam, muito provavelmente, causar grandes danos no bonito reino élfico da floresta.

A imagem de viajar numa floresta escura, com gnomos maléficos espreitando por entre os troncos das árvores arrepiavam-no, mas não deixou que os outros percebessem esse sentimento e perguntou ao rei:

-E como conseguiram eles passar até aqui? Quero dizer, os que vieram das Montanhas Geladas do Norte não tiveram de passar pelo reino dos elfos do nrote, mas os restantes tiveram… e como passaram todos eles pelo reino dos homens do norte?

-Oh, meu amigo! – respondeu o rei – Isso não é tão complicado como parece! Provavelmente, os do extremo norte vieram pelo lago gelado de Uribor, atravessando por entre os seus blocos de gelo. Quando chegaram ás Montanhas Geladas do Norte, seguiram pelo lado leste da Tundra de Uimur, entraram na Floresta do Norte, atravessaram-na, e depois foi só seguir o lago Diandor até entrarem nas matas da floresta central. Mas não se preocupe. Duvido que consigam conquistar a floresta. Mesmo com a aliança de Itridin, nem eles nem os Orcos das ilhas negras, entraram na floresta sem terem a certeza de que ganharam. E essa certeza nunca terão!  

-Bem – disse Morit – , se vossa alteza assim o consentir, gostaríamos de levar alguns mantimentos daqui… Apenas pão, pois o nosso já está duro, e alguma água que se está a acabar. De resto não é preciso mais nada, pois temos ainda bolo de mel, biscoitos, mel, presunto, chouriços, linguiças e compotas.

-Com certeza, com certeza. Mas em vez de pão, recomendo que levem bolacha élfica. Tem o mesmo efeito que o pão mas é doce e não endurece tão rápido! – propôs o rei.

-De acordo nobre rei. De bom grado aceitamos, e mil agradecimentos lhe deixamos! – respondeu o anão, com um riso falso entre os lábios, pois não conseguia esquecer a imagem dos gnomos na escuridão da floresta.

-Calculei que aceitassem e já mandei carregar a vossa carroça.

O rei levantou-se e ordenou a Rarum e Morit que o seguissem. Percorreram as magníficas plataformas da cidade, passando de uma para a outra por soberbas pontes de madeira, sem pilares. O anão e o mago trocavam olhares curiosos, tentando que um dissesse ao outro para onde se dirigiam. O rei ia altivo, seguindo pela madeira sem fazer um único ruído, muito apressado. Os seus pés eram leves, e davam a ideia de que este não tocava no chão. Tentando acompanhar a passada no nobre senhor élfico, Morit e Rarum iam a conversar, sobre o soberbo almoço e a simpatia do rei. Chegaram a uma plataforma de tamanho considerável, que albergava um estábulo onde se encontrava o cavalo dos nossos amigos e a sua carroça.

-Aqui está, meus amigos, a vossa carroça e o vosso cavalo! a carroça está carregada com novos mantimentos, e apenas lá continuaram os doces, mantas e os pertencentes de Rarum, que ele trouxe de Alin. De resto, tudo desapareceu. Colocamos bolachas élficas e algum porco salgado, bem como um barril de vinho tinto, oferta dos elfos da floresta para o senhor anão Rarum – disse o rei, apontando para a carroça, que abarrotava de coisas. Felizmente os elfos são muito cuidadosos e tinham arranjado tudo de maneira a não cair. Depois o rei prosseguiu:

-As fadas voadoras da floresta irão leva-los de novo para baixo, para ao pé da casa do portão. Aí, um dos meus guardas irá conduzi-los de novo á estrada.

-Nem sei como lhe agradecer, nobre rei! – disse Rarum.

-Agradeça-me evitando os gnomos! Não se deixe apanhar, não deixe que o matem, e eu ficarei contente – respondeu-lhe o rei.

Sem demoras, o rei chamou um guarda, magro e muito rápido e ordenou-lhe que os guiasse até á escada da casa do portão e da casa do portão até á estrada. Rarum e Morit inclinaram, levemente, a cabeça para o rei e seguiram pela cidade, por um atalho que o guarda disse conhecer, até a escada. Chegados á escadaria, começaram a desce-la, muito apressados. Rarum, mais uma vez, não se deixou ficar calado, e perguntou:

-Oiça, porquê tanta pressa? Quero dizer, nós estamos aqui de visita e é assim que se despedem de nós? Abrande por favor, ou então explique-nos o que se passa!

Morit abriu os olhos, espantados, e preocupado com a reacção do guarda, deu uma cotovelada no ombro de Rarum. O elfo parou na escada, olhou para o anão e para o mago e disse:

-Nada eu devia responder, nobres viajantes, pois essas são as minha ordens. Mas responderei, para que fiqueis alerta! Um bando de corvos, muitos corvos, enviados por Itridin, anda a sobrevoar a zona. Vão para as zonas do lago Diandor, mas passam por aqui, pois o feiticeiro negro sabe da existência de uma cidade secreta por estas bandas. As fadas da floresta avisaram-nos, eles encontram-se a cerca de cem quilómetros para Oeste. É necessário que os habitantes da cidade se escondam e camuflem as suas casas. Mas vocês não devem correr esse perigo, não habitam na cidade. Mas por favor, avancem, peço-vos! Ainda tenho de voltar á cidade antes da chegada dos corvos!

-Mas… o rei sabia? – perguntou Morit, ele próprio assustado.

-Sim, sabia, mas não vos queria preocupar! Ninguém deve saber que vos contei! Mas vamos, avancem, continuem.

Rapidamente, os três continuaram pela escada a baixo, aos tropeções. Chegando ao pátio, Tuimar lançou um olhar interrogativo ao elfos, que lhe respondeu com um outro olhar, afirmativo. Sem sequer parar, Tuimar dirigiu-se ao portão, destrancou-o e estalou o dedo de maneira a fazer a hera desaparecer. A floresta estava escura, e um cheiro a chuva muito distante invadia-a. Ao lado da casa do portão encontrava-se a carroça e o cavalo. Sem perder tempo Morit pegou nas rédeas do cavalo, que avançou rapidamente puxando a carroça. Para que a carroça não ficasse ainda mais lenta, nenhum dos três se montou nela. Uma chuva de pingas grossas começou a cair, numa quantidade enorme a floresta começou a ficar alagada. Morit subi para a carroça, a fim de a manobrar de maneira a evitar que esta se enterrasse na lama. A raposa seguia-os, também apressadamente, e completamente encharcada, com o seu pêlo felpudo todo despenteado.  Mais de meia hora passou, nestas condições, quando desembocaram na estrada que, devido á sua construção de boa qualidade, não se deixava alagar. Sem hesitar, Rarum subiu para a carroça, e guarda elfo voltou para trás. A chuva era torrencial e os nossos amigos estavam completamente encharcados. Rarum fechou a parte traseira da carroça, com as suas cortinas, atrás e á frente, junto ao acento. O silêncio era terrível e relâmpagos assustadores iluminavam a floresta. Era primavera, e Rarum achou muito estranho estar a chover assim naquela altura do ano, por isso perguntou a Morit, quase gritando, para que a sua voz se distinguisse por entre o ruído da chuva a bater no solo molhado da floresta:

-Meu caro! Será natural este tipo de chuva, nesta altura do ano? Nunca vi chover desta maneira, nem nunca tive de gritar a dez centímetros de um amigo para que ele me ouvisse!

-Não, não é normal, meu amigo! – respondeu-lhe o mago, franzindo os olhos – Das duas, uma! Ou é uma corrente fria ou isto é obra de xamãs gnomos! Malditas criaturas! De certeza que fizeram isto a mando de Itridin, para que os elfos de Luituin não consigam camuflar as suas casas! Mas ele engana-se, os elfos possuem muitos segredos, e uma das suas melhores habilidades, é a da camuflagem!

-Mas… Morit, tem a certeza de que eles não correm qualquer perigo?

-Não, meu caro anão, não correm! Eles sabem muito bem o que fazem, e se nunca foram descobertos, por alguma razão será! Vá acalme-se e preocupe-se connosco! Os gnomos andam por aí, não o quero alertar, mas é preciso ter cuidado! Andaram a afazer das suas, e aproveitam o tempo de chuva para a fazer travessuras a viajantes e a pequenas aldeias élficas no solo da floresta!

-No solo da floresta? Mas espera aí, as povoações élficas da floresta central não são nas árvores?

-As grandes cidade sim. Agora, as vilas e as aldeias, normalmente, são construídas debaixo da terra. Entra-se por uma gruta ou por portas que eles constroem em troncos velhos e mortos, com folhas de fingir. Mas os gnomos escavam e entram nelas, pregando partidas deveras desagradáveis, e, de vez em quando, chegam a provocar mortes! Mas não se entretêm apenas nas aldeias e vilas élficas! N maioria das vezes, não conseguem entrar nelas e atacam, escravizam e, talvez, matam, viajantes que atravessam a floresta! Por isso, é preciso extremo cuidado, e olhos bem atentos!

Um grande arrepio percorreu o corpo de Rarum, que meteu a mão por entre a cortina da carroça e tirou uma manta, com a qual se tapou. Olhava para as bermas, inquieto, pensando na imagem de gnomos travessos, feios e vestidos com trapos velhos, sem cor e nojentos, espreitando por entre os troncos dos abetos e pinheiros. Tinha medo, muito medo, que alguma patrulha os avistasse e ainda mais medo do que as vis e nojentas criaturas podiam fazer deles. A ideia de ter Morit, um mago, a seu lado, reconfortava-o e deixava-o um pouco mais tranquilo, mas não resistiu ao silêncio, apenas quebrado pelo barulho enorme das gotas de água a espalmarem-se contra o chão, e perguntou a Morit:

-Meu amigo… se um grupo de gnomos nos interceptasse, o que poderia você fazer?

-Oh oh oh… bem, velho anão, provavelmente tentaria assusta-los, de maneira a que fugissem e nos dessem tempo de aumentar o passo e fugir do local. Se não se assustassem, teria de dar luta, e, provavelmente, magoaria muitos deles. Mas enfim, não pense mais nisso! Mesmo que eles nos apanhem, nós fugiremos!

As palavras do mago aumentaram ainda mais a ansiedade do anão. De repente, ecoaram pela floresta muitos risos, muitas gargalhadas, uma após a outra. Rarum virou-se para Morit, com um olhar preocupado. O mago olhava para ambas as bermas, pois o som vinha de ambos os lados, procurando a confirmação para aquilo que mais temia. O anão estava desesperado, e desembainhou a adaga que tinha á cintura olhando em todas as direcções. Depois, Morit falou:

-São muitos, meu pobre amigo! E não vêem nem do lado esquerdo nem do direito; aproximam-se pela frente, pela estrada, e encontram-se a dois quilómetros!

-Mas… mas, como é possível! As gargalhas estão tão perto!

-O vento está a favor das suas vozes.

Sem mais uma única palavra, Morit deu uma forte puxada nas rédeas do cavalo, que se desviou para a berma.

-Estás a ver aquela grande rocha, ali ao fundo? – perguntou Morit, apontando para uma gigantesca pedra que se encontrava a uns cem metros da estrada.

-Estou sim! – respondeu Rarum, olhando por entre os troncos das árvores e tentando ver alguma coisa por entre a água que lhes escorria do cabelo.

-Vamos esconder a carroça e o cavalo ali atrás, a rocha é muito alte a larga, serviria para esconder duas carroças iguais a estas, ao comprido, e mais duas na vertical!

A carroça avançava por entre a floresta, puxada pelo cavalo agilmente controlado por Morit. Esconderam-se atrás da rocha, e Morit e Rarum puseram-se de guarda, cada um na sua ponta da pedra. A espera fora insuportável. Os olhos dos dois começavam a ficar cansados, de olhar tão fixamente para a estrada iluminada por relâmpagos ofuscante. A raposa encontrava-se de alerta, com as orelhas bem erguidas e os olhos buscando na escuridão. As gargalhadas aproximavam-se a cada minuto, mas pareciam nunca mais chegar. De repente, um enorme ruído desceu do céu,  e o mago e o anão olharam para cima. Um enorme bando de aves, negras como breu sobrevoava a floresta, a grande velocidade. Eram corvos de Itridin que procuravam, incansavelmente, por entre as copas das árvores. O grupo de aves parecia não acabar. Os dois companheiros distraíram-se, durante quase vinte minutos. As aves andavam em círculos, sobrevoando aquela zona. Estavam á procura da cidade, pois haviam ouvido as gargalhadas dos gnomos e confundiram-nas com cantorias. Depois de perceberem o seu engano, os negros vigilantes prosseguiram a sua viagem, até ao lago de Diandor. Durante breves segundos os nosso amigos ficaram inconsciente, pensando no que iriam aquelas malditas aves fazer a tão longe, ao lago Diandor. Mas o rosnar da raposa despertou-os, e aperceberam-se, terrificados, de que as gargalhadas estavam agora muito próximas. Rarum mandou calar Luin, e olhou para a estrada. Os gnomos atravessavam a estrada. Deviam ser uns trinta ou quarenta, e vinham armados e a rir. Por entre as gargalhadas, Morit e Rarum conseguiram perceber uma canção que muitos deles entoavam, muito alto:

Do norte frio e gélido, nós viemos!
Para animais  e viajantes molestar!
Homens, Elfos e Anões, nós mataremos!
Porque eles nunca mais devem, voltar!

Debaixo da chuva fria  nos movemos!
Para maldades praticar!
Glória e riqueza, nós teremos!
E ninguém será capaz de nos matar!

Magos e feiticeiros não tememos!
Eles a nós nos devem temer!
Porque nós nunca morreremos!
E os perseguiremos até morrer!

Destruição, fogo e morte!
Isso os gnomos irão trazer!
Porque não haverá sorte!
Que aos elfos possa favorecer!

Ouro, prata e safira nós buscamos!
E terra iremos remexer!
Para juntar ao que roubamos!
As riquezas que iremos obter!

Grito, gemido e dor!
Nós iremos provocar!
Das entranhas da floresta!
Até ao grande mar!

Os nosso chefes, xamãs e  mestres!
Até á vitória nos irão guiar!
E nem as criaturas mais agrestes!
Medo nos irão provocar!

Os gnomos avançavam pela estrada, cantarolando e rindo, sem nenhum medo. Atrás deles, amordaçado e preso com cordas, seguia um homem puxado por uma corrente. Caía a cada três passos, e a cada três passos, os gnomos cruéis humilhavam o pobre homem. Via-se que era um viajante, pois tinha um cabelo seco e áspero e as suas roupas estavam gastas.

-Ah ah ah! – troçavam os gnomos – agora já não te sentes tão corajoso, ó viajante miserável? A viajem cansou-te, foi? Então espera por ires trabalhar para as minas! Ah ah ah!

Á frente, seguia um grande gnomo, menos curvado que os outros, com um machado sujo na mão gritando:

-Venham, gloriosos gnomos! Brevemente teremos alimento! Sinto o cheiro a anão no ar!

Ouvindo isto, Rarum entrou em desespero e voltou o seu olhar para Morit. Conseguiu perceber a palavra “calma”, prenunciada em segredo, nos lábios do mago. Depois pensou: “Calma! Calma! Pois claro! Não é o cheiro a mago que eles sentem! Valham-me todos os deuses élficos e mais algum! Mas pode ser que não sejamos nós, afinal não devo ser o único anão que se faz á estrada! E para mais…”,  de repente mais uma frase de ordem do chefe gnomo, o alertou:

-Esperem! Parem! Estão perto! E o anão está acompanhado! Por um homem velho, muito velho!

 -Rarum! Eh, Rarum! – chamou Morit, em silêncio, por detrás da pedra. O anão virou-se para trás da pedra e disse:

-O que é Morit?

-Você acha que eu pareço muito velho?

-Oh, mas que disparate é esse? Chove a potes, estamos encharcados, temos um grupo de gnomos a cem metros que sentiram o nosso cheiro e você preocupa-se com a idade? Oh homem, não diga disparates! Para além disso, você é imortal!

-Não interessa! Estou velho na mesma! Sei que daqui não passo, mas ao menos gostaria que você fosse sincero comigo!

-Oh, mas que alguém me ajude! É obvio que você têm um aspecto de homem velho, mas isso não importa nada para agora! Continua forte e saudável como sempre, e é capaz de fazer coisas que não passariam pela cabeça de nenhum adolescente! Agora, deixe-se de tolices e tome atenção á estrada!

-Tolices? Você chama tolice um pobre homem inseguro perguntar se está velho?!

-Insegura está a nossa vida, homem! Por amor aos deuses, faça o favor de por os olhos na estrada senão vai servir de jantar a esses gnomos nojentos!

-Eu sei muito bem o que faço! Afinal de contas sou um mago! E esses “nojentos gnomos” não nos apanharam!

De repente, um ramo estalou atrás de Rarum, que, olhando para o olhar petrificado de Morit, percebeu o que se passava. Virou-se, de um ápice, e nesse mesmo segundo, um gnomo magro e corcunda gritou:

-Anão! Anão! Um anão e um mago! Temos jantar! Rápido, avancem! 

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