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Elfos de Tolkien

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No legendarium de J. R. R. Tolkien, um Elfo é um indivíduo membro de uma das raças que habita as terras de Arda. Eles aparecem em O Hobbit e em O Senhor dos Anéis, mas a sua história mais complexa é descrita por completo apenas em O Silmarillion, editado e publicado após a morte de Tolkien. Mais detalhes sobre eles são dados nos outros trabalhos do autor, editados e publicados desde então, tais como Contos Inacabados e The History of Middle-earth (12 volumes). The History of Middle-earth também revela sua história textual e conceitual, como Tolkien havia escrito sobre os Elfos antes de O Hobbit ser publicado.

Desenvolvimento

 

Primeiras escritas

Tradicionais fadas dançantes da era Vitoriana e Elfos aparecem em muitas das primeiras poesias de Tolkien, e têm influência em seus trabalhos mais recentes em parte devido à influência de uma produção de Peter Pan, de J. M. Barrie em Birmingham em 1910 e sua familiaridade com o trabalho do poeta católico místico, Francis Thompson, que Tolkien adquiriu em 1914. Como filólogo, o interesse de Tolkien em línguas o levou a inventar várias linguagens próprias como passatempo. Ao considerar a natureza de quem virá a falar essas línguas, e que histórias eles venham a contar, Tolkien mais uma vez voltou ao conceito dos Elfos.

 

O Livro dos Contos Perdidos (c. 1917-1927)

Nas primeiras formas das estórias que apersentam contexto para as linguagens Élficas, O Livro dos Contos Perdidos, Tolkien desenvolve um tema no qual a diminuta raça parecida com fadas, os Elfos, foram um grande e poderoso povo, e como os Homens tomaram o mundo e esses Elfos “diminuíram”. Esses Elfos maiores são influenciados por aqueles das mitologias do norte da Europa, especialmente os semi-deuses do tamanho de humanos, Ljósálfar Nórdico, e são derivados de trabalhos medievais como Sir Orfeo, Mabinogion Gaulês, romances Arthurianos e as lendas de Tuatha Dé Danann. John Garth também referenciou o Tuatha Dé Danann ao sugerir que Tolkien estava essencialmente rescrevendo as tradições dos contos Irlandeses.

A mitologia céltica teve grande influência nos escritos de Tolkien sobre Elfos e algumas das estórias que ele escreveu como ‘lendas Élficas’ são diretamente influenciadas por ela. Por exemplo, o “Vôo dos Noldoli” é baseado no Tuatha Dé Danann e Lebor Gabála Érenn, e sua natureza migratória vêm das primeiras histórias Irlandesas/Célticas. O nome ‘Inwe’ (no primeiro rascunho – ‘Ing’), dado por Tolkien para o mais velho dos Elfos e seu clã é similar ao nome encontrado na mitologia Nórdica como “Ingwi-Freyr” (e Ingui-Frea no paganismo Anglo-Saxão), um deus que recebe Álfheim (o mundo Élfico) para governar como presente. Terry Gunnell também diz que a relação entre belos navios e os Elfos é remanescente de Njörðr e Skíðblaðni, navios de Freyr.
Os Elfos maiores também são inspirados pela teologia católica de Tolkien – ao representar o estado do Homem no Eden que ainda não havia caído – similares a humanos, porém mais belos e sábios, com maiores poderes espirituais, sentidos intensificados e uma empatia mais próxima com a natureza.
Tolkien escreveu sobre eles:
Eles são todos feitos pelo homem em sua própria imagem e semelhança; mas libertos daquelas limitaões que ele sente pesarem mais sobre ele. Ele são imortais, e sua vontade é diretamente efetiva para o alcançe de imaginação e desejo.
No Livro dos Contos Perdidos Tolkien inclui os mais sérios tipos ‘medievais’ de Elfos, como Fëanor e Turgon, junto com os Elfos do tipo Jacobino, mais frívolos, como os Solosimpi e Tinúviel. Ele também mantém o uso do termo Céltico e popular ‘fada’ para as mesmas criaturas. Junto com a idéia dos Elfos maiores, Tolkien também desenvolveu a idéia de crianças visitando Valinor, a ilha que é a terra dos Elfos em seu sono. Elfos também visitariam as crianças de noite e as confortariam se tivessem sido reprimidas ou estivessem chateadas. Esse tema, ligando Elfos com sonhos de crianças e viagens noturnas foi completamente abandonado.
O Hobbit (c. 1930-1937)
Junto com o Livro dos Contos Perdidos, Douglas Anderson mostra que em O Hobbit, Tokien novamente inclui os mais sérios tipos ‘medievais’ de Elfos, como Elrond e o rei dos Elfos da Floresta das Trevas, e os mais frívolos, como aqueles de Valfenda.
O Quenta Silmarillion (c. 1937)
Em 1937, tendo o seu manuscrito para O Silmarillion rejeitado por um editor que desprezou todos os nomes “com origens celta” que Tolkien havia dado a seus Elfos, Tolkien negou que os nomes tivessem tal origem:

Não é necessário dizer que não são Celtas! Nem o são os contos. Eu conheço coisas Célticas (muitas em sua linguagem original, Irlandês e Gaulês), e sinto por eles um certo desgosto: mais por sua fundamental falta de razão. Eles têm cores brilhantes, mas são como uma janela com vidros manchados e quebrados, reunidos sem design. Eles são, de fato, ‘loucos’ como o seu leitor diz – mas eu não acredito que eu seja. (Carpenter 1981, 26).

Dimitra Fimi porpõe que esses comentários são um produto de sua Anglofilia mais do que um comentário sobre os textos própriamente ditos ou sua influência atual sobre seus escritos, e cita evidência para esse efeito em seu ensaio Elfos “Loucos” e “beleza esquiva”: algumas vertentes da mitologia Céltica de Tolkien.
O Senhor dos Anéis (c. 1937-1949)
Terry Gunner nota que os títulos dos deuses germânicos Freyr e Freyja (senhor e senhora) também são dados a Cleborn e Galadriel em O Senhor dos Anéis. De acordo com Tom Shippey a diminuição do tema, de Elfo para “Fada” resurge em O Senhor dos Anéis no diálogo de Galadriel. Escrito em 1954, a meio caminho de provar O Senhor dos Anéis, Tolkien assumiu que a linguagem Élfica Sindarin tinha:
… um caráter linguístico muito parecido (embora não seja idêntico) com o Britânico-Gaulês … pois parecia se encaixar mais no tipo ‘Celta’ de lendas e estórias ditas por seus usuários. (Carpenter 1981, 26)”.
Na mesma carta, Tolkien chega a dizer que os Elfos tinham pouco em comum com os elfos europeus ou Fadas, e que eles realmente representam homens com uma maior habilidade artística, beleza e um maior tempo de vida. Tolkien também diz que a linhagem de sangue Élfico era a única afirmação de ‘nobreza’ que os Homens da Terra-média podem ter. Tolkien também escreveu os Elfos de O Senhor dos Anéis como sendo os primeiros culpados por muitas das doenças da Terra-média, tendo criado independentemente os Três Anéis com o intuito de evitar que seus domínios nas terras mortais fossem ‘se acabando’ e a inevitável mudança e novo crescimento.

História

1 – Origens.

Originalmente, nas décadas de 1910 e 1920, Ingwë, Finwë e Elwë (seus nomes finais) eram os mais velhos dos Elfos. Em 1959 ou 1960, Tokien escreveu um relato detalhado do despertar dos Elfos, chamado Cuivienyarna, parte de Quendi e Eldar. Ingwë, Finwë e Elwë agora se tornaram os primeiros embaixadores e Reis dos Elfos. Esse texto somente foi impresso em A Guerra das Jóias, parte da série analítica The History of Middle-earth, em 1994, porém uma versão similar foi incluída em O Silmarillion em 1977. De acordo com o primeiro relato, os primeiros Elfos foram despertados por Eru Ilúvatar perto da baia de Cuiviénen durante os Anos das Árvores na Primeira Era. Eles despertaram sob um céu estelado, pois o Sol e a Lua ainda não haviam sido criados. Os primeiros Elfos a despertarem formaram três pares: Imin (“Primeiro”) e sua esposa Iminyë, Tata(“Segundo”) e sua esposa Tatië e Enel (“Terceiro”) e sua esposa Enelyë.

Imin, Tata e Enel e suas esposas se agruparam e andaram pelas florestas. Eles encontraram seis, nove e doze pares de Elfos, e cada “patriarca” assumiu os pares como seus parentes respectivamente. Os Elfos, agora em um grupo maior, viviam às margens dos rios, e inventaram poesia e música no continente da Terra-média. Fazendo mais longas viajens, eles encontraram dezoito pares de Elfos que observavam as estrelas, cujo grupo Tata assumiu como “seu”. Esses são altos e de cabelos negros, os pais da maioria dos Noldor. Os noventa e seis Elfos inventaram muitas novas palavras. Continuando sua jornada, encontraram vinte e quatro pares de Elfos, cantando sem linguagem, e Enel os incluiu em seu povo. Esses são os ancestrais de muitos dos Lindar ou “cantores”, mais tarde chamados de Teleri. Eles não encontraram mais Elfos; o povo de Imin, o grupo menor, são os ancestrais dos Vanyar. Ao final os Elfos eram 144. Pelo fato de os Elfos terem sido encontrado em grupos de doze, doze se torna a sua base numérica e 144 seu maior número (por um bom tempo), e nenhuma das linguagens Élficas recentes tem um nome comum para um número maior.
Foram descobertos pelo Vala Oromë, quem levou a notícia de seu despertar para Valinor. O Silmarillion afirma que Melkor, o Senhor do Escuro, já havia capturado alfuns Elfos errantes e os desfigurado e mutilado até se tornarem Orcs. Todavia, Tolkien acabou ficando desconfortavel com essa origem Élfica e criou diferentes teorias sobre a origem dos Orcs.
2 – Divisão.
Os Valar decidiram convocar os Elfos para Valinor ao invés de os deixarem morando no lugar onde eles despertaram, perto do Lago Cuiviénen na extremidade oriental da Terra-média. Eles enviaram Oromë, que levou Ingwë, Finwë e Elwë como embaixadores para Valinor. Ao retornarem para a Terra-média Ingwë, Finwë e Elwë convenceram uma grande hoste a fazerem a jornada para Valinor. Nem todos os Elfos aceitaram a convocação, e os que ficaram foram conhecidos como os Avari, “os Relutantes”.
Os outros foram chamados Eldar, o Povo das Estrelas por Oromë, e eles aceitaram Ingwë, Finwë e Elwë como seus líderes, e se tornaram, respectivamente, os Vanyar, Noldor e Teleri. Em sua jornada, alguns dos Teleri temeram as Montanhas Nebulosas e não se atreveram a cruzá-la, voltaram para trás e permaneceram nos vales do Anduin, e foram chamados de Nandor, liderados por Lenwë. Oromë liderou os outros através das Montanhas Nebulosas e Montanhas Azuis até Beleriand. Lá Elwë se perdeu, e os Teleri ficaram para trás procurando por ele. Os Vanyar e Noldor caminharam até uma ilha flutuante que foi rebocada por Ulmo até Valinor.
Após anos, Ulmo voltou para Beleriand para buscar os remanescentes Telei. Como Elwë ainda não havia sido encontrado, uma grande parte dos Teleri elegeram seu irmão, Olwë, como seu líder e foram levados para Valinor. Laguns Teleri ficaram para trás, ainda procurando por Elwë, e outros ficaram nas praias, sendo chamados por Ossë. Eles elegeram Círdan como seu líder e se tornaram os Falathrim. Todos os Teleri que ficaram em Beleriand mais tarde foram chamados de Sindar.
3 – Exílio.
Em Valinor, Fëanor, filho de Finwë, e o maior dos Noldor, criou as Silmarils nas quais ele colocou parte da luz das Duas Árvores que iluminavam Valinor. Após três eras nos Salões de Mandos, Melkor foi libertado. Ele espalhou sua maldade e no final assassinou Finwë e roubou as Silmarils. Fëanor então o chamou de Morgoth (O Inimigo Escuro) e, junto com seus sete filhos, fez um juramento para trazer as Silmarils de volta e liderou um imenso exército dos Noldor até Beleriand.
4 – Guerras de Beleriand
Em Beleriand, Elwë foi finalmente encontrado, e casou-se com Melian, a Maia. Ele se tornou o senhor de Beleriand, renomeando-se Thingol (Manto Cinzento). Após a Primeira Batalha de Beleriand, durante a primeira ascenção da Lua, os Noldor chegaram em Beleriand. Eles fizeram um cerco ao redor de Angband, a fortaleza de Morgoth, mas foram derrotados ao final.
Então Eärendil, o Marinheiro, um meio-Elfo da Casa de Finwë, navegou para Valinor para pedir ajuda aos Valar. Então a Punição dos Elfos foi esquecida e os Valar começaram a Guerra da Ira, na qual Morgoth foi finalmente derrotado.
5 – Segunda e Terceira Eras
Após a Guerra da Ira, os Valar tentaram convocar os Elfos de volta para Valinor. Muitos atenderam à convocação, mas alguns ficaram. Durante a Segunda Era eles fundaram os Reinos de Lindon, Eregion e Floresta das Trevas. Sauron, antigo servo de Morgoth, fez guerra contra eles, porém com o auxílio dos Numenóreanos, os Elfos o derrotaram. Durante o final da Segunda Era e começo da Terceira Era eles mantiveram alguns reinos protegidos com a ajuda dos Anéis de Poder, mas após a Guerra do Anel eles ficaram mais fracos e a maioria dos Elfos deixou a Terra-média indo para Valinor. Os trabalhos publicados de Tolkien apresentam algumas dicas contraditórias sobre o que aconteceu aos Elfos da Terra-média após o Um Anel ter sido destruido ao final da Terceira Era.
Após a destruição do Um Anel, o poder dos Três Anéis dos Elfos também chegou ao fim e a Era dos Homens teve início. Elfos que permaneceram na Terra-média foram condenados a um lento declínio até, nas palavras de Galadriel, sumirem e se tornarem um “povo rústico habitante de cavernas” e diminuíram bastante em poder e nobreza. Enquanto o poder dos Noldor remanescentes foi imediatamente diminuido, o “desaparecimento” de todos os Elfos foi um fenômeno que duriaria centenas e até mesmo milhares de anos; até, de fato, os dias de hoje, quando lampejos ocasionais de Elfos rústicos alimenta nossos contos e fantasias. Existem muitas referências em O Senhor dos Anéis sobre a continuidade da existência dos Elfos na Terra-média durante os primeiros anos da Quarta Era. Elladan e Elrohir, filhos de Elrond, não acompanham seu pai quando o Navio Branco carregando o Portador do Anel e os principais líderes Noldorin navegou dos Portos Cinzentos para Valinor; é dito que eles permaneceram em Lindon por um tempo. É dito também que Celeborn (apêndice A) adicionou a maior parte sul da Floresta das Trevas ao seu reino de Lórien ao final da Terceira Era, porém em algum lugar Tolkien escreveu que Celeborn viveu por um tempo em Lindon antes de finalmente deixar a Terra-média e ir para Valinor.
Tolkien também escreveu que os Elfos se mudaram para Ithilien durante o reinado do Rei Elessar, e auxiliaram na reconstrução de Gondor. Eles moraram primeiro em Ithilien do Sul, perto das praias do Anduin. Também é dito que os Elfos continuaram a morar nos Portos Cinzentos, ao menos por um certo período. Tolkien afirma que Sam Gamgee navegou dos Portos décadas após a partida de Elrond, implicando que alguns Elfos permaneceram em Mithlond naquela época. Legolas também navegou para Valinor após a morte de Elessar, e como é dito em O Senhor dos Anéis, foi o próprio Legolas que construiu o navio.
Em “O Conto de Aragorn e Arwen” que está no Apêndice A, Tolkien descreve uma Terra-média onde muitos Elfos já haviam partido. A maioria daqueles que ficaram viviam na Floresta das Trevas, enquanto apenas uma pequena população havia ficado em Lindon. Aragorn fala do jardim vazio de Elrond em Valfenda. O mais admiravel é que, após a morte natural de Elessar, Arwen vai para uma Lórien descrita como completamente abandonada e desiste de sua vida nesse triste e silencioso cenário.

Ciclo de Vida

Como dito em History of Middle-earth e nas Cartas de Tolkien, Elfos tinham um ciclo de vida diferente do ciclo dos Homens. Muito das informaçõs a seguir refere-se somente aos Eldar, como encontrado em seu ensaio Leis e Costumes entre Eldar, encontrado em O Anel de Morgoth.
1 – Início da Vida.
Elfos nascem após um ano de gestação. O dia de sua concepção é celebrado, não o dia de seu nascimento em si. Suas mentes se desenvolvem mais rápido do que seus corpos; em seu primeiro ano, eles já conseguem falar, andar e até mesmo dançar e o rápido alcance de maturidade mental faz com que os jovens Elfos pareçam, para os Homens, mais velhos do que realmente são. Puberdade física acontece entre seus 50 ou 100 anos (aos 50 eles atingem sua estatura adulta), e aos seus 100 anos de vida fora do ventre todos os Elfos estão completamente desenvolvidos. Os corpos dos Elfos deixam de envelhecer fisicamente enquanto os corpos de Humanos continuam.
2 – Sexualidade, casamento e paternidade.
Elfos se casam livres e por amor logo cedo. Monogamia é praticada e adultério é impensável; eles apenas se casam uma vez (Finwë, primeiro Alto Rei dos Noldor, foi uma exceção ao se casar novamente após a morte de sua primeira esposa) Casais podem escolher seus parceiros mesmo antes de se casarem, se tornando noivos. O noivado é sujeito à aprovação dos pais a menos que os dois sejam adultos e desejem se casar logo, assim o noivado é anunciado. Eles trocam anéis e o noivado dura ao menos um ano e é revogável pela devolução dos anéis; entretanto isso raramente acontece.
Após o noivado formal, o casal indica uma data para o casamento. Apenas as palavras trocadas pela noiva e noivo (incluindo a menção ao nome de Eru Ilúvatar) e a consumação são requisitos para o casamento. Mais formalmente, as famílias do casal celebram o casamento com um banquete. Os dois devolvem seus anéis de noivado e recebem outros para serem usados em seus dedos indicadores. A mãe da noiva dá ao noivo uma jóia para usar (o presente de Galadriel (a Pedra Élfica) para Aragorn reflete essa tradição; ela é a avó de sua noiva, Arwen, pois a mãe dela havia deixado a Terra-média e foi para Valinor após graves abalos  psicológicos quando foi capturada por Orcs e libertada por seus filhos).
Os Elfos vêem o ato sexual como algo extremamente especial e íntimo, pois ele leva à concepção e nascimento de seus filhos. Sexo fora do casamento (mesmo sendo ates) é algo impensável, adultério também nunca houve e a fidelidade entre casais é absoluta. Porém, separação durante a gravidez ou durante os primeiros dias de paternidade (causada por guerra, por exemplo) é tão deprimente para o casal que eles preferem ter filhos em tempos de paz. Elfos vivos não podem ser estuprados ou forçados a manter relações sexuais, antes de isso acontecer eles perderão a vontade de viver e irão para Mandos.
Elfos têm poucos filhos, como regra (Fëanor e Nerdanel foram uma exceção, concebendo sete filhos), e existem intervalos relativamente grandes entre cada filho. Eles logo são preocupados com outros prazeres; sua libido desaparece e eles focam seu interesse em qualquer outra coisa, como artes. Mesmo assim eles sentem grande prazer na união do amor, e eles celebram os dias desde a concepção até a educação dos filhos como sendo os mais felizes de suas vidas. Aparentemente existe apenas um exemplo conhecido de extremo desentendimento entre casais na mitologia de Tolkien. Eöl e Aredhel, no qual Aredhel deixou Eöl sem seu conhecimento, resultando no assassinato dela por Eöl. Todavia, esse casamento estava muito além de ser típico dos Elfos.
3 – Vida Diária.
Os Elfos, particularmente os Noldor, se preocupavam com várias coisas, como trabalho com metais, escultura, música e outras artes, e claro, com o que comer. Os machos e fêmeas podem fazer praticamente as mesmas coisas, entretanto, as fêmeas freqüentemente se especializam nas artes da cura enquanto os machos iam para a guerra. Isso acontece por que eles acreditam que tirar a vida interfere com a habilidade de preservar a vida. Todavia, Elfos não são presos a regras rígidas; fêmeas podem se defender, quando necessário, tão bem quanto os machos, e muitos machos são curadores exímios também, como Elrond.
4 – Vida Adulta.
Eventualmente, se não morrem em batalha ou por alguma outra causa, os Elfos da Terra-média vão se cansando dela e desejam ir para Valinor, onde os Valar originalmente acolheram sua raça. Aqueles que desejam ir para as Terras Imortais geralmente o fazem de barco, que são providenciados nos Portos Cinzentos, onde Círdan, o Armador, vive com seu povo.
5 – “O terceiro ciclo da vida”, envelhecimento e pelos faciais.
Apesar das afirmações de Tolkien em O Hobbit de que Elfos (e Hobbits) não têm barba, Círdan de fato possui barba, o que parece ser uma anomalia. Todavia, Tolkien mais tarde descreveu três “ciclos de vida” para os Elfos, por volta da década de 60; Círdan tinha barba por que ele estava em seu terceiro ciclo de vida. (Mahtan, pai de Nerdanel, tinha barba já em seu segundo ciclo de vida, um raro fenômeno). Não é claro o que são exatamente esses ciclos de vida, pois Tolkien não deixou notas explicando mais detalhadamente. Aparentemente, barbas eram o único sinal de um envelhecimento físico além da maturidade.
Ainda assim, Tolkien deve ter mudado de idéia sobre os Elfos terem pelos faciais. Como Christopher Tolkien afirma em Contos Inacabados, seu pai escreveu, por volta de Dezembro de 1972, que o traço Élfico nos Homens, como Aragorn, era “observável na falta de barba daqueles que deles descendessem”, pois “era uma característica de todos os Elfos não ter barba”. Isso praticamente contradiz a informaçção acima. Algumas vezes os Elfos pareciam envelhecer sobre grande stress. Círdan parecia ter envelhecido bastante, pois é descrito como parecendo velho, salvo pelas estrelas em seus olhos; isso pode ser devido a todo o sofrimento que ele viu e viveu desde a Primeira Era. Também, o povo de Gwindor de Nargothrond teve problemas para reconhecê-lo depois de seu tempo como prisioneiro de Morgoth.
6 – Morte
Elfos são naturalmente imortais, e permanecem imutáveis com a idade. Em adição à sua imortalidade, Elfos podem se recuperar de ferimentos que normalmente matariam um Homem comum. Todavia, Elfos podem ser mortos, ou morrer de tristeza e preocupação. Espíritos de Elfos Mortos vão para os Salões de Mandos em Valinor. Após um certo período de tempo e descanso, que servem como “purificação”, seus espíritos são colocados em corpos idênticos aos seus antigos. Porém, eles quase nunca voltam para a Terra-média e ficam em Valinor. Uma exceção foi Glorfindel em O Senhor dos Anéis; como mostrado em livros mais recentes, Tolkien decidiu que ele “renasceu” como herói em O Silmarillion ao invés de um indivíduo com o mesmo nome. Um exemplo raro e mais incomum ainda de um Elfo voltando dos Salões de Mandos é encontrado no conto de Beren e Lúthien, pois Lúthien foi o segundo membro dessa raça a ir de volta para a Terra-média – porém, como mortal. As palavras de Tolkien para “espírito” e “corpo” são fëa (fëar no plural) e hröa (hröar no plural) respectivamente.
Finalmente, seu espírito imortal irá se apossar e consumir seus corpors, deixando-os sem “forma”, quer eles optem por ir para Valinor ou permanecer na Terra-média. No fim do mundo, todos os Elfos terão de se tornar invisíveis aos olhos mortais, exceto aqueles que desejarem se manifestar. Tolkien chamou os Elfos da Terra-média que escolheram esse processo de “Persistentes”. As vidas dos Elfos apenas duram enquanto o mundo existir. É dito na Segunda Profecia de Mandos que ao final dos tempos os Elfos se juntarão aos outros Filhos de Ilúvatar na canção da Segunda Música dos Ainur. Todavia, é questionável se a Profecia é canônica, e a publicação de O Silmarillion afirma que apenas os Homens deverão participar da Segunda Música, e que o destino final dos Elfos é desconhecido. Porém, eles não acreditam que Eru irá abandoná-los.

Nomes e Convenções de nomeação.

Em O Senhor dos Anéis, Tolkien se faz passar por meramente um tradutor das memórias de Bilbo e Frodo, coletivamente conhecidas como o “Livro Vermelho do Marco Oeste”. Ele diz que aqueles nomes e termos no trabalho (assim como na primeira versão de O Hobbit) que aparecem em Inglês é para serem suas traduções da Língua Comum. Tolkien repetidamente expressou suas dúvidas em relação ao nome “elfo” e suas “associações de um tipo que eu deveria particularmente desejar não estar presente […] e.g. aqueles de Drayton ou de Um Sonho de Uma Noite de Verão“, para o propósito das traduções afirmando sua preferência de que “a forma mais velha disponível do nome a ser usado, e deixar que ele adquirisse suas próprias associações para os leitores do meu conto“. Ele queria evitar as noções Vitorianas de “fadas” ou más impressões associadas à palavra e buscava as mais elevadas noções de seres “que eram supostos a terem formidáveis poderes mágicos na primeira mitologia Teutônica“(OED viz. o Velho Inglês ælf, do Proto-Germânico *albo-z).
Os Elfos também são chamados de “Primogênitos” (em Quenya Minnónar) ou os “Parentes mais Velhos” (como oposto aos Homens, os Sucessores) pois eles foram “despertados” antes dos Homens por Eru Ilúvatar (Deus). Os Elfos se chamaram de Quendi (“os Falantes”), em honra ao fato de que, quando foram criados, eles foram as únicas criaturas vivas capazes de falar. Os Dúnedain os chamaram de Nimîr (“os Belos”), enquanto seu nome comum em Sindarin era Eledhrim. Em outros escritos, parte de The History of Middle-earth, Tolkien detalha as convenções de nomes Élficos. A palavra Quenya para “nome” era essë. Um Elfo de Valinor tipicamente recebia um nome (ataressë) de seu pai ao nascer. Geralmente refletia o nome do pai ou da mãe, indicando a ascendência da pessoa, à qual mais tarde alguns prefixos distintivos poderiam ser adicionados. Com o Elfo ficando mais velho, ele recebia um segundo nome (amilessë), dado pela mãe. Esse nome era extremamente importante e refletia personalidade, habilidade ou destino, algumas vezes era ‘profético’. O terceiro nome (epessë) ou “nome definitivo” era dado em um estágio mais avançado da vida e não necessariamente por algum parente, como um título de admiração e honra. Em algumas circunstâncias, mais um outro nome era escolhido pelos próprios Elfos, chamado de kilmessë que significa “nome-próprio”. Os “nomes verdadeiros” permaneciam como os dois primeiros, embora um Elfo pudesse ser chamado por qualquer um deles. Nomes de mãe geralmente não eram usados por aqueles que não conheciam bem o Elfo. Na história e canção recente qualquer um dos quatro puderia se tornar o mais usado e reconhecido.
Após o seu Exílio na Terra-média e adoção do Sindarin como a fala diária, muitos dos Noldor também escolheram para sí um nome que se encaixava no estilo daquela linguagem, traduzindo ou alterando um de seus nomes Quenya. Um sobrenome patriarquico também é usado – o nome do pai com o sufixo “-ion” sendo adicionado. Dessa forma, Gildor Inglorion significa “Gildor, filho de Inglor”.
Vários exemplos incluem:
  • Galadriel é a tradução Sindarin de Alatáriel, o Telerin Quenya epessë originalmente dado à ela por Celeborn, que significa “Donzela Coroada por uma Grinalda Radiante”. Seu nome-paterno é Artanis (mulher nobre) e seu nome-materno é Nerwen (donzela-homem).
  • Maedhros, o filho mais velho de Fëanor, foi chamado Russandol (cabelo de cobre) por seus irmãos: Ele adquiriu esse epessë por causa de seu cabelo avermelhado. Seu nome-paterno era Nelyafinwë (Finwë Terceiro: o nome-paterno de Fëanor era (Curu)Finwë), e seu nome-materno Maitimo (o de bela forma). Maedhros é uma mistura no Sindarin de partes de seu nome-materno e seu epessë.
  • Finrod é geralmente conhecido como Felagund (cavador de cavernas), um nome que os Anões deram a ele (originalmente Felakgundu) devido à suas moradas em Nargothrond. Finrod adotou o nome, e fez dele um título de honra.
  • Círdan (Armador de Navios) é o epessë de um Elfo Telerin que permaneceu em Beleriand, e mais tarde Lindon, até o fim da Terceira Era. Seu nome original era raramente lembrado, apenas em tradições, como Nowe, e ele era conhecido sempre como Círdan, um título que havia sido dado a ele como Senhor das Falas.
Linguagens Élficas
Tolkien criou muitas linguagens para os Elfos. Seu interesse era primeiramente filológico, e ele disse que suas estórias cresceram a partir de suas linguagens. De fato, as linguagens foram a primeira coisa que Tolkien havia criado para seus mitos, começando com o que ele originalmente chamou “Qenya”, a primeira forma primitiva de Élfico. Essa foi chamada mais tarde de Quenya (Alto Élfico) e, junto com Sindarin (Élfico Cinzento), é uma das mais completas linguagens de Tolkien. Em adição à essas duas ele também criou muitas outras (parcialmente derivadas) linguagens. Elfos também são tidos como os criadores dos escritos rúnicos Tengwar (por Fëanor) e Cirth (Daeron).
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