A primeira menção a esse livro foi em 1944, em uma carta de Tolkien a seu filho Christopher. Um te mpo depois, um informativo de sua editora informava que ele seria lançado em 1950. Isso, porém, nunca aconteceu, o que levava a maioria dos estudiosos na obra dos dois autores a considerar que o livro nunca foi escrito.
O professor Steven Beebe, Chefe do Departamento de Estudos de Comunicação do Estado do Texas, descobriu os manuscritos na Biblioteca Bodleiana da Universidade de Oxford e documentou recentemente seu achado, indicando que o manuscrito era, na verdade, o começo do livro a quatro mãos que Tolkien e Lewis iriam escrever. Não há, entretanto, nenhuma evidência que Tolkien tenha começado a trabalhar no projeto, já que apenas a caligrafia de Lewis está presente no rascunho.
"O que é empolgante," diz Beebe, "é que o manuscrito inclui algumas das conclusões mais precisas de Lewis sobre a natureza da linguagem e do significado. Tanto Tolkien quanto Lewis escreveram, separadamente, sobre comunicação, linguagens e significado, mas nunca publicaram nenhum trabalho colaborativo."
Beebe relatará sua descoberta ano que vem no Seven: An Anglo-American Literature Review , um publicação especializada no trabalho dos sete maiores escritores anglófonos do século XX, o que inclui Lewis e Tolkien
"Scraps" [restos, lixo]. Foi assim que Lewis intitulou o manuscrito encontrado por Beebe num pequeno caderno. Além disso, o velho caderno continha também alguns trechos das Crônicas de Nárnia O Sobrinho do Mago e A Viagem do Peregrino da Alvorada, além de algumas observações de Lewis sobre os mais diversos assuntos.
O método usado por Beebe para encontrar os textos inéditos foi um tanto quanto heterodoxo e contou com uma grande porção de sorte: tudo que ele teve que fazer foi virar o livro deo cabeça para baixo e lê-lo de trás para frente.
O texto, na verdade, foi encontrado há um bom tempo, mas foi só depois de muita pesquisa sobre a vida e obra dos amigos Tolkien e Lewis que o professor Beebe pode afirmar com certeza a natureza e a importância de seu achado.
"Eu estava tão supreso por encontrar textos de Lewis sobre linguagem e significado,usando exemplos e ilustrações que não foram usadas em nenhum de seus trabalhos anteriores," diz Beebe. "Eu sabia que tinha encontrado algo interessante, mas, na época, não fazia ideia que se tratava de algo importante."
Na sua própria e inconfundível caligrafia, Lewis começa o livro dando sinais do que pretende fazer: discorrer sobre a natureza e a origem da linguagem. Só mais adiante, porém, é que se pode perceber a intenção de se escrever um livro colaborativo: pipocam expressões como "os autores consideram", ou "nossas anotações", ao invés da primeira pessoa do singular, que seria óbvio no caso de um livro apenas de Lewis, além de ser uma preferência dele. O livro, porém, não poderá ser admirado tão cedo, já que ele está sob copyright da Lewis Estate. O processo para liberação dos textos, porém, já está correndo e o professor Beebe acredita que, uma vez que o texto venha a público, as ideias de Lewis sobre a natureza da linguagem, especialmente os aspectos orais, e como ocorre a significação das palavras quando os homens se comunicam, serão vistas de outra forma.
Beebe dá um curso chamado "CS Lewis: Crônicas de um Mestre em Comunicação" em uma universidade texana e começará, também, uma classe especial em Oxford que, além da tradicional dala de aula, tem seus cursos ministrados em vários outros lugares, como a própria casa de Lewis, o Colégio Magdalen e o hotel onde Lewis conheceu sua mulher.
"Meu objetivo em lecionar em Oxford é trazer Lewis de volta à vida e levar os estudantes a descobrir a aproximação de Lewis com a comunicação e o fato de descobrir ideias não-publicadas de Lewis sobre a linguagem dá maior profundidade a nossa discussão", diz Beebe.
Estou ansioso para ler este livro