Muito provavelmente, a razão de Tolkien não ter mencionado nada disso nas cartas é que ninguém que participou do projeto Ultra jamais mencionou isso até 1974 (vinte e nove anos depois do fim da Segunda Guerra).
A inteligência polonesa do pré-guerra já havia quebrado as priomeiras versões do código de criptografia alemão (o Enigma) na década de 1930, mas quando os nazistas começaram a se preparar para a WWII foram feitas algumas mudanças no código que o tornaram complexo demais.
Em função disso, os poloneses revelaram o código aos britânicos um pouco antes (apenas cinco semanas antes) de serem atacados pelos nazistas (entregando na embaxada inglesa, inclusive, uma ou duas máquinas ENIGMA, que haviam conseguido comprar na Alemanha na época em que o equipamento ainda era vendido comercialmente).
A Inglaterra, então, levou adiante o programa polonês e montou um projeto absolutamente sigiloso para interceptar as comunicações encriptografadas do Eixo (Roma-Berlim-Toquio), decodificá-las e fornecer dados aos aliados de uma forma que não fosse muito bandeirosa (porque senão os alemães desconfiariam que o ENIGMA tinha sido quebrado).
Como os alemães sempre estavam aprimorando o código, os ingleses precisaram fazer um esforço imenso para acompanhar as mundanças, sem chamar a atenção. Nesse contexto, inclusive, os ingleses inventaram o primeiro computador eletrônico digital da história (o "Colossus"), sempre com o objetivo de antecipar os passos do inimigo.
Quem viu aquele filme "U-571 A Batalha do Atlântico" pode ter ficado com a impressão de que tudo foi diferente (os ingleses teriam roubado uma máquina ENIGMA no meio da guerra, lá por 1943, de dentro de um submarino no Atlântico), mas o filme não tem nada de histórico.
Fato é que o projeto ultra foi decisivo para dar aos aliados (inclusive à URSS) informações provilegiadas que foram utilizadas nas principais batalhas da WWII, até mesmo na batalha de tanques de Kursk (que foi o confronto mais importante da 2ª Guerra, ao contrário do que muitos pensam ao falar da Invasão da Normandia, Pearl Harbor ou do cerco de Leningrado).