Arminas disse:
Analisando os trechos de the Treason of Isengard, que descrevem muito bem o Balrog de Moria, ficou claro, tendo-se em mãos a versão final, que Tolkien decidiu que o Balrog fosse uma figura mais ambígua.
Eu diria mais "obscura" do que "ambígua"<o
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>, porque a narração do Gandalf mostra como ele poderia ir das chamas às sombras em pouco tempo, mas mesmo assim a forma dele nunca é clara.
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Ele também esqueceu de salientar que a sombra que "estendeu-se como duas grandes asas" TAMBÉM foi introduzida por um símile. Vou esboçar abaixo para deixar mais claro o que eu quero dizer. As frases estão na ordem em que aparecem no texto:<o

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(i) "it was like a great shadow, in the middle of which was a dark form, of man-shape maybe yet greater"<o
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(ii) "and the shadow about it reached out like two vast wings."<o
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(iii) "and its wings were spread from wall to wall"<o
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Em (i) a sombra é introduzida por um símile (o que, dentro da interpretação de símile > metáfora significa que não havia sombra verdadeira lá).<o
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Em (ii) a sombra (agora ditas explicitamente, o que, dentro da interpretação de símile > metáfora significa que elas não eram reais) estendeu-se como duas grandes asas.<o
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Em (iii) as asas se estenderam de parede a parede. Mas, se não havia sombra, como elas poderiam ter se estendido "como duas grandes asas"?<o
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Isso tudo indica que a interpretação de "incerteza" para "certeza" é válida. Em (i) a Comitiva não sabia se era realmente uma sombra que envolvia o Balrog, em (ii), conforme o balrog se aproxima, elas já são visíveis pela comitiva (por isso sem re-introduzidas sem símile), e em (iii) as asas que a Comitiva não viu bem em (ii) são completamente reveladas.<o
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Se essa interpretação não estiver correta, então como os não-asistas explicam a introdução da sombra com um símile?
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>Eu acho que você está lendo os trechos separadamente demais, eles estão no mesmo contexto. As "sombras" e "asas" que aparecem, respectivamente, em I e II, permanecem em III.
Em I o balrog aparece, embora obscurecido pelas sombras que o acompanham;
Em II aquelas mesmas sombras se estenderem
como duas asas. A comparação é entre o estender das "sombras" com o abrir de asas;
Em III, aquelas mesmas "sombras", que haviam sido chamadas, comparativamente, de "asas", se estendem ainda mais pelo salão, e o tomam completamente. São as mesmas "asas" de II (que não eram asas, mas "sombras" - que também não eram sombras propriamente).
Podemos até fazer uma observação de ordem prática, supondo que fossem de fato asas: para um ser "
of man-shape maybe yet greater", ou seja, não muito maior que um homem, seria totalmente desproporcional que suas asas fossem grandes o suficiente para alcançarem os dois extremos do salão de Khazad-dûm.
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Esse argumento dele, e muitos outros (incluindo o do Treason of Isengard) podem ser rebatidos com facilidade. Eu já disse até inúmeras vezes: a aparência dos Balrogs do passado não é a mesma do Balrog do SdA e pós-SdA. Antes (repetindo) eles eram altos, existiam em grandes números, não emanavam fogo nem sombra, e não tinham asas. <o

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O argumento perde força porque não foi publicado com Tolkien em vida, ou seja, sem uma revisão adequada. Mas está presente no Silmarillion publicado, e se for considerado, é praticamente definitivo.
É isso que eu quero propor. Quero que a interpretação de que eles tenham asas seja tão respeitada quanto à de que eles não tem, porque AMBAS SÃO POSSÍVEIS. Pessoas como o Administrador dos sete anos não compreendem isso.
Sabe por quê eu não costumo simpatizar com essa posição? Porque a obra, por mais que gostemos dela, não é nossa. Foi feita por Tolkien, e ele, certamente, enquanto escrevia, tinha intenções específicas. Talvez, por uma escrita poética, esse e alguns trechos tenham ficado mais obscuros, mas eu acho complicado ampliarmos isso para "qualquer coisa é possível".
Não é propriamente um argumento, mas uma confissão pessoal: eu costumava gostar mais da idéia de balrogs com asas, logo depois que terminei de ler o trecho da ponte em Moria. Mas depois, quando debati, reli o livro e li outros, mudei de opinião. Eu adorava a idéia de um balrog alado, era esteticamente insuperável, mas parecia não ser a idéia do autor; além disso, a idéia de uma "energia" que se espalhava por onde ele passava era muito mais amedrontadora e original.
Para não falar que, se eles tinham mesmo asas, seria bem ridículo que eles morressem justamente caindo de pontes e penhascos - ainda que desconsideremos o balrog que caiu em Gondolin, não é bem estranho que um ser alado caia de uma ponte, e depois lute ao ar livre, e nem mesmo se mencione que ele
tentou voar?