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Com 'vergonha moral' do Brasil, movimento separatista quer plebiscito pela independência do Sul

Nas palavras de meu querido Alberto Schneider, é praticamente um milagre o Brasil ter conseguido continuar uma coisa só depois de deixar de ser uma colônia... Tá aí a América espanhola que não me deixa mentir!
@Mercúcio , ajuda aí! Me ajuda a concluir o argumento XD

E põe milagre nisso.
Eu acho o Brasil de Norte a Sul tão diversificado sócio-culturamente quanto são os países hispânicos da América Latina que se fossem um único país como o nosso, é certeza que o argentino odiaria ter que partilhar suas riquezas com bolivianos, nicaraguenses, guatemaltecos e por aí vai.
 
Rapidamente morreu a suposta babaquice do post original, né? Acho muito fácil dizer que brasileiro é tudo a mesma mistureba. E o que quer dizer "separatismo por separatismo", @Bruce Torres? Isso não quer dizer nada pra mim.

O cara do post inicial falou algumas coisas bem questionáveis, como a questão do coeficiente eleitoral, mas de resto, quem pode dizer que ele está errado por não querer viver num país com cotas ou bolsa família?
 
Porque esse papo de separatismo sulista é de longa data, @Grimnir . Entre tentar fazer algo efetivamente e vir com a solução mais extrema, qual é o rumo que eles sempre tomam? Como a @Pearl disse acima, por que não discutir o pacto federativo? Mas não, "queremos nos separar porque nos incomodamos com as diferentes facetas da cultura e sociedade brasileiras" - e não diga que isso não está presente no discurso deles. Pelo menos há o debate dentro do grupo, o que é um bom sinal se compararmos com outros que tentaram fazer o mesmo - como o Irton Marx, bem mencionado.
 
Ta vendo a série Outlander?
Depois das revoltas jacobinas, a Inglaterra aboliu os clãs, os tartans e o gaélico.
http://en.wikipedia.org/wiki/Jacobite_risings

Não, @Bel . Por isso que perguntei, porque quando fazia Letras a gente só viu a questão irlandesa no que concernia a supressão cultural e idiomática local - por conta do Renascimento Irlandês/Celta/Gaélico com O'Flaherty, Yeats, etc. Não pegamos quase nada de Escócia - herança da maledetta da minha professora de literatura inglesa. :fire: Valeu por confirmar minhas suspeitas. :tsc:
 
  • Amei
Reactions: Bel
Não existe critério para se determinar objetivamente o quão dois 'povos' são diferentes, e nem exigência mínima de diferenças para que seja justificável a criação de um Estado próprio. Quem tem que julgar isso é a população de determinada região, julgar se é útil permanecer no país em questão ou se é mais útil separar-se.
 
Cara, vou ter que comentar, ou não estarei honrando as aulas que tive na faculdade...

Há diferenças culturais gritantes em todo o Brasil, só que essa diferença foi sendo ignorada e destruída durante a construção da historiografia brasileira, propositalmente.
Nas palavras de meu querido Alberto Schneider, é praticamente um milagre o Brasil ter conseguido continuar uma coisa só depois de deixar de ser uma colônia... Tá aí a América espanhola que não me deixa mentir!
O Brasil tinha "potencial cultural" pra ser dividido em pelo menos uns 4 ou 5... E isso nem tem a ver com política!

@Mercúcio , ajuda aí! Me ajuda a concluir o argumento XD

hehehe... valeu pela menção, Malkyn. :joinha:
Acho que, em poucas palavras, você tocou em alguns pontos importantes. Só que como eu sou prolixo pra caralho, é provável que o comentário que segue fique grandinho. :dente:

Essa é uma das grandes questões da historiografia latino-americana: por que a América Portuguesa permaneceu unida enquanto a América Espanhola se fragmentou em diversas repúblicas?

Consideremos que a América Portuguesa passou de uma população estimada em torno de 100 mil habitantes no início do século XVII a algo em torno de 1 milhão e 500 mil habitantes em 1766. Consideremos ainda que o tráfico negreiro atinge o seu apogeu no século XVIII, trazendo africanos das mais diversas procedências: os islamizados da Senegâmbia, os habitantes da costa da Mina, os pertencentes às linhagens matrilineares angolanas. Some-se ainda os portugueses aventureiros - reinóis e açorianos - que no início do século XVIII correm aos montes para a colônia, atraídos pelo ouro das Minas recém-descoberto. Some-se a isso os diversos grupos indígenas nômades e seminômades que tínhamos por aqui, catequizados ou não. O quadro que temos diante dos olhos é o de um boom demográfico que constitui uma verdadeira Torre de Babel. Se é incrível que o Brasil independente tenha permanecido unido, é igualmente incrível que o frágil poder da Coroa Portuguesa tenha conseguido mediante estratégias diversas construir e reproduzir a sua soberania no ultramar.

Acho que, em parte, é possível explicar a fragmentação da América Espanhola e a unidade da América Portuguesa pelos modelos de colonização. O Império Espanhol era, nos dizeres de John Elliott, uma monarquia compósita - isto é, você tinha vários reinos com normas, tradições e mesmo algumas instituições diferentes unidos sob a autoridade de uma mesma coroa. Daí, quando Napoleão derrota os espanhóis e destitui os Bourbon do trono, cria-se um vácuo de poder que potencializa essas forças dispersivas - e é quando vemos, por exemplo, a elite de negociantes da Cidade do México, já descontente com o enrijecimento fiscal para financiar as guerras, dar um golpe e destituir o vice-rei José de Iturrigaray. Embora haja semelhanças importantes, o modelo português assentava-se sobre outras bases. Trata-se, nas palavras de Fragoso, de uma monarquia pluricontinental e polissinodal. Ao contrário da Espanha, você não tem vários reinos sob uma mesma Coroa - temos apenas um reino e as suas conquistas em meio a uma solução corporativa na qual a Coroa capitalizava e jogava com os interesses das elites locais numa relação de troca desigual. Além disso, com as guerras napoleônicas, a Corte se instalou efetivamente por aqui, né? E isso fez toda a diferença. É engraçado que estamos falando em separatismo e cabe ressaltar - e alguns autores trabalham com essa ideia, como a Lúcia Maria Bastos Pereira das Neves - que a Independência do Brasil pode também ser vista como um processo separatista. Afinal, desde 1815 o Brasil gozava do estatuto de Reino Unido a Portugal e Algarves.

Deixando de lado um pouco o universo da Colônia...

Um último comentário: Já se falou no "nosso Estado que não é Nação" e se revisitou constantemente a ideia de que o Brasil são muitos Brasis. Afastamo-nos do paradigma da democracia racial e avançamos o debate sobre as ações afirmativas - e, como muitos aqui sabem, eu tendo a ser simpático a algumas políticas que avancem nesse sentido. Por outro lado, há contradições colocadas, carreadas por essa onda multiculturalista que, levada às últimas conseqüências, pulveriza a ideia de uma identidade nacional, criando guetos identitários, dividindo forças e fragmentando lutas. Não há um projeto de Nação colocado... e talvez isso dê margem e suporte aos discursos separatistas que irrompem por aí. Enfim, não sei... :think:

Vale lembrar que a ideia de um povo mestiço foi amplamente rechaçada pela intelectualidade de inícios do século XX, que bebiam do chamado racismo científico. Surge um amplo debate sobre o problema civilizatório no qual a mestiçagem era tida como uma mácula social, um atavismo degenerador que obstaculizava o desenvolvimento de uma sociedade civilizada nos trópicos. Entre os pensadores racistas, você tinha aqueles que acreditavam que não tinha conserto e que o Brasil era um projeto fadado ao fracasso e um outro grupo que acreditava na viabilidade do país a partir do branqueamento via incentivo à imigração. Esse debate pipocou um bocado até que aparecesse os escritos de Gilberto Freyre, com o seu elogio da mestiçagem, abrindo o caminho para a ideia - hoje bastante criticada - de uma democracia racial. A impressão que eu tenho, às vezes, é que alguns sujeitos que pagam de separatistas reeditam argumentos dessa geração, contrapondo um Sul civilizado baseado numa unidade étnica ao Brasil atrasado, intrinsecamente corrupto e incivilizado.

Ainda sobre o separatismo no Sul, acho considerável o peso que a Revolução Farroupilha tem sobre o imaginário, concorrendo para compor a identidade do povo sulista, sendo comumente revestida de uma aura mítica, heroica. Some-se a isso a marca que o imigrantismo imprimiu ali, sob diversos aspectos inventando e reinventando tradições. Malgrado a babaquice que comumente vem à tona vestida de discurso separatista, acho natural que surjam grupos com essas bandeiras ali e, por mais que eu deteste a ideia, acho mesmo que possa haver argumentos razoáveis.
 
Última edição:
Acho que comparar Escócia, Catalunha e Irlanda é de uma forçação de barra enorme. Escoceses são um grupo étnico diferente, são anteriores ao Reino Unido, o mesmo vale pra Irlanda, Catalães idem. Sulistas, paulistas, nordestinos, mineiros são um grupo étnico à parte desde que século? Quando que seus povos foram subjugados e anexados ao Grão Reino do Brasil?

Quando eu vejo essas ideias eu só penso em rir. separatismo pra mim só faz sentido se um povo corre risco cultural, étnico, religioso ou político. Não me parece que algum desses casos se perceba aqui. No fim só me parece um caso de: eu sou melhor que todo o resto, não quero me misturar.
 
No encontro realizado no dia 20 de setembro em um hotel em Passo Fundo, os separatistas do grupo falaram das óbvias razões que possuem para se separar do Brasil e volta e meia recaíram sobre a crítica à corrupção e à política nacional. Disseram aceitar pessoas de todos os credos, raças e tendências políticas, desde que o indivíduo esteja “imbuído do desejo separatista”. Na fala dos líderes e palestrantes, “tudo que está errado” é traduzido em repulsa ao Bolsa Família, às cotas raciais, ao processo do Mensalão.
“A gente vê o governo abrindo mais vagas no Bolsa Família, mas não vê postos de trabalho”, reclama Deucher. “Nós queremos nos livrar, porque esse Estado, Brasília, não nos representa. Ele não diz nada para nós, o que ele diz é só coisa ruim”, conclui. A rejeição a Brasília é o mote dos panfletos que os membros imprimem com dinheiro do próprio bolso e distribuem em suas cidades. O mais recente lembrava que, em 2013, os três estados do sul arrecadaram 152 bilhões de reais, mas tiveram “retorno” de apenas 29,3 bilhões. Em letras amarelas, o movimento faz a conta: 80% “do total arrecadado não retornou aos estados”.

Li ontem no site de um jornal aqui em Minas, que a taxa de desemprego na RMBH estava em torno dos 3,8%, o comércio estava com dificuldade de contratação e teriam que "flexibilizar" devido a escassez de mão de obra para o serviço temporário de fim de ano. Essa fala sobre o Bolsa Família é mais ranço/hipocrisia. Seria uma República mesquinha e com um falso moralismo (Começando mal um país). Será que aceitariam bolsistas e beneficiários do bolsa família "imbuídos do desejo separatista" dentro do movimento?
 
Dúvida: deixar os estados mais independentes, como nos EUA, seria uma solução?

Solução exatamente para que?

Eu acho que no aspecto econômico como o Deriel apontou e administrativo melhoraria sim. Agora se for a questão de identidade cultural como o Mercúcio apontou então não.
 
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Dúvida: deixar os estados mais independentes, como nos EUA, seria uma solução?

Eu sempre achei mais justo isso e até tenho minhas dúvidas que se não fosse a maior autonomia que eles tem seria muito difícil manter os EUA literalmente unidos, principalmente depois da guerra civil que eles tiveram que por muito pouco não rachou completamente o país, onde teríamos a criação dos Estados Confederados da América.
 
Quando o cara falou em não se sentir brasileiro, europeu, o que seja, pensei comigo...


Daí veio a justificativa moral que eu ouço de quase todos os mais velhos e pensei:


Tô começando a achar que o Tédio (ou ennui) do Pós-Moderno deste Mundo Fragmentado/Globalizado fez incidir uma Síndrome de Dom Quixote, querer externalizar um sentimento de épico contra um dado Outro. Sério. Às vezes penso que é mais uma questão psicológica que sociológica. :tsc:
 
Dúvida: deixar os estados mais independentes, como nos EUA, seria uma solução?

Solução exatamente para que?

Eu acho que no aspecto econômico como o Deriel apontou e administrativo melhoraria sim. Agora se for a questão de identidade cultural como o Mercúcio apontou então não.

Pq não? Se os estados pudesse ter mais independência não só econômica, mas também legislativa, vc não acha q isso refletiria melhor suas diferenças culturais? Alguns estados mais progressistas liberando drogas e aborto, outros liberando o uso de armas e etc. Só para dar exemplos mais clássicos.

Eu acho que seria ótimo, mas difícil de pensar no Brasil.
 
Acho que o problema seria justamente esse: refletir as diferenças culturais. Afinal, não é porque é cultural que é ideal.
 

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