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Gastos em ciência ao redor do mundo

  • Criador do tópico Criador do tópico Haran
  • Data de Criação Data de Criação
Sobre a questão da qualidade dos artigos científicos... Tornou-se senso comum apontar que os os artigos brasileiros são numerosos e poucos citados, isto é, teriam grande quantidade e pouca qualidade. Por exemplo, é o que faz esses dois artigos: [1][2]. Esse trecho retrata a essência da crítica:

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Ou também estes gráficos, que mostram a posição ruim do Brasil no ranking de citações por publicação (cpp):

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O autor usa dados do Scimago Jornal & Country Rank. São dados bem interessantes, é possível selecionar o país, área de pesquisa e até sub-área, e conhecer o número de artigos, citações, cpp, etc.

Também é possível conferir os dados que ele postou ali. Selecionando os países que publicaram mais de 3000 artigos em 2017, a Estônia de fato esteve em quinto lugar na posição de cpp, e o Brasil na posição 58, bem distante. Parece que o Brasil é bem incompetente em produzir artigos que recebam um número apreciável de citações...

Olhando a lista, porém, percebe-se várias peculiaridades.... por exemplo, encontramos o Quênia (17) na frente dos Estados Unidos (29), Reino Unido (22) e Alemanha (29)... Curioso, né? Analisando os números, fica evidente que o xis da questão é que o Quênia e a Estônia publicam pouco. Se o critério de 3000 artigos for reduzido para 1500 artigos, por exemplo, a Islândia surge como o país mais competente no que se refere ao número de cpp.

É um mérito da Quênia, Estônia e Islândia, claro, mas também é evidente que, em termos de desenvolvimento científico, não cabe comparação entre esses países e os Estados Unidos, Reino Unido e Alemanha. Disso fica patente que, assim como o número absoluto de artigos não é um bom critério, também não o é o mero critério de cpp. Não basta analisar só a quantidade ou só a qualidade, pois para um país é relativamente fácil manter uma qualidade altíssima em um número diminuto de trabalhos. Mas isso não é tão vantajoso ao país. Em menor escala, mais vale um pesquisador com 200 artigos com 2 citações cada, do que um pesquisador com um único artigo na vida com 20 citações.

Daí a necessidade de um índice que meça tanto a qualidade quanto a quantidade. Um índice que busca fazê-lo é o índice h. Trata-se do número máximo h de artigos (de um dado país/universidade/pesquisador) que receberam no mínimo h citações. É um tanto quanto abstrato, mas lendo o artigo da wiki fica mais fácil entender o conceito e como ele tenta englobar tanto qualidade quanto quantidade. Há quem argumente que não há grande vantagem em adotar o índice H, pois ele seria análogo a outras grandezas mais intuitivas [3][4]. De qualquer forma, é um índice comumente adotado para medir "both the productivity and citation impact of the publications", e é adotado pelo Scimago Jornal & Country Rank.

Analisando a lista de países por índice h, aí não temos nenhuma surpresa, os grandes atores da ciência mundial ficam nas primeiras posições. No ano de 2017, em sequência, estão Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, Canadá, França, Japão, etc. O Brasil fica na posição 24, o que não é excelente, mas está muito melhor do que a posição 58 que tínhamos anteriormente....

Ao invés de focarmos na Estônia, podemos analisar algumas potências em produção científica. Na tabela abaixo, separei os dados de cinco áreas científicas e escolhi quatro países para comparar com o Brasil: Estados Unidos, Alemanha, Japão e China. Esses países são indubitavelmente potências científicas, são países populosos, e a China e os USA são, em muitos aspectos, similares ao Brasil.

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Dados de 1996-2018 - pelo que vi, as posições relativas entre os países variam pouquíssimo entre um ano e outro, daí preferi pegar o período todo do que escolher um ano arbitrariamente.. Biologia, aqui, é "Biochemistry, Genetics and Molecular Biology".

Nessas cinco áreas que eu selecionei, em termos de citações por publicação (cpp), China e Japão têm números bem parecidos ao do Brasil. Isso é, se é verdade que os artigos do Brasil são de "pouca qualidade" porque são "pouco citados", penso que teríamos que concluir o mesmo em relação à China e ao Japão - o que seria absurdo. Por outro lado, o que se percebe nos dados é que Estados Unidos e China publicam pra caramba e em quantidade similar, Alemanha e Japão publicam cerca de 1/3 da produção americana, e o Brasil publica menos do que 1/10. O cenário não muda tanto se abrangermos todas as áreas, incluindo as não-científicas. Em suma, dentre qualidade (cpp) ou quantidade (número de publicações), a maior fraqueza brasileira parece ser a quantidade mesmo...
 
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Mas assim Haran. eu sempre achei complicado comparar o Brasil a EUA, é um potencia indiscutível em praticamente qualquer coisa, possui muito dinheiro, tecnologia, infraestrutura e lógico, capital intelectual. As pesquisas praticamente convergem para lá. A China ta começando a assumir esse posto, acho válida a comparação, principalmente se comparar ao longo de um determinado período. Japão e Alemanha estão em outro nível, apesar de relativamente populosos, não chegam perto do Brasil, e tem as características já citadas mais próximas do EUA.

Acredito eu que precisamos nos colocar no nosso devido lugar hoje, e comparar com aqueles que estão em uma posição parecida, e ver como tá a evolução destes pares em relação a nossa para saber aonde acertamos e erramos, e esses outros países que estão num patamar mais elevado devem servir de exemplo e objetivo.

No mais, já tinha lido os artigos com cpp e achei válido, porém forçado, podemos sempre encontrar dados que provam ou refutem um ponto. Achei interessante esse índice h também.
 
Em relação as principais potências científicas, o Brasil de um modo geral tem baixa relevância no mundo científico. É uma realidade que infelizmente somos obrigados a aceitar, por mais que possa até ter aumentado a produção de artigos e de profissionais bem qualificados nos últimos anos.
 
Mas assim Haran. eu sempre achei complicado comparar o Brasil a EUA, é um potencia indiscutível em praticamente qualquer coisa, possui muito dinheiro, tecnologia, infraestrutura e lógico, capital intelectual. As pesquisas praticamente convergem para lá. A China ta começando a assumir esse posto, acho válida a comparação, principalmente se comparar ao longo de um determinado período. Japão e Alemanha estão em outro nível, apesar de relativamente populosos, não chegam perto do Brasil, e tem as características já citadas mais próximas do EUA.

Acredito eu que precisamos nos colocar no nosso devido lugar hoje, e comparar com aqueles que estão em uma posição parecida, e ver como tá a evolução destes pares em relação a nossa para saber aonde acertamos e erramos, e esses outros países que estão num patamar mais elevado devem servir de exemplo e objetivo.

No mais, já tinha lido os artigos com cpp e achei válido, porém forçado, podemos sempre encontrar dados que provam ou refutem um ponto. Achei interessante esse índice h também.

Bom, eu acho que o Brasil tem potencialidade para alcançar o desenvolvimento científico de países como a China, e se não o fez, foi por escolhas no passado. Tanto é verdade, que algumas análises costumam trabalhar com os BRICS conjuntamente. Se for para baixar a cabeça até para a China e "nos colocar no nosso devido lugar", então vamos nos comparar com países latino-americanos e ficar de boa, pois teria pouco a melhorar....

Mas enfim, o foco do post nem foi esse... Quando cito o Japão, por exemplo, não foi almejando necessariamente que atingíssemos os patamares do Japão, mas sim rebater uma crença que soa patentemente falsa quando analisamos os números do Japão. Por exemplo, eu poderia ter mencionado a Índia e a Rússia, que estão em posições levemente superiores na colocação do índice H (Brasil: 24, Rússia : 22, Índia: 21), mas têm um número menor de cpp. Mas é muito mais informativo citar o Japão (6), afinal, se a Índia e a Rússia têm pouca citações, talvez a ciência deles tenha pouca qualidade, mas poucos diriam o mesmo em relação ao Japão. Idem para a China.

Em relação as principais potências científicas, o Brasil de um modo geral tem baixa relevância no mundo científico. É uma realidade que infelizmente somos obrigados a aceitar, por mais que possa até ter aumentado a produção de artigos e de profissionais bem qualificados nos últimos anos.
Falar isso não é produtivo e tampouco informativo sem definir claramente baixa/média/alta relevância.
 
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Falar isso não é produtivo e tampouco informativo sem definir claramente baixa/média/alta relevância.

Quando analisamos os números gerais de diversos quesitos diferentes, como já comentado aqui o número de publicações/citações e somado a quantidade de centros de pesquisa e desenvolvimento tecnológico cujo trabalho realizado é de altíssima qualidade e referência no exterior, quantidade de cientistas premiados e com trabalhos reconhecidos internacionalmente ao longo das décadas entre outros, não tem como o Brasil não estar numa media geral num patamar ainda de baixa relevância em relação as principais potências mundiais.

No entanto, quando saímos de um cenário geral, isolamos e analisamos individualmente algum setor, aí sim é possível se equiparar, pegando por exemplo o que faz a Embrapa que tem um trabalho de pesquisa de elevado nível há vários anos bem consolidado no setor de agropecuária, com pesquisadores com reconhecimento internacional e premiados no exterior. Então nesse segmento o patamar de relevância sobe consideravelmente.
 
Ainda não está definido claramente baixa/média/alta relevância. Se "quando analisamos" fica evidente que "não tem como o Brasil não estar numa (...) baixa relevância", seria bacana postar a análise... Você citou três critérios. O segundo é um tanto quanto nebuloso - para definir alta relevância, você menciona centro de pesquisa de "alta qualidade", o que parece uma definição circular. O terceiro também é questionável. Por exemplo, a China tem cinco prêmios Nobel em ciência, e somente três se analisarmos os cientistas que fizeram carreira na China. Já a África do Sul tem quatro prêmios nobéis em ciência, e a Hungria tem onze. Será que isso reflete um mérito da ciência sul-africana ou da ciência húngara frente aos chineses? Além disso, não é trivial como "somar" esses três critérios de forma adequada. Enfim, até segunda ordem, prefiro ficar com o índice h mesmo.

Você citou a Embrapa como algo de "elevado nível" e de grande "reconhecimento internacional". Eu não conheço nada sobre a empresa. Então também seria bacana você postar alguns indicadores que mostram isso... Eu suspeito se você pegar esses indicadores e aplicar à ciência brasileira como um todo, com as devidas adaptações, encontrará uma relevância parecida. Quer dizer, suspeito que você parta mais da boa impressão da empresa e má impressão da ciência brasileira, do que de uma análise mais objetiva.

Em resumo, você achou ótimo o post do Ranza que defende que temos que comparar o Brasil com países mais similares e não focar a análise em grandes potências, mas parece adotar a visão binária de "potências mundiais em ciência" vs. "baixa relevância", como se não tivesse tons de cinza entre esses extremos...
 
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Por exemplo, a China tem cinco prêmios Nobel em ciência, e somente três se analisarmos os cientistas que fizeram carreira na China. Já a África do Sul tem quatro prêmios nobéis em ciência, e a Hungria tem onze. Será que isso reflete um mérito da ciência sul-africana ou da ciência húngara frente aos chineses? Além disso, não é trivial como "somar" esses três critérios de forma adequada. Enfim, até segunda ordem, prefiro ficar com o índice h mesmo..

Quanto a critérios, citei poucos, mas pode inserir o índice "h" que mesmo assim não vejo grande mudança na média geral brasileira.

Se você leu corretamente eu mencionei apenas quantidade de cientistas premiados e com trabalhos reconhecidos internacionalmente
ou seja, passo longe do simplismo de usar somente Nobel como única referencia e sim todo e qualquer prêmio ou um simples reconhecimento (entenda-se que não necessariamente precisa ser uma placa dourada ou ganhar uma larga soma em dinheiro) e sim ter seu trabalho bem aceito e reconhecido lá fora. Aproveito o gancho e até cito alguns casos da Embrapa.

https://www.embrapa.br/solos/sibcs/...quisador-e-premiado-em-simposio-internacional
https://www.embrapa.br/busca-de-not...nhecido-em-importante-periodico-internacional
https://www.embrapa.br/busca-de-not...emio-internacional-por-inovacao-institucional

Que aliás vale a pena se informar, porque se temos algo bem relevante é a pesquisa científica da Embrapa no setor agropecuário, onde pelo menos nesse setor o Brasil consegue ter grande destaque, pois pra quem só vive na selva de pedra urbana, muitas vezes esquece ou simplesmente desconhece o quanto o lado rural do Brasil cresceu muito ultimamente no chamado agronegócio e sem o trabalho científico de pesquisa científica dessa empresa que teve um profundo impacto no aumento real da produtividade e qualidade de grãos por exemplo, hoje o país teria enorme dificuldade de equilibrar a sua balança comercial nas exportações e somente não tivemos uma recessão ainda maior na economia brasileira nos últimos anos, justamente graças ao ótimo desempenho desse setor.

Nesse sentido, você achou ótimo o post do Ranza que defende que temos que comparar o Brasil com países mais similares e não focar a análise em grandes potências, mas parece adotar a visão binária de "potências mundiais em ciência" vs. "baixa relevância", como se não tivesse tons de cinza entre esses extremos...

É claro que o que mais gostaria é que o Brasil na media geral de todos os setores e não apenas a agropecuária, fosse ao menos a metade do que uma potência como os EUA é hoje, mas sabemos que isso está ainda longe de ser alcançado.
 
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Li perfeitamente bem, mas como você não entrou em detalhes, tomei a liberdade de analisar a questão sob o prisma dos nobeis, que é um ponto comumente abordado. Sabia que era um aspecto parcial da questão, e por isso iniciei o pensamento com o termo "por exemplo". Agora, os links que você trouxe não trazem muitas informações sobre a relevância da instituição. Você cita, como exemplo de méritos da Embrapa, (1) prêmio de pôster estudantil exposto em simpósio, o que deve ser o prêmio menos relevante possível na academia científica, (2) elogio de ministro em posse de diretor da Embrapa.

Os outros dois são elementos mais relevantes, mas ainda assim é muito pouco para estabelecer a Embrapa como um exemplo a ser seguido em pesquisa científica - tanto é que, sem surpresa, são noticiados justamente no site da Embrapa. Por exemplo, uma notícia cita que um pesquisador da Embrapa recebeu menções em uma revisão publicada em periódico científico. Mas quatro (dos cinco) autores da revisão são brasileiros, três são de universidades públicas e um é da própria Embrapa. Então sei lá né, brasileiros citando brasileiros em publicações internacionais não é novidade e não indica um mérito tão grande assim por parte da instituição.

Longe de querer criticar a instituição... Inclusive, o pesquisador da matéria tem um currículo bem parrudo. Mas também o têm vários cientistas veteranos brasileiros, então não faz sentido colocar a Embrapa num pedestal e o restante da pesquisa brasileira como algo de "baixa relevância". Ou pelo menos, se for de fato fazê-lo, é indispensável analisar indicadores mais globais como publicações, cpp, índice h, números de prêmios relevantes, ou qualquer outro índice relevante para uma pesquisa mais imediatamente aplicada à sociedade....






Aqui [1] [2][3][4] estão dados bem mais relevantes e surpreendentes sobre a Embrapa. É uma instituição muito maior do que eu pensava, com dezenas de unidades espalhadas pelo país, 3.5 bilhões de orçamento, 1300 pesquisadores com Phd. Para título de comparação, a USP, uma instituição de grande escala no contexto nacional, tem 5 bilhões de orçamento e 5600 professores com Phd. São números maiores, mas temos que ter em mente que a USP pesquisa um sem número de áreas, e oferece diversos cursos de graduação, pós e extensão. Quer dizer, se é verdade que a Embrapa tem um sucesso atípico frente às demais instituições científicas, isso seria reflexo primeiramente de todo esse investimento.

A matéria [1] da Folha, porém, traz uma informação interessante: "Oito em cada dez estudos que a Embrapa produz são em parceira com universidades brasileiras. (...) A USP é a recordista com 856 trabalhos publicados em conjunto com a instituição (...)". Quer dizer, nem cabe contrapor a Embrapa com a pesquisa de fora da Embrapa, a Embrapa está mais para um motor e coalizador da pesquisa em agricultura ao redor no país. "A própria Embrapa, apesar do nome, define-se mais como instituição de pesquisa pública do que como uma empresa". Faz mais sentido analisá-la como uma peça na estratégia de desenvolvimento nacional do setor, e analisar o setor como um todo.

Esse artigo mostra que agricultura é de fato um destaque em pesquisa, mas (1) mais pela produtividade do que pelo impacto internacional, (2) recebe 10% do investimento em R&D. Então não é trivial justificar que o setor - e a Embrapa em particular - é uma "referência no exterior" em termos de pesquisa científica ou tem uma grande "quantidade de cientistas premiados e com trabalhos reconhecidos internacionalmente". E não é trivial comparar, frente ao seu orçamento e às peculiaridades de um setor tão imediatamente ligado a uma atividade econômica nacional, o quanto essa área de pesquisa científica é de fato mais bem-sucedida do que as demais áreas.

Surpreendentemente, o artigo cita a Física como uma das únicas duas categorias "where Brazil has a citation impact well above the world average and relatively high percentages of papers in the world’s top 1% and top 10% of most highly-cited papers".
 
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A Embrapa nos últimos anos vem articulando cada vez mais boas parcerias nacionais e internacionais, tendo um investimento muito bom e acima de tudo muito consistente, em especial nas últimas duas décadas que por isso faço questão de cita-la, pois não vi nenhum outro setor ter tido destaque igual, relevante e impactante, com a mesma consistência e com o mesmo potencial pra continuar seguindo forte no mesmo intervalo de tempo. Num século como o atual, onde ter alta produtividade com qualidade e elevado rendimento será algo pra poucos países, dadas as condições climáticas favoráveis que o Brasil tem, o trabalho de pesquisa deles só tende cada vez mais expandir e ser cada vez mais importante no exterior. É claro que hoje ela não é a melhor e maior do mundo no setor, mas seu investimento e crescimento consistente tem mostrado que tem condições pra chegar bem mais longe e ser muito mais influente.

Ok, discutimos premiação e reconhecimento internacional como um critério de relevância, mas não podemos esquecer que quando o resultado do investimento de um importante centro de pesquisa produz resultados e impactos diretos na economia do país (e que acaba refletindo internacionalmente pelo fato do Brasil se firmar mais como um grande celeiro mundial com a ajuda direta e indireta do bom trabalho desenvolvido pela Embrapa) e por tabela na sociedade, isso também é muito relevante. Então é mais um pra lista.

Admito que não sou muito otimista em relação ao crescimento consistente da pesquisa científica no Brasil, mas se tem um setor que assumidamente eu apostaria minhas fichas sem medo de perder é justamente esse que a Embrapa atua, onde acredito que vai ser muito mais influente e de destaque mais expressivo do que agora.

De forma nenhuma estou ignorando ou desprezando a importância dos avanços e investimentos que o Brasil teve na física, astrofísica, biologia, nanotecnologia etc, mas sempre que mencionei aqui a menção "baixa relevância" é apenas em comparação principalmente a maior potência (EUA) e não ao mundo inteiro.
 
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Bom, eu acho que o Brasil tem potencialidade para alcançar o desenvolvimento científico de países como a China, e se não o fez, foi por escolhas no passado. Tanto é verdade, que algumas análises costumam trabalhar com os BRICS conjuntamente. Se for para baixar a cabeça até para a China e "nos colocar no nosso devido lugar", então vamos nos comparar com países latino-americanos e ficar de boa, pois teria pouco a melhorar....

Mas enfim, o foco do post nem foi esse... Quando cito o Japão, por exemplo, não foi almejando necessariamente que atingíssemos os patamares do Japão, mas sim rebater uma crença que soa patentemente falsa quando analisamos os números do Japão. Por exemplo, eu poderia ter mencionado a Índia e a Rússia, que estão em posições levemente superiores na colocação do índice H (Brasil: 24, Rússia : 22, Índia: 21), mas têm um número menor de cpp. Mas é muito mais informativo citar o Japão (6), afinal, se a Índia e a Rússia têm pouca citações, talvez a ciência deles tenha pouca qualidade, mas poucos diriam o mesmo em relação ao Japão. Idem para a China.

Baixar cabeça pra China não, achei essa comparação válida, e eu acho que a comparação com os BRICS é bem relevante (pode incluir a Africa do Sul), principalmente para ver como é nosso desenvolvimento perante eles.
 
Aproveitando aquele gancho de se comentar citações, qualidade de ensino, pesquisa científica e tudo mais.. eis uma notícia fresquinha que diz respeito ao rankeamento das universidades brasileiras no cenário latino-americano. Dentro desse cenário, vejam que o Chile está colhendo o que plantou.

Chile desbanca USP e Unicamp e lidera ranking com 150 universidades

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Entrada do campus da Unicamp em Barão Geraldo, na cidade de Campinas (SP) Imagem: Renato Cesar Pereira/Photopress
O Chile tirou do Brasil o título de melhor universidade da América Latina segundo a avaliação de um dos principais rankings internacionais do mundo, o THE (Times Higher Education).

A PUC-Chile (Pontifícia Universidade Católica do Chile) lidera o ranking das universidades latino-americanas de 2019, ultrapassando de uma vez só USP (Universidade de São Paulo) e Unicamp (Universidade de Campinas).

Enquanto a USP permanece no segundo lugar, a Unicamp, que ocupava o primeiro posto desde 2017, agora cai para o terceiro.

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Mas a queda da Unicamp não é resultado de uma piora na avaliação da universidade, e sim de um acirramento da concorrência com as outras instituições. Apesar de a Unicamp apresentar um crescimento na pontuação geral em comparação ao ano passado (de 86,5 para 87,8), ele não foi suficiente frente ao que melhoraram a USP (de 86 para 88) e a PUC-Chile (de 85,7 para 88,6).

A listagem, divulgada hoje, avaliou 150 universidades de 12 países. É a primeira vez que uma instituição chilena aparece no topo.

Em nota, o reitor da PUC-Chile, Ignacio Sánchez, afirmou que a liderança da instituição no ranking é um "lugar de privilégio". Ele destacou, ainda, que o resultado é um "reflexo da atividade e suporte da comunidade universitária".

Marcelo Knobel, reitor da Unicamp, diz ver as mudanças no topo do ranking com "muita tranquilidade". "As diferenças entre as universidades são muito pequenas, então é normal essa flutuação", afirma o reitor.

Segundo ele, é preciso ressaltar a importância das boas posições das universidades públicas no ranking --entre as dez instituições mais bem colocadas, seis são brasileiras, sendo cinco delas públicas.

"Do ponto de vista prático, a nossa pontuação está bastante estável, e temos a convicção de que estamos fazendo um ótimo trabalho no que se refere ao posicionamento das universidades públicas nesses rankings internacionais. Temos que ver o conjunto e ver o que conseguimos fazer em tão pouco tempo e com tantas crises financeiras, com tantos problemas", pontua Knobel.

Na avaliação, são considerados cinco indicadores: ensino, pesquisa, citações, visão internacional e transferência de conhecimento.

A PUC-Chile assume a primeira posição com uma melhora em pesquisa, indústria e receita institucional, critério avaliado dentro do indicador de ensino.

"Vale observar que esta instituição [Unicamp], bem como várias outras brasileiras, teve menor pontuação por impacto de citações neste ano, o que sugere que o país deve dar mais atenção à qualidade da pesquisa para evitar queda maior no futuro", diz o material de divulgação do THE.

A queda neste indicador coincide com cortes nas bolsas de pesquisa por todo o Brasil, um dos efeitos dos bloqueios no orçamento da educação pela gestão do presidente Jair Bolsonaro (PSL).

Knobel afirma que a instituição vem mantendo suas atividades de pesquisa "de maneira absolutamente normal". Mas ele destaca que os congelamentos podem ter reflexos "mais para a frente".

"Claro que, se houver cortes, teremos menos estudantes com bolsa. Há uma preocupação com o apoio, a renovação do parque de equipamentos, a infraestrutura", conta.

O reitor da USP, Vahan Agopyan, afirma ser uma "conquista" que uma universidade "grande e que abrange todas as áreas do conhecimento, como a USP" continue em segundo lugar. "Como todas as instituições estão progredindo, conseguir se manter na mesma classificação significa que evoluímos de um ano para outro", diz.

O Times Higher Education é uma publicação britânica, considerada uma das principais avaliações educacionais do mundo todo, que analisa universidades desde 2011. O recorte específico sobre as instituições de ensino superior da América Latina foi feito pela primeira vez em 2016.

Brasil bem no ranking e mundanças entre latinos

Apesar de ter perdido a liderança, o Brasil ainda é o país com maior número de universidades entre as dez melhores instituições.

Além da USP e da Unicamp, a PUC-Rio (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro) aparece em quarto lugar, a Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) fica em sexto, a UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) em oitavo e a Unesp (Universidade Estadual Paulista) aparece na décima posição.

Mais de um terço das universidades que aparecem no ranking são brasileiras: são 52 instituições, número maior do que no ano passado, quando 43 universidades foram colocadas na lista.

O Chile é o segundo país mais bem representado, com 30 universidades no ranking (eram 26 no ano anterior).

Cuba aparece na classificação pela primeira vez, com a Universidade de Havana em 48º lugar e a Universidade Marta Abreu de las Villas garantindo uma posição na faixa acima do 101º lugar.

Já a Venezuela caiu das 50 principais instituições. A Universidade Simón Bolívar despencou do 39º lugar para a faixa de 51-60 devido a uma queda na pontuação de reputação por pesquisa. A Universidade dos Andes, outra única representante do país, permanece na faixa de 61-70 e tem alta pontuação por ambiente de pesquisa.

https://educacao.uol.com.br/noticia...mp-e-lidera-ranking-com-150-universidades.htm
 

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