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Gimli se apaixonou pela Senhora Galadriel?

Este tópico diz respeito ao livro A Sociedade do Anel, que deixa isso extremamente claro. No final da estada da Comitiva em Lothlorien, quando a Senhora Galadriel presenteia cada um dos integrantes, o único presente que Gimli pede, ao se emocionar, é um fio de seu cabelo, para que ele o cristalize nas minas. Mas dito isso, é sobre a cena seguinte que estou falando, quando estão todos indo embora de barco e Gimli chora desesperadamente, falando com Legolas. Ele dá a entender que se apaixonou pela Senhora Galadriel, inclusive diz que essa foi sua "verdadeira perda" e que Elrond estava certo. A única segunda hipótese cabível de interpretação nessa parte do livro (releiam nos seus, enquanto leem este artigo) é que Gimli estava desolado pela ida da própria Lothlorien, o que não faz tanto sentido. E o pedido dos fios de cabelo, corrobora com o meu julgamento. O que acham, aqueles que releram essa parte?
 
Uns pontos de reflexão de minha parte e deixo aqui:

Sobre amor profundo com afinidade especial com certeza havia, uma vez que Noldor tinham afinidade especial com anões (Aulë) e devido ao fato de Tolkien falar muito em amor platônico em outros pares de homem e mulher dos livros.

Por um lado é preciso dizer que dado o puritanismo dele, mesmo que fosse para estimular a imaginação do leitor, é difícil ver Tolkien publicamente levando adiante em SdA uma relação (em alta fantasia com valores cristãos) com uma mulher casada a não ser que ele tivesse dado a entender descuidadamente algo que não pretendia inicialmente. Esse ponto é especial porque o autor era bem perfeccionista em não deixar passar certos assuntos imorais, segundo a educação dele, fazendo revisões e mais revisões do material antes de aprová-lo.

Por outro lado posso dizer que cheguei a ler um pouco sobre a relação um pouco dificultosa (pelos tempos) que ele teve para conseguir "ganhar a esposa" e que ela já estava comprometida com outro a princípio e que ele disputava essa situação, no que poderia haver um fundo subliminar ou sub-consciente que poderia escapar dentro de uma obra assim. (Tolkien era humano e imperfeito afinal)

Digno de nota é que Tolkien considerava a idéia de lutar pela própria felicidade dentro do sentido que se dava na época da primeira grande guerra. Para poder ter escolha antes vinha a luta pela liberdade e foi isso que ocorreu no caso da garota que ele queria e já estava na mão de outro pretendente. Dependendo das condições essa luta estaria dentro de um contexto de honra e cavalheirismo (um pouco alienígenas para nós de hoje) que envolvesse admiração antes de assumir o próximo passo (sexo e erotismo romântico). Na época dele poderia ser encarado por meio do famoso duelo (por qualquer tesouro que fosse).

No sentido do "canone da obra" eu pessoalmente vejo muitas dificuldades pois ele teria que explicar a situação toda para dar lógica ao fato de elfos, que em raríssimas vezes trocam de par (quando Finwe faz isso dá uns problemas sérios na família), terem interesse conjugal em anões e isso teria provocado uma trava terrível na estrutura do universo. Quer dizer, seria fácil conseguir presumir uma relação estranha assim em GRR Martin (Dark Fantasy), mas não é tão fácil fazê-lo com Tolkien.

Por exemplo, humanos são mais próximos de elfos (são os irmãos mais novos na mente de Eru) e por isso temos umas poucas relações entre dois povos (um punhado, umas 4 uniões se considerar as lendas de Gondor da elfa Nimrodel*). Já anões são "filhos adotados de Eru", o que os deixa numa situação ainda mais precária e rara do que a dos humanos das 3 casas se apaixonando por elfas. Quer dizer, diferentemente de outras obras, os anões em Tolkien não são simples casos de nanismo entre os humanos, mas uma raça inteiramente diferente e muito mais incompatível em termos de interesses, ainda mais distantes do que os humanos.

*Uniões trágicas tendem a ser limadas do material principal, vide a história de Andreth.
 
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— Olhei pela última vez para aquela que era a mais bela (fairest) — disse ele a Legolas, seu companheiro — Daqui para frente, não chamarei nada de belo, a não ser o presente que ela me deu — colocou a mão no peito — Diga-me, Legolas, por que vim nesta Demanda? Mal sabia onde o maior perigo estava. Elrond estava certo quando disse que não podíamos prever o que poderíamos encontrar em nosso caminho. O tormento no escuro era o perigo que eu temia, e esse perigo não me demoveu. Mas eu não teria vindo, se soubesse do perigo da luz e da alegria. Agora, com esta despedida, sofri meu maior ferimento, e não poderia haver pior nem mesmo que eu tivesse de ir nesta noite, diretamente ao encontro do Senhor do Escuro. Pobre Gimli, filho de Gloin!​
— Não — disse Legolas — Pobres todos nós! E todos os que caminham pelo mundo nestes últimos tempos. Pois assim são os modos deste mundo: encontrar e perder, como parece àqueles cujo barco está na correnteza veloz. Mas considero você um abençoado, Gimli, filho de Gloin: pois sua perda você sofre de livre e espontânea vontade, e poderia ter escolhido outro caminho. Mas não abandonou seus companheiros, e a menor recompensa que poderá ter é que a memória de Lothlórien permanecerá sempre viva e imaculada em seu coração, e não vai se apagar nem envelhecer.​
— Talvez — disse Gimli — E agradeço por suas palavras. Palavras verdadeiras, sem dúvida, apesar disso, todo esse consolo é frio. A lembrança não é o que deseja o coração. É apenas um espelho, mesmo que seja cristalino como Kheled-zâram. Pelo menos, é isso que sente o coração de Gimli, o anão. Os elfos podem enxergar as coisas de outra forma. Na verdade, ouvi dizer que para eles a memória é mais semelhante à realidade do que ao sonho. Não é assim para os anões.​

Podemos (com certa boa vontade) interpretar que a devoção de Gimli é uma devoção que se prestaria a um santo especialmente belo, até porque o personagem da Galadriel tem conotações marianas em O Senhor dos Anéis. Os apêndices complicam um pouco a coisa, pois é dito que Gimli teria ido às Terras Imortais por "desire to see again the beauty of Galadriel", mas ainda assim é possível uma interpretação mais púdica. Seria bem bizarro um anão chegar às Terras Imortais basicamente atrás de um romance platônico e proibido. :lol: Não condiz com o que temos na saga como um todo, em que até interesse entre primos, e o segundo casamento de Finwë, são vistos como sinais de mácula.
 
Com NÃO TÃO poucas palavras assim e salvo do misterioso crash da virada de 2009 pra 2010

 
Pedir uma mexa de cabelo é um jeito mais antigo de se declarar pra uma mulher. Aí vai dela dar ou não.
Ela não deu pro Fëanor, mas deu pro Gimli.
Os elfos certamente sabiam desse costume. Já se os anões também o conheciam, eu considero uma questão em aberto.
Ao meu ver, foi paixão sim. Paixão da braba, daquela que dói.
 
Uma coisa MPORTANTÍSSIMA que, nós, supostamente empoderados e esclarecidos, eternamente "contemporâneos" ( como vcs devem saber uma das críticas MAIS FAMOSAS e pertinentes à nossa nomenclatura pras "Idades" do Mundo Pós-descoberta da Escrita, é que existem 4 (pelo menos!) formas de "amar"...

Por dessas co-incidências ou co-inerências do Destino um número que COINCIDE com o dos Quatro "Mosquiteiros", os 4 Inklings "principais"".... Tolkien, Lewis, Williams e Barfield.

Essa tetéia aqui altamente prertinente pro assunto ora em pauta (ou patuá) ou empátuá) fica pra vcs verem, como eu vi, que, apesar de tudo, tem, sim, coisas que os Evangélicos, mesmo os Neopentecostais, fazem BEM , BOM E DIREITO....

Tó:





 
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Não vejo como uma paixão erótica/ romântica, como disseram acima, é algo mais relacionado a veneração, a ver algo tão belo, sublime, algo que não pode der descrito com palavras, que todo o resto passa a ser ordinário.
 
Vale lembrar que ele, MUITO provavelmente, sentia algo também MUITO intenso e profundo pelo Legolas...

Eu sempre achei que aquela "olhada" de Gioconda gatúnica que vai comer o canário no filme do PJ na hora de ir embora nos Portos Cinzentos SEM o Celeborn denunciava planos, no mínimo, ousados... :o :o :niver: :niver: :ruiva: :ruiva: :ruiva::ruiva:



 
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E, quem leu a biografia do Carpenter sobre o Tolkien, está por dentro do fato de que a citação dos Quatro Amores que aparece lá é BEEEEMMMMMMMMM pertinente ao assunto em pauta.

 
Vale lembrar que ele, MUITO provavelmente, sentia algo também MUITO intenso e profundo pelo Legolas...
sentia sim. se chama amizade.

eu curto que em tolkien temos relações extremamente intensas que não deixam de ser puramente de amizade e de admiração. tem algo de imaculado nisso que condiz com os valores dele.

outros dois que poderia se dizer que eram muito proximos era turin e beleg, mas eu nao vejo nada ali além de amizade e admiração também
 
Gimli viu Galadriel meia dúzia de vezes, se muito. Não tem como ter desenvolvido uma amizade com ela. Amizade requer relação próxima pra frutificar.
Diferente de paixão, que pode ser tempestiva. O tal amor à primeira vista. A admiração em excesso também causa paixão. Tesão basta uma olhadela de esgueio pra acontecer.
Sabe quando se diz: "Nossa, fulan@ é tão bonit@ que até dói". Então, isso também é um tipo de paixão. É um desejo que está ali martelando no peito. Existem N graus e tipos de paixão.

Eu não concordo com essa leitura pudica que se faz da obra de Tolkien, usando a influencia católica como desculpa pra interpretar os personagens como se fossem carolas recatas de um mundo cristão ideal. Tolkien bebeu muito das mitologias, e o que mais tem nisso é gente com falhas, erros, pecados, paixões à flor da pele. Gente como a gente. A própria Bíblia é um bom exemplo disso. O eu não falta é exemplo de perversão lá.

Não é à toa que o maior herói de Tolkien é também o mais canalha de todos: Fëanor. Que por sinal, também pediu os cabelos de Galadriel por mais de uma vez, e sempre foi rechaçado.

E não é porque Gimli desejva Galadriel que necessariamente ele tenha que fazê-lo única e exclusivamente com luxúria depravada. Isso está mais para o caráter do Fëanor do que do Gimli. É possível desejar alguém com respeito e admiração, e ainda sim, desejar. Não tem nada de errado nisso. Faz parte da vida e das relações sociais. Qual é o problema em admitir que Gimli desejava a Galadriel? Uma mulher descrita do jeito que era, o difícil é acreditar quem não a desejaria.
 
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Gimli viu Galadriel meia dúzia de vezes, se muito. Tão tem como ter desenvolvido uma amizade com ela. Amizade requer relação próxima pra frutificar.
Diferente de paixão, que pode ser tempestiva. O tal amor à primeira vista. A admiração em excesso também causa paixão. Tesão basta uma olhadela de esgueio pra acontecer.
Sabe quando se diz: "Nossa, fulan@ é tão bonit@ que até dói". Então, isso também é um tipo de paixão. É um desejo que está ali martelando no peito. Existem N graus e tipos de paixão.

Eu não concordo com essa leitura pudica que se faz da obra de Tolkien, usando a influencia católica como desculpa pra interpretar os personagens como se fossem carolas recatas de um mundo cristão ideal. Tolkien bebeu muito das mitologias, e o que mais tem nisso é gente com falhas, erros, pecados, paixões à flor da pele. Gente como a gente. A própria Bíblia é um bom exemplo disso. O eu não falta é exemplo de perversão lá.

Não é à toa que o maior herói de Tolkien é também o mais canalha de todos: Fëanor. Que por sinal, também pediu os cabelos de Galadriel por mais de uma vez, e sempre foi rechaçado.

E não é porque Gimli desejva Galadriel que necessariamente ele tenha que fazê-lo única e exclusivamente com luxúria depravada. Isso está mais para o caráter do Fëanor do que do Gimli. É possível desejar alguém com respeito e admiração, e ainda sim, desejar. Não tem nada de errado nisso. Faz parte da vida e das relações sociais. Qual é o problema em admitir que Gimli desejava a Galadriel? Uma mulher descrita do jeito que era, o difícil é acreditar quem não a desejaria.
Justo. Ótimo ponto.
Então eu reforço meu argumento de que gosto desse ''respiro'' que Tolkien me traz com personagens tão bons e valorosos e com vários exemplos de amizades de fato fortes e 'elevadas', puras, sem pedir nada em troca. E concedo que Gimli tinha um severo crush na Galadriel, que, claro, ele mantinha como admiração e não com um desejo carnal.
 
sentia sim. se chama amizade.

eu curto que em tolkien temos relações extremamente intensas que não deixam de ser puramente de amizade e de admiração. tem algo de imaculado nisso que condiz com os valores dele.

outros dois que poderia se dizer que eram muito proximos era turin e beleg, mas eu nao vejo nada ali além de amizade e admiração também
E, depois de tirar essa conclusão, vc vai lá, lê o Book of Lost Tales 2, onde Túrin dá um beijo na boca no corpo degolado de Beleg, e , no mínimo, se pergunta o que aquilo estava fazendo ali e, se era pra ficar, pq Tolkien cortou o episódio depois, substituindo-o pela catatonia curada com a ajuda de Gwindor...

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Re: Da tecnologia Númenoreana e sua força aérea (hã?)
Ilmarinen,pude notar, após retomar meu velho interesse pelas obras de Tolkien, que há um consenso de que os elfos são aquilo que o professor gostaria que a humanidade fosse. E que os escritos, onde isto fica mais claro, são aqueles produzidos em seus últimos anos de vida. As razões, apontadas para tal fato são várias, e uma dentre elas é muito interessante, pois, segundo alguns de seus estudiosos, Tolkien deplorava ser cultuado pela contracultura da década de 60 (hippies, sexo, drogas, rock and roll, feminismo, luta pelos direitos dos homossexuais etc).

Tolkien, de fato, comentou que ele tinha um "deplorável culto", quando os fãs hippongos dos anos sessenta nos EUA começaram a fazer coisas como ligar pra ele de madrugada, ignorando a diferença do fuso horário. Mas não consta que Tolkien, alguma vez, expressou, verbalmente ou por escrito, repúdio à cooptação de sua obra como bandeira pros movimentos ecológicos, hippies ou não, dos anos sessenta, ou mesmo que a identificação de certos segmentos específicos com sua obra fosse algo indesejável.

Quanto à questão da homossexualidade, por exemplo, foi ele mesmo que deixou uma cena do Túrin dando um beijo na boca do cadáver degolado de Beleg nos Contos Perdidos, um fato que, se fosse normal na Terra Média, deveríamos esperar ver repetido em outras situações similares, Frodo-Sam, Aragorn-Boromir.

Ver anexo 87584

Se ele cortou ou omitiu a cena posteriormente, lembrando que ele NÃO DIZ que ela não acontece, somente se foca em outras coisas que aconteceram , tipo o ataque de catatonia do Túrin ( discretíssimo!!!), é porque ele, no mínimo, pensou que havia meio que pegado pesado demais, ou que um beijo na boca não era mais passível de ser interpretado da maneira "correta".

Devemos lembrar aqui que o fato do Silmarillion ter se tornado, retroativamente, em termos de publicação, o livro background de uma obra (SdA) que, por seu turno, tornou-se sequência de um livro infanto-juvenil, O Hobbit, provavelmente, bagunçou muito o meio de campo no que Tolkien queria ( ou podia) descrever nos livros conservando alguma pretensão de eventual publicação.

Salientemos que, até os dias de hoje, a J.K.Rowling, por exemplo, a despeito de todo seu poder e prestígio midiático, não pôde deixar a homossexualidade de Dumbledore explícita na série de llivros de Harry Potter, soltando a "bomba" num comentário off-book em uma convenção de fãs da saga.Podemos imaginar, então, o quão mais forte era o potencial pra censura na época em que Tolkien trabalhava a mitologia do Silmarillion. Na mesma época o Amante de Lady Chaterley foi proibido de ser vendido na Inglaterra por motivos que são fichinha pros padrões atuais e a Mary Renault e o Auden resolveram mudar pra África do Sul e pros EUA, respectivamente.

Além do mais, ele apreciava livros de ficção histórica/fantasia que apresentavam uma abordagem "histórica" da homosexualidade como o King Must Die e o Bull that came from the Sea da Mary Renault ( com amazonas lésbicas e homossexulidade "gráfica" sutil. E diversoss dos elementos da sociedade greco-romana apresentam similaridades com algumas das condições de vida dos Eldar na Terra Média, principalmente certos aspectos da vida "na fronteira" estilo Legião Estrangeira de Beleg e Túrin.

Citemos aqui que a própria Mary Renault, que era uma amiga e ex-aluna de Tolkien, era abertamente homossexual como o W. H.Auden também era. O mesmo valendo pra um dos correspondentes e amigos mais íntimos de Lewis, Arthur Greeves.

Se vc quer saber, por causa disso tudo, minha suspeita é que Tolkien e Lewis eram mais abertos a respeito desse asssunto do que se podia supor pelas suas diatribes doutrinárias evangelizantes ( Tolkien era muito mais retrógrado ao tentar instar seus filhos na "boa vida cristã" por cartaa do que escrevendo sua ficção), haja vista que Lewis TAMBÉM descreveu um beijaço na boca entre personagens masculinos no Perelandra ( pra piorar com a esposa do macho beijado entrando na beijação também ( ou seja, no presente moderno, anos quarenta, e não numa sociedade medieval emulada), ecoando, na descrição do evento, um comentário do livro dele citado pelo Carpenter, os Quatro Amores:" como iguais se beijam" falando da empatia compartilhada de homens que eram "pares e iguais".

They made him go across the water to them, wading, for it came only to his knees. He would have fallen at their feet but they would not let him. They rose to meet him and both kissed him, mouth to mouth and heart to heart as equals embrace. They would have made him sit between them, but when they saw that this troubled him they let it be. He went and sat down on the level ground, below them, and a little to the left. From there he faced the assembly - the huge shapes of the gods and the concourse of beasts. And then the Queen spoke.
Perelandra

“Those are the golden sessions, when our slippers are on, our feet spread out towards the blaze and our drinks at our elbows; when the whole world, and something beyond the world, opens itself to our minds as we talk; and no one has any claim or responsibility for another, but all are freemen and equals as if we had first met an hours ago, while at the same time an Affection mellowed by the years enfolds us. Life – natural life – has no better gift to give.”" (The Four Loves, 1960)

“What were the women doing meanwhile? How should I know? I am a man and never spied on the mysteries of the Bona Dea.” (The Four Loves, 1960)

“Friendship of this kind was remarkable, and at the same time entirely natural and inevitable. It was not homosexual (Lewis dismisses that suggestion with deserved ridicule), yet it excluded women. … if we have ever enjoyed a friendship of that sort we shall know exactly what it was about. And even if that fails us, we can find something of it expressed in The Lord of the Rings.” (Carpenter, 2002)


Texto analisando isso tudo a fundo aqui (infelizmente deixa de fora a citação do Perelandra e suas implicações, como por exemplo, a de que, talvez, C.s.Lewis considerasse beijos na boca como aceitáveis e até esperados "entre iguais").

Tolkien, Friendship and the Four Loves

Acrescente-se texto confirmando aquilo que eu já suspeitava

While reading a new book about Lewis, I stumbled across the fact that one of CS Lewis' best friends throughout life was gay. The author mentions that CS Lewis' "pronouncements on homosexuality were notably liberal-minded...no doubt because Arthur Greeves, his best friend from boyhood, was homosexual (p.128).

E, detalhe, apesar da óbvia e potencialmente escandalosa conectividade do episódio com o passagem da biografia de Tolkien, onde o Carpenter citou o trecho do livro de Lewis, NINGUÉM até hoje comentou o episódio, mesmo considerando que o herói do Perelandra ( Ransom ( resgate) mas que também lembra "handsome") foi calcado em cima da imagem que Lewis tinha de Tolkien na época da publicação...

Eu sou bem da opinião da Kristen Brennan no site do Star Wars origins....Tolkien, a la asas dos balrogs, deixa assuntos como esses em aberto de propósito, até pra respeitar a posição pretensamente( mas nem sempre) "neutra" e "não bisbilhoteira" de cronistas históricos de grandes eventos em cima de tópicos como esse, que foi, afinal, o ponto de vista e foco que ele tentou emular na maioria dos escritos do Legendarium e, principalmente, no Silmarillion.
 
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I am a Christian (which can be deduced from my stories), and in fact a Roman Catholic. The latter 'fact' perhaps cannot be deduced; though one critic (by letter) asserted that the invocations of Elbereth, and the character of Galadriel as directly described (or through the words of Gimli and Sam) were clearly related to Catholic devotion to Mary. Another saw in waybread (lembas)= viaticum and the reference to its feeding the will (vol. III, p. 213) and being more potent when fasting, a derivation from the Eucharist. (That is: far greater things may colour the mind in dealing with the lesser things of a fairy-story.) (carta 154)​

Galadriel, através das palavras de Gimli, está correlacionada à devoção à Maria. Boa sorte tentando conciliar tesão ou crush com isso. :hxhx: De minha parte, sempre foi claro que a melhor metáfora do amor de Gimli é a metáfora de um amor que um devoto tem a seu santo. E nem precisaria apelar para as cartas - nas obras (pelo menos em O Senhor dos Anéis e em textos mais tardios) não há nenhum caso de bastardia, adultério, homossexualidade, perversões... O capítulo introdutório de O Senhor dos Anéis, em que os hobbits são descritos com bastante detalhes, seria um local ideal para desenvolver isso - sei lá, nem que fosse um Sacola-Bolseiro que tivesse nascido antes de seus pais casarem.... Ou os noldor da Primeira Era - poderíamos ver, por exemplo, algum noldo casado que, tendo deixado a esposa em Valinor, tenha tomado uma concubina no Exílio. Isso para não falar de coisas ainda mais escandalosas sob a moral católica. Nada disso é descrito. Os personagens são sim o que a moral moderna chama de "carola": se trata, em muitos aspectos, de uma utopia católica. Daí que é bem implausível que houvesse um romance tão tabu como aquele (mulher casada, de outra "espécie"), e que, pior, fosse descrito sem pudores pelo pseudoautor de O Senhor dos Anéis. Se ele descreve, por exemplo, que Gimli talvez tenha ido à Tol Eressea para contemplar a beleza de Galadriel, decerto a intenção é honrar os personagens de O Senhor dos Anéis, e não subentender um romance tabu que possa denegrí-los - e desejar a mulher do próximo é um "pecado", ainda que seja parte do que entendemos modernamente como a natureza humana.

Isso me lembra a discussão sobre a variedade étnica nas obras de Tolkien. A obra é claramente eurocêntrica, mas alguns, como o Reinaldo J. Lopes, tentam tirar leite de pedra, pegando personagens ultraterciários que fogem dessa regra (como Bór, o Fiel em O Silmarillion e os druédain da Primeira Era que foram pouco integrados ao cânon de Tolkien). Do mesmo jeito, só tirando leite de pedra para encontrar alguma "não-carolice" nas obras.
 
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Esse trecho que você citou é da carta 213, de 1958.
Nela Tolkien comenta que um crítico relacionou o caráter de Galadriel (como descrito por Sam e Gimli) com a devoção à Virgem Maria.
Pois bem, um crítico fez essa afirmação. Não foi Tolkien quem a fez.

Aí, se formos na carta 142, de 1953 (5 anos antes), a gente acha esse tal crítico, que é nada mais nada menos que um Padre Católico. Ora ora ora, muito conveniente que um Padre veja tal devoção.
Tolkien na resposta comenta que o tal Padre revelou coisas da sua própria obra a ele. Ou seja, é obviamente um papo de carolos, e Tolkien está reinterpretando o que havia escrito sob o olhar do crítico, que, não custa lembrar novamente, era padre. Não tem relação com o que Tolkien de fato quis escrever quando o fez. E mesmo com essa reinterpretação, Tolkien não confirma que é uma devoção religiosa de Gimli para com Galadriel.

Carta 154, de 1954 (depois da carta do Padre):
(...) and so certain 'mortals', who have played some great part in Elvish affairs, may pass with the Elves to Elvenhome. Thus Frodo (by the express gift of Arwen) and Bilbo, and eventually Sam (as adumbrated by Frodo); and as a unique exception Gimli the Dwarf, as friend of Legolas and 'servant'of Galadriel."

Se fosse devoção do tipo hiperdulia, não haveria necessidade alguma do Gimli ir atrás da Galadrial para servi-la em pessoa. Curioso o uso de servent entre aspas.
Esse trecho dessa carta me lembra muito um texto belíssimo do Tagore (aliás, qual texto dele não é belíssimo?):

SERVANT. Have mercy upon your servant, my queen!

QUEEN. The assembly is over and my servants are all gone. Why
do you come at this late hour?

SERVANT. When you have finished with others, that is my time.
I come to ask what remains for your last servant to do.

QUEEN. What can you expect when it is too late?

SERVANT. Make me the gardener of your flower garden.

QUEEN. What folly is this?

SERVANT. I will give up my other work.
I will throw my swords and lances down in the dust. Do not send
me to distant courts; do not bid me undertake new conquests.
But make me the gardener of your flower garden.

QUEEN. What will your duties be?

SERVANT. The service of your idle days.
I will keep fresh the grassy path where you walk in the morning,
where your feet will be greeted with praise at every step by
the flowers eager for death.
I will swing you in a swing among the branches of the
saptaparna, where the early evening moon will struggle
to kiss your skirt through the leaves.
I will replenish with scented oil the lamp that burns by your
bedside, and decorate your footstool with sandal and saffron
paste in wondrous designs.

QUEEN. What will you have for your reward?

SERVANT. To be allowed to hold your little fists like tender
lotus-buds and slip flower chains over your wrists; to tinge
the soles of your feet with the red juice of ashoka
petals and kiss away the speck of dust that may chance to
linger there.

QUEEN. Your prayers are granted, my servant, you will be the
gardener of my flower garden.

Poderíamos muito bem substituir SERVANT por Gimli e QUEEN por Galadriel, e esse seria o diálogo de quando Gimli a encontrasse no além-mar.

Ahhh, o amorrrr...
 
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Aliás, citando Tagore, me lembrou de outra coisa.
Cristão deveria perder esse hábito de separar o amor terreno do amor divino.
Os orientais sabem muito bem que não existe essa diferenciação.
Tagore é um que em determinado momento fica impossível distinguir se ele esta falando de amor terreno ou de devoção a Deus.

Outro exemplo que me vem à cabeça é o Rumi, poeta persa, místico sufi do século XIII.
Era um mestre conhecido e famoso da tradição sufi no seu tempo, mas só foi depois que se encontrou com Shem de Tabriz, outro místico da época, que ele passou de um mestre do seu tempo para um mestre de todas as gerações sufi vindouras.
Foi através do amor por Shem que Rumi chegou mais próximo do que jamais havia chegado de Deus. Ele revolucionou o sufismo da época, que era mais careta, e virou uma pratica de amor sublime a Deus. Tudo isso saindo do amor entre dois homens. (Amor físico mesmo, com sexo e tudo o mais, antes que alguém queira interpretar de forma mais pudica).
Inclusive, tem textos por aí descrevendo o encontro de Rumi e Shem muito próximo à descrição do encontro de Melian e Thingol.
O poemas de Rumi pós Shem são lindíssimas odes ao amor, e muitas vezes também não fica claro se ele se refere ao amor terreno ou a Deus.
Devoção, como Rumi e Shem bem demostraram, não exclui amor terreno.
 

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