I am a Christian (which can be deduced from my stories), and in fact a Roman Catholic. The latter 'fact' perhaps cannot be deduced; though one critic (by letter) asserted that the invocations of Elbereth, and the character of Galadriel as directly described (or through the words of Gimli and Sam) were clearly related to Catholic devotion to Mary. Another saw in waybread (lembas)= viaticum and the reference to its feeding the will (vol. III, p. 213) and being more potent when fasting, a derivation from the Eucharist. (That is: far greater things may colour the mind in dealing with the lesser things of a fairy-story.) (carta 154)
Esse trecho que você citou é da carta 213, de 1958.
Verdade, a carta 154 é a que cita Gimli como 'servant' de Galadriel, tava aberto aqui no pdf e me confundi. Não citei esse trecho porque me parece um termo que, relativamente válido no universo interno, é neutro quanto à questão interpretativa que estamos discutindo. O desejo de Gimli em ficar próximo de Galadriel e "serví-la" pode ser por motivos de "paquera", ou (o que creio) ser o mesmo ímpeto que faz muitas pessoas se aproximarem de pessoas vivas tidas como santas, e também "serví-las" em seu dia-a-dia (quer em tarefas rotineiras, quer estando à disposição para eventualidades).
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Na carta 213, Tolkien cita o crítico não para se colocar neutro perante uma opinião citada casualmente, mas para indicar que é um aspecto de sua mentalidade católica que saltou de sua cabeça e transpareceu nos livros, sendo notado por terceiros. Isto é, "far greater things may colour the mind in dealing with the lesser things of a fairy-story" - enquanto ele escrevia uma história ficcional de menor importância, aspectos mais importantes de suas crenças estariam subjacentes em sua mente e fizeram-se presentes na história. Ou, como dito na carta 142 na qual ele fala com o crítico,
The Lord of the Rings is of course a fundamentally religious and Catholic work; unconsciously so at first, but consciously in the revision.
Na carta 213, ele traz a opinião do crítico como uma opinião respeitável e que bem enxergou aspectos de sua mentalidade católica impressa nas obras. O que ele deixa aberto (repare que ele também não nega, coloca um "perhaps") é que a catolicidade possa ser "deduzida", quer dizer, mostrada com certa objetividade. Mas, enquanto ele aponta que "o último fato" (catolicismo) talvez (!) não possa ser deduzido, ele diz que, pelo contrário, o cristianismo pode ser deduzido de suas histórias. Quer dizer, talvez a metáfora que seja mais plausível para outros leitores não seja exatamente a figura da Maria, mas a de santos menores, ou talvez não a de santos, mas a de outras figuras cristãs altivas e virtuosas - o que poderia retirar a metáfora do âmbito do catolicismo. Mas daí seria fazer um salto muito grande querer interpretar que Gimli tenha tido, por exemplo, um tesão proibido em Galadriel, pois contraria o espírito cristão (demonstrável) das obras e o que é discutido nas cartas... não vejo como aceitar essa leitura e a leitura de Gimli com devoção mariana como ambas leituras plausíveis e suficientemente consonantes com o espírito do autor...
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E ora bolas, qual é o problema do crítico ser padre? Fico imaginando um escritor marxista de uma obra famosa. Chega um crítico que, sei lá, seja um político comunista, e fala pro autor: "ei, sua obra tem muitos aspectos marxistas, vide tais, tais e tais pontos". O autor responde: "óia, só fui escrevendo e não tinha reparado, mas é isso mesmo, você é manjador, parabéns pela lucidez". E esse contato se dá antes da públicação, então é plausível o autor não estar completamente ciente das implicações filosóficas e espirituais de suas ideias intuitivas. Daí décadas depois um terceiro comenta que "ih, tinha que ser comunistas: papo de vermelhos, o autor não tava pensando sobre isso ao ler a obra, não levemos a sério - aliás, marxista tem que parar de pensar que acúmulo de riqueza é injustiça". Ué.
Para interpretar a obra de um jeito anti-marxista frente a tudo isso, contrapondo o que foi dito pelo próprio autor, teria que haver uma análise textual bem fundamentada, contradizer o autor com outros escritos do próprio autor.