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Notícias Governo limita ocupação de salas de cinemas a até 35% pelo mesmo filme

O jeito é aguardar pra ver qual será o impacto disso tudo e procurando ter uma expectativa pessoal menos pessimista possível.
 
Se você quer ir ver um filme que está em cartaz - e não consegue porque a demanda está muito maior do que a oferta -, e tem que optar por um outro qualquer, essa opção B é o filme Bosta. Você pode até se surpreender, e o filme não ser tão chato quanto você imaginou, e até ser legalzinho... Mas você queria ver o outro.
Alguns, sim.
Outros procuram o filme "bosta" e não acham em cinema nenhum.



O @Quickbeam disse que isso "só" vai impactar as duas primeiras semanas dos mega lançamentos. O problema é que o período em que esses lançamentos mais lucram é justamente na primeira e segunda semana. Se quiser ver Avengers 2, vai ter que comprar ingresso antecipado... Daqui a pouco tá igual torcedor de futebol tendo que dormir na fila pra comprar ingresso.

E se pra a gente que consome vai ser ruim, imagina pras empresas. Quem emprega e tal. "Ei, você que pensava em lucrar X com Star Wars: Episode VII, vai lucrar só x/3, beleza?"; "Ah, beleza! Então deixa eu desempregar 2/3 da folha salarial pra ficar em conta aqui pra mim, tá?". É de uma burrice sem tamanho. E mesmo se não for de forma tão dramática quanto estou colocando aqui... O que que o governo tem a ver em querer se intrometer em como empresas privadas vão lucrar? É atividade lícita, e tudo dentro das necessidades de acordo com a demanda.

Não acho tempestade em copo d'água não. Acho absurdo mesmo.
Mas a idéia da lei não tem a ver com dizer como as empresas tem que lucrar ou não.
É questão de diversidade.
Hoje temos diversidade bem baixa.

Concordo contigo que não me agrada uma proposta que "obrigue" estabelecimentos a agir dentro de limites que não sejam os limites usuais de moralidade ou legalidade.
Prefiriria políticas melhores de incentivo e divulgação.

Mas você não precisa distorcer a idéia do fato para ser contrário a ele, como você fez.



Eu resumo o problema de uma forma simples, talvez simples demais: cinemas sabem que determinado filme terá muito público e abrem várias salas, o público encontra o filme que quer ver no formato que prefere (legendado, dublado, 2D, 3D, etc.). Se o filme não dá retorno, o cinema coloca outro, tudo se ajusta e as partes envolvidas ficam felizes. Com o governo intervindo dessa forma estúpida, filmes ficam mais concorridos e os cinemas, sabendo que haverá quem pague, tem um incentivo para aumentar o preço dos ingressos. Algo que não incentivará os filmes independentes ou artísticos -- é racional que o cinema tente colocar outro blockbuster, talvez mais velhinho, para recuperar a receita perdida.

Pior é que, dada a canetada burocrática limitando a oferta, não é de duvidar que os cinemas preferirão exibir filmes 3D dublados: dá para cobrar mais e incentiva pais a levarem os filhos remelentos comedores de pipoca :/ O efeito será crítico nas cidades menores, onde os 35% equivalem a uma sala (Jaraguá é uma tristeza por isso).
Esse é um ponto relevante que pode acabar ocorrendo.
Aqui na Alemanha e na França eu sei que existem políticas similares. Ao mesmo tempo me surpreende como grandes complexos de cinema simplesmente é quase impossível de se achar filmes em som original, são sempre dublados.
Agora eu começo a linkar ambos os fatos. Talvez pela restrição de número de salas, os grandes complexos optem sempre pela versão que maximiza os lucros, que é a versão dublada (e isso aparentemente, e infelizmente, vale pra qualquer lugar do mundo).
Som original só um filme ou outro 1 ou 2 horários por semana nesses cinemas. Só cinema independente que por ideologia opta por filmes em som original.



Não vejo como paradoxo; artistas são profissionais e querem ser remunerados pela arte que produzem (e nem vou entrar no assunto dos mega-orçamentos e da história de entretenimento x arte).
Paradoxo da distribuição da arte.
Artistas merecem com certeza serem remunerados. Mas existem artistas que só conseguiriam remuneração através de mecenatos ou, hoje em dia, financiamentos público.
Para algumas pessoas a arte que vale é apenas aquela arte que conseguiria se vender e se auto-sustentar. E isso é análise para entretenimento, negócios, comércio, não arte.
 
Essa medida em nada está olhando o que é bom pra quem vai ao cinema. Deve estar olhando só para o interesse de quem faz filme ruim poder lucrar um pouco mais.
 
Não sei qual minoria (de parte dos espectadores) se beneficia disso... Afinal não acho que quem queira ver As Aventuras do Avião Vermelho tenha mais dificuldade do que alguém que queira ver O Hobbit. Se o dono do cinema põe 1/2 sala pro primeiro e 4 salas pro segundo é porque a demanda é assim. Obrigar a mudar a disponibilidade de salas não vai mudar em nada a demanda.

E também não acho que o ônus é dos cinemas. Pelo contrário, os cinemas não devem ter tanto ônus quanto o cliente, é só aumentar o preço dos ingressos. O ônus é de quem quer assistir o tal blockbuster.

É como disseram ali, o resultado vai ser fila grande, ingresso caro e eu adicionaria sala com filme ruim vazia.
 
Não sei qual minoria (de parte dos espectadores) se beneficia disso... Afinal não acho que quem queira ver As Aventuras do Avião Vermelho tenha mais dificuldade do que alguém que queira ver O Hobbit. Se o dono do cinema põe 1/2 sala pro primeiro e 4 salas pro segundo é porque a demanda é assim. Obrigar a mudar a disponibilidade de salas não vai mudar em nada a demanda.

E também não acho que o ônus é dos cinemas. Pelo contrário, os cinemas não devem ter tanto ônus quanto o cliente, é só aumentar o preço dos ingressos. O ônus é de quem quer assistir o tal blockbuster.

É como disseram ali, o resultado vai ser fila grande, ingresso caro e eu adicionaria sala com filme ruim vazia.
Se você realmente só costuma assistir os blockbusters não sabe a dificuldade que é tentar achar um filme não-blockbuster.
Mesmo quando eu não quero ir assistir O Hobbit, essa acaba sendo a única opção disponível no cinema.

De novo, "sala vazia" = "filme ruim" é uma relação desonesta. Mas enfim.

No Rio de Janeiro (segunda maior metrópole brasileira) só existe opções em Botafogo, no Estação.


De novo, não estou agora discutindo se é a melhor forma de agir. Até acho que não é a melhor forma de agir.
Só estou argumentando que vocês estão distorcendo o objetivo da proposta só para rebatê-la. A proposta é totalmente "rebatível" sem precisar inventar o que ela não disse.
 
Pena que ainda não é lei. E quanto aos 35% achei generoso demais até. Creio 25% seja um número melhor.
Pelo que li dos comentários e pelo que conheço de cinema e distribuição, que é pouco por sinal, a ANCINE está tentando equilibrar uma questão de mercado. Pra quem não sabe essa é uma das atribuições do governo, seja em qual país for. É preocupante você ter um único filme ocupando a maioria das telas em um PAÍS. Com isso uma grande coorporação domina o mercado e tolhe a liberdade de escolha do consumidor. Do jeito que está o mercado de cinema fica uma coisa assim, "Você pode ver o filme que quiser, desde que seja o blockbuster A". Dentro da lógica de Ford isso funciona muito bem. Porém se queremos uma sociedade plural, com pensamentos diversos, o cinema é uma ferramenta para isso. E não será com todas as salas exibindo o mesmo filme que nós chegaremos a esse ponto.
Talvez por gosto pessoal a desregulamentação do mercado como se apresenta atenda as suas necessidades, porém com certeza não atende a de todos e muito menos a minha.
Resta agora acompanhar o desenrolar da situação e esperar que as coisas melhorem.
:squid::squid::squid:
 
"Tolhe a liberdade"? Você não é obrigado a ir ao cinema. Se as salas ficarem vazias, o cinema vai repensar sua programação - isso partindo da premissa básica que o dono do cinema quer lucrar, o que significa, basicamente, atender a demanda.
 
Pena que ainda não é lei. E quanto aos 35% achei generoso demais até. Creio 25% seja um número melhor.
Pelo que li dos comentários e pelo que conheço de cinema e distribuição, que é pouco por sinal, a ANCINE está tentando equilibrar uma questão de mercado. Pra quem não sabe essa é uma das atribuições do governo, seja em qual país for. É preocupante você ter um único filme ocupando a maioria das telas em um PAÍS. Com isso uma grande coorporação domina o mercado e tolhe a liberdade de escolha do consumidor. Do jeito que está o mercado de cinema fica uma coisa assim, "Você pode ver o filme que quiser, desde que seja o blockbuster A". Dentro da lógica de Ford isso funciona muito bem. Porém se queremos uma sociedade plural, com pensamentos diversos, o cinema é uma ferramenta para isso. E não será com todas as salas exibindo o mesmo filme que nós chegaremos a esse ponto.
Talvez por gosto pessoal a desregulamentação do mercado como se apresenta atenda as suas necessidades, porém com certeza não atende a de todos e muito menos a minha.
Resta agora acompanhar o desenrolar da situação e esperar que as coisas melhorem.
:squid::squid::squid:
Entendo o seu ponto, mas não acho que esta seja a solução. Seria como exigir que a Globo transmita jogos da 4ª divisão do campeonato brasileiro (Villa Nova-MG ♥) em algum horário.

Se é obrigação do governo garantir esta pluralidade não cabe limitar acesso aos títulos mais procurados, mas sim garantir de alguma forma que haja espaço para as outras opções, e isto pode ser atingido com o incentivo da criação de cinemas (ou abertura de novas salas) que tenha como propósito exibir certo tipo de filme e/ou fornecer outros meios para que estes filmes sejam exibidos.
 
Ô, Morfs. Deixa de ser jacu.

O problema não é ser jacu, mas sim que os blockbusters são feitos por grandes corporações capitalistas formadas por pessoas que comem sucrilhos regados com sangue de criancinhas pobres e que visam o lucro. Essa é a magoa do Morfs.


Se isso servisse para os cinemas exibirem filmes nacionais de qualidade ainda vá lá, mas vai acabar que escolherão exibir os que tenham a mínima chance de trazer um pouco de lucro. "Hoje eu Quero Voltar Sozinho" foi passado em poucos cinemas daqui, mas em compensação merdas escrotas como "Crô" ou "Até que a Sorte os Separe" estavam em quase todos. :(
 
Última edição:
Entendo o seu ponto, mas não acho que esta seja a solução. Seria como exigir que a Globo transmita jogos da 4ª divisão do campeonato brasileiro (Villa Nova-MG ♥) em algum horário.

Se é obrigação do governo garantir esta pluralidade não cabe limitar acesso aos títulos mais procurados, mas sim garantir de alguma forma que haja espaço para as outras opções, e isto pode ser atingido com o incentivo da criação de cinemas (ou abertura de novas salas) que tenha como propósito exibir certo tipo de filme e/ou fornecer outros meios para que estes filmes sejam exibidos.

Então Herberus entramos numa seara interessante.
Primeiro, o acordo não obriga ninguém a passar nada. Também não vai tirar o dinheiro de ninguém. Se um filme tiver uma grande demanda o que vai acontecer é que ele ficará por mais tempo em cartaz. A falácia de criar mais lugares de exibição, o governo já está financiando novas salas, reformas e atualizações, é que se hoje um blockbuster ocupa 50% das salas e daqui a 5 anos existe o dobro de salas os blockbusters continuarão ocupando 50% das salas. A lógica de mercado deles é essa. Vou inundar o mercado com o meu produto até afogar o cliente nele.
E pegando o exemplo da Globo e do glorioso Villa Nova-MG. Porque a Globo compra os direitos do brasileirão e depois revende/compartilha com a Band se os dois vão passar o mesmo jogo? Cade a minha liberdade de escolha? Antes que alguém taque pedra, TV é CONCESSÂO pública e deve atender aos interesses da população.
 
E pegando o exemplo da Globo e do glorioso Villa Nova-MG. Porque a Globo compra os direitos do brasileirão e depois revende/compartilha com a Band se os dois vão passar o mesmo jogo? Cade a minha liberdade de escolha? Antes que alguém taque pedra, TV é CONCESSÂO pública e deve atender aos interesses da população.
era pra ser.
** Posts duplicados combinados **
Primeiro, o acordo não obriga ninguém a passar nada. Também não vai tirar o dinheiro de ninguém. Se um filme tiver uma grande demanda o que vai acontecer é que ele ficará por mais tempo em cartaz. A falácia de criar mais lugares de exibição, o governo já está financiando novas salas, reformas e atualizações, é que se hoje um blockbuster ocupa 50% das salas e daqui a 5 anos existe o dobro de salas os blockbusters continuarão ocupando 50% das salas. A lógica de mercado deles é essa. Vou inundar o mercado com o meu produto até afogar o cliente nele.
é isso aí.
é uma conspiração, bicho. mercenários!
 
André Sturm: A concentração de telas

Em 19 de novembro de 2014 estreou no país o filme "Jogos Vorazes: Em Chamas". Estreou em quase 1,4 mil cinemas. Foi uma "feliz" coincidência. Feliz porque o debate sobre o excesso de salas ocupadas estava finalmente na pauta e o filme tem esse sugestivo título que expõe bem o assunto: a ocupação voraz das salas de cinema no país por poucos títulos lançados cada vez mais em circuitos maiores.

"Se o filme estreia em tantas salas é porque muita gente vai vê-lo". Faz sentido. Aí pergunto: "Será que tanta gente vai ver o filme porque ele está em tantas salas?". Nesse caso, é um único filme ocupando quase metade das salas de todo o país.

Mas o maior problema não está nesse número. Está, sim, em ocupar muitas salas nos mesmos complexos. Em diversas semanas de 2014 tivemos situações em que na maioria dos complexos de salas tínhamos apenas três filmes em cartaz. É uma ocupação "voraz" do circuito que não deixa alternativa para quem deseja ir ao cinema.

Ou você vê aquele filme ou um dos três que ocupam quase todas as telas ou não vai ao cinema. Isso é ruim para todos. Para os produtores e distribuidores que têm menos espaço para seus filmes, para os próprios exibidores que ficam reféns desses títulos e, mais que tudo, para o consumidor, que tem suas possibilidades limitadas.

Quando, por exemplo, a Nestlé comprou a Garoto e ficaria com 70% do mercado de chocolate, o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) considerou situação de monopólio. E o que dizer de três filmes ocuparem todas as telas da maioria dos complexos?

Dezenas de filmes estreiam todos os anos com circuitos apertados. Com poucas salas para estrear, seus distribuidores não conseguem fazer publicidade. As pessoas nem ficam sabendo desses filmes que entram e saem de cartaz. Aí alguns dizem: "Viu só? Ninguém queria ver esse filme". Falácia completa.

Um exemplo desse círculo vicioso foi o filme "O Lobo Atrás da Porta". Exibido e premiado em mais de 20 festivais internacionais, vendido para 23 países, estreou na cidade de São Paulo em menos de cinco cinemas. Um filme excelente, com uma trama bem urdida, ótimos atores, ritmo preciso. Entrou e saiu de cartaz desconhecido.

Na semana em que "O Lobo..." estreou em São Paulo em suas poucas telas, um outro título "hollywoodiano" estreou em 114 salas enquanto as outras dez estreias se dividiram em 35 salas.

Outro argumento é que eventualmente pessoas não conseguirão assistir ao título com ele sendo exibido em menos telas. Ora, a pessoa volta em outra sessão ou, eventualmente, em outro dia. Ainda mais hoje em que se pode comprar ingressos com antecedência pela internet. Os filmes ficarão mais tempo em cartaz, em menos salas. E mais filmes vão estrear em mais salas. Quem gosta de ir ao cinema com frequência terá mais opções.

Depois de seis meses de conversas na câmara técnica convocada pela Ancine (Agência Nacional do Cinema), com a presença dos principais exibidores do país, além de distribuidores e produtores, chegou-se a um acordo para limitar o número de telas no mesmo complexo em 30% exibindo o mesmo título.

Por que 30%? Porque se três títulos ocuparem o limite cada, ainda sobrará uma sala para um quarto filme. Todos concordaram com a necessidade de se fazer algo. Foi feita uma tabela que, em alguns casos, amplia o limite para quase 35%.

Arrisco dizer que é um evento inédito um ação de regulação de mercado na área cinematográfica com essa relevância. Tenho certeza que no futuro vamos lembrar dessa medida como algo que marcou a história do cinema no Brasil.

Um evento que trouxe benefícios para toda a cadeia (produtores, distribuidores e exibidores). E, acima de tudo, para os brasileiros que terão mais diversidade nas suas opções de lazer e cultura.

ANDRÉ STURM, 47, diretor-executivo do MIS - Museu da Imagem e do Som de São Paulo, é diretor do cinema Caixa Belas Artes
 

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