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Inflação atinge o orçamento das editoras (e o preço dos livros)

Sinto falta das edições com aquele papel tipo jornal que é tão comum nas edições gringas baratinhas.
Livro não é só artigo de luxo. Tem hora (na maioria das vezes) que só quero ler o texto e passar pra frente.

lembro que o ispaine uma vez falou no meia palavra que esse tipo de papel custa mais caro que o papel branco aqui no brasil. vá entender. eu achava que pela qualidade do papel (que é praticamente um jornal) ele seria mais em conta.
 
lembro que o ispaine uma vez falou no meia palavra que esse tipo de papel custa mais caro que o papel branco aqui no brasil. vá entender. eu achava que pela qualidade do papel (que é praticamente um jornal) ele seria mais em conta.
Uai, que doidera.
 
Logo logo aquele clássico dos anos 80 da banda House Martins que aqui chamamos de "Acabou o Papel" vai acabar sendo a trilha sonora perfeita e oficial dessa triste derrocada.
 
Boa reportagem d'O Globo sobre o assunto:

Entenda por que o papel dos livros mudou e o preço subiu

Leitores mais atentos já devem ter percebido: o papel dos livros mudou. O pólen soft, aquele papel creme e macio ao toque, vem sendo substituído pelo polén natural, mais acinzentado e um pouco mais áspero. Ao leitor desavisado, a mudança pode parecer um truque das editoras para baratear a produção, já que o preço do papel está nas alturas. Mas a história é mais complicada: ao menos por ora, o pólen soft deixou de ser produzido pela fabricante, a Suzano Papel e Celulose, decisão que trouxe dor de cabeça à indústria do livro, que já andava atordoada com a escalada do custo dos insumos.

Nas contas de Marcos da Veiga Pereira, sócio da Sextante, o preço do papel destinado à impressão de livros subiu, em média, 65% desde 2019. O aumento varia de editora para editora, de gráfica para gráfica, de acordo com contratos firmados com a indústria papeleira.

Pereira explica que as razões para a explosão do preço do papel são múltiplas. Entre elas, a alta do dólar, que dificultou as importações e, só no primeiro semestre, encareceu em 40% a celulose. A pandemia também atrapalhou. Devido ao aquecimento do e-commerce, cresceu a demanda por papéis usados para embalar produtos.

Custos

E não foi só o papel que subiu, mas também outros insumos da indústria do livro, como tinta, plaquetas de borracha e chapas de impressão. Segundo Marcelo Levy, diretor comercial da Todavia, os custos de produção do livro cresceram 23% no segundo trimestre deste ano em comparação com o mesmo período de 2021.

Tais aumentos inviabilizaram a compra do papel Munken print cream, da empresa sueca Artic Paper, usado pela Todavia. Em nota divulgada em rede social, a editora explicou que a substituição do Munken pelo pólen natural (“com características bastante diferentes das que procuramos oferecer aos nossos leitores”) “não representa uma economia nos insumos gráficos — não está mais barato imprimir livros, ao contrário”. “Por esse motivo, a mudança de papel não alterou o preço final dos livros”, afirma a nota.

Segundo o Painel do Varejo de Livros, pesquisa da Nielsen BookScan e do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel), os livros ficaram 3,6% mais caros nos primeiros sete meses de 2022 no país.

— Repassar o aumento dos custos dos insumos ao consumidor é sempre a última alternativa, mas às vezes é inevitável. Ainda que as editoras tenham absorvido parte da alta do papel para não repassar integralmente os valores em um momento de inflação alta, os livros ficaram um pouco mais caros este ano — afirma Mauro Palermo, diretor da Globo Livros.

A princípio, o anúncio do novo papel foi bem recebido pelo mercado. Segundo a Suzano, o pólen natural é mais ecológico, pois requer menor uso de alvejantes e tonalizantes. Uma apresentação enviada às editoras, à qual o GLOBO teve acesso, afirmava que a produção do pólen natural reduzia a emissão de carbono (-30,1%) e o consumo de água (-33,1%), energia (-17,7%) e recursos minerais (-33%). O novo papel também teria “maior densidade de cor, reduzindo consumo de tinta na impressão”.

Em nota, a Suzano informou ao GLOBO que o pólen soft “era fabricado em uma máquina cuja capacidade de produção limitava o aumento da oferta”. A adaptação do maquinário para fabricar o pólen natural elevou em “quase 45% na capacidade de produção” e permitiu a “manutenção dos preços”.

— Inicialmente, recebemos o pólen natural como uma boa notícia, como resultado do amadurecimento de uma indústria que se tornava mais sustentável. Os primeiros testes com o novo papel pareceram razoáveis, apesar de alguma perda de legibilidade. Embarcamos com entusiasmo, mas a vida real foi um pouco diferente dos testes — conta um editor que prefere não ser identificado.

Percepção

Editores ouvidos pelo GLOBO dizem que as primeiras amostras do pólen natural eram quase idênticas ao pólen soft. No entanto, os lotes de papel que começaram a chegar às gráficas nos últimos meses eram bem diferentes e apresentaram problemas, como tonalidade irregular. Os primeiros livros impressos em pólen natural não eram uniformes e traziam algumas páginas mais escuras e outras mais claras. Metade das oito editoras ouvidas pelo GLOBO teve que descartar tiragens devido à má qualidade da impressão. O Grupo Editorial Record afirmou que o novo papel “foi bem recebido por nossa equipe de produção gráfica” e relatou diminuição dos desperdícios.

As gráficas também apontaram problemas: o novo papel enruga, suja mais as máquinas (o que exige maior uso de alvejantes) e, ao contrário do prometido pela Suzano, gasta mais tinta.

A Suzano preferiu não comentar as reclamações de editores e gráficos, mas reconheceu que “a tonalidade do produto precisou de um ajuste para garantir a padronização no longo prazo”.

Uma editora disse ao GLOBO que já começou a receber questionamentos dos leitores quanto ao papel. Outra estima que as reclamações virão em breve, quando começar a imprimir best-sellers em pólen natural. A percepção geral é de que não dá para imprimir edições luxuosas no novo papel.

No entanto, a busca por outras opções é árdua, uma vez que a Suzano domina o mercado, detendo cerca de 40% do segmento de papel e celulose no país e, segundo estimativa de fontes, quase 100% da oferta de papel off-white, destinado à impressão de livros.

— Talvez dê para imprimir um livro comercial, que é para ser mais barato, em pólen natural, sem o leitor se incomodar tanto. Mas o leitor acostumado a ler naquele papel amarelinho já está nos acusando de usar um papel pior e cobrar o mesmo preço de capa — diz Luciana Baeta, gerente de compras e logística do Grupo Autêntica.

Em nota, a editora Carambaia, famosa por suas edições requintadas, afirmou estar em contato com outras editoras para buscar soluções: “Talvez possamos nos unir para importar papéis conjuntamente, em condições comerciais melhores; e também pensar desenvolver com algum fabricante um papel específico para a produção de livros.”

‘Veio para ficar’

Editoras e gráficas ouvidas pela reportagem ressaltam que a Suzano está atenta às reclamações do setor. Presidente da Associação Brasileira da Indústria Gráfica, João Scortecci afirma que os problemas com o pólen natural estão “80% resolvidos”.

Na semana passada, a Suzano começou a anunciar a seus parceiros que voltará a produzir o pólen soft, em menor escala, a partir de outubro, caso haja demanda. Em nota, a papeleira disse que a retomada da fabricação visa a dar tempo “para que todos os nossos clientes possam se adaptar ao novo produto”: “Avaliaremos periodicamente a necessidade de manutenção da produção do papel pólen soft”, afirma.

O pólen soft revivido será de 15% a 20% mais caro, o que lança dúvidas sobre a possibilidade de voltar a ser adotado em massa pelas editoras. O setor acredita que a volta é apenas uma solução “temporária”.

— Possivelmente, o pólen soft será usado em projetos mais sofisticados, nos quais não se pode correr o risco de impressão insatisfatória. — arrisca um editor. — O pólen natural veio para ficar.,

 

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