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Livros e glamour: estaríamos exagerando?

Mavericco

I am fire and air.
Usuário Premium
Tava vendo um vídeo do Cabine Literária -- estou gostando do novo formato deles, com vídeos mais opinativos que resenhosos -- que... Bem. O vídeo é esse:


A ideia é: quem acompanha esse mundo de vlogueiros (ou booktubers, como também chamam), parece notar que muitos se preocupam mais em se mostrarem leitores do que em se mostrarem como leitores. É um tal de ver no livro uma espécie de glamour, de ficar tornando o livro num negócio meio santo, intocável e tal.

Eu recomendo vocês assistirem o vídeo pois não sei se vou conseguir trazer todas as nuances do argumento do cara.

Então vamos movimentar essa área do fórum. Vocês acham que livros estão se tornando um objeto de glamour? Ou, mesmo que não esteja e que só algumas pessoas de fato o façam, qual sua opinião a respeito disso?

Como eu quero ver sangue, tretas, respostas como "o problema é dele", "o dinheiro é dele" e derivadas não serão aceitas nesse tópico.
 
Aff, que cara pentelho! :mad:

Quanto ao assunto, bom, acho que ele mesmo respondeu o que é mais sensato nesse caso.
Alguns livros a gente quer sim guardar pra posteridade e não empresta nem pra mãe, mas a maioria dá perfeitamente pra passar pra frente.
Não vejo como ruim esse lance de cuidar bem dos livros.
Só acho ruim se alguém comprar livros apenas pra ter, sabe? tipo enfeite de estante?
Mas esse é o tipo de coisa que já ouvi dizer que tem gente que faz, mas nunca vi realmente.
As pessoas fúteis e com dinheiro que conheço não passam nem perto de uma livraria, então jamais fariam isso.
 
não aguentei chegar até o fim, mavericco, discurpa.

(parei em 3:22 e vou comentar sobre isso)

****

primeiro a questão das fotografias e afins: eu sigo/conheço pouca gente que faz isso. na real, consigo pensar só em duas pessoas - e por conhecê-las, sei que tudo o que elas colocam em instagrams da vida elas leem, então não é assim exatamente um "eu tenho você não tem ahm? não li não".

o que vejo de quando em quando é uma febre sobre algum livro aleatório. perdi a conta da quantidade de fotos que vi do graça infinita na minha timeline. acredito que quase todos tenham terminado, e aí acho que a ostentação é outra. não é um "ó, eu tenho, você não tem". é "ó como eu sou foda, eu li esse livro". é meio idiota também, mas sai um pouco da fetichização da coisa.

aliás, na parte do fetiche: eu larguei mão quase que totalmente dos livros de papel, então assim, adoro saber que a edição x do livro y saiu com capa metalizada, encerada, que brilha no escuro ou whatever, mas não gasto mais dinheiro por causa disso. o que me convence a comprar uma edição de papel hoje e dia é mais quando o livro PRECISA sair nesse formato, não necessariamente porque a editora resolveu caprichar no tratamento. exemplo: eu sei que existe um e-book de S. do j j abrams, mas fiz questão de ter o livro de papel porque faz parte da experiência encontrar por acaso cartas, cartões postais e outros perdidos dentro do livro. a ideia do S. é replicar a experiência de ler um livro usado, emprestado de uma biblioteca ou comprado em um sebo. as folhas dele até são amareladas de propósito. é óbvio que esse tipo de livro eu acabo comprando.

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nessa linha, morro por uma edição de tree of codes do jonathan safran foer. ele criou uma história nova recortando palavras de um livro do bruno schulz:

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pra não falar de the familiar, do mark z. danielewski. a história (800 páginas hehe) se passa em um dia de chuva. olha como são algumas páginas:

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na parte do empréstimo eu já fui do tipo que não empresta também. hoje em dia tomo o cuidado de ter um arquivo mobi dos livros que gosto mais e do inflexível "só empresto meus livros para pessoas que amo muito e que sei que vão devolver" minha regra agora é só "não empresto livros com dedicatória porque dedicatória não se recupera". e só. dependendo do livro, se a pessoa pede emprestado eu até dou. assim, dado, pode levar pra casa, precisa devolver, não, etc. mas de novo, um desprendimento que só foi possível por causa dos ebooks.
 
Vlogueiros e booktubers me dão sono, às vezes náuseas, mas nunca prazer até onde vai minha parca experiência. São jovens, descolados, gravam o vídeo num fundo bacana e com superprodução, e abusam da edição, que beira a esquizofrenia. Porém não têm profundidade na análise, repetem-se demais e ficam dando voltas, exagerando na pura opinião, na primeira pessoa, em contar sua vida para contar um livro. Eu isso, eu aquilo, eu aqueloutro. Talvez vlogueiros sejam vlogueiros para disfarçar sua incapacidade de organizar as ideias num texto coeso e coerente bem escrito (o que para mim é ainda a melhor forma de fazer análise de literatura, enfim, pelas próprias características da língua escrita vs. língua falada). Mas isso até não seria de todo ruim se eles gravassem seus vídeos a partir de textos prévios decorados e estudados, se soubessem postar-se à frente de uma câmera e tivessem boa impostação oral.
Ingênua esperança, a minha.
E tudo isso que falei é exatamente o que vi nesse vídeo aí. O jeitinho pseudoengraçado do rapaz me causou vergonha alheia profunda que me dificultou prestar atenção às suas críticas super-relevantes e cheias de eu eu eu. Até histoirinha sobre o miguxinho do primeiro semestre teve. Ah vá.



Não aguentei. Sorry. Depois digo o que penso sobre o tema em si, se puder. Bateria em 1%. Bjos.
 
Para quem não presta muita atenção nisso, talvez pareça exagero, mas pelo que já vi desses "booktubers" acho que ele tem certa razão. Há, como diz o Mavericco, uma certa preocupação de ostentar os livros; o que se lê (ou às vezes só o que se recebe das editoras), mais do que o como, ou o conteúdo. Há uma certa competição em se mostrar mais leitor em números e não melhor, talvez, e como já disseram em outro lugar por aqui, em geral os vídeos se concentram mais no enredo do livro do que na opinião acerca dele (nesse vídeo mesmo o autor fala que o que importa é a "história" como se todo livro fosse de "histórias").

Talvez sejam limitações do próprio formato ou do público a quem se dirigem. Em geral, os vídeos não podem/conseguem ser muito longos e em busca de visualizações o pessoal investe mais na produção do que no conteúdo (pelo que parece alguns estão até se tornando meio 'estrelas' do nicho) e nos livros que são lançamentos ou YA ou que estão na mídia no momento, do que em edições antigas ou de outros gêneros. Pode ser que aí entre o problema das parcerias e da propaganda que leva os vídeos a serem sobre lançamentos (não lembro de ter visto vídeo de comentários sobre uma edição antiga que se pode encontrar em bibliotecas, por exemplo). Esses canais literários rendem mais discussão.

Já as editoras têm investido na produção dos livros, me parece, como forma de chamar a atenção nas livrarias, de diferenciar e valorizar os produtos. Já vi alguns designers dizendo que fizeram tal ou tal escolha para chamar a atenção no meio da hiper-publicação de hoje em dia. Mas isso, pelo que dá para notar, parece se concentrar em alguns gêneros também, principalmente os voltados para o público mais jovem. E é claro que alguns autores vão gostar disso (ao contrário do que ele diz no vídeo) porque vai vender o produto deles. Vender o livro pela capa.

Sobre o empréstimo de livros, me pergunto se essa é a melhor forma de tornar alguém leitor, por assim dizer. É difícil para uma pessoa só suprir a carência de todo um contexto, isto é, quando desde pequeno a pessoa não foi acostumada com leitura ou a gostar de ler. Talvez possa ser parte do caminho... Já tive mais ciúmes do meus livros, mesmo dos velhos, mas agora não me importo muito e até dou alguns quando pedem emprestados (na verdade a gente agradece por se livrar de alguns e ter mais espaço e menos trabalho para cuidar, mas a gente não diz...) e dependendo da edição (se é alguma mais difícil de conseguir, por exemplo). Mas ainda não consigo emprestar muito os quadrinhos...
 
Última edição:
Para quem não presta muita atenção nisto, talvez pareça exagero, mas pelo que já vi desses "booktubers" acho que ele tem certa razão. Há, como diz o Mavericco, uma certa preocupação de ostentar os livros; o que se lê (ou às vezes só o que se recebe das editoras), mais do que o como, ou o conteúdo. Há uma certa competição em se mostrar mais leitor em números e não melhor, talvez, e como já disseram em outro lugar por aqui, em geral os vídeos se concentram mais no enredo do livro do que na opinião acerca dele (nesse vídeo mesmo o autor fala que o que importa é a "história" como se todo livro fosse de "histórias").

Talvez sejam limitações do próprio formato ou do público a quem se dirigem. Em geral, os vídeos não podem/conseguem ser muito longos e em busca de visualizações o pessoal investe mais na produção do que no conteúdo (pelo que parece alguns estão até se tornando meio 'estrelas' do nicho) e nos livros que são lançamentos ou YA ou que estão na mídia no momento, do que em edições antigas ou de outros gêneros. Pode ser que aí entre o problema das parcerias e da propaganda que leva os vídeos a serem sobre lançamentos (não lembro de ter visto vídeo de comentários sobre uma edição antiga que se pode encontrar em bibliotecas, por exemplo). Esses canais literários rendem mais discussão.

Já as editoras têm investido na produção dos livros, me parece, como forma de chamar a atenção nas livrarias, de diferenciar e valorizar os produtos. Já vi alguns designers dizendo que fizeram tal ou tal escolha para chamar a atenção no meio da hiper-publicação de hoje em dia. Mas isso, pelo que dá para notar, parece se concentrar em alguns gêneros também, principalmente os voltados para o público mais jovem. E é claro que alguns autores vão gostar disso (ao contrário do que ele diz no vídeo) porque vai vender o produto deles. Vender o livro pela capa.
Verdade.
E isso tem a ver com a internet e a ascensão dos blogs e vlogs, não?
E esse carinha aí, no fim das contas, tá de certa forma fazendo exatamente o que, em parte, critica. :think:

Também sinto falta de críticas de clássicos que não sejam relançamento e blogs que não sejam patrocinados pelas editoras, porque no fim isso tem sim uma importância muito grande, só se fala disso, dos lançamentos. =/
Os blogs que falam de literatura, sem apoio de editoras, são poucos, a maioria nem existe mais.

Já tive mais ciúmes do meus livros, mesmo dos velhos, mas agora não me importo muito e até dou alguns quando pedem emprestados (na verdade a gente agradece por se livrar de alguns e ter mais espaço e menos trabalho para cuidar, mas a gente não diz...)
:lol:
E aí quando a gente faz isso (dar livros pra abrir espaço e poder comprar mais exemplares) é ruim?
Estamos sendo literariamente fúteis?
Quando se tem aquela vontade quase incontrolável de comprar livros (que a gente sabe que não vai ler tão cedo) seja porque queremos muito aquele exemplar (uma tradução específica, uma edição especial) ou porque está absurdamente barato, isso pode ser considerado um tipo de "glamurização" do livro?

~Mas ainda não consigo emprestar muito os quadrinhos...
Então, a maioria das pessoas que conheço é assim.
Muitas coisas a gente empresta, dá de presente ou doa.
Algumas coisas não.
Não acho que isso seja reprovável.
 
eu paguei pelos meus livros,e sou pobre,eles são caros.É muito fácil falar em "se desapegar dos supervalorizados livros" quando se tem dinheiro o suficiente para comprar tantos pra ficar fazendo "bookhaul" todo o mês,mas sim concordo que tem gente que exagera.
mavericco desculpa,mas eu discordo de você,o cabine tá uma caca agora,nunca vi tanta prepotência,arrogância e complexo de superioridade em tão pouco tempo de vídeo como agora :



(eu peguei mais os do danilo por achar que ele,entre todos,é o pior):puke:
mas o ainda gosto dos vídeos do gabriel e do césar.( não todos)

Vlogueiros e booktubers me dão sono, às vezes náuseas, mas nunca prazer até onde vai minha parca experiência. São jovens, descolados, gravam o vídeo num fundo bacana e com superprodução, e abusam da edição, que beira a esquizofrenia. Porém não têm profundidade na análise, repetem-se demais e ficam dando voltas, exagerando na pura opinião, na primeira pessoa, em contar sua vida para contar um livro. Eu isso, eu aquilo, eu aqueloutro. Talvez vlogueiros sejam vlogueiros para disfarçar sua incapacidade de organizar as ideias num texto coeso e coerente bem escrito (o que para mim é ainda a melhor forma de fazer análise de literatura, enfim, pelas próprias características da língua escrita vs. língua falada). Mas isso até não seria de todo ruim se eles gravassem seus vídeos a partir de textos prévios decorados e estudados, se soubessem postar-se à frente de uma câmera e tivessem boa impostação oral.
Ingênua esperança, a minha.


até essa moça calib ?
 
Última edição:
eu paguei pelos meus livros,e sou pobre,eles são caros.É muito fácil falar em "se desapegar dos supervalorizados livros" quando se tem dinheiro o suficiente para comprar tantos pra ficar fazendo "bookhaul" todo o mês,mas sim concordo que tem gente que exagera.

aí é que está: a maior parte não tem dinheiro suficiente. ganha os livros de editoras, aí é tranquilo guardar dinheiro para o livro x e livro y. eu fiz as contas com o pips uma vez, teve mês que cheguei a economizar 400 reais em livros, só com os que eu tinha ganhado de editora. galera mostrando graça infinita por aí, uma boa parte ganhou de graça da companhia - e não que tenham 100 reais sobrando para um livro que talvez nem cheguem a ler.

tinha o ônus também, eu converso muito com a kika sobre isso: tinha que ler correndo para dar conta de prazos ou mesmo para poder receber mais livro. algumas vezes uma pessoa chega pra mim e fala "tava lendo seus comentários sobre tal livro" e eu "wuuut? eu li esse livro?" - para ter noção de como era o tipo de leitura que eu fazia. é meio por isso que eu me finjo de morta cada vez que uma editora vem falar comigo sobre parceria no hellfire: primeiro porque eu não quero saber de prazos, segundo que eu não quero me sentir obrigada a resenhar livros que não me disseram nada (aqueles nem cheira e nem fede) e terceiro que no final das contas todo mundo tem um tanto de preconceito com resenhas de blogs com parceria, aquela coisa de "lógico que ela tá elogiando o livro, ela tem parceria", o que me enchia o saco, sendo bem sincera (dane-se minha opinião, se tenho parceria ela é inválida, basicamente).

mas divago. o ponto é: se você pegar a galeria de editoras parceiras de um blog e ver que ele tem mais de cinco editoras entre os parceiros, é certeza que pelo menos 150 reais por mês em livros esse blog economiza. então o desprendimento não é por ser rico (vale lembrar que um punhado de blogs e vlogs é atualizado por adolescente ou universitário que ainda sequer tem emprego), é mais de "bem, dane-se, não paguei por eles".
 
Falei que tinha gostado do formato dos vídeos deles mas foi tipo assim: pelo fato de agora eles buscarem debater temas literários e não simplesmente ficar no formatão da resenha (tanto que esse vídeo por exemplo do carinha que eu postei, ganhou respostas de outros vlogueiros, inclusive uma do próprio Cabine Literária). Agora nem sei dizer se concordo com tudo pois eu quase não acompanho muito o canal deles... Tem um povo da voz muito chata.

A Claire Scorzi, que o xará postou, é meio que uma exceção pois se vc for parar pra ver, os vídeos dela são bem caseiros. Tanto que ela nem edita nem nada. Acho legal isso, pois tbm sinto falta do que o Calib falou de se preocupar em montar um texto um pouco mais coeso.

(Por exemplo, esse último vídeo que o xará postou, do Cabine, sobre o cara falando de Paulo Coelho. Eu sinceramente não sei o que pensar. É sério, do que diabos esse cara tá falando? Achei muito confuso... Ficou um negócio jogado.)

Os leitores que a Claire conseguiu pescar são leitores que admiram o trabalho dela, e isso eu acho bacana. E ela assiste o vídeo dos outros, daqueles canais que ela aparentemente acompanha. Vc vê ela escrevendo textos um pouco mais longos (sem ser na base do "gostei! concordo!") e vc nota que ela assistiu. E quando o assunto é literatura, a regra de ouro é: mostre que vc pelo menos se dedicou a ler o trabalho do cara. Vc pode até depois passar a não ler ou cair no migué infinito, mas se vc demonstrou dedicação e esforço uma vez na vida, vc tem um leitor.

Sobre esse lance aí dos empréstimos e do cuidar bem do livro, eu já me desapeguei. Hoje em dia livro pra mim é livro rabiscado. Sublinho mesmo, e é de caneta. Só esse lance aí de dar o livro de mão beijada que nah...
 
Depois que escrevi aquilo fui rever o vídeo que o Mavericco postou até o fim, e né, não avançou muito. Então mantenho minha primeira impressão ipsis litteris :lol: E depois fui bisbilhotar o canal da Cabine Literária, vi uns vídeos desse Danilo e achei zoados como o @matheus apc também parece ter achado. Enfim, é uma galera que se reúne, "capricha" na edição mas peca no conteúdo. Têm a desculpa de serem jovens para isso, mas não para a voz chata, a arrogância (que pelo contrário não se justifica) e a pretensa graça nas piadas. E digo "capricha" entre aspas, porque tem uns vídeos mais antigos que são terríveis, áudio e iluminação precários etc. e mesmo os novos pecam pelo excesso de cortes -- o que me parece sintomático de quem improvisa sem muita bagagem para desenvolver e precisa depois cortar os "ããh", "então...", "tipo assim..." que devem rolar aos montes na gravação completa. rsrs

Já o vídeo dessa outra mulher aí é exceção, mesmo. Até porque ela parece mais velha e tem mais bagagem, mais traquejo. Dá pra ver que ela vai além do livro em si e busca outras informações externas, contexto histórico e crítica especializada. Tudo bem que, ao se tratar de um clássico, a existência de fortuna crítica abundante facilita esta parte, coisa com que não se pode contar ao resenhar o último lançamento do Star Wars, por exemplo, ou do Nicholas Sparks. Eu até gostei, mas perceba como ela não conseguiu conduzir o vídeo por um caminho muito lógico; quem não tiver lido o livro talvez não consiga captar "do que trata o livro, afinal de contas". Ela começa a falar da trama bem por cima, fala sobre a pintura do quadro e diz que "aí começa a história", e interrompe o raciocínio para falar do Oscar Wilde e das personagens, sem que possamos ter uma noção do que elas fazem no romance. Enfim, eu entendi porque li o livro; mas creio que ela se perdeu ali -- o que talvez não acontecesse numa resenha escrita ou num vídeo com um mínimo de edição, sei lá, ou com preparo anterior.



Sobre a "glamourização" em si de que fala o tópico/vídeo inicial... Olha, o guri se ateve quase exclusivamente a falar de apego material, do tipo "não empresto" etc. e não vejo isso por si só como glamourização. É um simples apego a algo que se comprou, e ponto. Acho que a "ostentação" da qual o guri falou seria mais ficar pagando de leitor voraz mostrando os livros que comprou e não as leituras que efetivamente fez. Mas isso da aparência vs. essência é um mal generalizado. E eu também, assim como vocês, já comecei a me desapegar geral. Assim como o rapaz relata, eu já doei minha coleção completa dos mangás da Video Girl Ai a um colega do Direito, e os do Éden a uma amiga; já dei vários livros para a @Lissa e uns poucos para a @Malkyn . Outros vendi a preço de custo, apenas para reaver o mínimo dos mínimos. E tenho uns 100 aqui em caixas, para desfazimento. Cada um a seu tempo. Ainda preciso chegar na etapa de rabiscá-los hahaha.

Não concordo em desmerecer o aspecto físico do livro. Bem sei que a literatura prescinde do suporte físico, ok, ela pode ser toda virtual em txt sem formatação, mas não se pode negar que o homem tem outros sentidos que se satisfazem com a visão da capa, o cheiro e o toque do papel, etc. apesar de que isso tudo seja acessório e não "fútil" como ele faz parecer.
 
Li tudo que vocês falaram aí ontem ou anteontem e agora já não lembro mais o que foi dito ou não, mas... só pra dar uns pitacos aí no assunto, acho que entendo e até concordo em certa medida com o moleque do vídeo lá de cima. De uns tempos pra cá andou surgindo uma galera no youtube metido a falar de livros mas que na verdade só sabe ostentar o objeto físico. Os caras conseguem fazer a proeza de acumular mais vídeo de bookhaul do que de resenha/crítica, é vídeo pra dizer o que vai ler, é vídeo pra falar de TAG (esses aí são de chorar), é vídeo dizendo que vai cumprir o desafio tal e tal, depois vem vídeo dizendo que falhou em cumprir o desafio e por aí vai.

Mas né, aí depende de quem você acompanha também, nesse formato de vlog eu não saberia dizer um que realmente se destaque, até gosto de um vídeo ou outro mas é coisa rara. Sei lá, acho que faz parte da evolução como leitor de cada um, não é exatamente um problema de nicho ou coisa do tipo, simplesmente é fácil ter um canal no YT hoje em dia e aí acaba que aparece mais gente ostentando livro, mas isso sempre existiu em igual medida e sempre vai existir. Alguns deles vão ficar por aí mesmo, uma hora cansam do canal e aquietam de comprar livro, outros vão evoluir e colocar a mão na consciência/bolso e repensar algumas ideias, e um ou outro aí qualquer dia vende a casa pra poder comprar tudo em livro.

Não me incomodo com isso, e até vejo alguns desses bookhaul pra ter ideia de como ficou essa ou aquela edição, já que a negada só sabe comprar lançamento, né. Agora, falando por mim, já passei dessa fase de apego também. Ainda prefiro a versão física, mas tenho lido muito mais no e-reader por questão de espaço/preço. Risco livro sem dó e passo pra frente sem crise também.
 
aí é que está: a maior parte não tem dinheiro suficiente. ganha os livros de editoras, aí é tranquilo guardar dinheiro para o livro x e livro y. eu fiz as contas com o pips uma vez, teve mês que cheguei a economizar 400 reais em livros, só com os que eu tinha ganhado de editora. galera mostrando graça infinita por aí, uma boa parte ganhou de graça da companhia - e não que tenham 100 reais sobrando para um livro que talvez nem cheguem a ler.

tinha o ônus também, eu converso muito com a kika sobre isso: tinha que ler correndo para dar conta de prazos ou mesmo para poder receber mais livro. algumas vezes uma pessoa chega pra mim e fala "tava lendo seus comentários sobre tal livro" e eu "wuuut? eu li esse livro?" - para ter noção de como era o tipo de leitura que eu fazia. é meio por isso que eu me finjo de morta cada vez que uma editora vem falar comigo sobre parceria no hellfire: primeiro porque eu não quero saber de prazos, segundo que eu não quero me sentir obrigada a resenhar livros que não me disseram nada (aqueles nem cheira e nem fede) e terceiro que no final das contas todo mundo tem um tanto de preconceito com resenhas de blogs com parceria, aquela coisa de "lógico que ela tá elogiando o livro, ela tem parceria", o que me enchia o saco, sendo bem sincera (dane-se minha opinião, se tenho parceria ela é inválida, basicamente).

mas divago. o ponto é: se você pegar a galeria de editoras parceiras de um blog e ver que ele tem mais de cinco editoras entre os parceiros, é certeza que pelo menos 150 reais por mês em livros esse blog economiza. então o desprendimento não é por ser rico (vale lembrar que um punhado de blogs e vlogs é atualizado por adolescente ou universitário que ainda sequer tem emprego), é mais de "bem, dane-se, não paguei por eles".

Eu estou nessa de só ler os livros que a editora me manda, mas estou gostando. Geralmente são livros que eu quero ler e eu que faço a escolha, não são as editoras que me mandam livros do nada, então acabo não tendo que ler livros que não me interessam. E isso de falar bem só porque tem parceria um monte de gente faz, eu prefiro não fazer, até porque nas próprias regras de parceria as editoras falam que podemos criticar, desde que não seja de forma ofensiva. Se eu ler um livro e não gostar e tals, vou criticar.

Isso de não se desfazer de livros... Eu sou assim, mas sou com tudo que eu compro, livros, hq's, mangás e qualquer coisa. Gosto de ter, não pra ostentar nem nada, mas para poder reler quando eu quiser, poder um dia passar pros meus filhos e tals.

Falando dos booktubers, realmente, a grande maioria só quer ostentar livro e se pagar de leitor fodão, eu tenho intenção de fazer um canal do meu site, mas provavelmente iremos falar só da parte de HQ's, filmes, séries... Pois acho que a melhor maneira de falar de um livro é em uma resenha escrita.
 
E isso de falar bem só porque tem parceria um monte de gente faz, eu prefiro não fazer, até porque nas próprias regras de parceria as editoras falam que podemos criticar, desde que não seja de forma ofensiva. Se eu ler um livro e não gostar e tals, vou criticar.

acho que vc não me entendeu o que eu quis dizer. não era sobre se sentir obrigada a falar bem - nunca me senti obrigada. é de pessoas assumirem que se eu elogiei um livro que elas não curtiram só pode ser porque eu tinha parceria. é uma lógica bem obtusa, mas lembro que nos tempos do meia era bastante recorrente. volta e meia aparecia alguém nos comentários com um "claaaaro que você elogiou, você tem parceria com a companhia/intrínseca/record/whatever". isso para não falar de resenhas de livros de autores brasileiros. se elogiávamos ou era porque éramos amigos dos caras ou porque éramos puxa-sacos. pessoal não sabe lidar com opinião diferente, aparentemente.
 
O que a @Ana Lovejoy disse é fato, @Galford Strife . Se você for conferir a seção de comentários de um site como o Omelete, por exemplo, apenas porque o filme ganhou três/quatro/cinco ovos e eles tão anunciando já vem a acusação de jabá. Cuidado aí com o site de vocês porque sempre vai ter um pra encher o saco.
 
Eu sou uma que posto fotos com livros mas tem um contexto,não é pra dizer que sou mais inteligente mas porque tô relaxando lendo aquele livro, consegui comprar um livro que queria muito, é dia do orgulho nerd e etc.
Eu tenho livros que li a dez anos mas não entrego eles pra ninguém, é o caso de Polyanna menina que foi da minha mãe e ela me deu, ela ganhou do pai quando tinha uns 11 anos, é óbvio que vou guardar e dar pra minha filha mas não é assim com todos os livros.
Acho que o que acontece é que tem gente que gosta de quando você chega na casa dela, dizer pra você, 'olha quantos livros eu tenho!' e aí você ficar com aquela idéia 'que pessoa inteligente!' mas ela não leu nem metade daqueles livros. Conheço umas pessoas assim. Ou aquele ser que compra um monte de livros mas nunca lê.
 
Me identifiquei com esse dos marcadores. E não é nem pq não tenho marcadores... Tenho uns bonitões. Mas 1) eu os coloquei em algum livro que está em algum lugar da estante, e 2) na hora do ai-meu-deus-tenho-que-marcar, qualquer coisa tá valendo.

Mas de todo jeito, acho que por mais que a crítica do cara seja válida se estivermos tratando de exageros, temos que lembrar sempre que nosso nicho de leitores é pequeno. A gente tende muito a viver numa bolha, mas aí vem aquela porrada de notícia de que 70% dos brasileiros não leu nem Draccon em 2014. Acho normal a pessoa compartilhar os livros que comprou e tal. Tava inclusive pensando nisso hoje. Acho que quando eu disse, por exemplo, "vídeos resenhosos" no começo do tópico, eu parti do princípio que o objetivo de muitos desses vlogs residia apenas na resenha. Mas acho que nem é por aí... Acho que o que costuma rolar bastante nessa hora são simplesmente leitores isolados de repente acharem pessoas espalhadas no país que gostam de ler como eles -- e como isso é algo raro de acontecer nos nossos círculos de amizades, é possível que na prática muito desses vlogueiros realmente não se preocupe com boas resenhas, mas simplesmente em abrir seu coração, abrir sua intimidade como leitores. É tipo o mini vlog que a Feltrin criou um dia desses. Tem um vídeo dela numa livraria... mostrando os livros da livraria que ela iria comprar. Eu quase buguei vendo aquele vídeo: mas wtf eu quero saber disso? Mas aí fui lendo os comentários e me toquei: se um colega meu me contasse que ele fez isso, eu iria me interessar numa coisa idiota dessas. Assim como nós nos interessamos no Calib, por exemplo, comprando mais uma edição da Ilíada ou no Bruce se segurando pra disfarçar as evidências dracconianas.

Claro que isso não os isenta de críticas sobre a qualidade das resenhas que fazem ou mesmo do excesso de vídeos no estilo "um pouco mais sobre minha vida". Mas ler para essas pessoas, assim como para qualquer um de nós aqui, é uma coisa legal. E compartilhar coisas que achamos legais é algo normal.
 

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