Melian
Período composto por insubordinação.
De uma série do Judd Apatow, a gente espera pessoas depressivas, ferradas, fracassadas, e extremamente divertidas. Não conscientemente divertidas, mas acidentalmente. Personagens do Judd Apatow sempre passam pelo crivo do desvio. Não é diferente com os protagonistas de Love: Gus (Paul Rust) e Mickey (Gillian Jacobs). Duas pessoas que se conhecem por acaso, ele paga a conta dela numa “vendinha” para evitar que ela fizesse um escândalo. Sim, o cara tímido, nerd, aparentemente altruísta, conhece uma garota espalhafatosa, exaltada, inteligente, encantadora e assustadora. Não se enganem, nenhum dos dois se manterão nos estereótipos que acabei de descrever. E aí está o motor da série, que não segue a fórmula de comédias românticas.
Há um caminhão de situações constrangedoras na série. Há um balaio de expectativas criadas e soterradas. Há uma infinidade de palavras ásperas, de comportamento grosseiro, egoísta, entre outros na série. Mas isso não é privilégio de comédias românticas. Viver é enfrentar e desviar de constrangimentos mil, é ferir e se ferir. Viver é sentir medo em boa parte do tempo. A vida adulta nada tem a ver com não sentir medo. Adultos sentem medo, sentem pavor, mas a diferença é que eles sabem que, mesmo com medo, precisam continuar. Às vezes, continuam sozinhos; às vezes, acompanhados. Prefiro este modo àquele.
(Trecho extraído do texto que dois amigos e eu fizemos sobre a série. Quem quiser ler o post na íntegra, com spoilers, ele está lá no meu blog).