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Melhores (e piores) leituras de 2017

Bruce Torres

Let's be alone together.
O ano findo nunca mais veremos
O ano novo hoje recebemos...

E assim chegamos ao crepúsculo de mais um ano cheio de som e fúria - e haja fúria! De Mirisola dando tapa em todo mundo no Facebook ao menino acriano que mobilizou um país inteiro, a literatura de um modo ou de outro participou das nossas vidas. E como não podia deixar de ser, sendo-o per se porque se não fosse não seria, temos a tarefa inglória de refletir sobre o pouco que lemos dentre o tanto que compramos e do pouco que nos desfizemos - quiçá esses números se invertam na alvorada voraz que nos devora de frente.

Por ora apenas atiço soltando a isca. Mais tarde comentarei sobre os (des)encantos da dedicação a tão sublime ofício que é passar raiva ao ler um livro. Portanto, lancem-se a este tópico, ó argonautas das humanidades, estetas do ourivesco beletrista. Pois como diria um sábio homem, "saber vale por metade da batalha". ;)
 
Última edição:
Nossa, Bruce, até me emocionei com você chamando nóis de argonautas das humanidades :clap: Mas diz aí, qual a treta com o Mirisola?

Btw, só pras invejosas não falarem que eu tô floodando, dos melhores:

Algo infiel, Guilherme Gontijo Flores e Rodrigo Tadeu Gonçalves
Seven types of ambiguity, William Empson
Lírica e lugar-comum, Francisco Achcar
Other mens daughters, Richard Stern
Naqueles morros, depois da chuva, Edival Lourenço
Noite depois da noite, Joca Reiners Terron
Resistência, Júlian Fuks
A sátira e o engenho, João Adolfo Hansen
As cinco estações, Bashô, trad. José Lira
Teatro do sacramento, Alcir Pécora
Não exatamente os Sermões completos do Vieira, mas a maioria deles
Do mito das musas à razão das letras, org. Acízelo de Souza
História da inteligência brasileira, Wilson Martins (até o volume 3, que foram os que comprei :lol:)
Do barroco ao modernismo, Péricles Eugênio da Silva Ramos
Poesia completa e prosa, Raimundo Carvalho
The poetics of indeterminacy, Marjorie Perloff
Theories of art, Stephen Davies
Under Briggflatts, Donald Davie

Posto depois os que eu lembrar. Acho que não cheguei a ler nenhum livro ruim esse ano. Se eu dou uma manjada e vejo que o livro é uma latada, eu nem chego perto.
 
Dos melhores, embora tenha lido praticamente só coisa boa esse ano, mas os que se sobressaíram:

Os Cus de Judas, Antonio Lobo Antunes
Aquele leitura que vc faz bem devagar, apreciando cada frase.

Autumn, Ali Smith
Meu primeiro dela, foi mesmo tudo o que eu esperava, a construção da historia por blocos de cenas e ideias é um dos tipos de forma que mais aprecio.

Roadside Picnic, Arkady e Boris Strutgatsky
O livro que deu origem ao classico de Tarkovsky é bem diferente do filme, e tão hipnotizante quanto. Tem agora uma traducao da aleph.

Laranja Mecanica, Anthony Burgess
Livro todo bem conciso e impactante. Adorei

A Raposa Já Era o Caçador, Herta Müller
Uma das melhores descobertas do ano, tenho que ler os outros livros dela ainda, mas acho que ja é seguro dizer que ela ja se tornou uma favorita. A escrita dela, de multiplas metáforas contraditórias, alem de ser altamente influente a ponto de fazer vc passar a escrever que nem ela, ajuda a criar um clima forte de opressao, ilustrando o que é viver sob uma ditadura.

A Guerra Não Tem Rosto de Mulher, Svetlana Alexievitch
Outra excelente primeira leitura, livro duro, emocionante, que mostra varios dos aspectos que as mulheres sovieticas participando da guerra enfrentaram.

O tribunal da quinta-feira, Michel Laub
Livrão brasileiro sobre a pratica hipocrita de bom mocismo na internet. Essencial.

Os tres estigmas de Palmer Eldritch, PHilip K Dick
Leitura bem divertida e instigante, sobre as origens do mal, num clima semelhante a filmes como A Origem, Jacob's Ladder, Altered States etc.


Dois em particular me decepcionaram, um que eu ja meio que tinha um pé atras mas me deixei cair na armadilha do hype assim mesmo, e outro que eu achava seria uma das melhores leituras do ano.

O primeiro foi o The Handmaid's Tale da Margaret Atwood. Sei que muita gente gosta, mas pra mim, apesar de no inicio ter me empolgado com algumas construcoes frasais ilustrando um jeito peculiar de ver um mundo estranho, acabou nao descendo, se tornou exaustivamente repetitivo e um tanto panfletario pro meu gosto (avante, feminismo!...)

O outro foi O Evangelho Segundo Jesus Cristo, do Saramago, cuja escrits eu adoro, mas aqui ele basicamente usou o espaco da ficcao pra tecer todos os seus conheicmentos ateus full time, cuidando pouco pro enredo e os personagens, deixando as acoes incrivelmente faltando verossimilhanca dentro da historia e se tornando monotono ao extremo ao bater sempre na mesma tecla, com argumentos que todo mundo ja viu em textoes do fb super facil de desqualificar visto que o foco do autor é numa justica humana bem limitada. Ausente esta a variedade de tratamentos de um tema encontrados em outros livros do autor.




alguns livros, quase todos os outros que li, merecem destaque: Ronda da Noite, Modiano. O Arquipelago da Insonia, Antunes. Siddhartha, Hesse. Endgame, Beckett. A Sorrow Beyond Dreams, Handke. A Terrorista, Lessing (urgentemente precisando de outroa tradução e edicao melhores). Ressurreição, Tolstoi. A Filha Perdida, Ferrante.

É isso, espero que o ano que vem traga ainda mais boas leituras a todos :D
 
Última edição:
Felizmente achei meu desafio de leitura de 2017 no Goodreads. :lol:

Vai por ordem de gosto:
- Quatro soldados, de Samir Machado de Machado
- O livro aberto, de Frederico Lourenço
- Surfista Prateado: Parábola, de Moebius e Stan Lee
- A saga do Tio Patinhas, de Don Rosa
- O xerife da Babilônia, de Tom King
- Um certo Henrique Bertaso, de Erico Veríssimo
- Filme, de Lillian Ross
- A cada um o seu, de Leonardo Sciascia
- Associação judaica de polícia, de Michael Chabon
- Brooklyn sem pai nem mãe, de Jonathan Littell
- Logicomix, de Apostolos Doxiadis e Christos Papadimitriou
- O capitão Alatriste, de Arturo Pérez-Reverte
- Mulher-Maravilha: Terra Um, de Grant Morrison

Dos que menos gostei:
- As crônicas de Nárnia, de CS Lewis
- Esquilos de Pavlov, de Laura Erber

Li todo Harry Potter naquele ano, com graus variáveis de gosto e pensando que eu superestimei a qualidade de alguns livros - defendo que dava pra fazer tudo em três e que apenas os dois primeiros são realmente os melhores.
As HQs novas de Star Wars tinham acabado de serem lançadas no Brasil, com Skywalker Ataca, Vader e Princesa Leia como os melhores títulos então.
Alguns mangás de Lobo Solitário se mostraram muito bons, mas Novo Lobo Solitário, apesar de ter uma ideia interessante, até então não tinha mostrado a que veio. Provavelmente vou reler todo Lobo Solitário e Novo Lobo Solitário.
 

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