Um Nabokov inédito e inconcluso
Parece que afinal poderemos ler "Laura", o romance que Nabokov morreu sem concluir e queria que fosse queimado. A notícia de que o filho Dimitri resolveu desconsiderar as instruções do pai, e publicar o livro, encerra um suspense que se arrastou por anos, mas o debate é daqueles fadados a durar ainda mais tempo: é legítimo tornar público aquilo que o autor queria guardado em sua gaveta/computador, para não dizer queimado na fogueira?
Quando se trata de raspa do tacho, a discussão fica mais simples - é fácil criticar o oportunismo editorial invocando o respeito aos desejos do autor. Complicado é ter nas mãos o destino das obras completas de Kafka, como aconteceu com Max Brod (que felizmente para nós ignorou o pedido do amigo e não apenas não destruiu seus textos como trabalhou para que se tornassem conhecidos).
Sobre "Laura", sabe-se pouco. O título, é claro, lembra "Lolita", e o enredo tem lá suas afinidades com a obra-prima de Nabokov. Aparentemente, trata de um homem casado com uma mulher infiel. Dado o histórico literário do autor, dá para ensaiar uns exercícios especulativos, mas nada além disso.
Dimitri diz que, se concluído, "teria sido o romance mais brilhante do meu pai, a concentração mais destilada de sua criatividade". Se "teria sido", quer dizer que não é, mas que algo ali permite entrever essa possibilidade. Na opinião do Dimitri, pelo menos.
Considerando-se o barulho que o dilema rendeu lá fora, com palpites de John Banville a Tom Stoppard, não deve demorar muito para que, por aqui, possamos formar a nossa.
Parece que afinal poderemos ler "Laura", o romance que Nabokov morreu sem concluir e queria que fosse queimado. A notícia de que o filho Dimitri resolveu desconsiderar as instruções do pai, e publicar o livro, encerra um suspense que se arrastou por anos, mas o debate é daqueles fadados a durar ainda mais tempo: é legítimo tornar público aquilo que o autor queria guardado em sua gaveta/computador, para não dizer queimado na fogueira?
Quando se trata de raspa do tacho, a discussão fica mais simples - é fácil criticar o oportunismo editorial invocando o respeito aos desejos do autor. Complicado é ter nas mãos o destino das obras completas de Kafka, como aconteceu com Max Brod (que felizmente para nós ignorou o pedido do amigo e não apenas não destruiu seus textos como trabalhou para que se tornassem conhecidos).
Sobre "Laura", sabe-se pouco. O título, é claro, lembra "Lolita", e o enredo tem lá suas afinidades com a obra-prima de Nabokov. Aparentemente, trata de um homem casado com uma mulher infiel. Dado o histórico literário do autor, dá para ensaiar uns exercícios especulativos, mas nada além disso.
Dimitri diz que, se concluído, "teria sido o romance mais brilhante do meu pai, a concentração mais destilada de sua criatividade". Se "teria sido", quer dizer que não é, mas que algo ali permite entrever essa possibilidade. Na opinião do Dimitri, pelo menos.
Considerando-se o barulho que o dilema rendeu lá fora, com palpites de John Banville a Tom Stoppard, não deve demorar muito para que, por aqui, possamos formar a nossa.