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O Romantismo

  • Criador do tópico Criador do tópico Spartaco
  • Data de Criação Data de Criação

Spartaco

Anton Bruckner - 200 anos do nascimento
Como sabemos, a música erudita é classificada por períodos e estilos distintos, como o Barroco, o Classicismo, o Romantismo e o Modernismo, além da música contemporânea.

Neste tópico gostaria de trocar idéias e informações a respeito de um dos períodos mais importantes da história da música: o Romantismo.

Para iniciar, mencionarei algumas características que, para mim, são as mais significativas desse período:

1º) A fantasia e a imaginação que são, por si mesmas, mais importantes do que os aspectos clássicos, como o equilíbrio;

2º) A composição de formas musicais descontraídas e extensas, como o poema sinfônico, de miniaturas para piano, como o noturno, da canção erudita ("lied"), e da ópera, com tramas que abordam o indivíduo ou eventos em cenários exóticos;

3º) A busca da identidade nacional, através do repertório da música folclórica;

4º) Emancipação do compositor, pois liberto do antigo papel de servidor ou assalariado;

5º) Aperfeiçoamento dos instrumentos;

6º) Desenvolvimento dos concertos; e

7º) Exaltação do virtuose.

Coloquei certos aspectos esperando que os amigos foristas mencionem as suas opiniões sobre o assunto em pauta e abordem o que acham do Romantismo como período da História da Música, dizendo quais os compositores desse perído que mais apreciam, as respectivas obras, etc.

Um abraço a todos.
 
vish, tópico com tema gigantesco. bom, começando pelo começo...vou dar uma complementada no post inicial para, de uma forma simplista, contextualizar algumas idéias.

o período romântico foi uma reação ao período clássico, e representa uma ruptura em diversas aspectos estéticos da música. não vou entrar em detalhes técnicos, mas um exemplo que deixa bem clara a relação entre os dois períodos, é o da dissonância. impensável no classicismo, e explorada no romantismo.

aí vc pergunta: pq utilizar a dissonância? o período clássico tem a profunda preocupação da música como forma, como harmonia perfeita. o período romântico possui uma preocupação em transformar a música numa linguagem de sentimentos humanos. a dissonância se encaixa perfeitamente para, por exemplo, criar momentos de desconforto, de tensão, de expectativa, de dualidade, de reproduzir alívio quando a harmonia clássica retorna...

tomando como exemplo o trabalho que é considerado responsável por ter gerado a ruptura entre o período clássico e o período romântico: a sinfonia no 3 de beethoven.

napoleão, sabidamente, inspirou profundamente diversos aspectos da arte, e na música não foi diferente. quais as diferenças básicas entre a sinfonia no 3 e os trabalhos famosos até então?
- ela faz referência a um herói político real
- possui um formato completamente caótico (na visão dos músicos da época), misturando até mesmo elementos fúnebres
- possui harmonias pesadas, intensas e mais "emocionantes"
- possui uma estrutura estética completamente diferente, mas não entrarei em detalhes
- outras...

a mais importante, creio, é a referência ao real, ao tangível. quando um compositor apresenta uma obra com algum cunho político, vc vê criada a possibilidade para amarração de idéias políticas na música, como ocorreu por exemplo no nacionalismo. logo após a 3a sinfonia, ocorreu todo aquele período controverso de transição.

se isso é bom ou ruim, eu n sei. depois eu posto sobre o q eu acho do romantismo.
 
Agora gostaria de mencionar algo sobre uma das carcterísticas que coloquei acima, o aperfeiçoamento dos instrumentos.

Como descrito no livro História da Mùsica Ocidental de Jean e Brigitte Massin, no século XIX desenvolveu-se consideravelmente o sentido musical do timbre e do colorido sonoro; e o timbre sonoro viria a tornar-se musical, sobretudo a partir de Beethoven e dos românticos.

À diferença da orquestra barroca, baseada na primazia sonora das cordas, a orquestra clássica e romantica, graças às inovações mecânicas, pôde modificar a qualidade de sua sonoridade. O aprimoramente das técnicas de produção em geral e o conseqüente e gradual processo de industrialiazção de vários instrumentos, como o piano, o órgão, os sopros, sobretudo os metais, tiveram conseqüências, entre as quais as primeiras foram o aperfeiçoamento dos instrumentos que já existiam e a criação de outros. Graças às novas técnicas de fabricação, os instrumentos musicais tiveram as suas possibilidades aumentadas e sua execução facilitada.

Na era industrial, máquinas e fabricantes cada vez mais especializados apoderaram-se da fabricação dos instrumentos. O século XIX foi assim o século de ouro da música instrumental, orquestral e sinfônica.

O desenvolvimento das posibilidades de execução com instrumentos cada vez mais perfeitos permitiu que eclodissem de uma só vez uma música e uma técnica virtuosísticas como jamais se havia conhecido até então. A evolução do virtuosismo é contemporaneo ao perfeiçoamento dos instrumentos. O romantismo assinala o começo desse grande acontecimento.
 
Caros amigos foristas,

Gostaria esclarecer outra das carcterísticas citadas acima: desenvolvimento dos concertos.

Trata-se do desenvolvimento de uma vida musical de concertos que, de maneira significativa, começou a atingir as grandes cidades européias; por exemplo, em Londres com a criação da Philharmonic Society, em 1813, Paris com a fundação, em 1828, da Société des Concerts du Conservatoire, e até nas cidades alemãs, tradicionalmente voltadas para a ópera, com o brilho da Gewandhaus de Leipzig e a Orquestra de Weimar, no tempo em que Franz Liszt foi Kapellmeister da corte do Grão-duque daquela cidade (entre 1842 e 1858).

Desse modo, no período romântico, houve um fomento das apresentações em salas de concertos e, portanto, um desenvolvimento importante neste setor, que também possibilitou o aparecimento e a fama dos grandes virtuoses.
 
Continuando, vejam que as características supra mencionadas se interrelacionam; como mencionei anteriormente, a evolução do virtuosismo é contemporânea ao aperfeiçoamento dos instrumentos.

paganini.jpg


Foi no início do século XIX, antes que esse processo houvesse avançado, que o mais brilhante dos virtuoses, Niccolò Paganini, fez sua fulgurante carreira; o fascínio que ele exercia era de tal ordem que se chegou a suspeitar que ele tivesse um pacto com o demônio.

Assim, todos os virtuoses do piano romântico, Kalkbrenner, Moscheles, Thalberg e o próprio Liszt, foram estimulados pela tentação de rivalizar em seus intrumentos com Paganini. Isso não impediu que tais virtuoses do piano viessem a dominar o século com suas prodigiosas carreiras, transformando-se, assim, em verdadeiros astros, como ocorreu, no século XX, com as estrelas do cinema e do rock.
 
Como mencionei no início deste tópico peço aos amigos foristas que também gostam da música erudita, popularmente conhecida como música clássica, que coloquem aqui suas opiniões sobre o tema, mencionando os compositores do romantismo que mais gostam, as obras que apreciam e, se quiserem, coloquem suas dúvidas e perguntem tudo o que quiserem sobre esse período da História da Música, que, se possível, tentarei esclarecer dentro das minhas limitações sobre o assunto.
 
@Eriadan, quais as obras preferidas dele?
Spartaco, posso ouvir O Lago dos Cisnes e o Quebra-Nozes todos os dias sem enjoar! Mas meus atos preferidos dessas duas são a Dança Espanhola e a Dança Russa. Gosto de melodias fortes e rápidas.


 
Spartaco, posso ouvir O Lago dos Cisnes e o Quebra-Nozes todos os dias sem enjoar! Mas meus atos preferidos dessas duas são a Dança Espanhola e a Dança Russa. Gosto de melodias fortes e rápidas.

Pelo jeito você goste muito de balés, pois mencionou dois dos principais compostos por Tchaikovsky. E o que me diz das sinfonias e concertos deste compositor, conhece?
 
Pelo jeito você goste muito de balés, pois mencionou dois dos principais compostos por Tchaikovsky. E o que me diz das sinfonias e concertos deste compositor, conhece?
Só conheço tio Tchaiko pelos balés mesmo. Você indicaria algum concerto dele?
 
Só conheço tio Tchaiko pelos balés mesmo. Você indicaria algum concerto dele?

images

No tocante aos concertos, Tchaikovsky compôs três para piano e orquestra; desses o primeiro, em Si Bemol Menor, Op. 23, é o mais conhecido e admirado. Você não pode deixar de ouvir; é maravilhoso. Também gostaria de mencionar o seu concerto para violino e orquestra, em Ré Maior, Op. 35, que foi composto em 1878; ele é considerado um dos melhores já feitos para esse instrumento, sendo muito executado hoje em dia.

Ainda sobre a música orquestral do grande mestre russo, não posso deixar de mencionar suas seis sinfonias; elas são belíssimas, principalmente as três últimas, que são consideradas obras-primas. Vale muito a pena conhecer.
 
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No tocante aos concertos, Tchaikovsky compôs três para piano e orquestra; desses o primeiro, em Si Bemol Menor, Op. 23, é o mais conhecido e admirado. Você não pode deixar de ouvir; é maravilhoso. Também gostaria de mencionar o seu concerto para violino e orquestra, em Ré Maior, Op. 35, que foi composto em 1878; ele é considerado um dos melhores já feitos para esse instrumento, sendo muito executado hoje em dia.

Ainda sobre a música orquestral do grande mestre russo, não posso deixar de mencionar suas seis sinfonias; elas são belíssimas, principalmente as três últimas, que são consideradas obras-primas. Vale muito a pena conhecer.
Tô ouvindo-as em sequência agora. =]
 
Tô ouvindo-as em sequência agora. =]

Tudo de uma vez? Creio que é preferível ouvir mais devagar para apreciar mais adequadamente, ainda mais que são obras longas. Inclusive é interessante, antes de ouvir, obter informações sobre as obras, assim você pode usufruir melhor.
 
O concerto para violino de Tchaikovsky é maravilhoso. Gosto muito também das 3 últimas sinfonias dele, em especial a última, a Patética. O sexteto Souvenir de Florence é aceitável.

Mas a minha obra de coração dele é o estupendo Trio para piano Op. 50. Coisa de gênio.



De resto Tchaikovsky me soa muito piegas. Especialmente no primeiro concerto para piano.
 

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