Melian
Período composto por insubordinação.
Costumo dizer que apesar de os leitores de quadrinhos terem suas editoras preferidas, no fim das contas, o que vale é se o quadrinho é bom: se o roteiro, a arte, a diagramação se unem para a construção de uma narrativa bem articulada. Por isso, não ligo muito para o tabu que cerca os quadrinhos eróticos. E, sim, tô falando não apenas de Lost Girls que, por ser uma criação de um dos deuses dos quadrinhos (salve, salve!), não é muito questionado. Há histórias muito boas e há histórias muito ruins. Mas isso também acontece com os outros sub-gêneros dos quadrinhos, não é? Quando se fala em quadrinhos eróticos, os primeiros nomes que lembramos são Serpieri, Manara, Crepax, Saudelli, Pichard, Varenne, entre outros, né? Guido Crepax tá na minha listinha porque tenho adoração pela Valentina (que era, inclusive, o meu nick no Meia Palavra):
"Valentina é mulher por inteiro. Agrada e se gosta, gosta de seu corpo e de sua nudez. Aliás, eu diria que, nos meus quadrinhos, quem faz mais um papelão são os homens: eu sempre fui feminista, e não é por acaso que Valentina tem uma profissão, a fotografia, que na época era exclusivamente masculina. Enfim, não lhe dei o papel costumeiro das heroínas dos quadrinhos, tipo Dale Arden ou Diana Palmer, sexy e fatais, mas que depois acabam na cozinha, lavando louça." (Guido Crepax)
Os quadrinhos eróticos, geralmente apresentados na forma de álbuns com histórias fechadas, apresentam enredos que vão do "qualquer coisa é desculpa para trepar" aos mais elaborados, inclusive adaptações de obras literárias eróticas.
No Brasil, os álbuns eróticos tiveram seu auge nos anos 80 com as editoras L&PM, Brasiliense e Martins Fontes.
A L&PM publicou quase todos os títulos eróticos de Crepax: Emmanuelle, Justine, Bianca, História d´O, etc.. todos com excelente adaptação das obras originais.
A Brasiliense atacou principalmente com Manara, cujos albuns (assim como os de Crepax) continuaram a ser publicados por outras editoras, com direito a novas edições.
Mas foi a Martins Fontes que mais investiu no segmento, lançando a coleção Ópera Erótica, com o melhor do quadrinho erótico europeu (curiosamente 70% dos álbuns eróticos se concentram em autores europeus). Foram publicados títulos como Little Ego, A Sobrevivente, Condessa Vermelha, entre outros.
Outras editoras menores tambem publicaram alguns títulos eróticos, como a VHD (Bionda, Tagarela, etc.), Heavy Metal (Druuna), entre outras.
Por serem produzidos em formato de álbum, com capa cartonada plastificada, papel de alta qualidade, os preços dos quadrinhos eróticos eram altos.
Cabe, aqui, uma menção necessária aos Catecismos do Carlos Zéfiro, surgidos em uma época a qual não existia em banca qualquer tipo de revista masculina com nus femininos, os catecismos eram muito procurados. Eles eram feitos em papel de baixa qualidade, tinham "roteiros" fracos e desenhos toscos. Eram vendidos por um preço super acessível (troco de pão mesmo!), em esquemas clandestinos nas bancas de jornais para driblar a censura da época.
Hoje, os catecismos são peças de coleção, valendo uma grana considerável.
O texto em itálico é de um amigo (que é, quando se trata de quadrinhos, praticamente uma enciclopédia humana). Pedi a autorização dele para fazer pequenas alterações (porque o texto estava em uma linguagem mais... livre, se é que vocês me entendem. Se não entendem, eu quis dizer que tive de fazer alterações no texto para ele não ter de ir para o CTI. Pelo mesmo motivo, não vou colocar as imagens originais do post).
"Valentina é mulher por inteiro. Agrada e se gosta, gosta de seu corpo e de sua nudez. Aliás, eu diria que, nos meus quadrinhos, quem faz mais um papelão são os homens: eu sempre fui feminista, e não é por acaso que Valentina tem uma profissão, a fotografia, que na época era exclusivamente masculina. Enfim, não lhe dei o papel costumeiro das heroínas dos quadrinhos, tipo Dale Arden ou Diana Palmer, sexy e fatais, mas que depois acabam na cozinha, lavando louça." (Guido Crepax)
Os quadrinhos eróticos, geralmente apresentados na forma de álbuns com histórias fechadas, apresentam enredos que vão do "qualquer coisa é desculpa para trepar" aos mais elaborados, inclusive adaptações de obras literárias eróticas.
No Brasil, os álbuns eróticos tiveram seu auge nos anos 80 com as editoras L&PM, Brasiliense e Martins Fontes.
A L&PM publicou quase todos os títulos eróticos de Crepax: Emmanuelle, Justine, Bianca, História d´O, etc.. todos com excelente adaptação das obras originais.
A Brasiliense atacou principalmente com Manara, cujos albuns (assim como os de Crepax) continuaram a ser publicados por outras editoras, com direito a novas edições.
Mas foi a Martins Fontes que mais investiu no segmento, lançando a coleção Ópera Erótica, com o melhor do quadrinho erótico europeu (curiosamente 70% dos álbuns eróticos se concentram em autores europeus). Foram publicados títulos como Little Ego, A Sobrevivente, Condessa Vermelha, entre outros.
Outras editoras menores tambem publicaram alguns títulos eróticos, como a VHD (Bionda, Tagarela, etc.), Heavy Metal (Druuna), entre outras.
Por serem produzidos em formato de álbum, com capa cartonada plastificada, papel de alta qualidade, os preços dos quadrinhos eróticos eram altos.
Cabe, aqui, uma menção necessária aos Catecismos do Carlos Zéfiro, surgidos em uma época a qual não existia em banca qualquer tipo de revista masculina com nus femininos, os catecismos eram muito procurados. Eles eram feitos em papel de baixa qualidade, tinham "roteiros" fracos e desenhos toscos. Eram vendidos por um preço super acessível (troco de pão mesmo!), em esquemas clandestinos nas bancas de jornais para driblar a censura da época.
Hoje, os catecismos são peças de coleção, valendo uma grana considerável.
O texto em itálico é de um amigo (que é, quando se trata de quadrinhos, praticamente uma enciclopédia humana). Pedi a autorização dele para fazer pequenas alterações (porque o texto estava em uma linguagem mais... livre, se é que vocês me entendem. Se não entendem, eu quis dizer que tive de fazer alterações no texto para ele não ter de ir para o CTI. Pelo mesmo motivo, não vou colocar as imagens originais do post).