Oscar 2016: Will Smith anuncia que não vai à cerimônia
Will Smith em Concussion
Depois de sua esposa, Jada Pinkett-Smith (Magic Mike XXl), dizer que vai boicotar a festa do Oscar 2016, agora chegou a hora de Will Smith anunciar que não vai a cerimônia desse ano. Além disso, o ator criticou a falta de diversidade da Academia ao não indicar atores negros.
Em entrevista ao programa de TV Good Morning America, o ator, que já concorreu ao Oscar em 2002 e 2007, falou sobre o assunto. Vale lembrar que ele tinha chance de entrar na lista final com o seu trabalho em Um Homem Entre Gigantes, longa que fala sobre as graves contusões no futebol americano, previsto para estrear em março no Brasil.
"A diversidade é o superpoder americano. É por isso que somos ótimos. Há várias pessoas diferentes, de lugares distintos, que vivem dando novas ideias e inspirações para essa bela mistura. Para mim, Hollywood representa e cria a imagem dessa beleza, mas acho que tenho que lutar e proteger por esses ideais que engrandecem o nosso país e por isso, quando olho para essas indicações da Academia, vejo que essa beleza não está refletida", criticou Smith.
O fato é que outros artistas também apoiaram, como Spike Lee (Oldboy) e Mark Ruffalo, que é um dos indicados a melhor ator. Um dos destaques de Spotlight - Segredos Revelados, ele disse à BBC que ainda não sabe se vai à premiação. "Se você olhar para o legado de Martin Luther King, ele diz que as pessoas boas, que não fazem nada, são muito piores do que as que não agem de propósito e não conhecem o caminho certo", disse Ruffalo.
Cheryl Boone Isaacs, presidente de Artes e Ciências Cinematográficas, chegou a expressar sua frustração por não ter atores negros indicados. Além disso, ela está tomando medidas para tentar recuperar a credibilidade da premiação (saiba mais sobre a polêmica em nosso texto especial).
O Oscar 2016 acontece no dia 28 de fevereiro. Até lá, esse assunto promete gerar bastante discussões. Confira o nosso especial do maior prêmio do cinema.
Boicote, crítica e carta aberta: falta de diversidade complica Hollywood
As indicações de candidatos aos Oscars de melhor ator, atriz, ator coadjuvante e atriz coadjuvante têm algo em comum: a falta de diversidade. Não havia um artista negro ou asiático entre as 20 estrelas que concorrerão às quatro estatuetas, mesmo com três negros terem sido cotados à premiação: Will Smith, por ‘Um Homem Entre Gigantes’; ‘Michael B. Jordan’, pela atuação como Adonis Creed em ‘Creed - Nascido para Lutar’; e Idris Elba, por ‘Beasts Of No Nation’.
Spike Lee, durante cerimônia na qual recebeu o Oscar honorário (Getty Images)
A ausência de artistas negros entre os concorrentes repercutiu muito mal - e olha que o apresentador da noite, o ator Chris Rock, é negro. O diretor Spike Lee, que recebeu em novembro de 2015 um Oscar honorário pelo conjunto da obra, declarou que irá boicotar a cerimônia. “Como é possível pelo segundo ano consecutivo os 20 candidatos na categoria de atores e atrizes serem brancos? 40 atores brancos em dois anos e nada de negros? Não sabemos atuar?”, questionou, em tom de ironia, sobre a decisão da Academia. Além dos dois, o diretor Michael Moore, de ‘Tiros em Columbine’, ‘Fahrenheit 11/09′ e ‘Sicko’, aderiu ao boicote à cerimônia.
Jada Pinkett-Smith, ao lado do marido, Will Smith (Getty Images)
Outra pessoa a boicotar a cerimônia é Jada Pinkett-Smith (’Gotham’), pelo mesmo motivo. “No Oscar, os negros são sempre bem-vindos para entregar prêmios e, inclusive, dar espetáculos. Mas raramente se reconhecem seus méritos artísticos. Os negros deveriam se negar a assistir? As pessoas nos tratarão da forma que nós permitimos”, justificou a atriz, sobre o porquê do boicote.
Cena de ‘Straight Outta Compton’ (Divulgação)
Outra reação negativa à ausência de negros foi uma carta aberta publicada por um produtor de ‘Straight Outta Compton - A História do N.W.A.’, que concorre ao Oscar de melhor roteiro original. Na nota, ele declarou que Hollywood precisa de ‘mais conteúdo produzido, escrito e protagonizado por artistas negros. (…) Precisamos disso na indústria [cinematográfica]. E quem está tentando conseguir, que continue a pressionar Hollywood a criar oportunidades para [a veiculação] de tais filmes para termos mais do que um por dia.”
George Clooney ‘cornetou’ a falta de negros no cinema norte-americano. E com razão (Getty Images)
Quem endossou a onda de reclamações foi George Clooney. O ator ‘apenas’ disse à revista Variety que a Academia estava fazendo melhor trabalho há dez anos. “Pense sobre quantos afroamericanos foram indicados. Eu poderia argumentar também sobre o problema não é quem escolhe, mas sim quantas opções existem para minorias em filmes e, em particular, quantos filmes?”, indagou o ator, sobre a falta de diversidade até mesmo na indústria. “Mas deveríamos ter prestado atenção nisso há muito mais tempo. Creio que eles [artistas negros] têm razão sobre a representatividade no cinema estar insuficiente. Isso é absolutamente verdadeiro”, completou Clooney.
Pelo jeito, a Academia sentiu a série de golpes e irá promover mudanças - espera-se isso, ao menos. Em nota, a presidente da entidade, Cheryl Boone Isaacs, demonstrou pesar pela ausência de negros entre os candidatos ao Oscar. ‘É uma conversa difícil, mas importante, e é hora de haver mudanças. (…) Nos próximos dias e semanas, nós [a Academia] iremos conduzir uma revisão no recrutamento de nossos integrantes, para haver muito mais diversidade a partir de 2016.” Que assim seja.