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Clube de Leitura 10º conto - O Assassinato (Anton Tchekhov)

Qual dos três será o 10º conto do Clube de Leitura?


  • Total de votantes
    7
  • Votação encerrada .

Clara

Perplecta
Usuário Premium
Tópico aberto para indicação de contos para a 10ª edição do Clube de Leitura.

Como sempre, fechamos com três indicações para, em seguida, escolhermos o conto vencedor por meio de enquete.

As diretrizes do funcionamento do Clube podem ser lidas neste tópico.
=]
 
Votei no conto O homem que sabia javanês do grande escritor brasileiro de Lima Barreto; ele narra a história de um malandro que, no começo do século XX, finge saber o javanês para conseguir um emprego.
 
Enquete encerrada e conto escolhido: O Assassinato, de Anton Tchekhov.
As discussões começam na próxima segunda feira, 30/11/2015.


Fiquem à vontade para postar detalhes sobre o conto (publicações, traduções etc.) e o autor.
 
Eu tenho o livro O assassinato e outras histórias, que reúne seis contos da última fase da sua vida, selecionados pela editora Cosac Naify por serem pouco conhecidos. A tradução é de Rubens Figueiredo.

Todos os contos desse livro foram escritos entre 1894 e 1900 e pertencem à última fase da obra do autor. São contos mais longos e mais densos, provavelmente pelo próprio fator da idade desse escritor que curava também o corpo das pessoas, pois Anton Tchekhov era médico.
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O conto O Assassinato (1895) conta a vida de um padre numa cidadezinha perdida no meio do nada; sua relação com o primo e a esposa do último não é muito boa, o que não gerará bons frutos.
 
Acabei de ler esse conto de Tchekhov; alguém mais já terminou de ler, para podermos trocar opiniões a respeito?
 
esse conto é maravilhoso,um dos top 3 melhores do Tchekhov.

TEM SPOILERS

achei que a forma que ele usou para mostrar as diferentes facetas da religião muito interessante.Matviei tem uma relação contraditória,quase hipócrita com a própria religiosidade,ao mesmo tempo que ele condena os padres gordos,os religiosos bêbados,importuna o próprio primo constantemente e etc.Ele mesmo é vaidoso e "afundado" em crises existenciais (questionando a própria fé) ele parece usar a religião como uma muleta existencial(uma espécie de guia de como ser no qual ele projeta o próprio ego),ele parece precisar se afirmar melhor que todos porque não consegue (em suas tarefas,tanto físicas quanto mentais) ser tão bom quanto a "média".

em contrapartida Iákov (o primo) usa a religião como muleta social(como agradar a deus e "socializar" com os homens),perdendo cada vez mais a fé (com efeito intensificado por causa das provocações de Matviei)acaba explodindo,após o assassinato,ele perde totalmente a fé e apenas cumprindo pena a recupera.


No decorrer do conto pensei que Tchekhov estava criticando a religião e os religiosos,mas no fim Iákov descobre uma espécie de "verdadeira fé",essa fé parece se basear na esperança do futuro e na compreensão do passado.mesmo tendo vivido infeliz no passado sente saudade da antiga vila.parece que no final a crítica é às pessoas que são religiosas sem motivo e sem compreendimento"apenas por ser".

Eu acho que a causa a infelicidade dele no passado foi ele mesmo,a própria atitude dele para com a fé (que não acreditava)e para com os outros (inclusive o primo),o levaram ao ódio a ira e ao assassinato.

Minha parte favorita é quando ele(Iákov) olha para a filha e percebe que ela parece ser uma barbara,um animal.Como se ele fosse a única pessoa pensante de todo o mundo,isso jogou ele num abismo existencial muito interessante.

revisando o texto parece mais que eu fiz resumão do que apenas dei minha opinião :dente:
 
cara, tenho esse conto em casa.. mas por pregui não peguei pra ler de novo.
alguém lembra qts pages?
 
Ainda não sei bem o que pensar desse conto. :/

No fórum de cinema o Gabriel comentou que ele precisa estar "no clima" pra assistir um filme.
Eu também sou assim, com filmes E com livros.
De maneira que esses dias eu não estava "no clima" pra ler essa história e acabei meio que me forçando a ler pra poder escrever aqui.
E foi assim que terminei a leitura hoje: meio deprimida com uma história tão pesada, me sentindo o próprio Iákov quando diz que começou a ter "a impressão de que demônios haviam sentando sobre sua cabeça e seus ombros". :lol:
Foi bem assim que me senti quando terminei de ler.
Mas enfim.

esse conto é maravilhoso,um dos top 3 melhores do Tchekhov.

TEM SPOILERS

achei que a forma que ele usou para mostrar as diferentes facetas da religião muito interessante.Matviei tem uma relação contraditória,quase hipócrita com a própria religiosidade,ao mesmo tempo que ele condena os padres gordos,os religiosos bêbados,importuna o próprio primo constantemente e etc.Ele mesmo é vaidoso e "afundado" em crises existenciais (questionando a própria fé) ele parece usar a religião como uma muleta existencial(uma espécie de guia de como ser no qual ele projeta o próprio ego),ele parece precisar se afirmar melhor que todos porque não consegue (em suas tarefas,tanto físicas quanto mentais) ser tão bom quanto a "média".

em contrapartida Iákov (o primo) usa a religião como muleta social(como agradar a deus e "socializar" com os homens),perdendo cada vez mais a fé (com efeito intensificado por causa das provocações de Matviei)acaba explodindo,após o assassinato,ele perde totalmente a fé e apenas cumprindo pena a recupera.


No decorrer do conto pensei que Tchekhov estava criticando a religião e os religiosos,mas no fim Iákov descobre uma espécie de "verdadeira fé",essa fé parece se basear na esperança do futuro e na compreensão do passado.mesmo tendo vivido infeliz no passado sente saudade da antiga vila.parece que no final a crítica é às pessoas que são religiosas sem motivo e sem compreendimento"apenas por ser".

Eu acho que a causa a infelicidade dele no passado foi ele mesmo,a própria atitude dele para com a fé (que não acreditava)e para com os outros (inclusive o primo),o levaram ao ódio a ira e ao assassinato.

Minha parte favorita é quando ele(Iákov) olha para a filha e percebe que ela parece ser uma barbara,um animal.Como se ele fosse a única pessoa pensante de todo o mundo,isso jogou ele num abismo existencial muito interessante.

revisando o texto parece mais que eu fiz resumão do que apenas dei minha opinião :dente:

O que entendi da história foi um pouco diferente do que você escreveu, @matheus apc .

Me pareceu mesmo foi um crítica total àqueles que são religiosos apenas por vaidade, pra se sentirem superiores aos outros homens.
Tanto Iákov como Matviei foram hipócritas ao extremo em sua religiosidade, indo exatamente de encontro ao que prega o evangelho, principalmente ao que está escrito no famoso capítulo seis do Evangelho de São Mateus:
Quando orardes, não façais como os hipócritas, que gostam de orar de pé nas sinagogas e nas esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade eu vos digo: já receberam sua recompensa.
Quando orares, entra no teu quarto, fecha a porta e ora ao teu Pai em segredo; e teu Pai, que vê num lugar oculto, recompensar-te-á.
Nas vossas orações, não multipliqueis as palavras, como fazem os pagãos que julgam que serão ouvidos à força de palavras.
Não os imiteis, porque vosso Pai sabe o que vos é necessário, antes que vós lho peçais.

Matviei, pra mim, era o menos dissimulado dos dois, ele já havia passado por tudo aquilo que Iákov estava passando.
Já havia se achado tão puro e santo, tão perfeitamente cristão que até se afastara dos outros para não ser conspurcado pela imundície dos pecadores, incluindo os padres que cheiravam a vodka e tabaco, selvagens e ignorantes.
Era exatamente isso que Iákov pensava da filha e das outras pessoas.
A filha inclusive, pra ele, agia daquela maneira não porque vivia feito bicho sem educação nem carinho, mas porque "não tinha fé".
E era assim que ele julgava todos a sua volta.
Só ele é quem tinha a "fé verdadeira".

Matviei era um pé no saco, verdade, mas foi ele quem fez Iákov começar a pensar na falsidade da sua crença.
Na hipocrisia de orar todos os dias, várias vezes, em voz alta, ao mesmo tempo em que ganhava dinheiro com o sofrimento alheio, seja com cavalos roubados ou, indiretamente, matando pessoas de tanto beber.
Matviei, bebendo leite e comendo batatas na quaresma e enchendo o saco com seus gritos de "que pecado, irmãozinho!" mostrava aos primos a feiura e falsidade de tudo aquilo, da qual ele mesmo era um exemplo vivo.

Matviei era a mosca na sopa do Iákov e da Aglaia.
Não por outra razão que os dois acabaram por lhe estourar a cabeça.

Mas quero ler o que vocês acharam do conto.
Não apenas se gostaram ou não.
Escrevam o que sentiram, se ficaram com raiva ou qualquer outro sentimento.
Porque acho que essa história tem tantas cores e nuances diferentes, tantas coisas ditas nas entrelinhas.
Como falei, terminei de ler hoje e ainda estou "digerindo".
Ainda estou com o gosto da cena final, quando Iákov com lágrimas nos olhos, mesmo sabendo que ficará como forçado pro resto de sua vida, abandonado por todos, ainda assim encontrou a fé e afirma querer continuar a viver.
 
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