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A segunda profecia de Mandos

  • Criador do tópico Criador do tópico Roderick
  • Data de Criação Data de Criação
Muito legal toda a discussão aí pra cima, mas vocês não entenderam o porquê da TM não ter um final definitivo, um Apocalipse, digamos assim.
A história da TM se passa num passado muito distante, mas no nosso próprio Planeta Terra. A TM faz parte da NOSSA PRÓPRIA história.
Se aqui estamos, ainda vivos, habitando este mundo, é porque o Apocalipse ainda não aconteceu.

Como Tolkien poderia escrever sobre algo que ele não conhecia? Afinal de contas, não haviam registros élficos ou no Livro Vermelho sobre esse fim de mundo. A única coisa que existia era uma PROFECIA, uma DEDUÇÃO, feita por Mandos. Mas nem mesmo Mandos sabia como seria esse fim do mundo, afinal a visão final lhes foi coberta e só Eru conhece o fim de tudo.

É por isso que Tolkien não TERMINOU sua história: porque ela ainda não chegou ao fim.

Uma coisa foi ressaltada várias vezes Snaga: se existia uma profecia ela não foi feita por Mandos mas , sim, por outra pessoa, provavelmente nativa da Terra-Média ( o continente). Vide o poema do Contos Inacabados .Pode ou não ser Andreth como Tolkien deu a entender em HoME XII.

Como Tolkien poderia escrever sobre algo que ele não conhecia?

Simples: abandonando o formato de crônica histórica romanceada e adotando o formato "thriller" ( termo que ele mesmo adotou pra falar da Nova Sombra ) uma coisa que ele começou a fazer por exemplo no New Shadow e que ele também fez no Notion Club Papers, história que se passa no presente (HoME IX). Então, Tolkien poderia sim, se quisesse, e /ou tivesse tempo, ter contado a Batalha da Dagor Dagorath adotando formatos parecidos com sagas como A Dança da Morte do King, a Profecia do Seltzer ou Deixados pra trás. A objeção levantada por você só é pertinente no ponto de vista estético, seria uma transição com a qual Tolkien teria dificuldade porque o subtexto cristão teria que se tornar mais explícito, mas não do ponto de vista lógico quanto à ótica do Mundo Subcriado. Tolkien não era limitado ao formato de crônica ou de romance de fantasia "medieval" a não ser por sua própria sensibilidade ou faculdade/disposição pra se reciclar.

O colega dele C.S. Lewis contou uma espécie de prelúdio do Apocalipse na sua trilogia do Espaço Exterior que finalmente está sendo traduzido pro português brasileiro pela Martins Fontes.

Eu já li a tradução portuguesa na década de noventa e posso dizer: a trilogia é ótima, entrelaça meio crossover com o Legendarium de Tolkien ( Númenor foi, aparentemente, criada pra ser parte de um universo compartilhado por Tolkien e Lewis e é citada na trilogia) e é uma das coisas mais próximas do que seria acompanhar o mesmo evento contado por Tolkien no seu Legendarium. Tem coisas lá que , inclusive, influenciaram os escritos tardios de Tolkien sobre a Terra-Média, incluindo as formas tardias dadas pra "profecia" da Última Batalha.Recomendo

Trilogia Cósmica
 

Anexos

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Como Tolkien poderia escrever sobre algo que ele não conhecia?

Simples: abandonando o formato de crônica histórica romanceada e adotando o formato "thriller" ( termo que ele mesmo adotou pra falar da Novo Sombra ) uma coisa que ele começou a fazer por exemplo no New Shadow e que ele também fez no Notion Club Papers, história que se passa no presente (HoME IX). Então, Tolkien poderia sim, se quisesse, e /ou tivesse tempo, ter contado a Batalha da Dagor Dagorath adotando formatos parecidos com sagas como A Dança da Morte do King, a Profecia do Seltzer ou Deixados pra trás. A objeção levantada por você só é pertinente no ponto de vista estético, seria uma transição com a qual Tolkien teria dificuldade porque o subtexto cristão teria que se tornar mais explícito, mas não do ponto de vista lógico quanto à ótica do Mundo Subcriado. Tolkien não era limitado ao formato de crônica ou de romance de fantasia "medieval" a não ser por sua própria sensibilidade ou faculdade ou disposição pra se reciclar.
Por mais que existam rascunhos, como o The New Shadow, são apenas rascunhos. Tolkien nunca os desenvolveu totalmente, e acredito que o motivo era não descaracterizar seu estilo "romance histórico" (ou seja lá como se chama essa ficção fantasiada de realidade que ele faz).

E eu não conhecia o livro do Lewis que está pra ser lançado. Procurarei.
 
Ilmarinen disse:
Eu já li a tradução portuguesa na década de noventa e posso dizer: a trilogia é ótima, entrelaça meio crossover com o Legendarium de Tolkien ( Númenor foi, aparentemente, criada pra ser parte de um universo compartilhado por Tolkien e Lewis e é citada na trilogia) e é uma das coisas mais próximas do que seria acompanhar o mesmo evento contado por Tolkien no seu Legendarium.

Tem algumas cartas em que Tolkien cita essa obra do Lewis.
Segundo o Professor, Lewis e ele combinaram que um lançaria um livro sobre "viagem espacial", e o outro sobre "viagem temporal". "Out of the Silent Planet" é a obra referente à esse deslocamento no espaço. Tolkien só escreveu alguns rascunhos para a sua obra (temporal), mas deixou-a de lado (quando estiver em casa eu procuro o título da mesma).

Númenor foi apropriada por Lewis, já que este ouviu trechos da Queda de Númenor oralmente contado por Tolkien. Se me recordo bem, o Professor até diz que a grafia de Númenor nessas obras está incorreta, já que Lewis nunca viu a palavra escrita.

Ilmarinen disse:
Tem coisas lá que , inclusive, influenciaram os escritos tardios de Tolkien sobre a Terra-Média, incluindo as formas tardias dadas pra "profecia" da Última Batalha.

Onde você leu isso Ilmarinen? Nunca ouvi falar dessa informação.


Só uma curiosidade boba, Out of the Silent Planet é o título de uma música do Iron Maiden :P
 
Tem algumas cartas em que Tolkien cita essa obra do Lewis.
Segundo o Professor, Lewis e ele combinaram que um lançaria um livro sobre "viagem espacial", e o outro sobre "viagem temporal". "Out of the Silent Planet" é a obra referente à esse deslocamento no espaço. Tolkien só escreveu alguns rascunhos para a sua obra (temporal), mas deixou-a de lado (quando estiver em casa eu procuro o título da mesma).
The Lost Road, Anwel.
 
Por mais que existam rascunhos, como o The New Shadow, são apenas rascunhos. Tolkien nunca os desenvolveu totalmente, e acredito que o motivo era não descaracterizar seu estilo "romance histórico" (ou seja lá como se chama essa ficção fantasiada de realidade que ele faz).

E eu não conhecia o livro do Lewis que está pra ser lançado. Procurarei.

Aí é que está Snaga, Tolkien, nos últimos vinte anos de vida, parecia estar é de saco cheio do formato de crônica histórica estilo fake document ou romance epistolar, tanto é que enchia todo texto dele de notas de rodapé que não podiam ser escritas por nenhum cronista mas só por ele mesmo, autor onisciente. Boa parte do material dos 4 últimos HoMEs já era assim. O problema que ele e/ou Lewis podiam ter pra contar mesmo a História do Apocalipse não era mesmo realmente estilística a rigor , mas temática. Como fazer isso sem "bater de frente" com a Ortodoxia cristã?

Naquele tempo ninguém tinha ainda se aventurado a fazê-lo mas, partindo do pressuposto que, também, todo o conteúdo do Apocalipse bíblico é na verdade "simbólico", codificado como imagens repletas de metafísica, personificação e transfiguração, os próprios autores cristãos de décadas subsequentes aos dois não vêem mais problema em escrever o que, na prática, é Science-fantasy apocalíptica tendo lugar no futuro sem que isso passe a ser visto como sacrilégio ou mistificação da "verdade" bíblica.

Haja vista que a série de Left Behind, Deixados pra Trás, é escrita por autores que fazem parte da linha mais dura do Pentecostalismo norte-americano e nem por isso eles tiveram qualquer reserva em escrever uma ficção-científica fantástica em cima da Revelação.

Left Behind

Left Behind em português

“Deixados para Trás”: Má Ficção, Péssima Teologia!

ótima leitura pra entender a noção de Escatologia ( pra vcs terem idéia não é todo mundo no Cristianismo que entende as profecias do Apocalipse como sendo, integralmente, parte de uma visão futura do Mundo.

Até o século XIX , inclusive, o ponto de vista dominante entre os Cristãos, coisa válida ainda pros teólogos católicos, é de que os eventos do Apocalipse já aconteceram desde antes do fim do primeiro milênio ou ainda estão acontecendo nesse exato momento e não, necesssariamente, no nosso futuro próximo ou distante).

Diferenças escatológicas cristãs

Eu inclusive, nesse gênero tenho até um livro favorito:O Último Dia de Glenn Kleier, provavelmente junto com o livro do Spohr, a Batalha do Apocalipse. O primeiro é inspirado em dois livros que são influência de Tolkien: Ela e a Volta de Ela de Rider Haggard. O segundo também tem como principal fonte um livro que Tolkien tb conhecia bem: o Paraíso Perdido de John Milton.

a-batalha-do-apocalipse.png


O problema de Tolkien é que ele tinha a sua energia consumida na tarefa de reorganizar o Silmarillion, condição sine qua nom pra escrever qualquer Apocalipse em Arda e ele não tinha mais a disposição pra tal. Se Tolkien não tivesse publicado o SdA já com sessenta e um anos pode ser que ele ainda tivesse bons anos ainda fecundos pra dominar um estilo novo mas, da maneira que foi, a tarefa ficou mesmo pros seus herdeiros ficcionais.

Sobre a trilogia do Lewis: a coisa fica mesmo Apocalíptica a partir do fim do segundo volume. O Perelandra é o melhor dos 3 na minha opinião, também era o de que Tolkien mais gostava. Detalhe: o protagonista, filólogo da saga, é considerado como sendo uma versão ficcionalizada do próprio Tolkien que reconhece em Ransom "algumas de suas idéias lewsificadas".

Onde você leu isso Ilmarinen? Nunca ouvi falar dessa informação.

Constatação óbvia de quem lê as obras dos dois autores com atenção Anwel, incluindo o material de HoMEs 9 a 12. Quase ninguém que leu chega a comentar porque ,inclusive, muita gente acha o conteúdo cristão do Legendarium difícil de digerir e , por isso, não gosta de analisar a intertextualidade com a obra de Lewis onde o simbolismo cristão é explícito.

Tolkien introduziu expressões como Far Heaven pra se referir ao espaço sideral na década de 50, aludindo ao termo Deep Heaven usado por Lewis, inseriu o conceito de valar extraterrenos e outros mundos possivelmente habitados no seu Cosmo lembrando o panteão de Eldila ( plural, singular Eldil)que rege os outros mundos do nosso sistema solar e , basicamente, inverteu a premissa de C.S. Lewis de que o Senhor das Trevas estaria confinado no nosso planeta Terra e exilado do espaço, justamente, exilando Melkor pro Espaço interestelar, comparando Melkor e o Arconte Negro ( Dark Archon) de Lewis nas entrelinhas do texto publicado em Mitos Transformados.

Melkor was not just a local Evil on Earth, nor a Guardian Angel of Earth who had gone wrong: he was the Spirit of Evil, arising even before the making of Eä. His attempt to dominate the structure of Eä, and of Arda in particular, and alter the designs of Eru (which governed all the operations of the faithful Valar), had introduced evil, or a tendency to aberration from the design, into all the physical matter of Arda.

In Morgoth's Ring (HoME 10), Tolkien several times insists that Melkor is not merely an evil being who has inflicted our own world (as he was in C.S. Lewis's interplanetary trilogy), but is the single primval evil being who attempts to take over and control and destroy the material universe, Eä, by dispersing himself into matter


Excelente análise feita por Jallan sobre o status satânico de Melkor no Legendarium

Análise da origem do nome Melkor e suas ramificações hebraicas

Tolkien também usou a expressão "hnau" cunhada por Lewis pra se referir a ser senciente( membros dos povos falantes) ao falar de Fangorn nos rascunhos de SdA.

O esboço de profecia apocalíptica do fim de Perelandra meio que prefigura as noções de indivíduos ressuscitados (e/ou transfigurados, transformados em valar ou em oyerésu) pra Última Batalha como descrita em HoME XII. E a visualização que Tolkien deu dos Homens que morrem na Graça, "se tornando valar para enriquecer o Céu" é aplicação da teologia de Sto Tomás de Aquino primeiro usada por Lewis em Perelandra.É só comparar Beren e Túrin com Ramson e Tor ( vide minha análise sobre a noção de que Túrin é um análogo etimológico e teológico do papel de Thor no Ragnarök o qual, por sua vez, já foi comparado no século XIX com o Cristo na Parusia no retorno pro Apocalipse).

The problem was shared by many Christian antiquarians in
the nineteenth century, from Grundtvig's countryman and antagonist Peter Erasmus Muller - eventually Bishop of Sjaelland, who nevertheless published a book 'On the Genuineness of the Asa-Teaching' first in German and then in Danish in 1811/1812. using the terms Echtheit and Asalehre,JEgthed and Asalceren respectively - to George Stephens, the passionately,anti-German English professor in Copenhagen, who in 1878 published a very strange book indeed, Thunor the Thunderer carved on a Scandinavian font of about the year 1000: the first yet found god figure of our Scando-Gothic forefathers, in which he tried to argue, in curiously roundabout fashion, that Thor. Thunor and Christ were all in some way to be identified.
Stephens actually defies paraphrase, but Tolkienists will understand it if I say simply that like Miiller he is putting forward a 'splintered light" thesis.

Em suma: a reelaboração da mitologia do Silmarillion pra fazer dela mais cientificamente plausível feita a partir dos anos cinquenta é em grande parte, um empreendimento tremendamente influenciado pela Trilogia do Espaço Exterior que é, por sua vez, influenciada pela mitologia do Silmarillion Pré Anos 40.

É como se , na tentativa de compensar a amizade que havia esfriado entre os dois e a dissolução do grupo dos Inklings, Tolkien tivesse tentado aproximar as obras ficcionais homenageando os amigos na sua Subcriação. Se vc quiser ler sobre outras influências dos Inklings, no caso de Charles Williams sobre a mitologia tardia do Silmarillion pode ler esse texto aí

A Alquimia do Fogo Secreto e o "fogo" dos Silmarils
 
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Tem razão, faz sentido Tolkien usar essa abordagem na criação do seu universo já que a mesma caracterísca está presente na origem da comunicação. Eru usa sua voz e diz "Ëa", que seja, e o primeiro gesto do criador onipotente para com a criatura é acima e antes de tudo um gesto de comunicação. O problema estabelecido pela comunicação de Eru precisava ser encarado na origem do mundo e no fim do mundo (Apocalipse) antes da história ser construída.

Se analisarmos as palavras de todos os idiomas do mundo pelo seu significado, a preservação da semântica termina no momento de iniciar a manifestação da forma da palavra. Por exemplo, se o verbo "to be" em inglês e o verbo "ser" em português possuem um significado objetivo, comum e natural eles começam a perder informação na hora de sua manifestação (forma, estilo, infiluência, etc... da palavra) e mantendo sempre o ideal. Logo, se houvesse algum radical que desejasse hostilizar a manifestação da história a língua era a melhor defesa pois o significado seria preservado e poderia ressoar dentro de qualquer ser humano fazendo com um significado buscasse eco nas pessoas por vários caminhos diferentes. Parece com Shakespeare em que ao pensar no verbo ser os Valar estabeleceram a pedra mestre aonde foi erguida a torre da obra física. Aquilo que não era, o não ser, a destruição do mundo antigo com o Apocalipse, dependia da forma da comunicação. Para resolver isso Eru deveria romper uma comunicação com o mundo. Ao romper com Eru, o sonho do criador se cerca cada vez mais do vazio e desaparece para sempre, exceto da memória de quem o conhecia.

No universo da Terra-Média o corte da comunicação com Eru se apresentou de forma acelerada, uma deterioração do mundo apressada pelo Caído, seguindo a bíblia. O interessante é que o responsável pela perda da força do eco da voz de Eru no mundo foi Melkor. Não tivesse isso ocorrido a data de validade do mundo seria ainda mais indeterminada e distante(por não haver necessidade de um Apocalipse destruidor do velho temporário e criador do novo definitivo).

Isso me estimula ainda mais a querer fazer uma comparação com o terceiro livro de Lewis.
 
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Verdade seja dita, o terceiro livro de Lewis não elabora o suficiente sobre essas questões às quais vc se refere e, sabendo ou não, vc está falando, nas suas próprias palavras, da teoria da Verlyn Flieger, Splintered Light, analisando as implicações das teorias gnósticas e neoplatônicas de Ower Barfield, ex-antropósofo, e sua teoria da Unidade Semântica sobre o Legendarium de Tolkien ( onde temos a Grande Música dos Ainur) e a mitologia de Lewis, onde temos a Grande Dança.

Acho que esse é que foi um dos problemas do Aquela Força Medonha ( que é mais parecido com os thrillers de Stephen King, mais Dança da Morte, eqto Perelandra é mais Voyage to Arcturus do Lindsay ou Imajica do Clive Barker).

C.S. Lewis enfatizou mais a Mageia de Charles Williams e menos a Palavra Divina de Owen Barfield e , isso, junto com o fato de ter Williamizado Ransom que era um alter-ego de Tolkien, deixou JRRT insatisfeito com o livro ( o achava "estragado pela mitologia arturiana-bizantina de Charles Williams").

Na primeira vez que li eu o achei maçante e enfadonho por causa da inserção intrusiva da sociologia de C.S. Lewis em longas diatribes antimodernistas e antifeministas no meio do enredo, mas, numa releitura das melhores partes, tudo isso desceu melhor, inclusive a retórica, por vezes chauvinista ou falaciosa, das conversas sociológicas porque, no fim , já sabendo do enredo em sua totalidade vc sabe onde ele quer chegar com essas colocações, independente da pertinência ou acuidade desses argumentos com a nossa realidade socio-moral.

Playing by the rules: Kipling's "Great Game" vs. "the Great Dance" in C.S. Lewis's Space Trilogy
 
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Digam o que quiserem, mas eu daria qualquer coisa para ler uma página que fosse sobre a Segunda Profecia.
Tolkien podia ter sido um daqueles velhos que vivem 100 anos, teria muita mais coisa boa pra ler.
 
Digam o que quiserem, mas eu daria qualquer coisa para ler uma página que fosse sobre a Segunda Profecia.
Tolkien podia ter sido um daqueles velhos que vivem 100 anos, teria muita mais coisa boa pra ler.
Eu também, o que mais gostaria que tivesse continuidade é a segunda profecia de Mandos, acho que é o que mais me deixou curioso de toda a obra de Tolkien!
 
Já eu gosto das coisas do jeito que estão. Profecia é profecia e pronto.
 
Já eu gosto das coisas do jeito que estão. Profecia é profecia e pronto.

Concordo!
Eu até acho que se ele tivesse escrito ficaria "phodástico", mas continuo achando que o melhor é deixar a mente curiosa!

Adoro imaginar do meu próprio jeito como seria se Túrin derrotasse Melkor. E se agente tivesse mesmo na 7ª Era agora e no final participasse disso, eu seria a 1ª na fila gritando "uhuuuuu... é isso aí!" :yep::lol:
 
Verdade seja dita, o terceiro livro de Lewis não elabora o suficiente sobre essas questões às quais vc se refere e, sabendo ou não, vc está falando, nas suas próprias palavras, da teoria da Verlyn Flieger, Splintered Light, analisando as implicações das teorias gnósticas e neoplatônicas de Ower Barfield, ex-antropósofo, e sua teoria da Unidade Semântica sobre o Legendarium de Tolkien ( onde temos a Grande Música dos Ainur) e a mitologia de Lewis, onde temos a Grande Dança.

Acho que esse é que foi um dos problemas do Aquela Força Medonha ( que é mais parecido com os thrillers de Stephen King, mais Dança da Morte, eqto Perelandra é mais Voyage to Arcturus do Lindsay ou Imajica do Clive Barker).

C.S. Lewis enfatizou mais a Mageia de Charles Williams e menos a Palavra Divina de Owen Barfield e , isso, junto com o fato de ter Williamizado Ransom que era um alter-ego de Tolkien, deixou JRRT insatisfeito com o livro ( o achava "estragado pela mitologia arturiana-bizantina de Charles Williams").

Na primeira vez que li eu o achei maçante e enfadonho por causa da inserção intrusiva da sociologia de C.S. Lewis em longas diatribes antimodernistas e antifeministas no meio do enredo, mas, numa releitura das melhores partes, tudo isso desceu melhor, inclusive a retórica, por vezes chauvinista ou falaciosa, das conversas sociológicas porque, no fim , já sabendo do enredo em sua totalidade vc sabe onde ele quer chegar com essas colocações, independente da pertinência ou acuidade desses argumentos com a nossa realidade socio-moral.

Playing by the rules: Kipling's "Great Game" vs. "the Great Dance" in C.S. Lewis's Space Trilogy

Foi bom saber do conteúdo do livro antes de pegar para ler, fico grato por contar um pouco sobre como ele é por dentro. O primeiro livro me lembrou bastante o tom aventuresco de Júlio Verne e da ciência popular ou ficção científica popular, com o diferencial de fazer aprofundamentos do universo que não tinham no Júlio Verne. Imagino que se por um lado era menos solene (acho que detalhado é uma palavra melhor para tentar definir) que Nárnia, por outro poderia ser mais solene que um 20000 Léguas ou um Viagem ao centro da Terra em certos quesitos. Darei uma busca na teoria que você trouxe, ela pode me ajudar a entender também a visão que Lewis tinha dos significados que Tolkien usava.
 
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O primeiro livro me lembrou bastante o tom aventuresco de Júlio Verne e da ciência popular ou ficção científica popular, com o diferencial de fazer aprofundamentos do universo que não tinham no Júlio Verne.

Na verdade, o primeiro livro é feito pra ter um grande grau de intertextualidade com os Primeiros Homens na Lua, o romance de ficção-científica de H.G.Wells e com o livro do Olaf Stapledon, Os Últimos e Primeiros Homens. O Perelandra já é um gêmeo ficcional da Máquina do Tempo tb do Wells. Daí, o livro de Lewis, o primeiro da Trilogia Cósmica recebeu uma resposta ficcional intertextual que foi o Fim da Infância do Arthur C. Clarke e esse, por sua vez,foi a principal inspiração ficcional pro animê Neon Genesis Evangelion( fato admitido pelo criador, Hideaki Anno) que é, como o livro do Clarke, uma narrativa apocalíptica desconstruída.

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Pra quem não sabe, Além do Planeta Silencioso foi a fagulha que inspirou a produção ficcional de Jorge Luis Borges que resolveu escrever ficção meio que tangido pelo entusiasmo provocado pelo livro que ele lera em inglês mesmo, já em 1939. A influência é reconhecida pelo seu biógrafo peruano, o Monegal.
 
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Constatação óbvia de quem lê as obras dos dois autores com atenção Anwel, incluindo o material de HoMEs 9 a 12. Quase ninguém que leu chega a comentar porque ,inclusive, muita gente acha o conteúdo cristão do Legendarium difícil de digerir e , por isso, não gosta de analisar a intertextualidade com a obra de Lewis onde o simbolismo cristão é explícito.

Se tiver a oportunidade (e vontade) de ler ambos os textos um dia, lembrarei do seu comentário sobre a relação de ambos. Ou se a constatação é óbvia, quem sabe eu mesmo não a tenha.

Ilmarinen disse:
E a visualização que Tolkien deu dos Homens que morrem na Graça, "se tornando valar para enriquecer o Céu" é aplicação da teologia de Sto Tomás de Aquino primeiro usada por Lewis em Perelandra.

Uou! Isso veio do HOME também?
Não seria uma discrepância com o fato que o destino dos homens não é conhecido?

Pelo que entendia, aqueles que alcançaram "a Graça" viram Valar?
Eärendil e Tuor talvez?

Ilmarinen disse:
É só comparar Beren e Túrin com Ramson e Tor ( vide minha análise sobre a noção de que Túrin é um análogo etimológico e teológico do papel de Thor no Ragnarök o qual, por sua vez, já foi comparado no século XIX com o Cristo na Parusia no retorno pro Apocalipse).

Tá aí uma comparação interessante. Mas da leitura superficial que tenho, não consigo apontar nada além do "double-knockout" de Túrin e Thor. Onde mais você escreveu sobre isso?


Ilmarinen disse:
Em suma: a reelaboração da mitologia do Silmarillion pra fazer dela mais cientificamente plausível feita a partir dos anos cinquenta é em grande parte, um empreendimento tremendamente influenciado pela Trilogia do Espaço Exterior que é, por sua vez, influenciada pela mitologia do Silmarillion Pré Anos 40.

Curioso pensar nessa arco de influências. Não é a toa que Tolkien sofria com cada releitura, e sempre reescrevia seus manuscritos.
 
Se tiver a oportunidade (e vontade) de ler ambos os textos um dia, lembrarei do seu comentário sobre a relação de ambos. Ou se a constatação é óbvia, quem sabe eu mesmo não a tenha

Dadas as similaridades como a noção de espíritos angelicais extraterrenos em ambos os universos ( no caso de Tolkien versão Pós-Mitos Transformados-HoME X) acho difícil vc não perceber. Como já falei, o paralelo é bem evidente, só não é mais falado pq as pessoas não gostam de fazer as comparações pq acham as implicações incômodas. Existe um lobby grande em inglês e em setores do fandom , inclusive brasileiro, que repudiam a conexão com o Cristianismo e gostam de jogar uma cortina de fumaça em cima dos empréstimos levando ao pé da letra a afirmação falaciosa de que Tolkien não teria sido influenciado por nenhum dos Inklings ( comentário feito pelo próprio Lewis em um contexto em que, obviamente, ele estava era meio ressentido ou , então, confundindo influência com plágio.

Uou! Isso veio do HOME também?
Não seria uma discrepância com o fato que o destino dos homens não é conhecido?Pelo que entendia, aqueles que alcançaram "a Graça" viram Valar?
Eärendil e Tuor talvez?


Yeah, veio sim.Veja os quotes aí To become Valar to enrich Heaven. Não seria discrepância, os textos mitológicos do Legendarium teriam sido, no geral, escritos por cronistas ficcionais do Universo Subcriado, o texto que menciona essa informação ou é profecia obscura "humana", portanto de fora do escopo do Silmarillion compilado pelo Bilbo no Traduções do Élfico, ou,então, é texto escrito sob o ponto de vista de Tolkien como narrador onisciente como o foi o Mitos Transformados e as notas do Athrabeth.

Eärendil e Tuor, provavelmente não, Túrin e Beren são os mais prováveis pq foram ambos mencionados no texto de HoME XII e são aqueles que morreram pra poder ser transfigurados.

Tá aí uma comparação interessante. Mas da leitura superficial que tenho, não consigo apontar nada além do "double-knockout" de Túrin e Thor. Onde mais você escreveu sobre isso?

Olhe aí -Ancalagon x Túrin, Jormungand x Sigurd/Thor-Leviatãs x Trovejantes-O que diz o Trovão

What the thunder said-T.S. Elliot

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Thurim, do quadrinho europeu Vampire Chevalier Requiem, xará do apelido dado por Finduilas ao Túrin Turambar em Nargothrond. Possuidor de um martelo mágico a la Mjolnir. O Pat Mills, escritor do comic, pelo jeito sacou a piadinha que Tolkien havia feito com Túrin e sua correlação com Thor e Sigurd.
 
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Existe um lobby grande em inglês e em setores do fandom , inclusive brasileiro, que repudiam a conexão com o Cristianismo e gostam de jogar uma cortina de fumaça em cima dos empréstimos levando ao pé da letra a afirmação falaciosa de que Tolkien não teria sido influenciado por nenhum dos Inklings ( comentário feito pelo próprio Lewis em um contexto em que, obviamente, ele estava era meio ressentido ou , então, confundindo influência com plágio.

Faz sentido, o fandom em todas as áreas de entretenimento já foi bem paneleiro. 10 anos atrás era um pesadelo e quanto mais se volta no tempo mais difícil fica. O que é uma pena pois os membros dos Inklings deviam ter diálogos homéricos e se influenciar mutuamente pois é isso que estudiosos fazem.
 
Fanficzão do tamanho de um romance inteiro com a narrativa da Dagor Dagorath ( não sei o que Boromir faz ali mas mesmo assim... Parece que o autor interpreta a noção de Dagor Dagorath como o fim do Mundo no Passado Imaginário de Tolkien que teria dado origem ao nosso "Mundo Normal" meio na linha do Stormbringer, a Espada Diabólica, do Michael Moorcock)

Dagor Dagorath - The Completed Tale of how Middle-earth came to its end with the re-emergence of Morgoth Bauglir.

Não li e , portanto, não posso atestar a qualidade, mas que o assunto deu pano pra manga lá isso deu...
 
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Não li e , portanto, não posso atestar a qualidade, mas que o assunto deu pano pra manga lá isso deu...
Não sei porque fanfics causam polêmica. Pra mim tanto faz se elas dizem que Frodo é gay e Sam é passivo. São só textos escritos por fãs, pra mim não têm valor algum.

Nem sei quando foi a última vez que li uma fanfic. Aliás, acho que nunca li.
 

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