Por um lado altamente irrelevante, ainda mais considerando que ao final do episódio nós estamos basicamente no mesmo ponto cronológico em que estávamos quando ele começou.
Por outro lado, com que freqüência nós podemos dizer que Lost utilizou 80% de um episódio para contar uma história linear sem interrupções?
Em outras notícias, "One. Two. ThreeUUHHRGHL!" seria a morte mais seca e anti-sentimental da série inteira se não houvesse sido precedida de "I love you very much", etc. (E, pra piorar, eu desconfio que há uma grande possibilidade dela ter sobrevivido.)
Depto. de reações precipitadas: Sayid está me saindo um belo John Locke.
E por falar em Locke, esse episódio também fez um bom trabalho em exemplificar o que é possivelmente o maior problema de lógica da série, um problema estabelecido já no episódio piloto: simplesmente muita gente sobreviveu à queda do avião, o que não seria um problema per se, caso não tornasse a dinâmica de inúmeras cenas tão inverossímil. Eu estou falando da reunião da turminha do Locke, da qual aparentemente só os personagens "relevantes" (i.e. aqueles que têm falas) resolveram participar. Aparentemente mais ninguém está interessado em assuntos de vida ou morte, ficando satisfeitos em acompanhar o careca homicida até a vila abandonada sem pedir mais explicações; ou então o Locke programou uma reunião secreta convocando apenas aquelas pessoas com as quais ele havia interagido diretamente (ele escolheu a dedo, incluindo até personagens que ainda não haviam dado as caras nesta temporada). Aliás, onde estão as outras pessoas que resolveram acompanhar o Locke? Eles não aparecem nem fazendo figuração. Ditto para as pessoas que resolveram ficar na praia e não se chamam Jack, Kate, Jin, Sun ou Juliet. Pra que eles sobreviveram, me diz. Pelas minhas contas, até agora isso serviu para inserir dois (2) personagens (por "personagem" entendam "personagem com pelo menos meia-dúzia de falas") no meio da série (estou desconsiderando a galera da traseira do avião, que teve uma participação extensa num contexto que fez sentido, na medida do possível), o que rendeu um episódio e algumas participações completamente irrelevantes em outros. Querem incluir personagens novos pra dar uma agitada nas coisas, talvez mostrar uns corpos sarados e uns rostinhos bonitos? Ok, mas dá pra fazer isso de formas que têm a vantagem de não mandar toda a lógica pra Estratosfera (e.g. a galera do navio na temporada atual). O cúmulo desse recurso (já virou piada interna faz tempo) é o casal inter-racial de meia-idade, que aparentemente só aparece em pequenas pontas quando alguém precisa de um conselho. Digo, a Rose está na série desde o piloto, segundo o IMDB (embora eu deva confessar que não tenho qualquer memória disso), mas a relevância dela não chega exatamente a ultrapassar a do Rodrigo Santoro. Eu tenho certeza de que os produtores/roteiristas já chegaram à conclusão de que a alta taxa de sobrevivência foi um erro, e provavelmente se martirizam freqüentemente por não poder voltar atrás sem inventar um cataclismo altamente seletivo (não que eu esteja descartando essa possibilidade totalmente; quando se trata de Lost, nunca se sabe a desculpa meia-boca que eles vão inventar para resolver problemas complicados; e.g. Jack ganhando as armas de Sawyer no pôquer, se é que alguém ainda lembra disso).