O Prelúdio da Derrota.
O FIM DO CERCO DE BARAD-DÛR, MORDOR, 29 de Novembro, 3440 S.E.
Erdëmo Tauron.
Os Aliados não esperavam por uma vitória fácil, pois mesmo tendo derrotado Sauron em todas as batalhas até então, teriam que fazer com que o Maia saísse de sua imponente torre para enfrentá-los. Porém, essa tarefa se mostrou ser a mais difícil de todas: Barad-dûr estava muito bem guarnecida internamente e o terreno de acesso à suas portas era bastante acidentado.
O cerco à Barad-dûr já durava sete longos anos e, aqui e ali, entre os Aliados já começavam a surgir rumores e descontentamentos: As condições que já eram péssimas para a sobrevivência naquela terra só tinha piorado desde que o cerco havia sido estabelecido; Os animais criados para servirem de provisões não sobreviviam por muito tempo e os que cresciam o suficiente para o abate não se desenvolviam de forma adequada; Os vegetais, plantados nas terras além dos Portões Negros estragavam com extrema rapidez; A provisão de água estava ficando cada vez mais escassa e alguns depósitos de água vinham sido envenenados de alguma forma, por obra direta da feitiçaria de Sauron ou pela pestilência do local.
Sauron havia se trancado completamente em sua torre, porém não havia ficado quieto. Ele enviava pequenos grupos para fora de sua torre na tentativa de vencer o cerco e causar baixas em seus inimigos; e sempre que esses grupos saiam de Barad-dûr, Sauron ficava no topo dela atacando os Aliados com fogo, flechas envenenadas e outros projéteis que estivessem disponíveis.
Anárion, filho mais novo de Elendil, havia reivindicado o direito de estar na linha de frente de batalha por ter defendido Gondor enquanto Isildur formava a Última Aliança com seu pai e Gil-galad nas terras do norte. Dessa forma, era sempre ele quem liderava seu exército contra os grupos que Sauron enviava.
Havia muito tempo já que Anárion derrotava seguidamente os grupos de Sauron, o que fez com que crescesse dentro do espírito do Maia um desejo enorme por acabar com a vida de Anárion. Em uma dessas investidas de Sauron, Anárion percebeu que as portas da torre estavam ficando abertas por mais tempo do que o necessário após a passagem dos Orcs. Por várias vezes essa "falha" foi estudada por Anárion em reservado com seus homens, pois ele queria provar a Sauron ser capaz não só de derrotar seus Orcs em campo de batalha mas também de conseguir abrir uma brecha em sua poderosa torre.
Um pequeno grupo dentre os homens de Anárion achavam arriscado demais o plano dele de atacar com força total, passar pelos Orcs e arrombar as portas da torre. Um dos homens achou melhor ir avisar Elendil do que estava por acontecer, porém, Elendil não conseguiu chegar a tempo de evitar o pior.
Quando o último grupo de Orcs passou pelas portas da torre, alguns arqueiros que Anárion havia posicionado estratégicamente, lançaram suas flechas para dentro delas matando quem as manejavam. Ao perceber o êxito da primeira parte, Anárion liderou o ataque de toda a sua força contra um minúsculo grupo de Orcs, dizimando-o quase instantaneamente e indo em direção à torre. Vários de seus homens caíram pelo caminho, derrubados por flechas dos Orcs ou por pisarem em buracos, mas essas eram perdas calculadas.
O que Anárion não foi capaz de calcular era a estratégia de Sauron. Aquela brecha havia sido planejada como um chamariz para atrair o jovem capitão, que havia caído na armadilha e agora estava prestes a ser apanhado. O que Sauron não havia contado era que Anárion trouxesse toda a sua força para o assalto, porém imaginou que, se Anárion caísse, seus homens recuariam. Sauron então ignorou os que já haviam chegado às portas de Barad-dûr e esperou até que Anárion estivesse onde ele queria para então ordenar o despejo de flechas, fogo e pedras em cima deles.
Pego por uma avalanche de metal, rocha e fogo, Anárion não teve como escapar. Foi atingido em cheio na cabeça por uma pedra que partiu seu elmo e o matou instantaneamente. Parte do plano de Sauron havia funcionado, porém os homens de Anárion ao verem que seu líder havia tombado, foram acometidos por uma enorme vontade de vingá-lo e partiram mais determinados ainda para as portas da torre.
Mais atrás, à frente dos Aliados, estava Elendil, que assistiu a tudo atônito e que, quando percebeu que seu filho mais novo havia sido morto por uma artimanha de Sauron ordenou o ataque imediato dos Aliados e o que Sauron esperava ser uma vitória transformou-se no início de sua derrota.