Acréscimo recente da Wikipedia dá conta de que Caradhras pode ser influenciado pelo termo charadra do grego que se refere a riacho de montanha.
Caradhras is reminiscent (in form and meaning) of the Greek word χαράδρα (charadra), which means "mountain stream".[1]
Na linha do que o próprio Tolkien já fez várias vezes, misturar fontes foneticamente similares de mitologias e línguas diferentes estilo
Melian-Melian-cavaleiro arturiano/Merlin e Melíades na mitologia grega, é possível e até bem prováve tambéml que a inspiração do nome e parte da ambientação de Caradhras possa ter sido derivada de Cadair Idris, montanha no país de Gales que alguns sustentam tem o nome de um gigante que se apoiava na elevação ao lado como uma bengala e gostava de observar estrelas. Pode ter uma versão adulterada que é Cair Idris, fortaleza de Idris também o filho de Gwydnno Garanhir.
Essa apareceu de graça em fórum em inglês recentemente;
One thing which I have found amusing in its own way for a while is the parallels between Moria and a part of Wales I am fond of; in southern Snowdonia is a mountain called “cadar idris/cadair idris”, which can mean both “the fort of idris” and “the seat of idris”. If you say the name with the local inflection, or if you say it fast enough generally, it becomes “caradhras”, beneath which, of course, is the fortress and seat of the dwarves! I cannot but feel Tolkien may have wove that small thing into the tale intentionally, perhaps as a way of anchoring the story to Britain…though proofs are of course sparse on the ground. Perhaps this is another example of the word-smith at play, shaping his creation aesthetically so that it is both consistent internally and gains every extra ounce of reality it can?
De especial interesse é a noção de que Cadair Idris era o sítio de caça dos cães de Annwnn e, que , portanto, em noites tempestuosas o céu em volta dele era turbado por sons rascantes e malignos semelhantes a uivos, o que lembra a passagem onde Aragorn e Boromir discutiram sobre as vozes malignas na nevasca.
http://en.wikipedia.org/wiki/Cadair_Idris
http://en.wikipedia.org/wiki/Idris_(giant)
Detalhe interessante que os cães de Annwnn são, justamente, a contraparte
pra matilha sobrenatural de caça de Oromë que tem um dos nomes derivados (Araw) do nome galês do caçador Selvagem mais conhecido como Gwynn Mab Nud mas também chamado Arawn. Escutar a matilha numa noite de tempestade era considerado mau augúrio e a pessoa assim "escolhida" era assim avisada de que iria parar no Underworld, o Reino Inferior de Gwynn, coisa que, diga-se de passagem foi o que aconteceu com a Irmandade do Anel depois de desisitir da passagem e ter ido parar no Reino Subterrâneo de Moria , sendo que no caso de Gandalf, a passagem por lá implicou mesmo na sua morte...
Considerando que Tolkien bolou a idéia de que Melkor criou as Montanhas pra formar uma barreira às cavalgadas de Oromë e sua matilha e caçadores parece que aí temos as idéis recombinadas de uma maneira tipicamente tolkieniana.
Cader Idris
Cader Idris
Poema do século XIX de autoria de Felicia Hermans falando sobre Cadair Idris, menciona as vozes ululantes. Poderia ser um poema falando da ressurreição de Gandalf como o Cavaleiro Branco ( detalhe: o nome Gwynn significa o Branco, o dono da matilha sobrenatural que, supostamente, faz barulho em Cader Idris...
"The Rock of Cader Idris":
I LAY on that rock where the storms have their dwelling,
The birthplace of phantoms, the home of the oloud;
Around it for ever deep music is swelling,
The voice of the mountain-wind, solemn and loud.
'Twas a midnight of shadows all fitfully streaming,
Of wild waves and breezes, that mingled their moan;
Of dim shrouded stars, as from gulfs faintly gleaming;
And I met the dread gloom of its grandeur alone.
I lay there in silencea spirit came o'er me;
Man's tongue hath no language to speak what I saw:
Things glorious, unearthly, pass'd floating before me,
And my heart almost fainted with rapture and awe.
I view'd the dread beings around us that hover,
Though veil'd by the mists of mortality's breath;
And I call'd upon darkness the vision to cover,
For a strife was within me of madness and death.
I saw them the powers of the wind and the ocean,
The rush of whose pinion bears onward the storms;
Like the sweep of the white-rolling wave was their motion,
I felt their dim presence,but knew not their forms !
I saw themthe mighty of ages departed
The dead were around me that night on the hill:
From their eyes, as they pass'd, a cold radiance they darted,
There was light on my soul, but my heart's blood was chill.
I saw what man looks on, and dies but my spirit
Was strong, and triumphantly lived through that hour;
And, as from the grave, I awoke to inherit
A flame all immortal, a voice, and a power !
Day burst on that rock with the purple cloud crested,
And high Cader Idris rejoiced in the sun;
But O ! what new glory all nature invested,
When the sense which gives soul to her beauty was won !
http://en.wikipedia.org/wiki/Felicia_Hemans ( é gente pra vcs verem como a pesquisa de uma fonte em Tolkien conduz pra uma outra , a gente vai descobrindo coisas do arco da velha à medida que vai escrevendo-Quem conhece a poesia de Tolkien nos Lays of Beleriand HoME III imediatamente percebe a influência da sonoridade e do vocabulário dessa mulher sobre o Tolkien.Vejam bem, um nome praticamente esquecido hoje em dia e uma poetisa com a qual eu topei nesse contexto de pesquisar sobre Cadair Idris/Caradhras)
E,talvez, não por acaso a pintura que serviu de inspiração inicial pro Gandalf se chamava...
O Espírito da Montanha (Der Berggeist ) ( cósmicas implicações aqui...)
Eu sempre me perguntei porque é que Tolkien foi fazer o Espírito da Montanha do livro dele ser mau , ao mesmo tempo em que fazia Gandalf renascer no pico de outra montanha vizinha, Celebdil, depois de enfrentar os males criados pelo "outro" espírito montanhês.
Comparem com o trecho de Lays of Beleriand maravilhosamente traduzido por Ancalagon Killer e reparem no uso do adjetivo "dim" obscuro, um termo bem raro de se ver e bem fora de moda.
Só um pequeno complemento para o que o Ilmarinen escreveu nos últimos posts. Ele falou dos "Deuses sem Nome de Nan Dungorthim", e, pra quem ñ sabe, eles são seres citados no livro da série History of Middle-Earth "The Lays of Beleriand" nesse trecho da versão anterior do conto de Turin:
There the twain enfolded phantom twilight
and dim mazes dark, unholy,
in Nan Dungorthin where nameless gods
have shrouded shrines in shadows secret,
more old than Morgoth or the ancient lords
the golden Gods of the guarded West.
But the ghostly dwellers of that grey valley
hindered nor hurt them, and they held their course(...)
Yet laughter at whiles with lingering echo,
as distant mockery of demon voices1
there harsh and hollow in the hushed twilight
Flinding fancied, fell, unwholesome
Numa tradução bem meia boca feita por mim, em portugues seria mais ou menos assim:
Mergulharam ali em fantasmagórico crepúsculo
E em labirintos sombrios e perversos
Em Nan Dungorthin onde os deuses sem nome
Possuem templos ocultos por sombras secretas
Mais velhos que Morgoth ou que os senhores antigos
Os deuses dourados que guardam o Oeste
Mas os habitantes fantasmagóricos daquele vale cinzento
Não barraram sua trilha ou os feriram, e eles prosseguiram seu caminho
Achei ainda esse trecho sobre Nan Dungorthin, numa versão descartada de Beren e Luthien:
Beren and Luthien escape to the Shadowy Mountains, but become lost and bewildered in the dreads of Nan Dungorthin, and are hunted by phantoms, and snared at last by the great spiders.
Em mais uma tradução ruim feita por mim, ficou assim:
Beren e Luthien escaparam para as Shadowy Mountains, mas se perderam e se desoriantaram nos pavores de Nan Dungothin, onde foram caçados por fantasmas, e enlaçados por fim pelas grandes aranhas.