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Há algo de podre no meio editorial

Fui jogar o nome da editora agora no google e... tem matéria sobre o circo que isso tá virando em tudo que é portal (Terra, Estadão, Metrópole... ). Foi com deus a bolha.

realmente a todavia não deveria ter publicado a nota (e tanto o estadão quanto o terra deixam lá que o casamento com a vanessa acabou há 14 anos e o dele com a outra começou há 14 anos. ela nem é a olga até onde eu sei, mas aí a informação largada desse jeito é dois palitos para quem está só acompanhando tudo com um balde de pipoca assumir que é.)
 
Sim, mas qualquer que seja a inspiração para o livro, o fato é que o romance não nos dá material para bater o martelo e dizer da culpa de Capitu com certeza. Não mais do que nos daria, num tribunal, apenas o relato do acusador (Bentinho). Se Machado houvesse optado por um narrador onisciente em terceira pessoa, e se o narrador nos contasse das puladas de cerca dela, não haveria dúvida e ninguém estaria discutindo isso até hoje. XD
Unreliable narrator e etc. Mas ficam meio sugeridas outras intenções não diegéticas. Entre elas um comentário ao próprio Romantismo via indireta ao Alencar-Bentinho. Bem interessante. A história merecia ser tratada como mais do que uma "anedota" que é como a Academia lidou com o tema até hj.
 
Última edição:
Entre elas um comentário ao próprio Romantismo via indireta ao Alencar-Bentinho.
Tava lendo mais cedo — se achar, depois eu posto — um artigo sobre como a literatura romântica inglesa era bem cheia de indiretas, mesmo quando não eram roman à clef. Pessoal sabia ser ácido com estilo. (Diferente de quem se incomoda com pessoas do Mandaqui que gostam de tartarugas...)
 
Tava lendo mais cedo — se achar, depois eu posto — um artigo sobre como a literatura romântica inglesa era bem cheia de indiretas, mesmo quando não eram roman à clef. Pessoal sabia ser ácido com estilo. (Diferente de quem se incomoda com pessoas do Mandaqui que gostam de tartarugas...)
O Viagens de Gulliver é um anterior ao Romantismo onde os ingleses fizeram questão de perder a chave...Irish troubles...
 
Quanto à questão da Todavia, não manjo muito de direito empresarial (talvez @Mavericco e @Eriadan possam ajudar), mas entendo um tantinho mais de contabilidade, e, até onde sei, não tem como simplesmente tirar um sócio de um negócio, a menos que ele venda suas quotas/ações voluntariamente, seja para os demais sócios, ou para terceiros.
Cara, quando advogado tem dúvida de direito empresarial é pro contador que ele vai perguntar. :lol:
 
Meu Deus, a nota mais recente é um escárnio. Se eu fosse comentar, precisaria de um advogado. DEIXA EU CONTINUAR PEDINDO ESMOLA PARA COMPRAREM COISA PELO MEU LINK, PELO AMOR DE DEUS!​
 
ahh essa eu li. as notas de desculpas vieram todas ontem, né. a sensação que dá é que deixaram passar o final de semana para ver se a poeira baixaria, mas como não baixou, soltaram as notas ao longo do dia.

e aí no fim da noite veio a baixaria. :sacou:
 
 
Repassando alguns selecionados e surpreso que o Christiano Aguiar tenha sido dessa leva, até porque muita gente só foi conhecê-lo recentemente por Gótico nordestino. Agora, lendo esse post do Nazarian e lembrei da Geração 00 e nossa, sim, aquilo era uma seleção da hora! (Meu Deus, a Geração Subzero... Prefiro acreditar que aquilo foi um delírio coletivo porque tinha uma galera ali hors concours.)
 
Existe uma raiva do tamanho do universo circulando pela sociedade. Ela tem rosto e corpo de mulher. Ela fecha os olhos e sabe o que aconteceu com seu corpo nos verões passados. Sabe dos abusos, dos assédios, dos silenciamentos. Ela está vestida em traumas e medos. Ela quer vingança, mas entende que não pode se dedicar a isso. Primeiro, porque o mundo é dos que abusaram dela. Segundo, porque ela precisa trabalhar, pagar as contas, cuidar dos filhos, da casa, do marido, dos pais envelhecidos. Quem tem tempo para gastar em planos de vingança? Só mesmo aqueles que podem deixar de lavar a louça e de cuidar do resto da casa alegando que existe muita coisa mais importante a ser feita na vida - como trocar horas e horas de fofocas com os parceiros.


Então, essa raiva coletiva, acumulada e represada, vem à tona a cada exposed. É na figura do novo acusado que descontamos nosso ódio apinhado. É injusto? Quem pode dizer? Eu prefiro achar que injusto é que uma história tão dilacerante como a narrada por Vanessa Barbara seja resumida a um "como monetizar um chifre", como vi colocarem num grupo de WhatsApp. Injusto é viver num mundo onde, a cada seis minutos, uma de nós é estuprada. Quando você acabar de ler esse texto, mais de uma mulher terá sido.

A narrativa está para a verdade como uma roupa larga está para o corpo, li uma vez. O que Vanessa Barbara conta é uma história de infinitas camadas de violências. O orquestramento de um abuso psicológico. A fabricação e a introjeção da ideia de loucura dentro de seu corpo jovem, uma trama em muitos e diferentes atos.
[...]
Tudo o que temos pedido aos suposto aliados - e aqui a palavra suposto está sendo empregada com esmero - é: metam-se. Metam-se ao perceberem o machismo passando por vocês. Metam-se. Metam-se pelo amor de Deus. Calem o amigo misógino. Interrompam o círculo de violências. Ajudem a gente a sair desse estado miserável de coisas.

Resumir nossas histórias ao "trauma de um chifre" é perpetuar esse caminho de violências.

Para homens pode ser "só um chifre", verdade. Seria preciso um entendimento mais humano e decente para compreender o que aconteceu.

Para quem está dentro da trama, implorando pela verdade sem saber que estamos nas mãos de grupos de amigos que compartilham com deleite fofocas a respeito de nossas vidas, de nossos órgãos sexuais, das formas como gozamos enquanto se divertem como crianças com o troca troca, é uma espécie de morte.
Nessas condições, uma mulher que passa por abuso psicológico (o gaslighting é um deles) não exatamente "invade a privacidade do ex", como alguns tentam contra-argumentar. Ela apura. Ela vai em busca da verdade que pode interromper o processo de devastação moral pelo qual está passando. Essa não é uma história sobre invasão de privacidade. É uma história sobre tentar sobreviver.

Evitem a tentação de seguir construindo narrativas para uma trama que se revela absolutamente clara, evidente, escancarada. O arrependimento honesto não carrega com ele justificativas anexadas ao pedido de desculpas. Parem. Reflitam. Busquem um lugar de honestidade dentro de cada um de vocês para compreender o que já fizeram, com quais grupos misóginos já compactuaram e por que. Não esperem que o próximo escândalo venha à tona para pedir desculpas. Peçam agora. Hoje. Imediatamente. Qualquer investigação honesta feita por homens com mais de 30 anos vai levar a um lugar de alguma dolorosa reflexão em relações a comportamentos prévios direcionados a mulheres.
[...]
Sabemos que não temos as mesmas chances profissionais, que não ganhamos os mesmos salários em uma mesma função, que o mundo dos homens celebra a si próprio com a indicação de amigos para cargos de poder a despeito de não terem condições de ocupá-los, que a cultura heterossexual masculina é masturbatória. Vejam, isso não é argumento retórico. É a dinâmica da cultura heterossexual dos homens. Há exceções, obviamente, mas exceções não contam a história de uma cultura. Além disso, o cara que se sabe exceção não está preocupado em dizer isso, em justificar coisa alguma. Ele não levanta a mão para berrar "nem todo homem". Ele lê um texto como esse sem se sentir ofendido e segue na luta, de dentro para fora, por um mundo menos misógino.
[...]
Vanessa Barbara é jovem e, como muitas de nós, está nessa trilha por se reencontrar. Mas não resta dúvida de que sua carreira foi precocemente interrompida. Isso não quer dizer que tenha existido uma trama meticulosamente planejada entre os caras para acabar com a vida dela. Homens não precisam tramar nossas mortes simbólicas. O sistema faz isso por eles. Eles precisam apenas fazer circular a misoginia, mesmo como piada.


(Trechos retirados do texto Não subestimem a raiva acumulada das mulheres, de Milly Lacombe. Leiam o texto todo, vale muito a leitura.)​
 

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