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Melhores (e piores) leituras de 2020

Eu já tinha listado os melhores neste tópico aqui, que o pessoal tentou aproveitar para isso.
Mas não impede que colar aqui o mesmo post:

Eu nem faço lista de 5 melhores porque li pouco mais de cinco livros este ano. E ele tinha começado bem promissor... :timido:

Mas vendo agora o meu censo, lembrei que foram 21 obras. Acho que rola selecionar cinco mas nada assim oooh life-changing books. Fica a lista:

1. A ave Lúcifer (Emmanuel Santiago)
2. Lícidas (Leonardo Antunes)
3. Androides sonham com ovelhas elétricas? (Philip K. Dick)
4. A hora dos ruminantes (José J. Veiga)
5. Harmada (João Gilberto Noll)

Lista de piores eu não faço mesmo. Já foram poucos os lidos, pelo menos esse desgosto eu não tive. Tenho bem menor incidência de livros ruins do que filmes ruins. :lol:
 
Última edição:
Com A Hora da Estrela não tem erro, Loveless! Estou lendo Um Sopro de Vida (CÊS NUM QUISERAM VOTAR NELE, SEUS MALDITOS!), pela primeira vez. Estou enfeitiçada! Pode ser que ele se torne o meu livro preferido da Clarice. Mas ele é bastante "fragmentado", então acho que é melhor você ir de A Hora da Estrela, mesmo.

Obrigado pela sugestão, Melian! :grinlove: Sabendo que você é uma grande apreciadora da Clarice, essa sugestão é basicamente um argumento de autoridade, no bom sentido. A Hora da Estrela sempre me pareceu a melhor opção mesmo, seja porque é o livro mais famoso dela, seja porque eu já li fragmentos dele para as aulas de literatura da escola e, nessa ocasião, me pareceu mais palatável.

Pegou o Urfaust também? Esse livro do Mazzari também tô de olho, o que me lembra que ele tinha traduzido A aranha negra, de Jeremias Gotthelf, que também é uma elaboração desse pacto na literatura suíça.

Infelizmente não consegui o Urfaust. A única edição no Brasil é a da finada Cosac, e mesmo usado é bem difícil de encontrar. Já vi por volta de R$250 em alguns sebos da internet, mas aí já é muito para mim, rs. Você tem? Do Mazzari também tenho aqui essa tradução de A Aranha Negra (até tinha me esquecido dela) e Labirintos da Aprendizagem, que vou ler após o Wilheim Meister e Grande Sertão: Veredas.

1. Assim falou Zaratustra

O que fez você desgostar tanto assim, aniversariante?
 
O que fez você desgostar tanto assim, aniversariante?
Basicamente o livro inteiro é o Nietzsche vindo com blablabla Deus, blablabla super homem, blablabla religião e tals. Apesar de ter uma proposta interessante, não me parece que traz soluções para as abordagens que manifesta, apenas critica os pormenores do homem e da sociedade (ou, se o faz, eu tava bem desconcentrado na leitura kk – bom, e aí o desgosto pelo livro entra no campo da experiência: ele martela os episódios de Zaratustra, mas fica, na minha opinião, muito repetitivo isso).
 
Piores (da menos pra mais pior)

4. O Uraguai
Nossa, eu adoro o Uraguai! Digo sem medo nenhum: um dos melhores épicos da nossa língua. Acho lindas as descrições:

Pendura a um verde tronco as várias penas,
E o arco, e as setas, e a sonora aljava;
E onde mais manso e mais quieto o rio
Se estende e espraia sobre a ruiva areia
Pensativo e turbado entra; e com água
Já por cima do peito as mãos e os olhos
Levanta ao céu, que ele não via, e às ondas
O corpo entrega.

Tenho inclusive uma edição bacanérrima dele:

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Mas eu também não sou parâmetro pra nada XD
 
5 MELHORES LIVROS LIDOS EM 2020
1 - Flores para Algernon, de Daniel Keyes
2 - Hinos à Noite, de Novalis
3 - Outsider, de Stephen King
4 - O Homem que Caiu na Terra, de Walter Tevis
5 - 1980, de David Peace

Já as decepções foram Um estudo em vermelho (Arthur Conan Doyle) (o que salvou foi a edição ser comentada e anotada) e The frozen deep (Wilkie Collins e Charles Dickens).

Nossa! Por que, Bruce? :think:
Eu lembro de ter adorado Um Estudo em Vermelho e durante muito tempo o considerei entre os meus livros preferidos. Mas eu era adolescente, já deve fazer mais de 15 anos que fiz essa leitura (caralho! Aquele momento em que a consciência da passagem do tempo nos assalta. Me senti velho agora...).
 
Nossa! Por que, Bruce? :think:
Eu lembro de ter adorado Um Estudo em Vermelho e durante muito tempo o considerei entre os meus livros preferidos. Mas eu era adolescente, já deve fazer mais de 15 anos que fiz essa leitura (caralho! Aquele momento em que a consciência da passagem do tempo nos assalta. Me senti velho agora...).

Tenho pra mim que tanto Um Estudo em Vermelho como Casino Royale são dois livros medíocres que apresentam personagens marcantes. A introdução do Sherlock, a capacidade dedutiva dele, as estratégias que ele desenvolve são bem interessantes e bem desenvolvidas. Contudo, conforme eu fui lendo, senti que não é que Sherlock fosse muito esperto, é que a polícia era muito burra. Transeuntes que não eram questionados como potenciais testemunhas a cômodos da casa não explorados - e essa é uma das melhores polícias do mundo?! Eu até disse na época da leitura que isso tirava o realismo do gênero e projetava Holmes a um patamar romântico, onde a ele são conferidos os poderes e virtudes que os mortais em geral não possuem. Mas a "cereja do bolo" é a resolução do caso: do nada, Doyle resolve contar toda a história pregressa ao crime e explicar sua resolução. Entretanto, essa quebra não transcorre de forma fluida e a trama inteira soa mais como romance histórico que reconstituição ou depoimento - e é a parte mais interessante do livro.
 
Melhores:
1 - Cien años de soledad - Gabriel García Márquez (se valer releitura)
2 - Mayombe - Pepetela
3 - Of mice and men - John Steinbeck
4 - Fundação - Isaac Asimov
5 - Nova Jaguaruara - Mauro Lopes
6 - O vilarejo - Raphael Montes (bônus, caso a releitura do 1 não valer)

Piores:
1 - Tudo nela brilha e queima - poemas de luta e amor - Ryane Leão
2 - Um cego em Buenos Aires - Henry Bugalho
3 - Iracema - José de Alencar
4 - Orlando - Virginia Woolf
5 - Fundação e Terra - Isaac Asimov
5 - 20 mil légua submarinas - Jules Verne

EDIT: Tinha esquecido do 20 mil léguas submarinas, é bem mais chato que o Fundação e Terra.
 
Última edição:
Evito construir hierarquias entre as minhas leituras, muito embora possua um "cânone particular" de livros e autores, tenciono sempre entrever os vícios e virtudes de cada experiência especifica do próprio ato de ler tal ou qual gênero. Não se lê um romanceado calhamaço histórico da mesma maneira que um volume fininho de poesia. Trocarei os termos "melhor" e "pior" para saldo de leitura "positivo" ou "negativo".

SALDO DE LEITURA POSITIVO:

617JL0e116L._SX327_BO1,204,203,200_.webp1 - A História de Rasselas, Príncipe da Abissínia - Samuel Johnson: livro altamente sublinhável (acabo de inventar esta palavra), nenhum dos quarenta e nove curtos capítulos de que dispõe é aborrecido ou desnecessário. Costumam comparar o "Rasselas" de Johnson com o "Cândido" de Voltaire, e, de fato, ambos são semelhantes em sua temática, mas nos detalhes distingue-se a dicção própria de cada um. As duas histórias apresentam o elemento fabuloso, repleto de movimentação, encontros inesperados e até, em momentos distintos, compartilham do mote narrativo recorrente da "deliberada fuga para fora do paraíso", porém, enquanto Voltaire apela para o grotesco, Samuel Johnson dá ênfase na digressão entre personagens. Em "Rasselas" todo mundo sofre, mas sem necessidade de levar facada, ir para fogueira da inquisição, enfrentar terremoto ou ser violentado pelos mouros. Também destaco as figuras femininas do romance: a princesa irmã de Rasselas e sua criada favorita Pekuah, as quais passam bem longe da pecha donzela-romântica-procurando-amor, são amantes, antes de tudo, do conhecimento.

2 - As Origens do Totalitarismo - Hannah Arendt: a primeira parte, abordando as razões para que o a4e8804c99bf2ee77e4343269f1e1c6a.webpsentimento anti-semita tenha sido tão eficaz para os propósitos dos movimentos totalitários, mesmo levemente enfadonha, em nada afeta a leitura desta obra-prima da investigação dialética. A parte II e III são uma verdadeira orgia de epifanias: o racismo provindo não meramente da intolerância às diferenças, mas da raiva de que algo tão diverso seja ao mesmo tempo tão parecido conosco; a ascensão da burguesia enquanto índice da substituição da ação politica pela riqueza; o fracasso dos direitos humanos quando a "linguagem e composição" dos discursos declaratórios dos direitos do homem possuíam uma "estranha semelhança" com as das "sociedades protetoras dos animais" -- Arendt produziu algo riquíssimo e acessível, uma obra que ultrapassa o circulo restrito acadêmico e cativa qualquer leigo no assunto, desde que interessado.

3 - download (1).webpO Templo do Pavilhão Dourado - Yukio Mishima: a edição brasileira da ed. Rocco trás na contra-capa um anúncio bem bombástico, digno de programa sensacionalista. O protagonista não é um "psicopata" e a narrativa não é um thriller de terror, mas poderiam ser. O único personagem "bom" morre nas primeiras páginas, o resto é sordidez. A beleza serve aí ou como consolo fugaz ou como motivo para a impotência diante da realidade. A cena do leite jorrando e a descrição de um seio é uma das mais belas realizações de toda a literatura.





4 - Memórias do Cárcere - Graciliano Ramos: começa de forma um tanto cômica e vai download.webprapidamente ganhando contornos obscuros, a detenção e o posterior encarceramento em diversos estabelecimentos prisionais faz de Graciliano uma figura inteiramente kafkaniana: até a maldição da "obra inacabada" pesa igualmente sobre estas "Memórias". Preso sem processo, ele se pergunta qual a justificativa para tanto, provavelmente alguma afinidade com o comunismo (sou escritor de romances "sociais", raciocina Graciliano, e, por associação, também torno-me um suposto propagador do "socialismo/comunismo"). O livro transborda de ocorrências antológicas (veja-se, por exemplo, o capítulo três da parte II ou o capítulo vinte e seis da parte III; o capítulo dezoito da parte II é uma descrição digna de um Kafka, digo isto sem exageros). Dá muito caldo para um ensaio sociológico.

61uTPi28WQL._SX338_BO1,204,203,200_.webp5 - Miss Lonelyhearts - Nathanael West: aqui é mais do que a "ironia engraçadinha", West é puro humor desiludido; um dos pouquíssimos romances americanos onde a situação tradicional se inverte: é a risada que fica ridícula perto da tristeza e não vice-versa. As figuras e trejeitos grotescos de coaching e grupos de auto-ajuda "espiritualizados" são todas antecipadas neste romance fininho de 1933. O saudoso Rubem Fonseca escreveu um conto em homenagem a West, intitulado "Corações Solitários", presente na coletânea de contos Feliz Ano Novo.

Mais tarde posto as leituras de saldo negativo.

 
Última edição:
Das leituras de saldo negativo, além de outros critérios mais objetivos, pelo menos duas entram neste elenco por causa, quase exclusiva, do aborrecimento que me causaram. Leitura chata, tediosa... mas o que isto quer dizer? Tanto Dom Quixote quanto As Mil e Uma Noites possuem um ritmo predominante monótono (penso aqui , principalmente, no livro I do Quixote e em certa aridez linguística e fórmulas repetidas ad infinitum nos contos árabes), ainda assim, estes livros conseguiram dar-me bastante prazer. Talvez o excesso de acontecimentos fabulosos/picarescos calhem melhor com o tom pardacento da narrativa. Como um alimento naturalmente salgado é servido de maneira mais saborosa com um acompanhamento neutro ou insosso. Dever-se-á argumentar também se a correlação monotonia-tédio não está viciada, se "monótono" é uma variante na equação, etc, etc. Trabalho para ser desenvolvido em outra ocasião. A lista:

SALDO DE LEITURA NEGATIVO:

1 - Mulheres Apaixonadas - D. H. Lawrence: polêmico quando lançado, agora é apenas extenuante. Personagens inexpressivos forrados com uma vaga e embolada psicologia. Lawrence, aliás, adora adornar cenas com termos vazios como "sensual", além de deixas do gênero "fulano exclamou ironicamente...", "beltrano escondeu seu sorriso irônico", ironia, ironia! Há aqui o pior do modernismo do séc. XX misturado com o pior da prosa do XIX: o pesado e mórbido detalhismo ("ciclana usava meias de cor verde limão, chapéu assim, vestido assado" OK, mesmo se a intenção era mostrar a singularidade da personagem ainda assim a renovação da descrição do vestuário a cada novo capítulo é cansativa e desnecessária) e os diálogos confusos e irreais. A hemorragia dos fluxos de consciência, se não estancada rapidamente, acaba enfraquecendo a própria credibilidade ficcional do texto. Como diabos George Orwell apreciava esse cara?! Um Tolstói fleumático, eis a melhor definição para o desempenho de Lawrence neste romance.

2 - A Grande Travessia - Pearl S. Buck: Perseverei por pouco mais de cinquenta páginas neste livro, depois o abandonei sem dó. A narrativa é leve e o assunto é (ou poderia ser) interessante, mas os pensamentos são lugares-comuns e não há uma frase instigante ou construção arquitetônica de texto. Ler Buck foi como beber água fervida sem estar com sede. Quem depender de água do poço irá entender do que eu estou falando.

3 - Livros do Marquês de Sade: um amigo é dono de um sebo e vez em quando me fornece livros gratuitamente em troca de não-de-obra barata. No inicio do ano recebi de presente um lote de uns sete ou oito livros do divino Marquês e confesso ter quedado decepcionado. Roland Barthes, numa certa entrevista acerca do seu livro sobre Sade, exclamou, um tanto ressentido, que "não falta intelectual francês para dizer que Sade é enfadonho!". Alegremente me junto ao lado destes senhores. O fato é que Sade ganhou adeptos e incensadores menos por suas virtudes literárias do que pela pose de transgressor por excelência. Círculo vicioso: como filósofo ele é um bom literato, como literato ele é um bom libertino, como libertino ele é um bom transgressor, como transgressor ele é um bom filósofo -- méritos questionáveis e é neste ponto que Camus tinha razão, Sade perde lucidez gastando-se em fúria. Seus livros parecem menos variações sobre um mesmo tema do que remakes fracassados de um blockbuster antigo. Ao imaginar ter perdido os manuscritos de 120 dias de Sodoma nas masmorras, Sade declara que todo o resto de sua vida servirá para atingir novamente algo daquele nível. Fadado a repetir-se, Sade confunde seu limite com a sua perda. Toda a sordidez de Sade empalidece perto da verdadeira bíblia libertina de Laclos: As relações perigosas, romance extremamente "casto" perto das putarias escritas pelo Marquês e, não obstante, muito mais corrosivo do que qualquer coisa já produzidas por Sade.

4 - Sob o Vulcão - Malcom Lowry: segundo o autor, uma espécie de divina comédia embriagada. Como sou abstêmio e ainda continuo postergando a leitura de Dante, acredito que muitas coisas passaram batidas. Entediante apenas, um ou outro momento de brilhantismo e só...

5 - Contra Um Mundo Melhor - Luiz Felipe Pondé: incorreções, sofismas baratos, bravatas, "Ser malvado é gostoso", "o politicamente correto exagera", não gosto de X, logo X é um:
a) inteligentinho
b) mimado (sinônimo de progressista/esquerdista)
c) chique
Após terminar o livro: "e o homem do subsolo se fez carne!"
 
Vocês acabaram me lembrando. Li este ano o "Kyoto", do Kawabata. Não é que não tenha me entretido, mas achei uma leitura bastante esquecível. Tão esquecível que nem me lembrei dele ao falar das leituras de que menos gostei. :lol:

Aliás, tanto não gostei que já despachei o livro pelo sistema de trocas do Skoob.
 
Última edição:
Eu adorei, um dos meus favoritos do Kawabata.
No fim das contas é questão de gosto, só lendo pra saber se vale a pena.
Pelo menos é curto e leve, não exige muito esforço.
 
Poxa loxa... eu tenho esse aqui parado. Será que vale a pena? :think:

Eu adorei, um dos meus favoritos do Kawabata.
No fim das contas é questão de gosto, só lendo pra saber se vale a pena.
Pelo menos é curto e leve, não exige muito esforço.
Finarfin levantou um ponto válido: é curto (acho que tem pouco mais de 140 páginas, não? Depende da edição), dá para tentar ler, pelo menos. Você pode usar, como motivação, a ideia de ler rápido para desocupar espaço na estante para outro livro.

OU você pode simplesmente usar o tempo que gastaria nessa leitura para corrigir A FALHA DE CARÁTER de ainda não ter visto Attack on Titan, que é um dos meus animes preferidos da vida. Não venha falar que não confia mais no meu bom gosto depois de eu ter virado fã de Crepúsculo. :sad:
 
Última edição:
Se ainda fosse apenas Crepúsculo...
Mas agora você está lendo Julia Quinn... :lol:
Seja como for, provavelmente vou dar uma chance ao Kawabata; só que esta edição que eu tenho é bem tosquinha, duma coleção antiga. De repente eu adquiro uma lindona da Estação Liberdade e comece por outro título mais relevante...
 

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