Poxa loxa... eu tenho esse aqui parado. Será que vale a pena?
Eu adorei, um dos meus favoritos do Kawabata.
No fim das contas é questão de gosto, só lendo pra saber se vale a pena.
Pelo menos é curto e leve, não exige muito esforço.
Kyoto talvez seja o livro do Kawabata que menos coisa tenha pra ser contada. Mas, pra mim, o livro se sobressai pela forma que é contado. Kawabata escreve como se pintasse um quadro.
Nesse aspecto a Estação Liberdade tem como atrativo não apenas a bela edição, mas também a tradução direta do japonês pela Meiko Shimon. Não sei se é o caso das outras edições.
Concordo com tudo que o
@Finarfin colocou,
@Béla van Tesma . É uma questão de gosto.
Pra mim, foi uma leitura instrutiva, capaz de entreter e de instigar a curiosidade até, mas ao mesmo tempo foi uma leitura esquecível. Deixa eu tentar explicar...
O livro parece uma crônica do cotidiano do Japão do Pós-Guerra, conjugando um esforço entre o cultivo das tradições japonesas e um perene mal estar com a crescente ocidentalização dos costumes então em voga. Kawabata resgata as festas tradicionais, as celebrações dos santuários, as crenças populares, um pouco da cultura material. Suas descrições são instigantes, tremendamente visuais - como se pintasse um quadro, como disse o Finarfin.
Para além das cenas do cotidiano, há uma pitada de drama na vida da protagonista (Chieko), introduzida com a descoberta de uma irmã gêmea que ela desconhecia e que vivia em condições bastante duras, mas isso não é nada desenvolvido. Tive a sensação de que a própria Chieko e todo o núcleo de personagens são descentralizados - isto é, que eles importam menos que o cenário. A cidade de Kyoto brilha como um quase personagem do livro, mas seus personagens humanos e sua protagonista perdem muito em densidade e em interesse. E isso enfraquece o enredo. Por isso, para mim foi uma leitura esquecível.
Além disso, a leitura me causou um incômodo: em vários momentos, o Kawabata interrompe muito abruptamente cenas e diálogos, introduzindo uma quebra na dinâmica do texto, de maneira quase desconcertante. Este pode até ser um traço de seu estilo - não sei, não li outras coisas dele - mas não me agrada muito.
Um colega já havia me alertado que, embora ele mesmo goste do Kawabata, o seu estilo um tanto quanto inconclusivo talvez não agradasse a todos. Foi um pouco o meu caso. Achei o livro esteticamente bonito, mas realmente cheguei ao final com aquele "então é isso? acabou? WTF!".