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Morgoth foi 100% errado em suas atitudes?

  • Criador do tópico Criador do tópico Elrond
  • Data de Criação Data de Criação
De fato, Melkor não foi um mal necessário, embora se afirma que muito do ele fez esteja nos desígnios de Ilúvatar ( e isso é afirmado com veemência ao longo do Silmarillion). Os males oriundos de Morgoth foram produtos de sua maldade, e somente sua. A dissonância fora provocada por ele e não houve outro fator que interferisse nisso que não fosse sua desobediência em relação a Ilúvatar e seu desejo de encontrar a Chama Imperecível no Vazio. Desse anelo, nasceram, pois, todos os male que Arda veio a conhecer.

Sendo exclusivista nesse aspecto, ou seja, não se permitindo olhar por outros ângulos, tem a noção de Morgoth foi somobediente uma chaga que Arda possuiu e que sem ele tudo seria tudo perfeito. E se não fosse Morgoth? Se ele fosse obediente a Eru? Teria sido outro? Seria outro vala ( embora ninguém fosse tão poderoso quanto Morgoth antes das Batalhas de Beleriand e da Guerra da Ira). Tais questionamentos nunca chegaram à mente de quem leu o Ainulindalë?

Assim sendo, digo que Melkor pode ter sido mau, mas esse seu comportamento estava dentro dos desígnios de Eru. Quem disse que Eru dera livre-arbítrio aos Ainur? Como, se eles foram moldando o mundo e utilizando a Chama Imperecível conforme os desejos de Eru e para ele?

Mas consideremos a hipótese de que Eru tenha dado o livre-arbítrio a Melkor... Que liberdade seria essa, se ele já sabia dos desejos de Melkor? Como a decisão de Melkor de buscar a Chama no Vazio estava dentro de seus desígnios, como se ele já conhecesse a escolha do vala (e isso está relatado no Ainulindalë)? Logo, essa hipótese é totalmente falsa considerando o absurdo em que se cairia concebendo-a como verdadeira.

Um exemplo disso são os homens. Como mostrariam seu valor aos eldar, se não houvesse os males de Morgoth e as provas consequentes às quais estavam sujeitos os povos de Beleriand?

Morgoth talvez fosse a extremidade oposta de um dualismo necessário para o equilíbrio do mundo, para o perfeito funcionamento de Arda e para a sucessão de eventos necessários. Só considerando-o assim, não se cai no erro de dizer que ele foi o mal necessári ou que todos os males foram frutos de seu livre arbítrio( e desconsiderando, consequentemente, que Morgoth fizera parte do desígnio de Ilúvatar).
 
Mas consideremos a hipótese de que Eru tenha dado o livre-arbítrio a Melkor... Que liberdade seria essa, se ele já sabia dos desejos de Melkor? Como a decisão de Melkor de buscar a Chama no Vazio estava dentro de seus desígnios, como se ele já conhecesse a escolha do vala (e isso está relatado no Ainulindalë)? Logo, essa hipótese é totalmente falsa considerando o absurdo em que se cairia concebendo-a como verdadeira.
Na verdade, e questão é muito mais complicada que isto. Existem escolas de filosofia que tentam conciliar o livre-arbítrio com a presciência de Deus.
Mas isso não é um debate para ser feito aqui...

Um exemplo disso são os homens. Como mostrariam seu valor aos eldar, se não houvesse os males de Morgoth e as provas consequentes às quais estavam sujeitos os povos de Beleriand?
Eu não vejo por que os edain precisariam 'mostrar seu valor' aos Eldar. Se Melkor não tivesse se rebelado, não haveria dúvidas nem soberba de nenhuma das duas raças.
 
Morgoth fala...

Desculpem a demora povo... mas vamos logo ao que interessa:

Primeiro havia Eru, o Único, que em Arda é chamado de Ilúvatar.

O que eu entendo disso é que, antes de Eru, não havia nada. Ele foi o Primeiro e ele é o Único, a Totalidade. O que é o Caos grego? É uma matéria sem forma onde todos os elementos (água, fogo, terra e água) estão misturados, não há ordem. Porém, o Caos é dotado de uma grande energia prolífica, uma capacidade criativa primordial, e é dele que advém todas as divindades gregas. Podemos dizer que todas estas divindates têm, no Caos, sua mais remota origem. Pois bem, a energia caótica existe também em Eru, que é o Primeiro, e por conseguinte, tudo advém d'Ele.

Em seguida, Ilúvatar cria os Ainur e a eles propõe temas musicais:

But for a long while they sang only each alone, or but few together, while the rest hearkened; for each comprehended only that part of the mind of Ilúvatar from which he came, and in the understanding of their brethren they grew but slowly. Yet ever as they listened they came to deeper understanding, and increased in unison and harmony.

Cada Ainu compreendia parte da mente de Ilúvatar, compreensão essa que aumentava vagarosamente conforme crescia a compreensão entre um Ainu e outro. Conforme o entendimento dos Ainur aumenava, Ilúvatar propunha temas mais poderosos:

And it came to pass that Ilúvatar called together all the Ainur and declared to them a mighty theme, unfolding to them things greater and more wonderful than he had yet revealed;

E aqui começa a Grande Canção. Neste ponto, o Ainulindalë fala que nenhuma música foi como esta, embora dizem que uma maior será feita diante de Ilúvatar, no final dos dias:

Never since have the Ainur made any music like to this music, though it has been said that a greater still shall be made before Ilúvatar by the choirs of the Ainur and the Children of Ilúvatar after the end of days. Then the themes of Ilúvatar shall be played aright, and take Being in the moment of their utterance, for all shall then understand fully his intent in their part, and each shall know the comprehension of each, and Ilúvatar shall give to their thoughts the secret fire, being well pleased.

Analisando o trecho acima, entende-se que os Ainur e os Filhos de Ilúvatar, no final dos tempos, terão compreendido de fato tudo aquilo que estava em Sua mente no princípio, compreensão esta que se iniciou nos primeiros temas musicais e que evoluirá no decorrer de toda a existência. E só então o fogo secreto será entregue ao pensamento dos Ainur e dos Filhos de Eru, e estes poderão, por fim, criar coisas de acordo com sua própria vontade. Antes disso, porém, a criação não vem de ninguém que não do próprio Ilúvatar e, com isso, resta aos detentores do livre-arbítrio, a subcriação, a modificação de algo que já existe, mas que tem a sua origem, via de regra, no Um.

Antes de prosseguir, a introdução de Melkor:

But as the theme progressed, it came into the heart of Melkor to interweave matters of his own imagining that were not in accord with the theme of Ilúvatar, for he sought therein to increase the power and glory of the part assigned to himself. To Melkor among the Ainur had been given the greatest gifts of power and knowledge, and he had a share in all the gifts of his brethren. He had gone often alone into the void places seeking the Imperishable Flame; for desire grew hot within him to bring into Being things of his own, and it seemed to him that Ilúvatar took no thought for the Void, and he was impatient of its emptiness. Yet he found not the Fire, for it is with Ilúvatar. But being alone he had begun to conceive thoughts of his own unlike those of his brethren.

Este trecho é bastante interessante, então achei mais apropriado colocá-lo por inteiro aqui antes de analisá-lo. Dentre todos os Ainur, Melkor é aquele que possui o maior poder e conhecimento, além de compartilhar os dons de seus pares. Porém, a compreensão que ele tinha da mente de Ilúvatar era, ainda assim, parcial, como o era a de todos os seus irmãos. Melkor buscava a Chama no Vazio porque queria criar, queria dar existência a coisas da sua própria imaginação. Mas o que era a sua imaginação se não parte do Todo, parte de Eru? Dentre todos os Ainur, Melkor é aquele que mais se parece com o próprio Eru, pois a energia prolífica que mencionei no começo, era muito forte nele, assim como o era no próprio Ilúvatar. Mas Melkor nào era o Um, e por mais poderoso que fosse, ele não compreendia o Todo, não entendia o Vazio, e ele mão suportava a ausência da criação e a sua incapacidade para realizar tal intento.

O finalzinho do texto acima é claro: "estando só, ele (Melkor), começara a conceber seus próprios pensamentos, diferente daqueles de seus irmãos". Diferente de seus irmãos, mas não de Eru que, repito, é o Todo indissociável, de onde todos os pensamentos tiveram origem, e que ninguém compreendia por completo. Com isso em mente, podemos afirmar que a origem da maldade de Melkor advém da ignorância do propósito de Ilúvatar que, como foi dito acima, virá com o final dos dias e com a Segunda Canção. Melkor estava próximo de tal conhecimento, mas sucumbiu à própria ignorância.

Continuando. Os pensamentos que Melkor concebeu fora do tema proposto por Ilúvatar, foram entremados na Grande Canção. Aqui, uma análise que podemos fazer, é que a compreensão de Melkor ia além dos temas musicais até então revelados, e isso o inpacientava. As palavras de Ilúvatar ao final da cançao, são de grande importância:

Mighty are the Ainur, and mightiest among them is Melkor; but that he may know, and all the Ainur, that I am Ilúvatar, those things that ye have sung, I will show them forth, that ye may see what ye have done. And thou, Melkor, shalt see that no theme may be played that hath not its uttermost source in me, nor can any alter the music in my despite. For he that attempteth this shall prove but mine instrument in the devising of things more wonderful, which he himself hath not imagined.

A parte mais importante aqui, ao meu ver, é quando Eru diz que nenhum tema pode ser cantado sem ter n'Ele a sua mais remota origem, e ninguém pode alterar a sua música. Ora, o que podemos concluir disso é que a canção começada pelo próprio Melkor no segundo tema, também tinha em Eru a sua origem, já que o que era conhecido pelo conjunto de todos os Ainur, advinha dele próprio.

Ao final da Música, quando Eru mostrou aos Ainur aquilo que eles haviam criado, ele disse:

Behold your Music! This is your minstrelsy; and each of you shall find contained herein, amid the design that I set before you, all those things which it may seem that he himself devised or added. And thou, Melkor, wilt discover all the secret thoughts of thy mind, and wilt perceive that they are but a part of the whole and tributary to its glory.

Atentem a suas palavras para Melkor: "E tu, Melkor, descobrirá todos os pensamentos secretos de tua mente, e perceberá que eles nada são além de uma parte do todo e auxliar da sua glória." O que podemos compreender disso? Que nada do que Melkor fizesse, ou pensasse, poderia sobrepujar a Música e os temas de Ilúvatar, tudo viria para sua glória final. O mal, a maldade, foi o nome que deram às atitudes deste Ainu, nome dado não por Eru, mas outros que também não conheciam o verdadeiro propósito da existência. Ilúvatar não é bom e não é mau, ele está acima de tais conceitos do maniqueísmo, porque Ele, e só Ele, sabe da verdade e ninguém mais.

* Desculpe a citação em inglês... costumo fazê-las por praticidade já que tenho alguns textos no computador nesta língua e nada melhor do que um Ctrl C + Ctrl V :D
 
Não, pelo menos no meu ver...não acho que ele estava totalmente errado, só penso que ele quis fazer coisas por si mesmo, quetionando a vontade de Ilúvatar...fazer oque tinha vontade...ou algo assim...mas como os outros não aceitavam isso, se afastando, e talvez isso também tenha aberto uma brecha para oque ja estava nele,...não sei bem...é meio complicado falar diretamente...mas ainda não acho que ele estivesse errado em tudo...bom, por fim isso é oque pensei, embora tenha as muitas outras citações mais conclusivas nestes posts anteriores ^_^.
 
Deve ser perguntado: o que é errado. Essa questão é central. Ele é o início do Mal, o corruptor da matéria e do espírito, supremo senhor niilista de seu mundo particular, um manipulador de vontades.

Lógico que ele foi 100% errado, ele é o próprio Errado! Que dúvidas há disso?
 
Morgs, só uma correção: a energia prolífica proveniente do Caos é uma noção alienígena em Tolkien, por se tratar de uma questão mitológica pagã. A base do legendarium é cristã, e Eru, uma representação do deus judaico-cristão, que não 'nasceu' do nada, nem deve nada ao Caos, ele é sempre existente, sempre presente, consciente e onipotente. Não há 'enrgia caótica' em Eru. Ele é fonte de toda energia, o Caos é ausência de energia, não possui existência ontológica verdadeira. Eru não é o Primeiro apenas, Ele é o Único, não houve NADA ANTES d'Ele.

Acho estranho e até patético tentar defender Morgoth usando essas noções pagãs alienígenas a Tolkien. Ele é o Errado, o Mal, O Terror, o Horror. Sem ele, tais conceitos nem existiriam e, em Tolkien, eles são não-Ser, não são Ser em si mesmos. Logo, é ilógico defendê-lo; 'ele nem era tão mal assim'. Claro que era! Era pior do que o pior, pelo que realizou e pela Sombra que espalhou, pelo que desfigurou e distorceu, foi a causa da Queda (mencionada em O Silmarillion), o causador de intrigas, destruições e naufrágios, o Pai da Mentira. Ele É Satanás, é mal, odioso e traiçoeiro. Tudo que é fraco, tolo, nojento, ignominioso vem dele.

Portanto, quem quiser dar uma de 'fã do Morgoth coitadinho', é melhor cair na real.

Se você é fã do 'verdadeiro Morgoth', vista a camisa e vire um verdadeiro satanista.
 
Morgoth fala...

Morgs, só uma correção: a energia prolífica proveniente do Caos é uma noção alienígena em Tolkien, por se tratar de uma questão mitológica pagã. A base do legendarium é cristã, e Eru, uma representação do deus judaico-cristão, que não 'nasceu' do nada, nem deve nada ao Caos, ele é sempre existente, sempre presente, consciente e onipotente. Não há 'enrgia caótica' em Eru. Ele é fonte de toda energia, o Caos é ausência de energia, não possui existência ontológica verdadeira. Eru não é o Primeiro apenas, Ele é o Único, não houve NADA ANTES d'Ele.

A "energia caótica" a que me refiro é simplesmente a capacidade criativa que vem de Eru, assim como do próprio Caos. Concordo que a conpepção de ambos é bem diferente em tudo, mas que ambos possuem essa energia prolífica, em última análise, possuem (ao meu ver). Antes Eru não havia nada, assim como nada havia antes do Caos. E eu discordo de que o Caos seja a ausência de energia, mas muito pelo contrário, ele é a energia pura da onde tudo surgiu (isso segundo Hesíodo, porque Homero tem uma concepção um tanto diferente).

.... e o meu nick já diz tudo: sou fã do Morgoth hehehe!! :joy:

Aliás, pra mim, Melkor é antes de tudo um incompreendido (de acordo com a análise do Ainulindalë que fiz acima) e, ao mesmo tempo, um alienado (talvez um dos menos alienados, diga-se de passagem) no que diz respeito aos verdadeiros objetivos de Ilúvatar.
 
Aliás, pra mim, Melkor é antes de tudo um incompreendido (de acordo com a análise do Ainulindalë que fiz acima) e, ao mesmo tempo, um alienado (talvez um dos menos alienados, diga-se de passagem) no que diz respeito aos verdadeiros objetivos de Ilúvatar.
Tadinho dele...
Vire satanista. Queime uma igreja. Leia Nietzsche. E talz...

A lenda do 'Morgoth coitadinho' ainda pega gente desprevenida.

Os objetivos de Ilúvatar eram incompreendidos por muitos, e desses poucos foram enredados pelo Mal. Ele não era um alienado, ele não queria compreender.

E não adianta, não dá pra colocar o Caos aqui. a não ser se você colocá-lo como energia, ou poder da Criação primária. Masé claro que não existe antes de 'Eru'. Ele 'É'. Leia o capítulo 3 do Êxodo.
 
Tem um ótimo tópico onde há boas discussões sobre essa tendência em se querer relavar os crimes de Morgoth. Se eu não me engano se chama "A síndrome do Morgoth coitadinho". Quando o procurar estiver reabilitado de novo eu posto o link aqui. Tem ótimos subsídios pra essa discussão aqui.
 
Morgoth fala...

Não é uma questão de dó :)

Acredito que de todos os Ainur, Morgoth estava entre aqueles que mais conheciam os planos de Ilúvatar. Aliás, ele era o mais parecido com o próprio Eru, pela vontade de dar vida às coisas, a vontade de criar. Só que ele não compreendia os planos de Ilúvatar por completo e, sendo assim, não compreendia o porquê ele não podia criar também. É aquela máxima: "criamos pela lei que fomos criados"... o desejo de dar vida é natural em Melkor, mas ele não soube aceitar a negativa de sua vontade... e só vai entender no final dos tempos, quando a compreensão finalmente chegará.

E quanto a Satanismo, Êxodo, etc acho que você está confundindo o Silmarillion com a Bíblia hehehehe Tolkien não fez alegoria, colocou muito do que ele acredia na obta, mas a obra não é a Bíblia e também não é Cristã. Pelo menos é assim que eu vejo :)

E continuo fã de Melkor... adoro os "vilões", diga-se de passagem hehehe
 
Morgoth fala...
Acredito que de todos os Ainur, Morgoth estava entre aqueles que mais conheciam os planos de Ilúvatar.

De acordo com o próprio Tokien eram Manwë e Mandos. Eu acho que se Melkor estivesse realmente entendendo o que se passava não tinha tentado atrapalhar tanto. Outra coisa que recomendo é que o pessoal leia as Cartas de Tolkien. Lá tem muita coisa boa a respeito da obra que o próprio autor esclarece. Se trata da fonte mais confiável para esse tipo de discussão.
 
Última edição:
Acho que no início Melkor não queria causar mal algum, ele apenas queria faze as coisas da sua maneira, como ele achava que era certo, só isso. Mas acho que por ele não ter sido compreendido, não terem visto as atitudes dele com bons olhos, sei lá... isso talvez tenha feito vir a tona uma falha no seu "caráter" e o levado a fazer tudo o que fez.
 
Última edição:
Morgoth fala...

De acordo com o próprio Tokien eram Manwë e Mandos. Eu acho que se Melkor estivesse realmente entendendo o que se passava não tinha tentado atrapalhar tanto. Outra coisa que recomendo é que o pessoal leia as Cartas de Tolkien. Lá tem muita coisa boa a respeito da obra que o próprio autor esclarece. Se trata da fonte mais confiável para esse tipo de discussão.

Aí é que está... como podemos dizer que Melkor atrapalhou os planos de Ilúvatar se ninguém sabe quais planos são estes? Ainda acho que Melkor é parte disso e nada que ele fizer mudará os planos iniciais... o que vai acontecer é uma compreensão maior do todo com o passar do tempo. Mandos reteve muito do que ele viu na sua visão do mundo, e assim é de acordo com a tradição élfica, mas o desejo de Melkor pela criação o torna muito próximo do pai, que era o criador por excelência... sei lá, estou divagando mesmo :)
 
Eu me baseio no fato de que Melkor vem do pensamento de Eru, que é o Senhor da Chama. Se ele vem do pensamento de Eru, tudo o que ele fizer será parte de Eru, inclusive a Dissonância. Eru pode não prever os meios pelos quais Melkor agirá, mas a origem destes é parte indissociável do todo, ou seja, d'Ele.


Bom a resposta pra isso é o provérbio élfico "sim e não". Melkor seguiu o caminho que seguiu por ter desvirtuado os dons com que tinha sido dotado durante sua criação na mente do Uno, mas também é verdade que ele só se tornou do jeito que se tornou depois de ter tido contato com uma fonte externa de "Mal" , a Noite do Vazio que, pelo menos, deu "forma" às sementes de desvio e perversão que já existiam dentro dele no início.

Assim como uma emanação da sua vontade perversa, de Melkor, ou um espírito aliciado por ele, talvez uma maia de Vairë, parecem ter dado "forma" a uma porção do Vazio ( que não é literalmente vácuo mas "Protomatéria", Matéria Primordial tal como está sendo estudada agora no Acelerador de partículas) e, assim, gerado Ungoliant. Parece ter havido uma barganha ou hierogamia ( casamento místico , comunhão sobrenatural ) entre Melkor e a Noite Primordial e Ungoliant seria a "filha " desse processo

Então a queda de Melkor foi exercício perverso do livre-arbitrio dele mas tb foi a la Túrin Turambar ( daí a noção que Tolkien frequentemente emprega do menor mimetizando o maior) fruto de uma manipulação externa que não parece ser produto de Eru Ilúvatar tal como é conhecido por nós como Deus-Criador. E na concepção de Tolkien , como ele já deixou implícito em vários textos, Eru esta sim ciente previamente do que Melkor poderia fazer.

Mais detalhes nas partes finais desse texto aí onde a relação entre Melkor e a Outer Darkness, Escuridão primordial do Vazio, Ava Kúma, é explicada , inclusive com comparação entre a versão original e a posterior do Legendarium.

Ungoliant , Dualismo e Livre-Arbítrio nos mitos de Tolkien

Nota: na época que escrevi eu não sabia disso mas a teoria postulada lá (3 partes finais,
A origem e a natureza de Ungoliant com uma forma Avatar do Caos, Dualismo Complementar: O Verdadeiro Dualismo Tolkieniano e Origens do Mal e Livre Arbítrio. O Mal é inevitável? são, basicamente, como vocês verão, esta pobre criatura tentando deduzir, sem conhecer, a explicação do Mal na Cabala Hebraica, a base mitológica esotérica do Judaísmo só a partir do Legendarium de Tolkien.

Ao explicar Vazio e Ungoliant como seu "avatar" e a relação de ambos com a queda de Melkor eu estava, basicamente, falando sem saber sobre Qlipoth, Daath, Lilith e Samael. E , depois, Tolkien ainda saía falando que garimpagem de fontes não ajuda na compreensão... Lorota!!

Leiam essas partes do ensaio e esse texto explicando os Olipoth cabalísticos e vcs verão a similaridade enorme nos argumentos.

Nesse outro texto há mais evidência de que Tolkien pode ter sido influenciado por essas idéias quando elaborou essa parte do Legendarium

A Alquimia do Fogo Secreto
 
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Morgoth fala...

Aí é que está... como podemos dizer que Melkor atrapalhou os planos de Ilúvatar se ninguém sabe quais planos são estes?

Pq Tolkien deixou claro que tal coisa aconteceu vide lá no meu ensaio, sorry pelas maiúsculas ...

ISSO FOI PROPOSTO INICIALMENTE EM FORMA ABSTRATA OU MUSICAL, E ENTÃO EM UMA “VISÃO HISTÓRICA”. NA PRIMEIRA INTERPRETAÇÃO, A VASTA MÚSICA DOS AINUR, MELKOR INTRODUZIU ALTERAÇÕES, NÃO INTERPRETAÇÕES DA MENTE DO ÚNICO, E GRANDE DISCÓRDIA SE PROPAGOU. O ÚNICO ENTÃO APRESENTOU ESSA MÚSICA, INCLUINDO AS APARENTES DISCÓRDIAS COMO UMA “HISTÓRIA” VISÍVEL. ( CARTA Nº 212)

Agora se vc estiver se referindo aos "Planos dentro dos planos" ai já é outra história beeemmmm mais complicada.,.. Vide o adjetivo "aparentes" incluído no trecho acima... E depois falam que dá pra ler essa parte de Tolkien sem estudar Teologia...

Também recomendo ler Túrin e o Livre-Arbítrio e dar uma boa olhada nos textos linkados lá.
 
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A questão é mais complicada que parece, teológica mesmo. Recomendo as Cartas de Tolkien.

Tomar as decisões de Melkor do ponto de vista psicológico é uma estupidez. A questão é teológica...

Isso de você dizer, Morgs, contra o cristianismo na obra, é vago tmb. O SdA não é alegórico, mas existe sim, certas 'influências' cristãs óbvias. Melkor não é alegoria de Satã pq ele É Satã. Entenda...
 
Morgoth fala...

Isso de você dizer, Morgs, contra o cristianismo na obra, é vago tmb. O SdA não é alegórico, mas existe sim, certas 'influências' cristãs óbvias. Melkor não é alegoria de Satã pq ele É Satã. Entenda...

Não estou falando contra o cristianismo na obra de Tolkien, longe disso. Tolkien era cristão e muito de suas crenças ele colocou sim no seu legendarium (o próprio Tolkien diz isso em uma de suas cartas). O trecho final do meu último é só pra salientar que não podemos ver o Silmarillion relacionando pura e simplesmente com a Bíblia, numa relação de 1 para 1. Temos que tomar cuidado na hora de fazermos paralelos dos persoagens de Tolkien, já que as influências são inúmeras :)
 
Morgs não está negando a existência do elemento católico e cristãon nem assumindo uma posição pró-satanista, ele está questionando é a correspondência entre o papel que a ortodoxia católica atribui ao Demônio e o impacto que ele teve sobre a sua queda e seu livre-arbítrio com a relação entre esses fatores apresentada no caso de Melkor.

E ele esta certo de fazer esse questionamento, tanto é que na versão original do The Book of Lost Tales, inclusive, os pensamentos malignos de Melkor tiveram , literalmente, uma fontre externa que era a Noite do Vazio ( subentendo-se que ela pensava por conta própria.)

Tolkien abandonou essa idéia inicial mas algum grau de influência ou contato entre ambos sempre continuou a existir, então , embora Tolkien adote a postura do Catolicismo isso não implica em dizer que todos os modelos de pensamento ortodoxo sejam imediatamente transpostos pro Legendarium.

Para quem ainda não entendeu a postura dele: ele não está dizendo que Morgoth era um coitadinho, mas,sim, que ele desempenhava uma função na Providência de Ilúvatar de uma maneira que parte de uma atitude muito mais ativa por parte do Uno. Eqto Jeová simplesmentre se omitiu e deixou Lúcifer fazer o que quis ate um ponto , Tolkien sugere que Ilúvatar pode ter ,inclusive, TRAMADO ,antecipadamente e, talvez, até desejado que Melkor criasse Discórdia para um propósito misterioso e insondável para nós e essa idéia à luz do fato dos detalhes da obra não pode ser inteiramente descartada. Tolkien parece flertar ,sim,com o conceito heterodoxo , "herético" de Apocatástase.

Ela pode ter algum fundamento mas mesmo assimn ão transformaria Melkor em coitadinho ou autõmato sem livre-arbítrio.
 
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Mas consideremos a hipótese de que Eru tenha dado o livre-arbítrio a Melkor... Que liberdade seria essa, se ele já sabia dos desejos de Melkor? Como a decisão de Melkor de buscar a Chama no Vazio estava dentro de seus desígnios, como se ele já conhecesse a escolha do vala (e isso está relatado no Ainulindalë)? Logo, essa hipótese é totalmente falsa considerando o absurdo em que se cairia concebendo-a como verdadeira.

Vc está partindo de um erro muito comum: a posse de conhecimento prévio pelo criador onisciente das escolhas do indivíduo com livre-arbítrio não predetermina essa escolha. Vc está partindo de uma apreensão errada do que realmente constitui e implica o livre-arbítrio e a predestinação pelo menos para os cristãos católicos. Na concepção católica Predestinação e livre-arbítrio não se excluem mutuamente como vc está presumindo.

Leia mais sobre isso aí:

Túrin e o Livre-Arbítrio e dar uma boa olhada nos textos linkados lá.
 
Última edição:
Realmente, a opção de Melkor está intimamente relacionada ao que nos livros era chamado de círculo da lei.

Pois se Melkor escolheu ser um dos fundamentos do mundo, isso significa que as coisas construídas sobre ele teriam ele como uma das bases.

E de que maneira isso seria feito?

Já que cada Valar era um dos fundamentos do mundo, sua função era a de ser uma estrutura básica, como uma esfera de ferro, ancorando os eventos que passassem ao redor deles.

A árvore sefirótica, além de ser uma simulação (por ser um desenho), procurar delinear as posições de cada um dos fundamentos do mundo, um desenho que recebe um tratamento particular nos livros, estando Melkor, fisicamente posicionado próximo e rondando os homens quando comparamos aos outros Valar localizados em Valinor ou no máximo visitando os elfos.

A medida que o mundo se movia, cada parte da criação foi ficando mais ou menos exposta diante de cada um dos poderes. Assim como foram criados lugares aonde existia mais água que terra, os Valar se separaram no mundo seguindo os caminhos que seus poderes os levaram.

E seus poderes ofereciam a escolha de ser usados para o bem ou para o mal e o ar de Manwe poderia ser venenoso num mundo de águas ácidas feito por Ulmo se fossem negativos, oferecendo uma visão do que poderia ter sido o lado positivo se Melkor tivesse usado seu poder para o bem.

Uma das razões era a de que Melkor admirava tanto os dons concedidos aos seres livres que ele os invejava, e procurou se aproximar desses povos com intenções ruins em todos os pontos históricos principais que conseguia enxergar.

Felizmente, Eru enxergava os pontos principais dos povos livres de forma muito mais afiada, e a presença de Melkor nunca teve a permissão de ser mais do que algo próximo ao invés de ser algo essencial. Pois só podia fazer parte essencial da vida dos povos livres aquilo que não comprometesse o tema da música proposta. E arda desfigurada, em essência ainda estava lá apesar do nevoeiro espiritual da escuridão a cegar todos por Melkor habitar próximo.

A medida que o tempo passava, todos os indivíduos precisavam mover a posição em relação aos fundamentos do mundo, e a travessia dos elfos e homens (uns em vida e outros após a morte), cruzaria um dia finalmente o cerco de Melkor para passar nem que fosse rapidamente por Valinor (como foi o rápido "vôo" de Beren antes de sair do mundo, nas praias), atravessando as terras do círculo da lei (e quem governava o mundo apesar de tudo não era Melkor, nem os seus caminhos seguiam só seus desígnios e os Valar eram mais fortes naquilo que faziam tanto quanto Melkor o era em sua especialidade a exceção de Eru, mais forte que todos). E os Valar sabiam quem permaneceria e quem deixaria as terras de seu governo.

Já que o cercado de Melkor agia em volta da natureza que ele decidiu governar, seu poder se enfraquecia em ordem proporcional a distância das terras aonde haviam surgido os filhos, o centro de seu domínio. É dito que Melkor foi ficando cada vez mais recluso e fechado e uma das últimas vezes que foi visto foi quando os homens surgiram pela primeira vez. Pois muitos poderes enormes já havia sido postos em marcha (incluindo o de Eru) e a influência direta dos fundamentos devia procurar equilíbrio com os outros da mesma forma que no início os Ainur procuravam entendimento uns com os outros.

Essa "autoregulação" começaria a pesar sobre o ex-vala. Quem aqui já jogou uma partida de xadrez contra um computador vai percebendo que a máquina vai ficando cada vez mais lenta e com dificuldades para avaliar a situação, pois as probabilidades com tempo vão aumentando cada vez mais e o número de elementos a serem considerados vai pesando e se tornando incontrolável para algo limitado. E isso é apenas quando falamos em peças inanimadas, imaginemos qual o efeito disso sobre uma árvore de poderes "árvores de fundamentos" e outros seres livres. Melkor perdeu comunicação com seus irmãos, que repartiam informações entre si e previam coisas com maior habilidade agora que a malícia do Morgoth pôde finalmente ser limitada. Seu desejo de andar sozinho foi atendido e a ação de sua força não podia mais lutar contra os poderes.
 

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