Saiu um boa entrevista com PJ e Philippa Bowens no
www.omelete.com.br. Reservei as partes mais interessantes:
O: Quais as liberdades que vocês tomaram na hora de adaptar o livro para o cinema?
PJ: Nós procuramos manter os personagens principais e a linha de desenvolvimento da história. A maioria das coisas que você leu no livro estão no filme. As mudanças que fizemos tiveram suas razões. Ou foram para simplificar a complexidade do livro, o que nós tivemos que fazer bastante, ou para dar mais profundidade aos personagens, o que Tolkien não fazia muito.
O: Por exemplo?
PJ: A relação entre Frodo e Sam, por exemplo. Tem uma cena no filme em que eles discutem. Isso não existe no livro. A verdade é que todas as coisas que usamos na trilogia estão diferentes no livro. Não há uma única cena em que começamos a filmar e seguimos linha a linha exatamente como foi escrito por Tolkien.
O: É o caso também do que estava acontecendo com os diferentes membros da Comitiva depois que ela foi separada.
PJ: Exato! Nós tínhamos que fazer os acontecimentos do livro correrem paralelamente, para que as pessoas entendessem que as três histórias estavam acontecendo ao mesmo tempo, com tudo chegando ao clímax na mesma hora. Não daria para fazer cada história separadamente, terminar e depois voltar e fazer a outra, como acontece no livro. Não ficaria bom.
O: Uma coisa que nunca acontece no livro é a viagem de Frodo até Gondor. Por que vocês fizeram desta forma?
PJ: Nós só queríamos dar mais complexidade ao Faramir e sua relação com Frodo. No livro, Frodo não é capturado por Faramir e seus soldados. Não há dramaticidade. Faramir logo entende que Frodo deve seguir o seu caminho. "Nem que o encontrasse [o Um Anel] na estrada, o tomaria", diz ele. No livro, ele é muito puro. Mas no filme, naquele momento, estávamos mostrando todo o poder que o Um Anel tem e o quão perigoso ele é.
O: Você sabia que o box especial com 4 discos não foi lançado no Brasil?
PJ: Não?!
O: Você poderia fazer alguma coisa para mudar isso?
PJ: Sim, eu posso tentar. Mas vai ser lançado? Não está só atrasado?
O: Até onde eu sei, não será lançado. Outros países da América Latina têm o produto.
PJ: É uma surpresa para mim. Vou ver o que está acontecendo.
O: O que vocês preparam para este novo DVD?
PJ: Nós já estamos trabalhando no DVD de As duas torres. Antes de vir pra cá, estava justamente fazendo isso. A versão expandida, que está quase terminada, terá 35 minutos a mais do que a versão do cinema. E devem haver mais umas 6h ou 7h de documentários e novas atrações, pois tínhamos alguém com uma câmera o tempo todo no set.
O: Os filmes têm finais diferentes do que acontece nos livros, porque você dicidiu fazer estas mudanças?
PJ: O fim do primeiro filme é bem parecido com o livro. Sei que a morte de Boromir foi tirada do início do segundo livro, mas lá ela é contada num flashback. O rompimento da Sociedade é o fim do primeiro livro. As duas torres realmente é bem diferente. Nós empurramos o encontro com a aranha gigante para o último filme.
Nós fizemos isso por uma série de motivos. A principal delas foi colocar tudo numa linha temporal mais compreensível. Colocando nessa ordem, Frodo, Sam e Gollum estão escalando a toca da Laracna ao mesmo tempo em que Minas Tirith está sofrendo ataque. Como este é um evento de O retorno do Rei, nós tivemos que alinhar os fatos.
O: Por que vocês decidiram incluir os elfos no abismo de Helm?
PB: Foi uma escolha interessante. Aquela cena foi criada para fazer o público se identificar com os elfos, principalmente pela importância de Arwen na história. Mas por outro lado, há a parte em que Elrond envia seu filho para Aragorn. Nós nunca poderíamos fazer isso, porque teríamos que introduzir pelo menos dois novos personagens e isso seria muito difícil naquele momento. Então, nós mostramos os elfos chegando e lutando ao lado dos homens. Esta foi uma das invenções de Pete e quando ele tem estas idéias, você só deve acreditar nela também, por mais que você fique pensando "onde ele quer chegar fazendo isso?"
E vendo a reação da platéia, ele estava certo mais uma vez. Todo mundo vibrava ao ver os elfos chegando para ajudar os homens naquela hora em que tudo caminhava para um fim terrível. Mesmo sabendo que nada disso está no livro, era a coisa certa a ser feita.